sábado, abril 28, 2007

Sem Espinhas

Colapso total.

Começando em Bruno Alves e terminando em Quaresma, tudo uma valente merda.

P.S: Sim , o Boavista meteu nojo com as perdas de tempo(5 minutos de desconto é para rir, não é?), ganharam o campeonato deles. Não tiveram culpa de ter tido um adversário tão mediocre.

quinta-feira, abril 26, 2007

Rui quê?

Recebi esta mensagem por email enviado por um Rui Nobre sobre um texto escrito por um Duarte Gonçalves sobre o televisivo Rui Moreira , que desde já agradeço e reflecte o que penso do mesmo. Aqui vai:

1. O Senhor Rui Moreira confirmou ser um «Homem dos Tempos Modernos».

O Porto, Clube e SAD, têm órgãos sociais - Assembleias-Gerais - nos quais se ganham e se perdem eleições. O Senhor Rui Moreira não «gosta» desses locais. Normalmente, não vai lá. Prefere utilizar (exclusivamente) os Jornais e a Televisão para, sem contraditório, dizer o que lhe vai na alma e para lançar uma série de insinuações que, ao melhor estilo de «Octávio Machado», não concretiza.

2. O Senhor Rui Moreira confirmou ser um «Homem dos Tempos Modernos»; e o «Homem dos Tempos Modernos» é aquele que fala de tudo, quer perceba quer não perceba do assunto sobre o qual emite «opinião». Hoje fala da gestão do Porto - Clube e SAD, ontem falou da gestão da Câmara do Porto, anteontem das flores do Parque da Cidade, amanhã, sabe-se lá, talvez da pesagem das sardinhas na Lota de Matosinhos. Mas se de tudo fala, é natural que de nada fale com sustentação e que sobre muita coisa erre no modo e no conteúdo das suas opiniões.
Daí que não seja de espantar que, numa altura em que o título de campeão estava à distância de cinco duras batalhas, o Senhor Rui Moreira não se tenha coíbido de emitir a sua douta opinião sobre quem deve e quem não deve ser o treinador do Porto, sobre o conteúdo funcional do cargo de treinador do Porto (que, pelo que ficamos a saber, não se deve pronunciar sobre um ponto específico dos jogos da sua sua equipa: as arbitragens) e, até, sobre quem deve e quem não deve ser «vendido» no actual plantel do Porto. Pelo timing e pelo conteúdo, uma opinião que em muito se assemelha às que ao longo dos últimos 30 anos fomos ouvindo de «ilustres» sócios e simpatizantes dos nossos rivais de Lisboa. Com os bons resultados que todos conhecemos.

3. O Senhor Rui Moreira confirmou ser um «Homem dos Tempos Modernos»; e o Homem dos Tempos Modernos é o que é proto-candidato a vários cargos, mas nunca se apresenta a eleições enquanto não tiver garantida a vitória. Assim foi nas últimas eleições para a Câmara Municipal do Porto ( veja-se em http://jn.sapo.pt/2004/12/18/em_foco/aceitaria_c_andidato_pelo_ps.html ) ,
assim voltou a ser nas eleições que se aproximam no Porto. Por isso, não é de espantar que, tendo, como tem, uma visão tão crítica acerca do modelo de gestão do Porto (Clube e SAD), tendo na sua cabeça uma visão tão clara acerca do futuro do Porto (Clube e SAD), não se tenha, já, apresentado aos sócios do Porto como alternativa. É que, como bom Homem dos Tempos Modernos que é, prefere jogar no (com o) quarto poder, do que sujeitar-se a essa coisa abominável que são os votos emitidos pelos sócios do Porto nas Assembleias-Gerais, onde, coisa aborrecida, pode haver quem não concorde com ele e, pasme-se, não «dê» o voto a mente tão esclarecida.


Em suma, atento o teor da entrevista, se o Senhor Rui Moreira não fosse um «Homem dos Tempos Modernos» e fosse um «Homem do Porto» teria, com toda a legitimidade que a sua qualidade de sócio do Porto lhe confere, apresentado uma candidatura à Presidência da Direcção do Clube. Mas como é um «Homem dos Tempos Modernos» ficou-se pelo Diário de Notícias.

Duarte Gonçalves


Na mouche!!!


P.S: O CLUBE DOS JAGUNÇOS, DROGADOS, TRAFICANTES E MAFIOSOS DOS PROVINCIANOS DA CAPITAL( VIRAM A PAROLADA A FAZER BICHA PARA ANDAR NO TUNEL?!!!EHEHEH,MAIS SALOIOS E PROVINCIANOS NÃO HÁ), NÃO DEIXOU QUE ADEPTOS DO FCPORTO ASSISTISSEM AO BENFICA-FCPORTO, BARRANDO-LHES(!!!????!!!COMO???) A ENTRADA NA CAPITAL DO IMPÉRIO SALAZARISTA, FASCISTA. FILHOS DA PUTA: FODERAM-SE!! PERDERAM NA MESMA!!!

QUE RAIO DE LIBERDADE É ESTA? BARRADOS EM ALVERCA, NÃO PODENDO SEGUIR PARA ONDE BEM QUISESSEM? ORDENS DO BENFICA? MAS DESDE QUANDO UM CLUBE TÊM PODER PARA BARRAR A PASSAGEM DAS PESSOAS EM PLENA AUTO-ESTRADA? HÁ QUEM DIGA QUE OS SUPERDRAGÕES SÓ QUERIAM COLOCAR UNS PETARDOS NO TUNEL A VER SE VINHA ABAIXO COM AQUELA CAMBADA DE PAROLOS LÁ DENTRO.

É POR ESTAS E POR OUTRAS QUE A LAMPIONAGEM É SEMPRE RECEBIDA BEM DEMAIS PARA MEU GOSTO QUANDO NOS VISITAM. É CORRÊ-LOS À PEDRADA, AOS TIROS. SÓ QUE REALMENTE SÃO SEMPRE MEIA DÚZIA DE AVES DEPENADAS; GRANDE PARTE NÃO TÊM TOMATES, SÃO COBARDES!!!

SIMPLESMENTE INACREDITÁVEL EM PLENO DIA 25 DE ABRIL!!!


O FCPORTO já reagiu no site oficial:
É isto o 25 de Abril?

Não foi propriamente em Coimbra, mas podemos falar em Portugal dos Pequeninos ou, numa dedução óbvia que nos é facultada pelo calendário, dizer que assim não vale a pena festejar o 25 de Abril de 1974. O que se passou ontem, em Lisboa, com os adeptos do F.C. Porto que queriam apoiar a sua equipa de hóquei em patins, foi lamentável. É esta a liberdade dos cravos?

Esta quarta-feira, 25 de Abril, provavelmente a data mais importante da história de Portugal, Benfica e F.C. Porto jogavam a segunda etapa da final do play-off de hóquei em patins. Enquanto o país desfrutava do feriado, um grupo de adeptos portistas fazia-se à estrada, num autocarro e em várias viaturas, para apoiar ao vivo os seus jogadores. Muitos deles já tinham bilhete assegurado. O ingresso ser-lhes-ia entregue por simpatizantes do Benfica, à porta do recinto, cuja lotação estava longe de esgotada.

Em plena A1, todavia, os adeptos do F.C. Porto foram interceptados com grande aparato por várias viaturas e agentes da PSP, que impediram a sua entrada em Lisboa e promoveram a inversão de sentido e o regresso à Invicta, justificando a operação com pretensas ordens do comandante e do clube visitado.

Na ausência de argumentos legais, os adeptos podem conjecturar acerca da situação vivida. Por que é que não puderam entrar em Lisboa? A lei mudou e já é necessário passaporte ou visto para visitar a capital? Ou será que quiseram condicionar a equipa de Franklim Pais, que é pentacampeã e procura um inédito hexa? Alguém terá de lhes explicar a limitação de um direito.

Foi precisamente para terminar com prepotências arbitrárias que Portugal abriu os olhos a 25 de Abril de 1974 e deixou a penumbra. Aquilo a que se assistiu em Alverca, bem perto do centro de decisão do país, constitui uma estocada inadmissível nos princípios democráticos nascidos da revolução. Nenhuma autoridade pode impedir um cidadão de se dirigir para onde quiser, caso não tenha suporte legal. Não é esta a liberdade que Portugal deseja solenizar anualmente.

Do site www.fcporto.pt

quarta-feira, abril 25, 2007

25 de Abril




António Tavares Teles no OJOGO:


1. Só se queixam do 25 de Abril três tipos de fulanos: os anti-democratas, aqueles que não se lembram (ou não querem lembrar-se, ou do antecedente tiravam benefícios) do que era Portugal no tempo de Salazar; ou então aqueles que, jamais se pondo em questão, gostam de pôr em questão tudo e todos. Muitas vezes, até a liberdade com que em questão põem a própria liberdade.

2. O 25 de Abril é uma data. Que assinalou o fim de um tempo e abriu outro. Um tempo não de página em branco – é certo – porque marcado por tudo quanto, desde há séculos, mais concretamente, desde há cinquenta anos vinha de trás, mas um tempo apesar disso aberto, repito, no qual os portugueses foram “convidados” a “inscrever” o que fossem capazes de criar, de conceber, inclusive de imaginar.

3. Portanto, o 25 de Abril enquanto tal – enquanto data – apenas existe para fixar na História aquilo que (por múltiplas razões, e algumas bem simples, de resto) os militares levaram a cabo nesse dia, e para significar essa possibilidade para os portugueses de irem edificando, sem medo, com alguma esperança e a competência possível, o seu futuro. Pelo que, se alguma coisa falhou, não foi a data (para mais com todas as potencialidades que encerrava, e encerra), mas quem não soube estar à altura dela: quero dizer, nós.

4. Aliás, nem poderíamos em boa verdade estar. Porquê? Bom (para abreviar) leiam o Vasco Pulido Valente e, quem ainda não o percebeu, perceberá: vivemos séculos de uma história triste e chegámos aos anos-60/70 pobres, analfabetos (e acreditando que íamos continuar a permanecer pobres e analfabetos por mais um século ou dois), incultos, católicos graças a Deus, e emigrantes à força da miséria que por cá se fazia (e de que maneira) sentir.

5. É claro que, com o dinheiro que da emigração nos vinha, e com a tal abertura que o 25 de Abril trouxe, e depois o dinheiro da Europa, a “paysannerie” restante, convertida ao subúrbio lisboeta, quis ser burguesa. E, como não há coisa mais feia, deprimente, quase obscena do que este tipo de mutação e as suas consequências, quer mentais, quer sociais, quer culturais, quer estéticas, foi o que se viu.

6. Mas (na minha opinião) o grande problema nem é esse (porque tal mutação era inelutável). O grande problema é a arrogância, entre o queixinhas e o corporativo-reivindicativo, que por aí se instalou.

Há dias, li que uma fulana qualquer disse que, “para por isto na ordem um Salazar não bastava, eram precisos seis”. Em comentário, respondi-lhe: não, uma PIDE era suficiente. Porque às vezes, mete efectivamente nojo observar, a “mandar vir”, um pessoal que, no tempo (eu sei que era outro tempo) de Salazar andava de chapéu na mão e com o rabo entre as pernas, a benzer-se e a dizer “a bem da Nação”. Só que parece que está na moda, “mandar vir”. Até contra o 25 de Abril, que veio permitir a essa gente “mandar vir” à vontade. E reclamar “menos Estado” de punho erguido, com a outra mão sempre entendida, a pedir batatinhas ao mesmo Estado...

Ó pobre 25 de Abril, que não tens culpa nenhuma de nada disso e tanto levas com a culpa de quase todos em cima de ti!


Navegando por aí, encontrei um texto de 2004 que se adequada ao dia, escrito por um Paulo Pinheiro:

O Futebol Clube do Porto - 25 de Abril antes e depois.

A história clubística portuguesa divide-se em dois períodos:

1º Até ao 25 de Abril de 1974, onde o Salazar amigo separava Lisboa do resto do país, concedendo aos clubes da capital do império: SCP e sobretudo, SLB - o clube da águia imperial fascista (e nazi!), todas as condições materiais e humanas com o sacrifício e prejuízo dos restantes clubes, especialmente o FCP, que era o único que, com muito menos meios, fazia alguma frente aos senhores de barriga cheia, favorecidos pelas benesses do Ditador.

Por isso dizia o Pedroto que um título do FCP valia por dois ou mais do que o de um clube de Lisboa, uma vez que não era uma competição em igualdade de circunstâncias – sabia que, entre outras regalias, os árbitros da FPF eram todos da região de Lisboa?...quando não chegassem os jogadores, lá estavam eles para garantir os "serviços mínimos" para as "suas cores", e nem era preciso pagar-lhes viagens ao Brasil, pois corriam o risco de perderem os seus empregos , uma vez que eram funcionários públicos!...

Deste modo as "mãos-cheias" de títulos desse período dos clubes da capital, mais concedidos pelo "Sistema Político Fascista e Centralista-Salazarista", do que verdadeiramente conquistados por mérito ou real capacidade dos clubes de Lisboa, tem pouco mais que mero valor estatístico.

2º Período - Pós 25 de Abril, acabou e o Regime Salazarista acabou-se a mama, cada um por si e foi o que se viu!: Não são precisos 100 anos para o FCP chegar aos calcanhares de um clube de freguesia (Benfica) SLB. FCPorto não deriva de nome de bairro mas de cidade que, por seu lado deu nome ao País que tu, imerecidamente habitas. FCPorto é um clube conhecido, admirado e temido nos de norte a sul do País e nos 4 cantos do Mundo, com adeptos em todos os continentes - só é reconhecido lá fora quem ganha ó pobre de espírito, não quem nem sequer aparece, ou quando aparece se cobre de ridículo nas competições europeias (SCP /SLB), com prestações miseráveis.

Seguem-se os dados estatísticos da história futebolística neste período:

1974-2004: 30 anos de competição - FCP- 15 títulos de Campeão Nacional (tantos como todos os outros juntos!), 8 Taças de Portugal (em casa do adversário), 12 Supertaças de Portugal, 2 Taças dos Campeões Europeus (a doer, e não com 7 joguitos, como as do SLB), uma Taça UEFA, 1 Supertaça Europeia, uma Taça Intercontinental (Campeão do Mundo de Clubes). Estes 40 títulos fazendo FCP o clube mais titulado a nível internacional com 5 taças. E mesmo a nível interno é o que mais ganhou nos últimos TRINTA E CINCO ANOS, não são 5 nem 10.

Como poderá o currículo desportivo dos clubes de Lisboa é que nunca se comparou (por junto)ao do FCP e daqui a 100 anos, com adeptos tansos e incompetentes (que felizmente para o FCP são a maioria), já só terão ganho taças da amizade, campeonatos da 2ª circular, de futsalinha, bisca lambida, e cabeçadas uns nos outros...se o nº de adeptos servisse para alguma coisa os chineses, para além de terem inventado o futebol eram sempre campeões....”

Cumprimentos

Paulo Pinheiro

P.S: Há a acrescentar a estes dados: 1 Taça Intercontinental , 1 Campeonato Nacional, 1 Taça de Portugal e 2 Supertaças.

segunda-feira, abril 23, 2007

MST : EXCLUSIVO!!!

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Campeão só mesmo no fim

Se o factor sorte vier a ter um papel importante neste desfecho de campeonato, as hipóteses do Sporting parecem-me bem maiores do que as do Porto.


1- Não creio que Jesualdo Ferreira exagere nas cautelas a falar do título, que agora está só a três vitórias de distância. Pelo contrário, acho que ele tem razão, porque nada ainda está decidido a favor do FC Porto — por razões próprias e por razões da concorrência.

Entre as razões próprias, avulta aquela estranha e crónica ambivalência da equipa: é uma coisa nas primeiras partes dos jogos, quase sempre boas, e outra radicalmente diferente nas segundas partes, em que a equipa morre sistematicamente. Que há ali um evidente problema ao nível da preparação física, parece-me indesmentível. Mas que também há um problema psicológico, de atitude, começa-me a parecer também evidente. Aconteceu assim nos últimos dois jogos, contra a Académica e o Belenenses, que um massacre inicial acabou, inexplicavelmente, por se transformar em vitórias quase sofridas, nas segundas partes. Há ali uma incapacidade de dar o Xeque-mate, ou ao menos de gerir tranquilamente os resultados, que é preocupante. É verdade que tem havido demasiadas bolas na trave, demasiados golos fáceis desperdiçados e demasiadas ocasiões em que o adversário consegue marcar na primeira oportunidade para tal. Mas um pouco mais de fé e de convicção talvez conseguisse inverter a sorte, por arrasto. Paralelamente, eu que, regra geral tenho apreciado o trabalho feito por Jesualdo Ferreira desde o início da época (e apreciado muitíssimo, se o comparar ao do louco do Co Adriaanse…), devo dizer, contudo, que às vezes tenho a sensação que Jesualdo Ferreira é um pé frio, quando se trata de mexer na equipe durante os jogos: ou não mexe quando devia e antes de as coisas se complicarem, ou, quando mexe, resulta quase sempre pior. Não me parece que a arte de ler o jogo em andamento e de influir sobre ele esteja entre os seus principais atributos.

Sábado, no Bessa, o FC Porto tem um jogo terrível: como todos os portistas sabem, o Boavista pode não estar a jogar nada, como é o caso, pode, como quase sempre, facilitar a vida aos grandes de Lisboa, mas bater-se contra o FC Porto como se se tratasse de uma questão de vida ou morte, isso eles não falham. Espero que Jesualdo Ferreira tenha uma estratégia pensada e lógica para ganhar o jogo — o que, entre outras coisas, passa, por exemplo, por não pôr o Jorginho em vez do Anderson ou em não insistir com o Marek Cech como médio. E espero, sobretudo, que a equipa se aguente 90 minutos a jogar para vencer.

Nos factores externos que podem ainda impedir o FC Porto de ser campeão, o principal é, obviamente, o Sporting — a uma vitória e um empate de distância. Quando digo que o Sporting, pé ante pé, chegou aqui a lutar pelo título, fico espantado por constatar o pouco ou nada que sobre ele escrevi ao longo do campeonato. E a razão é simples: não sei muito bem o que pensar do futebol do Sporting. Reconheço que tem um treinador que tem feito um trabalho notável com o que tem ao seu dispor; que tem alguns grandes jogadores, embora nem sempre de produção regular, como o são um Quaresma ou um Simão; e reconheço que a equipa tem muitas vezes uma atitude e estratégia pensada para a vitória, na forma linear e eficaz como procura o golo quando precisa e como aguenta quando tem de aguentar. Mas a verdade também é que não me lembro de um jogo em que o futebol do Sporting me tenha enchido o olho.

Ao invés do FC Porto, acho que o Sporting tem sabido procurar a sorte, mas caramba, ela não lhe tem faltado! Recordo os últimos jogos que vi:

— venceu no Dragão, no jogo que relançou a equipa na luta pelo título, depois de um jogo em que foi superior ao FC Porto, mas sem criar grandes oportunidades, acabando por marcar o único golo através de um livre frontal que, em minha opinião, não existiu, e beneficiando, no último sopro, de um penalty perdoado graças ao síndrome Apito Dourado;

— venceu em Braga, depois de uma primeira parte muito boa, seguida de outros 45 minutos em que só defendeu e que, com um pouco menos de sorte, teria consentido o empate;

— venceu o Marítimo em dez segundos, como um golo incrivelmente oferecido por uma defesa e um treinador suicidas;

— venceu o Beira-Mar, para a Taça, com duas ofertas do guarda-redes nos primeiros oito minutos, e o resto do tempo dormiu;

— e venceu a Naval da mesmíssima forma.

Ou seja: torna-se difícil perceber o que vale verdadeiramente uma equipa e como é que ela é capaz de ultrapassar as dificuldades, se os adversários entram em campo dispostos a entregar-lhe o jogo, quanto mais depressa melhor.

Eis a razão maior das minhas dúvidas: se o factor sorte vier a ter um papel importante neste desfecho de campeonato, as hipóteses do Sporting parecem-me bem maiores do que as do Porto.

2- A forma como o Belenenses, e sobretudo o Sporting, chegaram à final da Taça (e como antes chegou o Benfica e mesmo no ano passado o FC Porto), tem pouco de mérito e menos ainda de justiça. Se a memória me não falha, em todas as eliminatórias, o Sporting só teve de jogar fora de casa uma vez — contra o Pinhalnovense e, mesmo assim, em campo neutro. No resto, limitou-se a ficar por Alvalade, recebendo e afastando, como mais ou menos dificuldades, equipas menores. Não se percebe como é que em países onde os clubes têm muito mais jogos e bem mais difíceis ao longo da época, a regra da Taça é diferente — como em Espanha, onde é tudo jogado a duas mãos, ou em Inglaterra, onde é a duas mãos ou a uma em campo neutro.

Há muitos anos que defendo um sistema em que, com a eliminatória a uma mão, os jogos fossem sempre em casa do clube de divisão inferior ou, sendo da mesma divisão, daquele que, no momento do jogo, estivesse pior classificado no campeonato. E que, no final, os quartos-finais, ou pelos menos as meias-finais, fossem jogados a duas mãos. Até porque, com a disputa da Supertaça apenas num jogo, não há actualmente nenhuma ocasião de um confronto a duas mãos entre nós, seja em que competição for. E eu pessoalmente, tenho saudades disso. Julgo que desta forma se acrescentaria competitividade, equilíbrio e justiça à Taça, e muito mais mérito ao seu vencedor.

3- O país inteiro viu a desastrada exibição de Lucílio Baptista no Beira-Mar-Benfica. Por uma vez, houve unanimidade da crítica em classificar a sua arbitragem como péssima — o que, aliás, é habitual nele. Há muitos anos que o país inteiro sabe que Lucílio Baptista é, consistentemente, um mau árbitro, além do mais com uma tendência fatal para proteger os grandes de Lisboa. Mas, ao que parece, a carreira de árbitro é como a dos funcionários públicos: são inamovíveis e progridem sempre na carreira, façam o que fizerem, sejam bons, maus ou péssimos. Tudo isso já sabíamos. Mas escusava o observador do jogo de vir classificar essa sua arbitragem como excelente, dando-lhe um 8,5 em 10. É que há uma diferença entre tomar os outros por distraídos ou tomá-los por parvos.

4- Li os dois capítulos finais do contra-livro de Carolina Salgado: Pinto da Costa, luz e sombras de um dragão, da autoria de Felícia Cabrita e Ana Sofia Fonseca. Presumo que, a esta hora, o Procurador-Geral da República, Dr. Pinto Monteiro, e a Drª Maria José Morgado, já andem a ler o livro para poderem investigar a credibilidade da sua testemunha Carolina. Por mim, limito-me a um comentário, seja qual for a verdade daquilo que se conta num e noutro livro: que gente esta com que o presidente do FC Porto andou metido!




Texto digitalizado por mim do jornal Abola. Agradecimentos ao amigo e colega Fernando Monteiro por a ter comprado.

PAVILHÃO



Imagens e texto retirados do maisfutebol.iol.pt

O F.C. Porto lançou esta segunda-feira a primeira pedra do «Dragão Caixa» e apresentou o projecto do novo pavilhão desportivo do clube. Inicialmente pensado como pavilhão multiusos, o espaço acabou por ser projectado apenas como um pavilhão desportivo. Vai servir as modalidades amadoras do clube, tornando-se a casa do andebol, do basquetebol e do hóquei em patins (para os jogos e para os treinos).

Foi baptizado de «Dragão Caixa» devido ao financiamento de naming da Caixa Geral de Depósitos, que financia parte do projecto em troca da marca no nome (à semelhança do que aconteceu na académica de futebol do Benfica. Da autoria do arquitecto Manuel Salgado, o mesmo que desenhou o Dragão, o novo pavilhão será erguido ao lado do estádio, no espaço entre o Centro Comercial e a Via de Cintura Interna.

Imaginado e cobiçado desde que começou a ser construído o estádio do Dragão, o pavilhão servirá para concluir o remate Nascente do Plano de Pormenor das Antas, que com o novo equipamento fica concluído. Começa a ser construído nos próximos dias e demorará cerca de ano e meio a ser concluído. Mesmo assim, o F.C. Porto espera poder começar a fazer alguns jogos das modalidades amadoras ainda durante o ano de 2008.

Onze milhões de euros para um projecto arrojado

Orçamentado em onze milhões de euros, o «Dragão Caixa» terá 2007 lugares sentados (1868 em bancada, 121 camarotes e 18 para comunicação social) e será mais um arrojo arquitectónico de Manuel Salgado, particularmente por estar assente em pilares (acima do solo, portanto) e por se organizar em três pisos: a arena onde fica o campo, as bancadas para os adeptos e um terceiro piso que albergará os serviços administrativos. Construído num vazio urbano de 8300 metros quadrados, o pavilhão terá uma forma rectangular com as extremidades ovais e será uma continuação da estação de metro do Dragão.

26ª Jornada: FCPORTO 3 - BELENENSES 1





Estes gaijos são doidos...querem-nos fazer sofrer sem necessidade, mesmo contra equipas da 2ªdivisão, que inacreditávelmente está em 5ºlugar e que ontem conseguiu marcar um golo sem saber ler e escrever e ainda teve próximo de outro pelo nosso novo Secretário-:), fora isso foi uma nulidade completa, mas ... Depois de três bolas no ferro contra a Académica, agora acertamos com mais duas.(É isto que fazem nos treinos?-:) , um série de boas oportunidades , mais um penálti não marcado( é só mais um...) e só faltam 4 jornadas. Gostei dos primeiros 15 minutos...muito bons...

Já aqui mencionei que no jogo contra a Académica quando Anderson entrou estava tão cansado como os que já estavam a jogar, e ontem mais uma vez viu-se que está longe, longe de uma boa capacidade física...o que deita por terra as críticas que Jesualdo deveria colocá-lo a jogar mais cedo. Pelos vistos, ainda não pode.

Entretanto, vamos ao Bessa fazer os preparativos da festa...Os bilhetes são bem carinhos( alguém têm de evitar a falência boavisteira) , os sócios do Boavista vão entrar gratuitamente?????. Muito bem, como sabemos , o Boavista deve andar a lutar por alguma coisa que por acaso ainda não descobri, para tamanha gentileza da sua direcção.

Tiro neles.

Entretanto , a PIDE continua miope e daltónica, senão vejamos :

Marítimo – Benfica:

-PENÁLTI CONTRA O BENFICA NÃO MARCADO. Não há margem para dúvidas: aos 20’ de jogo, quando o resultado ainda estava em branco, Petit domina a bola com o braço na sua área, tendo ficado uma grande penalidade por assinalar a favor do Marítimo.

-PENÁLTI CONTRA O MARÍTIMO INEXISTENTE. Já ao cair do pano, o árbitro de Portalegre assinalou um penálti a favor do Benfica, por carga de Milton sobre Manu. Um juízo incorrecto, segundo o painel, uma vez que o defesa do Marítimo joga, em primeiro lugar, a bola, havendo depois um natural contacto entre ambos. Em suma, uma actuação irregular de Paulo Baptista, com influência no resultado final.


FCPORTO – Belenenses:

-PENÁLTI CONTRA O BELENENSES NÃO ASSINALADO. É nítida a falta cometida por Rolando sobre Fucile. Ficou por assinalar uma grande penalidade.


- E nem falo, de duas faltas sobre Lucho à entrada da área não assinaladas.


Sporting – Naval:

-EXPULSÃO PERDOADA AO NANI. 42’ Nani deveria ter sido expulso pelo pisão deliberado sobre Taborda. Engraçado, é o mesmo Elmano Santos que em Leiria viu a suposta cotovelada de Quaresma , mas hoje não viu a pisadela do Nani.


Vamo-nos rindo. Eu tenho quase pronto o DOSSIER DAS ROUBALHEIRAS, logo que tenha tempo para o acabar, vou entregá-lo por carta anónima ao Presidente Jagunço Traficante Dopado dos Provincianos da Capital, para entregar à sua amiga da PIDE para investigação.



P.S: Surreal?!!? Abertura de telejornais em dias consecutivos , com conferências de imprensa em directo, só porque um jogador do clube do regime, teve um problema de saúde.!!! Não fosse ele lampião, e ninguém queria saber!!!


P.S1: PAVILHÃO DRAGÃO CAIXA!!!! Olha, ouviram-me!!!!



Só falta isto:

Jor. Data FCPORTO BENFICA SPORTING
27ª 29.04.07 Boavista-FCPorto Benfica-Sporting Benfica-Sporting
28ª 06.05.07 FCPorto-Nacional Benfica-Naval Sporting-V.Setubal
29ª 13.05.07 P.Ferreira-FCPorto V.Setubal-Benfica Académica-Sporting
30ª 20.05.07 FCPorto-Aves Benfica-Académica Sporting-Belenenses



Continua a campanha que já foi brilhante. Vejámos:


FCPORTO-Setubal: VITÓRIA
FCPORTO-Leiria: VITÓRIA
E.Amadora-FCPORTO: VITÓRIA
FCPORTO-Cska: EMPATE
Naval-FCPORTO: VITÓRIA
FCPORTO-Beira-mar: VITÓRIA
Arsenal-FCPORTO: DERROTA
Braga-FCPORTO: DERROTA
FCPORTO-Marítimo: VITÓRIA
FCPORTO-Hamburgo: VITÓRIA
Sporting-FCPORTO: EMPATE
FCPORTO-Benfica: VITÓRIA
Hamburgo-FCPORTO: VITÓRIA
Setúbal-FCPORTO: VITÓRIA
FCPORTO-Académica: VITÓRIA
Cska-FCPORTO: VITÓRIA
Belenenses-FCPORTO: VITÓRIA
FCPORTO-Boavista: VITÓRIA
FCPORTO-Arsenal: EMPATE
Nacional-FCPORTO: VITÓRIA
FCPORTO-P.Ferrreira: VITÓRIA
FCPORTO-Atlético: DERROTA
Aves-FCPORTO: VITÓRIA
U.Leiria-FCPORTO: DERROTA
FCPORTO-Estrela: DERROTA
FCPORTO-Naval: VITÓRIA
FCPORTO-Chelsea: EMPATE
Beira-Mar-FCPORTO: VITÓRIA
FCPORTO-Braga: VITÓRIA
Marítimo-FCPORTO: VITORIA
FCPORTO-Sporting: DERROTA
Benfica-FCPORTO: EMPATE
FCPORTO-Setúbal: VITÓRIA
Académica-FCPORTO: VITÓRIA
FCPORTO-Belenenses: VITÓRIA


MARCADORES:

HÉLDER POSTIGA 11 golos(conto com o golo roubado pela Liga)
ADRIANO 9 golos
LUCHO 8 golos
QUARESMA 6 golos
LISANDRO 5 golos
PEPE 4 golos
RAÚL MEIRELES 3 golos
BRUNO MORAES 2 golos
BRUNO ALVES 2 golo
CECH 1 golo
TARIK 1 golo
ALAN 1 golo
JORGINHO 1 golo
ANDERSON 1 golo


INDISCIPLINA:

QUARESMA 1 vermelho, 4 amarelos – PERIGO DE SUSPENSÃO
PAULO ASSUNÇÃO 9 amarelos – PERIGO DE SUSPENSÃO
BOSINGWA 5 amarelos
PEPE 5 amarelos
RAÚL MEIRELES 5 amarelos
LISANDRO 4 amarelos – PERIGO DE SUSPENSÃO
LUCHO 4 amarelos – PERIGO DE SUSPENSÃO
BRUNO ALVES 4 amarelos – PERIGO DE SUSPENSÃO
CECH 4 amarelos – PERIGO DE SUSPENSÃO
JORGINHO 4 amarelos - PERIGO DE SUSPENSÃO
HÉLDER POSTIGA 3 amarelos
FUCÍLE 3 amarelos
HELTON 2 amarelos
ADRIANO 1 amarelo
DIOGO VALENTE 1 amarelo
IBSON 1 amarelo
MAREQUE 1 amarelo


ASSISTÊNCIAS:

FCPORTO-LEIRIA: 40 728 espectadores
FCPORTO-BEIRA-MAR: 31 423 Espectadores
FCPORTO-MARÍTIMO: 33 023 espectadores
FCPORTO-BENFICA: 50 223 espectadores
FCPORTO-ACADÉMICA: 30 207 espectadores
FCPORTO-BOAVISTA: 38 729 espectadores
FCPORTO-P.FERREIRA: 38 203 espectadores
FCPORTO-ESTRELA: 26 309 espectadores
FCPORTO-NAVAL: 29 309 espectadores
FCPORTO-BRAGA: 41 228 espectadores
FCPORTO-SPORTING: 49 428 espectadores
FCPORTO-SETÚBAL: 40 120 espectadores
FCPORTO-BELENENSES: 44 728 espectadores

MÉDIA: 37 974 espectadores

MODALIDADES - FUTEBOL JOVEM

ANDEBOL
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Liga Halcon 1/4 final - Época 2006/2007

1ºJogo: Sp. Horta 25-26 FCPORTO
2ºJogo: FCPORTO 26-28 Sp. Horta
3ºJogo: FCPORTO 21-20 Sp. Horta

Liga Halcon 1/2 final - Época 2006/2007

ABC 1FCPORTO 0

1ºJogo: ABC 26 - 25 FCPORTO
2ºJogo: 28/04/2007 - 15:00 » FCPORTO - ABC



HOQUEI EM PATINS
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Meias-finais:

1ºJogo: FCPORTO 6-5 Oliveirense
2ºJogo: Oliveirense 4-3 FCPORTO
3ºJogo: FCPORTO 6-5 Oliveirense


FINAL:

FCPORTO 1BENFICA 0

1ºJogo: FCPORTO 1 - 1 Benfica (2-1 após grandes penalidades)
2ºJogo: 25/04/07 - 18:00 » Benfica-FCPORTO
3ºJogo: 28/04/07 - » FCPORTO-Benfica



BASQUETEBOL
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Quartos-de-final Play-off

1ºJogo: FCPORTO 77-64 Ginásio
2ºJogo: FCPORTO 82-62 Ginásio
3ºJogo: Ginásio 72 -98 FCPORTO

Meias-finais Play-off

1ºJogo: 27/04/07 » Benfica - FCPORTO
2ºJogo: 29/04/07 » Benfica - FCPORTO
3ºJogo: 27/04/07 » FCPORTO - Benfica





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Juniores A

1ª Fase

28ªJornada: Varzim 2 - 2 FCPORTO



Próximos jogos:
30ªJor. (últ.) - 25/04/07 » FC Porto - Penafiel


Juniores B

2ª Fase

3ªJornada: FCPORTO 2-0 V.Guimarães



Próximas jornadas:

4ªJornada - 25/04/07 » FCPorto - U. Micaelense
5ªJornada - 29/04/07 » Padroense - FCPorto
6ªJor. (últ.) - 06/05/07 » V.Guimarães - FC Porto

Juniores C

2ª Fase

5ªJornada: FCPORTO 4 - 0 V.Guimarães



Próximas Jornadas:

6ª Jor. (últ.) - 25/04/07 » FCPorto - Nacional

Pinto da Costa e a Metafísica Enquântica

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Pinto da Costa e a Metafísica Enquântica

O homem que fez mais do que dizia na lata

MIGUEL ESTEVES CARDOSO


Devo ser dos poucos portugueses que têm uma opinião imparcial e até impoluta sobre Pinto da Costa. Posso jurar que nada sei acerca da Dona Carolina ou do Apito Dourado. Não foi fácil. Mas tal era a minha falta de vontade de saber que consegui evitar qualquer menção. É certo que perguntei uma vez ao meu amigo Manuel Serrão se ele era capaz de resumir os dois casos em duas frases. Tanto mais que resumiu – e muito bem. Até tive a sensação de ter compreendido. Mas, ainda não tinha acabado o almoço, já se me tinha outra vez escapado. Talvez tenha ajudado o facto de eu ser, em matéria de mulheres, almoçaradas e tropelias, bastante mais culpado do que Pinto da Costa.


Só em abusos de poder, já fui condenado quatro vezes; três das quais criminalmente. Julgado já não sei quantas. E quem sabe se a liberdade de imprensa não é mais poderosa do que a liberdade de presidência de um grande clube de futebol? Pois é: ao pé de mim, Pinto da Costa é um principiante.


Vem daí a minha empatia, simpatia e compaixão para com ele. Tudo por junto, é uma “compatia”. É uma pessoa que me é compática. Se fosse presidente do Benfica seria quase perfeito.


Gosto de pessoas de quem ou se gosta muito ou não se gosta nada, sendo sempre arbitrário o poder pender para um lado ou para o outro. E, tal como toda a gente que gosta de Pinto da Costa, desconfio que, no fundo, no fundo, por uma razão ou outra, toda a gente gosta dele.


Se Pinto da Costa tivesse sido presidente do Benfica – se Deus, enfim, não Se tivesse distraído naquele segundinho há 25 anos – seriam os portistas que o odiariam. E os sportinguistas, claro – esses odeiam-no sempre, em ambos os casos. (Só falo nesses dois porque, se Pinto da Costa fosse presidente do Sporting, haveria um suicídio colectivo e ¾ do país desaparecia.)


Na apreciação de Pinto da Costa há uma mania portuguesa que atinge a versão mais extremista. A mania é aquilo a que os psicólogos das Selecções do Readers’ Digest chamam, para despachar, o “separatismo dissociativo psico-fragmento-diferenciado.”


Consiste esta doença em separar um desgraçado em vários fragmentos, de maneira a poder ter uma opinião diferente acerca de cada um. A versão mais simples é “Como presidente do Futebol Clube do Porto, gosto muito de Pinto da Costa. Como pessoa, detesto.” Tem graça observar que esta opinião é muito mais frequente entre adeptos do Futebol Clube do Porto do que doutros clubes. A versão mais comum destes é: “Como pessoa, detesto – mas na boa; cada um é como é. Mas como presidente do FCP, se o apanhar na rua mato-o.”


No entanto, estas versões simples são raras. 25 anos são muitos anos, dando muito tempo para arranjar comos e enquantos diferentes: como cidadão; enquanto marido; como adepto; como amigo; como patrão; como gastrónomo; enquanto decorador; como estratega, enquanto homem do Norte; como seleccionador de jogadores ou enquanto seleccionador de mulheres: as variações são infinitas. Só uma opinião não existe: a que não foi muito bom para o Futebol Clube do Porto. Porque será?


Não interessa. Porque, seja qual fôr o malabarismo separativo, o mal é o mesmo. Einstein deu a física quântica ao mundo. Nós os portugueses contribuimos com a metafísica enquântica.


É como se nos puséssemos a opinar diferenciadamente acerca do coração, fígado, unhas e baço de Salazar ou o gato do vizinho ou um ser vivo qualquer. Não faz sentido nenhum gostar dele como detentor de uma bela barriga da perna mas não enquanto responsável por uma indolentíssima vesícula biliar.


Pinto da Costa, custe a quem custar, é só um. Nisso é como cada um de nós. É um pacote. É um sortido que já vem sortido de fábrica. Uma vez que se tire o celofane da lata de bolachas, já é tarde. Não se pode seleccionar atributos e tentar reagrupá-los para ficar só com os bons. Pode-se não gostar das bolachas de figo e daquelas que sabem a saco de aspirador – mas seria perverso escrever aos fabricantes e ameaçar nunca mais comprar o sortido de luxo se não forem imediatamente retiradas as bolachas de figo.


É isso que fazem os portugueses quando se pôem a avaliar o pacote Pinto da Costa. Os ingleses têm uma expressão que usam sempre que uma coisa corresponde às expectativas: “it does what it says on the tin”. E Pinto da Costa faz, indiscutivelmente, o que diz na lata. Com a distinção extraordinária do que estava escrito na lata ser uma coisa dificílima, tão difícil que mais nenhum dirigente desportivo o conseguiu: trazer e manter a maior glória de sempre ao clube de futebol a que preside.


A coisa que distingue os pacotes – os seres humanos – é que só aquela conjugação particular de qualidades e defeitos consegue alcançar o que alcança. Caso se retirasse um defeito a Pinto da Costa – o pior que tenha – o resto desmoronava. Ficaria melhor pessoa? Sem dúvida. Mas seria o Futebol Clube do Porto tão campeão e tantas vezes como o tem sido? Nem pensar. Porque só uma coisa resta saber: se aquilo que move os portugueses que dizem mal de Pinto da Costa é um desejo sincero que ele se torne um melhor ser humano. Ou não.


Mas voltemos à lata, que é o que interessa. Para saber o que o próprio Pinto da Costa tinha escrito no rótulo quando apresentou o seu sortido-de-luxo ao Futebol Clube do Porto, tive a lata de lhe mandar um SMS, a ver se lhe extraía umas palavrinhas. E não é que o sacana me telefonou? (Obviamente, digo “sakana” no sentido japonês, de “peixe graúdo”).


Passado um minuto, estava alegremente a conversar com ele. O homem é encantador mas, estando eu já encantado por ele há muito tempo, não me enganou. Limitei-me a confirmar: o que nele mais encanta é o sentido de humor e aquela teimosia monomaníaca que tem, magnífica, que faz as vontades todas às grandiosas ambições que tem para o clube que tanto ama. Por segundos até me esqueci de quanto o Benfica precisava dele.


Perguntei-lhe – com a originalidade que só se atinge depois de muitas décadas de jornalismo - qual tinha sido, para ele (para mim não) o momento mais feliz ao longo destes 25 anos.


Ele, muito à Pinto da Costa, respondeu: “Tem graça que ainda ontem me fizeram essa pergunta.” Teve esta delicadeza, como se não lhe tivessem já perguntado isto para cima de um milhar de vezes. Mas com aquela ironia quase oculta, com uma pontinha de condescendência defensiva, que é apreciada em todo o mundo pelos verdadeiros apreciadores.


De seguida revelou outra qualidade que admiro nele: a malandrice. Tornando-me instantaneamente cúmplice, acrescentou: “Mas foi para a revista do Futebol Clube do Porto, que só sai para o mês que vem.” Como quem diz: “Foste pouco original, meu macaco, mas tiveste sorte porque vais saír antes da outra entrevista.” Escusado será dizer que entrei logo no esquema.


“O meu coração”, disse Pinto da Costa com aquilo que afianço ser genuína humildade, “o meu coração não consegue decidir entre duas alegrias.” A frase não só é bonita como ganha em não ser a estafada citação francesa que surge sempre nestas ocasiões, mal pronunciada: “entre les deux mon coeur balance”. Pois o “coeur” de Pinto da Costa não balanceia entre “les deux” coisa nenhuma. É o coração que não se decide entre duas alegrias.


Ambas as alegrias têm a ver com o respeito que os ingleses têm por tudo o que “faça o que diz na lata”. Há 25 anos, Pinto da Costa prometeu duas coisas. Uma foi levar o Porto a uma final europeia. A outra foi fazer o rebaixamento do Estádio das Antas. Ambas eram muito difíceis. Para a maioria de quem o ouviu fazer estas promessas, pareciam impossíveis.


E a Pinto da Costa? “Sim, houve alturas em que pareciam, de facto, impossíveis. Há 25 anos eram até impensáveis…” “Mesmo o rebaixamento das Antas?”, pergunto eu por achar, dado os meus estudos em engenharia civil, que seria fácil. “Sim, sim…”, responde ele. Diz isto sem qualquer triunfalismo barato, do género “Disseram que era impossível mas eu sempre soube que não era”. Tanto mais que faz uma pausa e explica: “Parece um sonho…”


É escusado lembrar que o Futebol Clube do Porto foi um bocadinho além de jogar numa final europeia e que o Estádio das Antas não se ficou pelo rebaixamento, havendo até notícia de se ter construído outro estádio, inteiramente novo, dito “dos Dragões” ou qualquer coisa parecida.


Quando é que começou a parecer um sonho? Quando a realidade ultrapassou as promessas, ganhou velocidade e nunca mais parou. “Foi a partir da vitória em Viena, em 87...a minha promessa era estar numa final e, de repente, éramos campeões…”


Entusiasticamente, como um miúdo que acaba de saber, Pinto da Costa enumera as vezes em que o Futebol Clube do Porto foi finalista e campeão internacional: “Seis vezes finalista e cinco vezes campeão!” Segue-se um silêncio incrédulo, de adulto, como se ainda não fosse verdade. Mas logo regressa o miúdo ofegante: Ah… a Supertaça…a Supertaça foi uma alegria muito grande…”. E ouve-se na voz dele a surpresa deliciosa de quem revive tudo o que relembra.


Tem razão. E tem o direito de continuar a surpreender. Por muito sortido que seja e por muitos doces e amargos que contenha, Pinto da Costa há-de ter sempre esta glória: foi o homem que fez – e ainda vai fazer - mais do que dizia na lata. Muito mais.


Nem é preciso dar-lhe os parabéns. Ele já os tem. Arrancou-os das mãos de todos aqueles que os mereciam menos. Mais portugueses do que estrangeiros. Muito mais.

Também é obra! E por isso também lhe dou os parabéns.

Cronologia


28 de Dezembro de 1937

Nasce na freguesia de Cedofeita, no Porto, Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, filho de José Alexandrino Teixeira da Costa e Maria Elisa Bessa Lima de Amorim Pinto.

20 de Dezembro de 1953

Torna-se o sócio número 26636 do FC Porto. A quota é de 20 escudos, a jóia de inscrição custou 45 escudos. O cartão de sócio é uma prenda da sua avó Alice.

22 de Março de 1959

Pinto da Costa e mais nove companheiros vão a Torres Vedras assistir ao jogo Torreense-FC Porto, última jornada da época de 1958/59, vivendo intensamente a conquista do campeonato, o último antes do jejum que durará 19 anos.

1962

O hóquei em patins é a modalidade que mais aprecia logo a seguir ao futebol. Nesse ano o chefe de secção de hóquei em patins, “senhor Vieira”, convida Pinto da Costa para vogal. Aceita o convite, desempenhando diversos cargos durante sete anos.

26 de Fevereiro 1967

Com a presidência ocupada por Afonso Pinto de Magalhães passa igualmente a ocupar funções em outras secções do clube, designadamente na de pugilismo. É nesta altura que conhece o então pugilista Reinaldo Teles.

Maio de 1969

Já lá vão sete anos a saltar de secção em secção, até que é convidado por Afonso Pinto de Magalhães para director das Relações Externas. Começa por recusar, por estar demasiado ligado às secções onde trabalha, mas depois de uma conversa com o irmão Eduardo Honório acaba por aceitar o convite. Acaba empossado como Director das Actividades Desportivas Amadoras para o biénio 1969/70.

13 de Maio de 1976

Depois de diversas recusas ao longo dos anos, aceita o convite do presidente Américo de Sá para assumir funções no futebol. Estabelece regras e princípios para aceitar o convite e neste dia toma posse como Director do Departamento de Futebol. A tomada de posse é dia 13 de Maio por pedido expresso de Pinto da Costa, homem de fé que acredita, por ser o Dia de Nossa Senhora de Fátima, que Ela ajudaria a direcção.

23 de Junho de 1976

O acordo estava feito desde 1 de Fevereiro, após conversa numa casa na Rua 110, no Mindelo, mas apenas a 23 de Junho de 1976, na casa de Pinto da Costa, José Maria Pedroto é anunciado como treinador do FC Porto para a época de 1976/77.

18 de Maio de 1977

O primeiro troféu como director do futebol. A equipa treinada por José Maria Pedroto conquista a Taça de Portugal, que fugia ao FC Porto desde 1968, vencendo no Estádio das Antas, o Braga, por 1-0. No campeonato, a equipa termina a época de 1976/77 no segundo lugar.

11 de Junho de 1978

A época, que já estava cheia de momentos emblemáticos como as vitórias diante do Colónia (2-1), em Coimbra, e do Manchester United (4-0), no Estádio das Antas, termina da melhor forma. O FC Porto vence o Braga, por 4-0, na última jornada do campeonato, sagrando-se campeão nacional. Ponto final no jejum de 19 anos sem qualquer conquista nacional.

Verão de 1980

Sentindo da parte do presidente Américo de Sá “falta de cobertura” “contra as forças da capital”, Pinto da Costa abandona a Direcção. É substituído no departamento de futebol por Teles Roxo, nome que indica ao presidente quando se demite. Estala o Verão Quente, com um comunicado em que equipa técnica, liderada por Pedroto, se demarca da direcção de Américo de Sá.

17 de Abril de 1982

Decorre o acto eleitoral ao qual apenas concorre a lista B, liderada por Pinto da Costa, em face da desistência da lista A, que tinha Afonso Pinto de Magalhães como candidato a presidente. Jorge Nuno Pinto da Costa é eleito presidente do FC Porto, com 4573 dos 5024 votos contabilizados.

23 de Abril de 1982

Sem conhecer em pormenor o real estado do clube, Pinto das Costa é empossado presidente, com Sardoeira Pinto como presidente da Assembleia Geral. Da primeira direcção fazem parte nomes como: …… A primeira vitória importante, como presidente, é dada pelo hóquei em patins, que nesse mesmo ano vence a Taça das Taças.

16 de Maio de 1984

O FC Porto defronta a Juventus na final da Taça das Taças. Na meia-final eliminara os soviéticos do Shaktior Donestsk, para em Basileira ter como adversário uma equipa italiana onde pontificavam Platini e Boniek, A equipa portista perde a primeira final europeia da história do clube por 2-1. O golo do FC Porto foi marcado por Sousa.

21 de Junho de 1986

O prineiro passo para o primeiro título de campeão europeu de Pinto da Costa. A equipa de hóquei em patins recebe no Pavilhão Américo de Sá os italianos do Novara para a primeira-mão da final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. O FC Porto vence por 5-3 e na segunda “mão”, disputada em Itália, novo triunfo, por 7-5. O FC Porto é campeão europeu.

7 de Janeiro de 1985

Morre José Maria Pedroto, o treinador de Pinto da Costa, quer como director do futebol na gerência de Américo de Sá, quer posteriormente, após a vitória nas eleições de 1982, como presidente.

Maio de 1985

O primeiro título de campeão nacional de Pinto da Costa. Uma equipa treinada por Artur Jorge vence, na penúltima jornada, o Belenenses, por 5-1 no jogo da consagração. O empate do Sporting, em Vila do Conde, na jornada anterior, atribuíra, matematicamente, o título aos portistas.

17 de Dezembro de 1986

Um FC Porto-Benfica, que os portistas ganham por 1-0, é o momento alto da inauguração do Estádio das Antas depois das obras de rebaixamento, sonho de Pinto da Costa que a 14 de Junho de 1985 havia sido aprovado apesar de alguma oposição interna, nomeadamente do presidente do Conselho Fiscal, Manuel Borges.

22 de Abril de 1987

O sonho começa a ganhar forma. O FC Porto de Artur Jorge, que já vencera nas Antas, por 2-1, repete o resultado na segunda “mão” da meia-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, afastando o Dínamo de Kiev da final de Viena com um resultado conjunto de 4-2.

27 de Maio de 1987

O FC Porto sagra-se campeão da Europa. Tendo o Estádio do Prater, em Viena, como o palco da vitória por 2-1 diante do favorito Bayern de Munique. Os golos do FC Porto, ambos alcançados na segunda parte, são de autoria de Madjer – o famoso calcanhar de Viena – e de Juary. O FC Porto vence por 2-1.

13 de Dezembro de 1987

Campeão do Mundo em Tóquio, Japão. Num jogo dirigido pelo mesmo árbitro que estivera na meia-final da Taça das Taças de 1984/85, no gelado relvado do Shaktior Doneskt, outra vez neve. O FC Porto defronta os uruguaios do Penarol no relvado coberto de neve e vence por 2-1. Os golos portistas são de autoria de Gomes e Madjer,

13 de Janeiro de 1988

O FC Porto concretiza num esgotado Estádio das Antas o que ficara prometido duas semanas antes em Amesterdão. Volta a vencer o Ajax, desta feita com um golo de Sousa – Rui Barros marcara no jogo realizado na Holanda – e por isso conquista a Supertaça Europeia. A primeira e única do clube, já que Pinto da Costa verá a equipa perder, de forma consecutiva, mais duas supertaças.

28 de Setembro de 1993

O FC Porto comemora 100 anos de vida. O FC Porto e Pinto da Costa estão nesse dia em Malta, para disputar com o Floriana a segunda-mão da fase de acesso à pré-eliminatória para fase de grupos da Liga dos Campeões. O jogo termina empatado a zero – ficara 2-0 nas Antas – mas os festejos do centenário duraram um ano.

27 de Agosto de 1994

Na madrugada deste dia um acidente de viação tira a vida a Rui Filipe, médio do FC Porto. A equipa de futebol estava em estágio em Aveiro, onde haveria de jogar com o Beira-Mar. Rui Filipe fica ligado a um momento histórico do clube, já que foi ele que marcou o primeiro golo de uma longa caminhada que terminou com a conquista do pentacampeonato.

7 de Maio de 1995

O FC Porto, treinado por Bobby Robson, ganha em Alvalade por 1-0, graças a um golo de Domingos, sagrando-se campeão nacional de 1994/95. Estava dado o primeiro passo para o inédito “tri” e que acabaria por culminar ainda na conquista do pentacampeonato.

12 de Maio de 1996

O bicampeonato é uma realidade para o FC Porto – vitória por 1-0 diante do Belenenses - e para Pinto da Costa, que assim conquista o oitavo título em 12 anos. Bobby Robson deixa o clube depois do “bi”, seguindo para o Barcelona.

18 de Setembro de 1996

Já com António Oliveira como treinador, Pinto da Costa vive nesta noite um momento que considera “inesquecível”. O FC Porto conquista a Supertaça Cândido Oliveira derrotando o Benfica, por 5-0, em pleno Estádio da Luz. Trata-se da oitava Supertaça da gestão de Pinto da Costa.

17 de Maio de 1997

A seis dias de assinalar a passagem do 15ª aniversário de presidência, Pinto da Costa conquista o “tri” que escapara ao clube em três ocasiões. O sonho ganha a forma de realidade com uma vitória por 4-0, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.

30 de Junho de 1997

Os associados do FC Porto, reunidos em Assembleia Geral, aprovam por unanimidade a criação da Sociedade Anónima Desportiva para as modalidades profissionais do futebol e do basquetebol. Pinto da Costa é o presidente do Conselho de Administração que conta ainda com quatro vogais: Armando Pimentel, Adelino Caldeira, Angelino Ferreira e Reinaldo Teles.

3 de Janeiro de 1998

Pinto da Costa toma posse para cumprir o sexto mandato. Já soma 16 anos como presidente do FC Porto.

26 de Abril de 1998

O FC Porto iguala o Sporting, até esse dia a única equipa portuguesa que vencera quatro campeonatos seguidos. Depois do “tri” Pinto da Costa festeja o “Tetra” graças a uma equipa treinada por António Oliveira, que, no final da época, deixa o comando técnico dos portistas, apesar de ter ganho, igualmente, a Taça de Portugal.

12 de Abril de 1999

O FC Porto sagra-se campeão nacional de andebol, único título que faltava a Pinto da Costa em 16 anos como presidente portista. Assiste ao jogo com o ABC, no Pavilhão Dr. Américo de Sá, e no final é notória a emoção sentida com o resultado.

30 de Junho de 1999

A festa do penta no Estádio das Antas. Uma semana antes o FC Porto garantira, matematicamente, a conquista do título nacional graças a uma vitória em Alvalade. Mas é diante do Estrela da Amadora e perante os adeptos que lotaram as Antas que a equipa treinada por Fernando Santos festeja o inédito pentacampeonato.

5 de Agosto de 2002

É inaugurado o Centro de Treinos e Formação Desportiva Porto/Gaia. O FC Porto passa a ter um local exclusivamente destinado aos treinos da equipa sénior, mas também para treinos e jogos da formação portista.

23 de Abril de 2003

Pinto da Costa completa 20 anos na presidência portista.

21 de Maio de 2003

O FC Porto conquista a Taça UEFA ganhando ao Celtic, por 3-2, na final disputada no Estádio Olímpico de Sevilha, Espanha. O FC Porto esteve, por duas vezes, em vantagem no marcador, graças a golos de Derlei e Alenitchev, mas em outras tantas ocasiões Larsson empatou para os escoceses. A decisão final chegou no prolongamento com um golo de Derlei.

16 de Novembro de 2003

É inaugurado o Estádio do Dragão, nova casa do FC Porto, com capacidade para 50 mil espectadores e um dos 10 estádios do Euro’2004. O nome do estádio é uma proposta de Pinto da Costa, que recusava de ver o seu nome associado à designação do moderno estádio.

25 de Novembro de 2003

O dia é simbólico para quem tanto fez por a FC Porto ter um estádio novo e moderno. O FC Porto recebe o Manchester United para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, primeiro jogo europeu no “Dragão”. Vitória portista por 2-1, sendo decisivo o sul-africano McCarthy.

26 de Maio de 2003

Gelsenkirchen bem podia significar vitória. Pinto da Costa festeja na Alemanha o segundo título europeu do FC Porto como uma vitória na final por 3-0, diante dos franceses do Mónaco. O clube azul e branco junta-se ao Liverpool no feito de vencer a Taça UEFA e a Liga dos Campeões consecutivamente. Este é igualmente o jogo da despedida do treinador José Mourinho.

31 de Dezembro de 2003

Pinto da Costa é sócio do FC Porto há precisamente 50 anos. Numa cerimónia organizada pelo Conselho Cultural do clube recebe a roseta de ouro, destinada aos sócios com meio século de filiação, das mãos do Bispo do Porto, D.Armindo Coelho, que se deslocou propositadamente ao Estádio do Dragão.

12 de Dezembro de 2004

É como Victor Fernandez a treinador que o FC Porto conquista a sua segunda Taça Intercontinental. O jogo é de novo no Japão, desta feita no Estádio Nissan, em Yokohama, e a vitória diante dos colombianos do Once Caldas chega apenas na marcação das grandes penalidades. Pedro Emanuel concretiza o penálti decisivo.

24 de Janeiro de 2004

O último jogo oficial no Estádio das Antas, palco de tantas vitórias de gerência de Pinto da Costa. A demolição só se processaria depois da passagem efectiva para o “Dragão”, mas foi neste dia, num jogo com o Estrela da Amadora, que Pinto da Costa assistiu ao derradeiro encontro do FC Porto nas Antas.

4 de Dezembro de 2004

Pinto da Costa lança o livro “Largos dias têm cem anos” em que passa em revista a sua vida ligada ao FC Porto desde os tempos em que se torna sócio, chega ao clube como seccionista do hóquei em patins, até à conquista da segunda Liga dos Campeões, em Maio de 2004.

7 de Dezembro de 2004

Pinto da Costa é ouvido no Tribunal de Gondomar no âmbito do Processo “Apito Dourado”. Após várias horas de interrogatório é libertado. No preciso momento que abandona o tribunal, o FC Porto marca o golo da vitoria, diante do Chelsea, que permite a qualificação da equipa para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

17 de Abril de 2007

Pinto da Costa cumpre 25 anos à frente do FC Porto. Foi neste dia, mas em 1982, que o actual presidente venceu as primeiras eleições a que concorreu. Uma eleição concorrida, apesar de só uma lista ter ido a votos.

Fernando Vasconcelos chefiou o futebol no arranque da liderança de Pinto da Costa

O primeiro braço direito

Antes de Reinaldo Teles, de Antero Henrique e até de Teles Roxo, houve Fernando Vasconcelos. Pinto das Costa escolheu-o para coordenar o futebol no primeiro mandato. A mulher pediu-lhe que não passasse desse

HUGO SOUSA


É bem capaz de ser o sonho de muitos adeptos: ter o poder de fazer e desfazer planteis. Não era o de Fernando Vasconcelos, escolhido para assumir a chefia do departamento de futebol no primeiro mandato de Pinto da Costa. Lembra-se das hesitações. “O responsável pelo futebol é sempre odiado, porque o cargo é muito apetecível aos olhos de outros. Dão-nos palmadas, mas é pura hipocrisia. Precisamos sempre de ver se o casaco não fica cortado depois de nos baterem nas costas”. Chegou a essa síntese já depois de ter dito sim, mas a relutância inicial ao convite tinha outros motivos. “Tentei chamá-lo à realidade, dizendo-lhe claramente que não percebia nada de futebol”. O argumento não demoveu Pinto da Costa, que insistiu. “Na altura, tinha duas unidades industriais, dois filhos pequenos e foi preciso falar com a família. A minha mulher, que era contabilista numa das fábricas, lá disse que me daria liberdade para chegar às quatro ou cinco da manhã e deu-me carta branca não aparecer na fábrica. Assumiu também que seria mãe e pai, mas deixou-me um aviso: só aceitaria esse sacrifício por um mandato”. E assim foi, apesar das investidas posteriores para que continuasse. Cumpriu apenas um mandato, o suficiente para levar o FC Porto à primeira final europeia, a da Taça das Taças. Um percurso curto, mas bem sucedido e um orgulho indisfarçável, que, apesar de tudo, lhe afiou a curiosidade: “Como é que chegaram até mim? Não costumo aparecer nos livros”. Mantém-se sossegado, em Baião. E nem sequer conhece o Estádio do Dragão.

Adiante. Melhor, recuando: Fernando Vasconcelos tinha 50 anos quando assumiu o cargo e lembra-se com detalhe das primeiras reuniões. Épicas, assegura. As dívidas do FC Porto cresciam e multiplicavam-se, num ritmo pouco católico, obrigando a operações financeiras dignas de um trapezista. “Não havia dinheiro para nada, nem para o gasóleo do autocarro. O motorista vinha aflito da bomba habitual, a dizer que não deixavam abastecer”. Ao terceiro dia, mais uma grande surpresa. “Recebi um balancete com dívidas assustadoras. Liguei ao presidente e perguntei-lhe: Jorge Nuno, foste tu que me puseste este balancete na mesa? Ele, a brincar, ainda chegou a dizer que aquilo era só para ver se me assustava e se me punha a correr pela Avenida Fernão Magalhães até à Praça Velásquez. Mas que não, que não tinha sido ele”. Começava aí a veia humorística de Pinto da Costa, agora em versão presidencial. “Era muito fácil trabalhar com ele, mas quem for burro não aguenta muito tempo. Ele está sempre uns passos à frente”. Fernando Vasconcelos ficou para trás nesse percurso.“Nunca imaginei que ele ficasse tanto tempo. Acho que nem ele imaginava”.

Jogos

Cartas viciadas acusa Pedroto


O contacto com Pedroto é uma das recordações mais fortes na memória de Fernando Vasconcelos, que o convidou algumas vezes para uns serões em família. Inevitavelmente, para ter Pedroto era indispensável que houvesse também um baralho de cartas. “Jogámos muitas vezes a famosa Ricardina e ainda lhe dei umas coças. Ele, que não gostava nada de perder, nem a brincar, disse-me logo que eu tinha compradocartas marcadas”.

Estágio

Vila Nova de Cerveira acolheu o primeiro


A memória do primeiro chefe do futebol da era Pinto da Costa vai ao detalhe. Recorda-se de todos os pormenores, incluindo as cifras envolvidas. Por isso, lembrar o primeiro estágio que organizou não é tarefa complicada: Vila Nova de Cerveira e a Estalagem Boega, que ainda hoje existe, foi a escolha de Fernando Vasconcelos para o início dos trabalhos. A amizade que o ligava ao dono facilitou as coisa, ainda que amigos e negócios sejam, muitas vezes, posições inconciliáveis.

Negócios

Empresários que eram artistas


Foram vários os negócios alinhavados por Fernando Vasconcelos, de parceria com Pinto da Costa. Vermelhinho ou Eduardo Luís foram dos primeiros que se recorda ter feito. O que ainda desconhecia era a figura dos empresários de jogadores, hoje tão na moda. A ligação era mais directa. “Não havia empresários; ainda andavam a gatinhar, mas já existiam uns artistas a tentar meter-se nos negócios”. O caso típico: mudam-se nomes, as designações, mas está tudo inventado.

Internacionalização

De carro a Gijón para resgatar Gomes


O primeiro negócio internacional de grande impacto de Fernando Vasconcelos foi uma importação. “Na altura, não vendíamos ninguém”. Foi só atravessar a fronteira para concretizar o negócio. Meteu-se no carro, juntamente com Pinto das Costa, e avançaram os dois até Gijón, com a ideia fixa de resgatar Fernando Gomes para o ataque do FC Porto. A incursão foi bem sucedida e Gomes lá voltou a vestir a camisola portista, despedindo-se do Sporting de Gijón, para onde tinha seguido uns tempos antes.

Problemas

Toyota do Jacques foi a prioridade


Dinheiro era coisa que, na altura, Fernando Vasconcelos não via com grande frequência. Quando entrava algum, logo havia quem reclamasse. Era necessário estabelecer prioridades na distribuição. Numa dessas vezes, Jacques levou a melhor na argumentação. “Disse-me tenho o meu Toyota na oficina e preciso de 150 contos para o ir buscar”. E foi. “O dinheiro chegava-nos às mãos e não parava. Eram tantos os furos para tapar”.

Casas e lojas para não vadiar


Físico cuidado e dinheiro no bolso. Futebolista uma combinação potencialmente explosiva num mundo de tentações. O antídoto de Fernando Vasconcelos, que era quem os deveria controlar com rédea curta, foi simples. “Aconselhava-os a investir todo o dinheiro na compra de casas ou em lojas. Achava que, se o fizessem, lhes sobraria pouco para andarem na vadiagem e, assim, não me davam tanto trabalho”. Uma técnica simples de investimento profiláctico. “Ainda hoje, alguns desses jogadores agradecem-me as casas que têm”.

Inácio negociado debaixo da ponte


Inácio foi a primeira bicada dada por Pinto da Costa ao Sporting, intermediada por Fernando Vasconcelos. “No final de um FC Porto-Sporting, nas Antas, chegou-me aos ouvidos que ele queria falar comigo. Marcámos um encontro para o dia seguinte, debaixo da Ponte da Arrábida. Foi lá que começou a desenhar-se a transferência. Daí seguimos para Matosinhos e ficou apalavrado para a época seguinte, com um ordenado de 500 contos”. Um ror de dinheiro, na altura. E agora também. A notícia espalhou-se a Fernando Vasconcelos recebeu telefonemas de outros candidatos. “Não precisa de um defesa central?”, perguntou-lhe Eurico.

A ver o mar no Verão quente


O Verão que esquentou as Antas no início da década de 80 e que precipitou a chegada de Pinto da Costa à presidência, depois de alguns anos a chefiar o futebol profissional, foi testemunhado por Fernando Vasconcelos nos acontecimentos mais marcantes. Aliás, o desaparecimento súbito dos jogadores teve dedo dele. “Com a conivência do Pedroto, fugi com eles para uma estalagem de Aver-o-Mar, perto da Póvoa. Seguiram em dois ou três carros e ninguém sabia onde estavam”. Instalou-se a confusão e, aos poucos, começava uma campanha eleitoral não assumida do grupo que, mais tarde, assumiria os destinos do clube. “Começámos a visitar os clubes de bairro, a promover sessões de esclarecimento, mas a verdade é que, na altura, nunca imaginei que dali sairia uma Direcção”. E, garante, não lhe passou pela cabeça de que faria parte dela. “Eu era um simples adepto, que adorava o FC Porto, mas que não percebia nada de futebol a esse nível”. Entrou e, confessa agora, gostou, mesmo que a experiência lhe tenha custado também alguns dissabores. Desilusões inevitáveis. “Gostei imenso de ter feito parte daquela Direcção e de ter chefiado o futebol. Mas era fundamental ser-se muito sério, porque havia tentações, pretextos e ocasiões para se ser desonesto. Agora, se calhar, ainda é pior”. Deixou o cargo em 1984, patrocinando o regresso de Teles Roxo. “Apoiei essa indicação. Na altura, estavam em cima da mesa os nomes de Teles Roxo e de Jorge Vieira”. Almoçou com o sucessor oito dias antes de um acidentena estrada o ter vitimado.

Outros nomes


Teles Roxo

Substituiu Pinto da Costa na chefia do futebol e voltou ao cargo pela mão do mesmo Pinto da Costa, com quem se desentenderia em 1988, por causa de um episódio de solidariedade para com Ivic. “Estava convicto de que o Luís Teles Roxo me sucederia como presidente”, escreveu o presidente portista na autobiografia.

Reinaldo Teles

Sucedeu a Teles Roxo no cargo, consolidando a relação de confiança que mantinha com Pinto da Costa. Ainda se mantém na estrutura e, junto dos jogadores, ganhou a alcunha de “chefinho”. Depois da criação da SAD, acumulou essa função com o cargo de administrador sendo um dos elementos mais próximo dos adeptos.

Antero Henrique

O homem de confiança mais recente, nomeado director geral do futebol em Agosto de 2005. As principais decisões relativas ao plantel passam agora por ele, que, no clube, cumpriu diferentes tarefas. Trabalhou na “Dragões”, cimentou estatuto na assessoria de Imprensa e criou ainda o Gabinete de Relações Externas.

Futebol sénior está a caminho do 45º troféu em 25 anos

Rei dos títulos aquém e além fronteiras

Não há quem se aproxime do número de triunfos conquistados pelo FC Porto de Pinto da Costa. Só no futebol são 67 e com mais três anos de mandato a caminho o recorde não deve ficar por aqui

CARLOS GOUVEIA


23 de Abril de 1982, dia em que a vida de um modesto clube da Invicta começou a mudar para em 25 anos se tornar no grande dominador do futebol nacional e numa das potências além fronteiras. Pinto da Costa é o grande responsável e o elo em comum de todas as direcções ao longo do último quarto de século. Os 44 títulos conquistados, seis dos quais fora de portas, são a prova desta hegemonia e um recorde da vigência de Pinto da Costa que dificilmente será batido. Para se perceber melhor a importância do actual líder, basta dizer que antes o FC Porto somava apenas doze conquistas no futebol sénior, entre campeonatos, taças e apenas uma supertaça.

Dizer que muito mudou nos últimos 25 anos no universo azul e branco é uma evidência redutora. Mudou tudo. O estádio, a organização, o nome da maioria dos elementos das direcções e, sobretudo, o espaço dedicado aos troféus que é cada vez maior e em breve poderá receber mais um relativo ao presente campeonato. Como presidente da principal instituição desportiva do Norte do país, Pinto da Costa criou uma verdadeira soberania azul e branca que não só conquistou o país como alargou o prestígio além fronteiras com as conquistas de duas Taças dos Campeões Europeus, uma Taça UEFA, duas Taças Intercontinentais e uma Supertaça Europeia.

Feitas as contas, são 29 troféus conquistados, mais do que um por ano, o que coloca a equipa à frente de qualquer outro emblema europeu, se contabilizarmos as conquistas desde a época de 1981/82. E isto sem incluir as 15 supertaças nacionais, já que vários países não têm um equivalente a esta prova. Só o Dínamo de Kiev se aproxima destes números, embora só um dos 28 títulos dos russos não tenha sido conquistado internamente. Entre os clubes com mais títulos, o FC Porto é ainda o que mais ganhou fora do seu país, com seis troféus, acumulando esse título com o de recordista de presenças na Liga dos Campeões. Ainda no futebol, mas a nível dos mais jovens, há que contabilizar mais 25 títulos de campeão nacional.

Teresa Herrera e Juan Gamper na vitrina

Conquistador até nos torneios


Não dão direito a abertura de noticiários nem a grande reconhecimento internacional, mas não deixam de ter importância, sobretudo pelo nome dos adversários derrotados e prestígio de alguns dos torneios de Verão conquistados pelo FC Porto após a entrada de Pinto da Costa para a presidência. Os convites multiplicam-se todos os anos, como recentemente para o Torneio de Amesterdão e, agora, para a primeira edição do "Porto de Roterdão". O primeiro grande troféu de pré-temporada foi levantado em 1987, ano do primeiro título europeu, quando o FC Porto derrotou o Barcelona e, de novo, o Bayern de Munique no Torneio Juan Gamper. Mais tarde seguiram-se triunfos em Viareggio e no Teresa Herrera. Na época passada, trouxe para Portugal o troféu Thomas Cook depois de derrotar o Manchester City.

Principais torneios conquistados:
Juan Gamper 1987
Viareggio 1989
Teresa Herrera 1991
Cidade de Sevilha 1992
Centenário 1993

Distinções individuais

Dos golos de Gomes à magia de Deco


A juntar às conquistas colectivas, na era Pinto da Costa o FC Porto conseguiu também colocar vários jogadores e treinadores entre os melhores europeus e mundiais. De Fernando Gomes a Jardel, de Deco a José Mourinho, sem esquecer Vítor Baía, são vários os portistas que ajudaram a escrever com tinta dourada a história europeia e mundial dos azuis e brancos. Entre bolas de prata e botas de ouro, troféus de melhor jogador e presenças nos onze ideais, as distinções da UEFA e de outros organismos são uma prova inequívoca do valor das equipas do FC Porto e que contribuíram para alguns dos melhores negócios que o clube e, mais tarde, a SAD realizaram.

Distinções internacionais


Deco - Jogador Europeu do ano 2004

Vítor Baía - Melhor guarda-redes do ano 2004

José Mourinho - treinador do ano na UEFA 2004

Maniche e Ricardo Carvalho - onze ideal da UEFA 2004

José Mourinho - treinador do ano na UEFA 2003

Paulo Ferreira - onze ideal da UEFA 2004

Madjer - jogador africano do ano 1987

Futre - 2º jogador europeu do ano 1987

Gomes - Bota de Ouro 82/83 e 83/84

Jardel - Bota de Ouro 98/99

Palmarés no futebol

ANTES DE PINTO DA COSTA


7 Campeonatos Nacionais

4 Taças de Portugal

1 Supertaça Cândido de Oliveira

10 Campeonatos de Juniores

8 Campeonatos de Juvenis

5 Campeonatos de Iniciados

TOTAL: 35 títulos

DEPOIS DE PINTO DA COSTA


14 Campeonatos Nacionais (total 21)

9 Taças de Portugal (total 13)

15 Supertaça Cândido de Oliveira (total 16)

2 Liga dos Campeões

1 Taça UEFA

2 Taças Intercontinentais

1 Supertaça Europeia

8 Campeonatos de Juniores (total 18)

9 Campeonatos de Juvenis (totao 17)

6 Campeonatos de Iniciados (total 11)

2 Taças Nacionais de Infantis

TOTAL de Pinto da Costa: 69

José Régio era presença assídua nas reuniões da primeira Direcção

Histórias de um clube aberto até de madrugada

TOMAZ ANDRADE


“Vem por aqui” – dizem-me alguns com os olhos doces/Estendendo-me os braços, e seguros/De que seria bom que eu os ouvisse/Quando me dizem: “Vem por aqui!”/Eu olho-os com olhos lassos/(Há, nos olhos meus/ironias e cansaços)/E cruzo os braços/E nunca vou por ali…/A minha glória é esta:/criar desumanidades!/Não acompanhar ninguém”

Este é um excerto do “Cântico Negro” de José Régio, um poema datado de 1925. Não sabemos exactamente se Pinto da Costa declamou estes versos num prolongamento de uma qualquer reunião da Direcção do FC Porto, mas a paixão pelas palavras do poeta nascido em Vila do Conde sempre foi evidente e muitas vezes foram usadas para desanuviar ambientes e cativar os seus pares, assumindo uma atitude mobilizadora, a de um líder que sabia o caminho a traçar.

Resolvido o “Verão Quente” de 1980, Pinto da Costa assumiu a presidência do FC Porto e era necessário resolver os graves problemas do clube. A mobilização do elenco directivo foi geral e as reuniões eram tão frequentes como duradouras. Conta José Manuel Dias Cunha, que fez parte da primeira Direcção (1982-1983), que o discurso de Pinto da Costa na tomada de posse foi “empolgante, de improviso como sempre, galvanizando as pessoas para as tarefas que se avizinhavam”. E as tarefas eram do tamanho das dificuldades… Assim, foi criado um manifesto para fazer frente aos obstáculos. Remodelar o departamento de futebol, combater um passivo na ordem dos 170 mil contos (na altura uma exorbitância) e ao mesmo tempo fazer crescer o clube, actualizar os contratos de publicidade com a União de Bancos, privilegiar o basquetebol e o hóquei em patins a par do futebol, e lutar contra o sorteio dos árbitros foram linhas orientadoras do primeiro mandato. Trabalho não faltava e, por isso, ainda de acordo com o mesmo dirigente, a quem foi entregue a pasta do basquetebol, “as reuniões começavam às 21 horas e terminavam de madrugada, com jantares, conversas e amizades fortificadas”. E poemas de José Régio à mistura. Muitas vezes na Petúlia, a confeitaria de Ílidio Pinto na Rua Júlio Dinis, que fechava propositadamente para se abrir às tertúlias de amigos e dirigentes. Talvez fosse esse um dos segredos do sucesso da primeira Direcção: não se sabia onde acabava a amizade e começava o dirigismo.

Mesmo sendo complicado fazer recuar a memória 25 anos, José Manuel Dias Cunha não pode deixar de evocar um dos motes de Pinto da Costa: “prometeu um FC Porto de nível nacional e mundial”. O tempo viria a dar razão ao 33º presidente do clube.

Quatros sobreviventes

T.A.


Para além de Pinto da Costa, continuam no activo quatro dirigentes que fizeram parte do elenco desde a primeira hora, com a tomada de posse no dia 23 de Abril de 1982. São eles Sardoeira Pinto (sempre presidiu à Assembleia Geral), Álvaro Pinto (começou como vice-presidente do futebol profissional e agora é vice-presidente da Direcção e presidente do Conselho Cultural), Ilídio Pinto (na altura director do hóquei em patins e actualmente vice-presidente das modalidades amadoras, com inclinação para o hóquei) e Júlio Marques (iniciou-se como director das modalidades amadoras, desde o boxe, halterofilia, artes marciais e desportos motorizados, pertencendo agora ao Conselho Superior e ocupando o cargo de director executivo das filiais e delegações). Todos eles são bodas de prata do dirigismo.

Água sim, tabaco não


Nas inúmeras e longas reuniões do primeiro mandato da Direcção presidida por Pinto da Costa, realizadas no extinto Estádio das Antas, havia um ponto inflexível. Apesar da longa duração dos encontros, o presidente portista não deixava ninguém fumar na sala. A alternativa para os viciados eram escapadelas fugazes para os corredores. Curiosa a imposição vinda de um ex-fumador. Álcool também não entrava nas reuniões, movidas exclusivamente a água, conta José Manuel Dias Cunha. Quando as conversas se estendiam para os bares é que a água perdia privilégios.

Primeiro mandato 1982-1983

Assembleia Geral


Sardoeira Pinto
Miguel Bismarck
Sebastião Casaca
Delfim Barbosa

Direcção


Presidente
Jorge Nuno Pinto da Costa

Vice-presidentes
Alexandre José Magalhães
Álvaro Pinto
Pôncio Monteiro
Rui Augusto Lima Baptista (falecido)

Director tesoureiro
Carlos Lamas Pacheco

Director de contabilidade
José Carlos Mota

Directores
Abílio José Pinto Ferreira Lemos (falecido)
Adelino Mário Resende Barbosa
Alcídio Figueiredo
António Fortes
Armando Pimentel (falecido)
Eduardo Manuel Poças
Fernando Vasconcelos
Ilídio Borges Pinto
Jorge Rodrigues Freitas
José Alípio Ferreira Oliveira
José Carlos Ribas
José Manuel Dias Cunha
Júlio Marques
Manuel Rola
Manuel Fausto Sousa e Silva
Óscar Silva Cruz
Óscar Rodrigues Freitas
Raul Peixoto
Teófilo Folhadela Peixoto

Conselho Fiscal


Manuel Pinto Borges
José Varela Teixeira Pinto
José Guilherme Aguiar
Manuel Lopes da Silva
Adriano Fernando Rocha
José Estêvão Martingo
Manuel Luís Camanho Veiga
António Pelicano Borges
Joaquim Fernandes Araújo

Conselho Superior


Ponceano Serrano
Joaquim Neiva de Oliveira (falecido)
Américo de Sá (falecido)
Alfredo Ferreira Clemente (falecido)
António Mota Freitas
Manuel Almeida Santos
Jeremias Gauldêncio das Neves
Manuel Sampaio Morais
Almiro Sampaio Morais (falecido)
Mário José de Freitas Gomes
Óscar Rocha
Fernando Barbot
Manuel Francisco Couto
Henrique José Carvalho (falecido)
Luís Clemente Oliveira Sá
Mário Mano
António Augusto Almeida Vaz Pinto
Firmino Teixeira Machado
Gabriel Azevedo Mendes
José Barroso Chatillon (falecido)
Alfredo Rodrigues Leite
Artur Domingos Mendes Basto
Fernando Salvador Gonçalves
José Manuel Pereira Dias
Aurélio Nogueira da Costa
Manuel Filipe da Silva Fernandes
Alberto Jorge Barros Dias
Joaquim Fernando Santos Carvalho
Joaquim Soares Gomes
Narciso Rui Pinto Marinho
Felisberto Ferreira Querido
Baltasar Pedrosa Castro
Duarte Gonçalves Sá
Henrique Cunha do Amaral

Quinze técnicos mais a supertaça de Rui Barros em duas décadas e meia

O clube que ensina treinadores a ganhar

Pinto da Costa precisou de onze anos para despedir o primeiro

JOSÉ MANUEL RIBEIRO


Duas décadas e meia, quinze treinadores. Com o abuso de lá intrometer Rui Barros, um interino especial por ter assinado a recolha da décima quinta supertaça para o FC Porto, foram dezasseis. Não é dos números mais significativos dos 25 anos de Pinto da Costa, até porque seis deles entraram na lista apenas nas últimas três épocas, em jeito de atentado à nobreza do total de dez técnicos - dez - que PC estimou bem estimadinhos durante os primeiros 22 anos de presidência. Essa sim, foi, enquanto durou, uma característica admirável do regime, entretanto dissolvida pelos efeitos corrosivos da entrada e saída de técnicos logo depois da época mais notória no currículo do presidente dos dragões - 2003/04. À falta de uma média assim, sobra sempre esta: o banco do FC Porto só não rendeu títulos a três dos dezasseis treinadores e dos restantes apenas Octávio Machado e Rui Barros se ficaram pelo mínimo. Vários deles - Artur Jorge, Oliveira, Fernando Santos, Adriaanse - nunca tinham ganho antes.

Pinto da Costa experimentou as emoções do primeiro despedimento onze anos depois da tomada de posse original (Quinito saiu contra a vontade do presidente, em 1988) e deu-lhe outro nome para atenuar o embaraço. Escreveu PC na sua autobiografia que Tomislav Ivic era "um homem que sabia de futebol" e nessa condição partiu do FC Porto, em Dezembro de 1993, não porque o empurravam mas porque alguém lhe oferecia um emprego melhor algures. Foram necessários outros onze anos e Luigi Del Neri para que o FC Porto voltasse a dispensar um treinador. E seis meses para despedir o que se lhe seguiu.

A aubiografia "Largos Dias Têm Cem Anos" dá nota de algumas das simpatias e antipatias que restaram do relacionamento entre Pinto da Costa e os técnicos. De Mourinho, fala de uma amizade que perdurará; a Artur Jorge, o que mais épocas esteve no FC Porto e mais títulos ganhou, chama "um senhor do futebol europeu, que todos ainda hoje admiramos e estimamos", mas a Bobby Robson não perdoa certos actos: "As pessoas, por vezes, quando colocam o dinheiro acima de tudo, esquecem-se de muitas coisas, revelam a sua verdadeira face".

O último parágrafo fica entregue ao primeiro de todos. Já que se falava atrás do livro de Pinto da Costa, a diferença entre ele e os restantes está na colocação: os outros constam ou não da obra, em termos menos ou mais simpáticos, mas é a José Maria Pedroto que PC faz a dedicatória. É o ideólogo deste quarto de século portista e o primeiro a fazer vingar o clube na Europa, com a chegada à final da Taça das Taças, em 1984. Todos os restantes que levaram títulos das Antas nos anos seguintes lhe devem, se calhar, um obrigado. A Pinto da Costa devem de certeza.

Os onze treinadores vitoriosos


1982/84
José Maria Pedroto
1 Taça de Portugal
1 Supertaça
Finalista na Taça das Taças

1984/87 - 1988/91
Artur Jorge
1 Taça dos Campeões Europeus
3 Campeonatos
1 Taça de Portugal
3 Supertaças
1 x Quartos-de-final da Taça dos Campeões

1987/88
Tomislav Ivic
1 Taça Intercontinental
1 Supertaça Europeia
1 Campeonato
1 Taça de Portugal
1 Supertaça

1991/93
Carlos Alberto Silva
2 Campeonatos
1 Supertaça

1993/96
Bobby Robson
2 Campeonatos
1 Taça de Portugal
2 Supertaças
1 Meia-final da Liga dos Campeões
1 x Quartos-de-final da Taça das Taças

1996/98
António Oliveira
2 Campeonatos
1 Taça de Portugal
1 Supertaça
1 x Quartos-de-final da Liga dos Campeões

1998/2001
Fernando Santos
1 Campeonato
2 Taças de Portugal
2 Supertaças
1 x Quartos-de-final da Liga dos Campeões
1 x Quartos-de-final da Taça UEFA

2001/02
Octávio Machado
1 Supertaça

2002/04
José Mourinho
1 Liga dos Campeões
1 Taça UEFA
2 Campeonatos
1 Taça de Portugal
1 Supertaça

2004/05
Victor Fernandez
1 Taça Intercontinental
1 Supertaça
1 x Oitavos-de-final da Liga dos Campeões

2005/06
Co Adriaanse
1 Campeonato
1 Taça de Portugal

Quinito, Del Neri e Couceiro - os únicos a zero

Os três que ficaram com água na boca


Caso vença a Liga, Jesualdo Ferreira será o décimo segundo treinador vitorioso no FC Porto da era Pinto da Costa. Ou o décimo terceiro, a contar outra vez com o interino Rui Barros. E o décimo a vencer o campeonato, em qualquer dessas duas circunstâncias. Só seis técnicos, até ao momento, tiveram de esvaziar o cacifo sem um título nacional pelos dragões, mas só metade desses saíram mesmo de mãos a abanar e por coincidência foram os que menos tempo estiveram no clube: Quinito, que se demitiu quando a época 1989-90 ainda não havia chegado sequer a meio; Luigi Del Neri, despedido ao terceiro jogo particular ao final de um mês; e José Couceiro, chamado de urgência para remendar a temporada 2004-05.

Para a história fica o nome de Rui Barros, o treinador interino que preencheu a vaga de Co Adriaanse no último Verão, e acabou a ganhar a supertaça ao Vitória de Setúbal. António Morais e Augusto Inácio foram outros interinos de prestígio no FC Porto, em ambos os casos por doença do técnico-principal (Pedroto e Bobby Robson, respectivamente), mas a glória sobrou para Barros, por acaso o marcador do golo ao Ajax, em Amesterdão, que ajudou os dragões a vencer a única supertaça europeia no vitral, em três tentativas.

Citação


"Pensávamos que poderia adaptar-se ao futebol português e à mudança de um clube de meio da tabela para outro com ambições e prestígio mundiais. Verificámos, todavia, que, infelizmente, isso não iria suceder"

Pinto da Costa sobre Luigi Del Neri

Números


5

o número de épocas que duraram as gerências de Artur Jorge. Na prática foram quatro e meia, porque no regresso ao FC Porto, para substituir Quinito, em 1989, a temporada já estava em franco andamento, mas ainda assim é o recordista de Pinto da Costa. No segundo lugar, está Fernando Santos, actual treinador do Benfica, que completou três campeonatos. Bobby Robson e José Mourinho, cada um com duas épocas e meia (mais uns dias para o inglês) vêm logo a seguir.

8

os títulos de Artur Jorge. Mais dois do que os de Mourinho. O sucessor de Pedroto é ainda o treinador que mais campeonatos ganhou na vigência de Pinto da Costa: três. Carlos Alberto Silva, Robson, Oliveira e Mourinho conseguiram dois cada um.

6

treinadores do FC Porto venceram todas as provas que havia para disputar em Portugal. Houve campeonato, taça e supertaça para Ivic, Artur Jorge, Robson, Oliveira, Fernando Santos e Mourinho. Co Adriaanse demitiu-se quando estava prestes a juntar-se a este grupo.

2

Fernando Santos sentenciou apenas um campeonato dos três que Pinto da Costa lhe permitiu disputar, mas em contrapartida trouxe para as Antas duas taças. É o único a ter dobrado essa dose em particular.

No arranque, não havia muito no inventário

Património em construção

Pinto da Costa herdou um clube de posses modestas e com poucos títulos. Daí em diante, foi sempre a somar


Um estádio a caminhar para a meia idade, uma sede modesta nos Aliados e um autocarro a pedir reforma. O património herdado por Pinto da Costa, no dia em que assumiu a presidência, não andava muito longe disto. Mais coisa, menos coisa. Havia também uma dívida generosa para ultrapassar. Poupança era a palavra de ordem num clube que tinha uma estrutura de, aproximadamente, centena e meia de funcionários. Desses, destaque para a meia dúzia de sapateiros que cuidavam dos remendos nas botas. Trocá-las era um luxo. As modalidades chegaram a jogar num pavilhão alugado, numa gestão pouco folgada. O autocarro, velhinho e que hoje não passaria na mais desmazelada das inspecções, não servia para as deslocações de longo curso, feitas muitas vezes de comboio. O património de troféus era igualmente modesto, sobrando espaço nas vitrinas. 25 anos depois, o cenário patrimonial é substancialmente diferente. Incluindo o das taças, faltando concluir o futuro museu que as albergará.

1980

Verão quente


No Verão de 1980, Jorge Nuno Pinto da Costa sente "falta de cobertura" do presidente América de Sá "contra as forças da capital". Decide então abandonar o cargo de director do departamento de futebol, que tinha iniciado a 13 de Maio de 1976. Deixa a Direcção, mas indica Teles Roxo para o substituir nas funções de responsável máximo do departamento de futebol. Dá-se o então denominado "Verão Quente", com um comunicado em que a equipa técnica, liderada por José Maria Pedroto, se demarca da Direcção de Américo de Sá. Uma das razões que o opôs ao seu presidente, Américo de Sá, e que o levou a candidatar-se, foi a ligação deste com o CDS.

Do Verão quente ao Apito Dourado

Alguns casos para a história


Em 25 anos de presidência, nem tudo podia ser simples na gestão de um clube que atingiu o topo dos topos, a nível nacional e internacional. Defensor da causa, do emblema do coração, bem cedo Jorge Nuno Pinto da Costa começou a demonstrar uma natural capacidade de liderança e, acima de tudo, para liderar e movimentar massas. Manifestações como as do Verão Quente, em 1980, à porta do Governo Civil ou a da Praça Humberto Delgado, às portas da Câmara Municipal, devido às paragens nas obras do Estádio do Dragão, são momentos que ficam gravados nas páginas da história do clube.

Antes ainda de assumir a presidência do FC Porto, em 1980, Pinto da Costa sentiu falta de apoio da parte de Américo de Sá, então presidente do clube, na luta "contra as forças da capital". Motivo mais do que suficiente para se demitir, o que levaria também a equipa técnica, do lendário José Maria Pedroto, a demarcar-se da Direcção de Américo de Sá.

Seguiram-se casos como o da sanita penhorada (no balneário do árbitro no Estádio das Antas), que motivou uma manifestação no Governo Civil, protestando contra a decisão do Ministro das Finanças, Eduardo Catroga, justificada com dívidas fiscais. O envolvimento no processo Apito Dourado e a forte contestação a Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, durante a construção do Estádio do Dragão, foram mais alguns episódios protagonizados pelo presidente coleccionador de títulos.

Apito Dourado


Ao fim de 12 horas de audição, conduzida pela juíza Ana Cláudia Nogueira, Pinto da Costa sai do Tribunal de Gondomar. Estávamos em 7 de Dezembro de 2004. Mal passa pelo portão de saída, o FC Porto marca ao Chelsea, carimbando a passagem aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões de 2003/04. O presidente do FC Porto saiu com uma caução de 125 mil euros e indiciado por cinco crimes (dois de corrupção desportiva activa, dois de tráfico de influência na forma activa e um de falsificação de documentos sob a forma de cumplicidade). O caso foi-se desenvolvendo, ainda está em curso e alguns processos foram arquivados, como por exemplo o que se refere ao FC Porto-Estrela da Amadora, tendo Pinto da Costa e o árbitro Jacinto Paixão ficado ilibados das acusações.

Estádio do Dragão

Construção conturbada


Construído para substituir o velho Estádio das Antas, o Dragão teve uma construção conturbada. Durante o período de construção, conflitos entre Pinto da Costa, presidente do FC Porto, e Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto, motivaram sucessivas paragens na obra e adiamentos consecutivos. Uma das paragens, a última, durou um mês. Com capacidade para 50948 espectadores, o Estádio do Dragão foi projectado pelo arquitecto Manuel Salgado, custou aproximadamente 98 milhões de euros, dos quais 18,5 milhões pagos pelo Estado e seria inaugurado a 16 de Novembro de 2003.

Retrete penhorada


Em 1994, Eduardo Catroga, então Ministro das Finanças do Governo de Cavaco Silva, manda penhorar o Estádio das Antas, por dívidas fiscais (cerca de 200 mil contos). No lote dos bens hipotecáveis é arrolada a retrete do balneário do árbitro! Isto poucos momentos antes de o FC Porto bater em Bremen, o Werder, por 5-0, num dos jogos do Grupo B da fase de grupos e que ditou o apuramento para as meias-finais da Liga dos Campeões de 1993/94. O presidente do FC Porto mobilizou então os adeptos portistas para participarem numa manifestação frente ao Governo Civil, contra o Governo de Cavaco Silva - que chegou a ser Dragão de Ouro - pela atitude de Eduardo Catroga.

UM ROTEIRO DA LIDERANÇA QUE MUDOU O FC PORTO

Derrubar Lisboa ao som do fado

MÓNICA SANTOS


Uma cidade, dois homens e um clube. No roteiro da liderança não há um Porto de Pinto da Costa. Há o de Pinto da Costa e de Pedroto, treinador de eleição e "Mestre", assim descrito na autobiografia de quem se descobriu líder nessa cumplicidade que fez história nos campos de futebol, mas nasceu em palcos bem mais íntimos: o sofá do canto da confeitaria Petúlia, onde tudo se discutia, ou a Taberna de S. Jorge, em Miragaia, onde sonhavam juntos o FC Porto que ia afrontar o poder de Lisboa... ao som do fado. Hoje, as guitarras calaram-se, a taberna escura no miradouro que expõe as Virtudes tripeiras deu lugar a um restaurante premiado onde Pinto da Costa nunca entrou, mas, ainda assim, está presente: no ficheiro dos antigos clientes, é o único a quem o proprietário se impunha "mandar prenda" no dia de aniversário, a 28 de Dezembro.

No roteiro da presidência, um marco afasta-se da cidade: o Monte de S. Brás, em Santa Cruz do Bispo (Matosinhos), onde o plantel treinou, em segredo, no "Verão quente" de 80, desaparecido em plena pré-época, em protesto pela saída de ambos. Regressaram dois anos depois: Pinto da Costa foi eleito presidente; no fim da época, recuperou Pedroto para o banco. Só a doença do técnico os separou. Há caminhos que nunca mais percorreu depois disso.

Destaque


Pedroto e Pinto da Costa iam aos fados à Taberna de S. Jorge, em Miragaia, no miradouro da Virtudes, porventura o mais belo do Porto

FADO TRIPEIRO


A Taberna de S. Jorge, onde Pinto da Costa e Pedroto iam aos fados, despediu-se de Miragaia há uma década e renasceu há três como restaurante. Hoje, é Uma Rosa. Do espaço passado sobraram apenas as vigas de madeira que suportam o prédio e um portão de ferro, agora a enfeitar a sala. Mas a memória deles está lá, documentada.

CONSTITUIÇÃO PORTISTA


O espaço onde Pinto da Costa viu jogar pela primeira vez o clube da cidade onde nascera e que já defendia nas discussões futebolísticas no colégio. Tinha oito anos, foi o primeiro a chegar, pela mão do irmão. O recinto ganharia novo significado, anos mais tarde, quando se tornou dirigente.

A PRENDA


O novo proprietário da sala onde os dragões ouviam fado guardou o ficheiro amarelado dos clientes da então Taberna de S. Jorge, marco das noites de fado no Porto. Dos registos fotocopiados, o de Pinto da Costa é o único que, além da morada, número de telefone e data de aniversário, tem uma lembrança: "mandar prenda". O presidente do FC Porto nunca lá foi, para lho poder mostrar.

MESA COM HISTÓRIA


Ficavam no recanto contornado pelo sofá, único no espaço da confeitaria. Discutiam futebol, FC Porto e Boavista, mais política, unidos pelo inconformismo perante a desigualdade do país que, após a Revolução, se reinventava ainda em redor da capital. Pedroto e Pinto da Costa destacavam-se na tertúlia que não conhecia horário. Quando se fechava a porta - ainda hoje resiste até à uma da manhã, na Rua de Júlio Dinis que àquela hora é quase só dos sem-abrigo -, jogavam cartas, ricardina, um jogo inventado por Pedroto, que só sabia ganhar. O Porto mudou muito, faz-se deserto, à noite, mas a Petúlia continua a ter horas para as tertúlias. Desoras é que não.

PIONEIRO


O FC Porto foi a primeira equipa a ter publicidade nas camisolas. O objectivo estava no primeiro programa eleitoral de Pinto da Costa. Concretizou-se em 1983, com a Revigrés, de Adolfo Roque. Os acordos eram selados com aperto de mão. Um deles, conta o empresário, foi negociado ao telefone, na auto-estrada A1. Como seguiam em direcções opostas, encontraram-se na área de serviço de Antuã, só para assinar. Não há registo de multas.

VENCER NO HÓQUEI


Além do patrocínio das camisolas, outra das ambições definidas para o primeiro mandatado era a conqusita do primeiro título nacional de hóquei, a modalidade em que iniciou a carreira de dirigente. Jogava-se na Constituiçã, no cimento que hoje é pelado e viveiro de futebolistas. Nas traseiras morava o hóquei em campo.

REINALDO E O BOXE


O Jorge dos Amortecedores chegou antes de Pinto da Costa ao edifício da Rua de Alexandre Herculano onde funcionava, no primeiro piso, a secção de boxe. Ali, o dirigente conheceu Reinaldo Teles, fiel aliado até hoje. O ginásio mudou-se, o prédio está em recuperação e por conta da oficina, cujas cores são o amarelo e azul - mas, como o Jorge é portista, a fachada manterá os tons do dragão.

RUPTURA


Antes de ganhar espaço nacional, Pinto da Costa conquistou-o no FC Porto. No início da década de 80, abandonou a direcção do futebol por divergências com Américo de Sá. Pedroto não perdoou ao presidente essa perda. Acusou-o de traidor à causa portista e, em fim de contrato, saiu também. Na pré-época seguinte, o plantel não se apresentou. Desapareceu durante uns dias, "escondido" numa estalagem da Póvoa de Varzim e a treinar-se em Santa Cruz do Bispo. No topo do Monte de S. Braz, palco íngreme dessa preparação clandestina, há um marco que celebra a independência de Portugal. Também a de Pinto da Costa ganhou forma aí: as eleições aproximavam-se e acabou por avançar com a candidatura. Depois de muitas sessões de esclarecimento, foi eleito. Pedroto treinava, então, o Guimarães. Regressou na temporada seguinte.

Êxitos para além do futebol chegam à casa dos milhares

O hóquei em patins e outros milagres

Agora com 47 títulos, o hóquei não havia ganho nada antes da chegada de Pinto da Costa à presidência do FC Porto

RUI GUIMARÃES


Quinze campeonatos nacionais; 11 Taças de Portugal, 14 supertaças, 2 Ligas dos Campeões, 2 Taças das Taças, 2 Taças CERS e 1 supertaça europeia: as contas do hóquei

Não foi só o futebol que cresceu com a chegada de Pinto da Costa à presidência do FC Porto. Também as outras modalidades deram um enorme salto qualitativo. No seu modo de funcionar, nas estruturas que se renovaram, no novo modelo de gestão, mas acima de tudo na mentalidade, ganhadora, que assumiram.

O hóquei em patins é o melhor exemplo. E não se pense que tem a ver com o facto de ter sido nessa secção que o líder azul e branco iniciou a sua actividade dirigente no clube. Tem a ver, sim, com as conquistas que se sucederam: 15 campeonatos nacionais, 11 Taças de Portugal, 14 Supertaças, 2 Ligas dos Campeões, 2 Taças das Taças, 2 Taças CERS e 1 Supertaça europeia. Contas feitas, são 47 títulos e estão contabilizados apenas os conquistados pelas equipas seniores. Antes da era Pinto da Costa, a sala de troféus do hóquei em patins ansiava pela inauguração...

Exemplo de regresso ao êxito, embora mais recente, é o andebol. É uma das modalidades que mais títulos deu ao clube na sua história - só na variante de 11 foram 29 campeonatos num universo de 37 - , mas custou a dar o primeiro a Pinto da Costa e chegou a ser único a faltar-lhe enquanto presidente. Mas, no dia 12 de Abril de 1999, numa das últimas grandes enchentes do pavilhão Américo de Sá, frente a um ABC que procurava o penta, a agulha virou. José Magalhães era ainda o treinador e conduziu a equipa ao título, colocando um ponto final em 31 anos de espera.

No basquetebol, cinco de um total de dez títulos foram ganhos na sua gestão, acontecendo o mesmo com nove de dez Taças de Portugal e com a totalidade das quatro Supertaças.

Títulos em modalidades tão diversas como voleibol, atletismo, bilhar, boxe, halterofilismo, entre outras, fazem parte do seu assustador palmarés. E até no ciclismo, pois a Volta a Portugal de 1982, ganha por Marco Chagas, foi disputada poucos meses depois de ter assumido o comando do FC Porto. Já agora, na natação, para além dos 15 campeonatos nacionais colectivos, individuais são... 1106.

Palmarés


Andebol

4 Campeonatos nacionais - 1998/99, 2001/02, 2002/03, 2003/04

Antes o FC Porto havia ganho 9

Total 13

2 Taça da Liga – 2003/04, 2004/05

Antes o FC Porto não havia ganho

Total 2

4 Supertaças - 1994/95, 1999/00, 2000/01, 2002/03

Antes o FC Porto não havia ganho nenhuma

Total 4

2 Taça de Portugal – 1993/94, 2005/06

Antes o FC Porto tinha ganho 4

Total 6

Juniores

5 campeonatos nacionais

2 taças Nacionais

Juvenis

4 campeonatos nacionais

Iniciados

1 campeonato nacional

Basquetebol

5 Campeonatos nacionais – 1982/83, 1995/96, 1996/97, 1998/99, 2003/04

Antes o FC Porto havia ganho 5

Total 10

10 Taças de Portugal - 1985/86, 1986/87, 1987/88, 1990/91, 1996/97, 1998/99, 1999/00, 2003/04, 2005/06, 2006/07

Antes o FC Porto havia ganho 1

Total 11

3 Taças da Liga – 1999/00, 2001/02, 2003/04

Antes o FC Porto não havia ganho

Total 3

4 Supertaças – 1986/87, 1997/98, 1999/00, 2004/05

Antes o FC Porto não havia ganho

Total 4

1 Torneio dos Campeões – 2005/06

Antes o FC Porto não tinha ganho nenhum

Total 1

Esperanças

1 Campeonato Nacional

1 taça Nacional

Sub-22

1 campeonato nacional

Juniores

9 campeonatos nacionais

Cadetes

1 campeonato nacional

Iniciados

1 campeonato nacional

Hóquei em patins

15 Campeonatos nacionais - 1982/83, 1983/84, 1984/85, 1985/86, 1986/87, 1988/89, 1989/90, 1990/91, 1998/99, 1999/00, 2001/02, 2002/03, 2003/04, 2004/05, 2005/06

Antes o FC Porto não havia ganho

Total 15

11 Taças de Portugal - 1982/83, 1984/85, 1985/86, 1986/87, 1987/88, 1988/89, 1995/96, 1997/98, 1998/99, 2004/05, 2005/06

Antes o FC Porto não havia ganho

Total 11

14 Supertaças nacionais - 1983/84, 1984/85, 1985/86, 1986/87, 1987/88, 1988/89, 1989/90, 1990/91, 1991/92, 1995/96, 1997/98, 1998/99, 2004/05, 2005/06

Antes o FC Porto não havia ganho

Total 14

2 Ligas dos campeões - 1985/86, 1989/90

Antes o FC Porto não havia ganho

Total 2

2 Taça das Taças - 1981/82, 1982/83

Antes o FC Porto não havia ganho

Total 2

2 Taça CERS – 1993/94, 1995/96

Antes o FC Porto não havia ganho

Total 2

1 Supertaça europeia – 1986/87

Antes o FC Porto não havia ganho

Total 1

Juniores

14 campeonatos nacionais

Juvenis

12 campeonatos nacionais

Iniciados

11 campeonatos nacionais

Infantis

6 campeonatos nacionais

Voleibol

1 Campeonato Nacional – 1985/86, 1987/88

Antes o FC Porto tinha ganho 7

Total 9

2 Taças de Portugal – 1986/87, 1987/88

Antes o FC Porto tinha ganho 4

Total 6

Atletismo

1 campeonatos nacionais – Pista masculinos 2001

Juniores

16 campeonatos nacionais

Juvenis

5 campeonatos nacionais

Bilhar

35 campeonatos nacionais

26 Taças de Portugal

21 Supertaças

Boxe

7 campeonatos nacionais seniores consagrados – 1991, 1992, 1993, 1994, 1999, 2001, 2002

Halterofilismo

4 campeonatos nacionais – 1987, 1989, 2002, 2003

Karate

4 campeonatos nacionais - ????

Natação

15 campeonatos nacionais

4 absolutos mistos – 1982, 1984, 1985, 1986

4 Masculinos – 1988, 1991, 1992, 1999

7 Femininos – 1989, 1990, 1991, 1992, 1994, 1998, 2000

1106 campeonatos nacionais individuais

Pesca

Cerca de 50 campeonatos nacionais individuais

Desporto adaptado

1 campeonato nacional futebol de sete (PC)

2 campeonatos nacionais de futebol de cinco (PC)

2 Taças de Portugal de futebol de cinco (PC)

1 campeonato nacional de futebol de cinco (mental)

1 campeonato nacional de ténis de mesa

Mais de 200 campeonatos individuais

Presença em 5 Jogos Paralímpicos

A menina dos olhos

Conquistas até no desporto adaptado


Se há secção pela qual Pinto da Costa sempre nutriu especial carinho é a de desporto adaptado. E nem nessa, onde os títulos serão o menos importante, os deixou de coleccionar. Entre as várias vitórias nacionais, atletas dos dragões do desporto adaptado, - secção que nem Benfica nem Sporting têm -, estiveram presentes em Jogos Paralímpicos, Campeonatos do Mundo e da Europa. E nunca voltaram de mãos a abanar, contando-se um total de dez medalhas de ouro.

in OJOGO