O director-geral da Liga entende que, se não houver cotoveladas, não há Sumaríssimos. Só não está totalmente certo porque é possível que Seitaridis não tenha dado uma cotovelada a Fellahi de propósito. O treinador da vítima acha que não deu. Nos exemplos restantes, Cunha Leal tem razão: as cotoveladas são reais e as penas adequadas, ao contrário de todos os outros processos sumaríssimos que, conforme já escrevi, puniram "infracções de excepcional relevância" com um contraditório e absurdo jogo de castigo. Cunha Leal até falha por ter demasiada razão: há muito mais cotoveladas, murros e pontapés do que dizem os registos da Comissão Disciplinar e mais ainda do que mostram as televisões. Esta época, houve dezassete jornadas de cotoveladas, murros e pontapés por sancionar. Esqueçamos o facto de não existir nada semelhante ao processo sumaríssimo português, pelo menos tão frequente como ele, em mais nenhuma liga (pela razão óbvia de que o método não garante um mínimo de equidade); esqueçamos também a inexistência de qualquer sumaríssimo a jogadores do Benfica em dois anos de intensa actividade da Comissão, porque pode, de facto e sem qualquer ironia, ser uma coincidência: mesmo assim, sobra matéria para mais uma série de acasos.
- o primeiro sumaríssimo, sem qualquer aviso ou tomada de posição prévia da Comissão Disciplinar, puniu um jogador do FC Porto;
- o primeiro sumaríssimo de 2004/05, ao cabo de quatro meses de competição, também puniu um jogador do FC Porto;
- os processos sumaríssimos valeram, entretanto, 11 jogos de castigo ao FC Porto e 14 a todas as outras equipas da SuperLiga. Que são dezassete...;
- foi para poder castigar um jogador do FC Porto (Luís Fabiano) nos limites jurídicos do sumaríssimo que a Comissão se deu ao trabalho de pedir pela primeira vez a um árbitro que explicasse o que tinha punido com determinado cartão amarelo;
- os primeiros agravamentos de sentença de que há memória na sequência de contestações da pena inicial, contrariando princípios fundamentais do Direito, afectaram jogadores do FC Porto;
- as penas a futebolistas do FC Porto pelas famosas cotoveladas foram sempre, excepto num caso (Luís Fabiano), mais duras do que as aplicadas a outros pela mesma infracção;
- o primeiro relatório de um árbitro rectificado - de forma altamente irregular - pela Comissão Disciplinar (o caso Deco/Pepe) prejudicava o FC Porto e tinha como principal consequência afastar Deco do jogo com o Benfica;
- o único processo levantado de moto próprio por esta Comissão Disciplinar da Liga contra um árbitro, à revelia e com a estranheza da Comissão de Arbitragem, teve como móbil do "crime" o alegado favorecimento do FC Porto (jogo com o Moreirense, nas Antas, em 2002/2003, já com o título garantido). Dado que mais nenhum favorecimento mereceu a censura da Comissão, é clara a mensagem aos árbitros que resultou do episódio;
- o Conselho de Justiça da FPF deu sempre razão ao FC Porto nos recursos apresentados;
José Manuel Ribeiro no Ojogo