in DN
12 países a chorar Ivic
Faleceu o primeiro treinador mundial a ganhar troféus em seis países diferentes, um homem que durante muitos anos deteve sozinho o recorde de títulos conquistados numa só época pelo FC Porto e que, em Portugal, orientou ainda o Benfica. Embora a sua passagem pelos encarnados não tenha deixado tantas saudades, estes dois emblemas estão solidariamente junto a dezoito clubes e selecções - de 12 países diferentes - na hora do adeus a um dos melhores estrategas europeus das décadas de 1970 e 80.
Ivic era um treinador original. No FC Porto, ainda hoje é relembrado o jogo na Banheira de Roterdão, em 1993, frente ao Feyenoord, em que os azuis e brancos precisavam de segurar uma vantagem de 1-0 conquistada na primeira mão. Pois bem, Ivic não foi de cerimónias e, além dos dois laterais habituais (João Pinto e Rui Jorge), alinhou com nada menos do que quatro... centrais (Aloísio, Fernando Couto, Jorge Costa e Zé Carlos). 0-0 foi o resultado, e os dragões conseguiram o que queriam: seguiram em frente, pois claro.
Apesar de muito criticado pelas tácticas defensivas, o balanço histórico deixa-lhe uma boa imagem nos dragões. Ganhou campeonato, Taça, Supertaça europeia e Taça Intercontinental, quatro títulos numa época (1987/88), recorde só agora igualado por Villas-Boas. O actual técnico do Chelsea é também detentor da maior vantagem pontual de um campeão face ao segundo classificado (21 pontos), mas a verdade é que se, na primeira passagem de Ivic pelo FC Porto, as vitórias valessem três pontos em vez de dois, os azuis e brancos teriam ganho com 25 pontos de avanço sobre os encarnados (na altura foram 15).
No clube azul e branco, deixou ainda outras marcas positivas, como o lançamento de vários elementos das camadas jovens na primeira equipa: Domingos, Rui Barros e Fernando Couto foram alguns. Como momento menos positivo fica a frase inoportuna para vincar o abrandamento de um dos maiores símbolos da história do clube. "Gomes é finito!", afirmou então o treinador croata.
No Benfica, por onde passou em 1992/93, os adeptos recordam sobretudo a sua infeliz ideia de aproximar as duas linhas laterais do relvado da Luz, reduzindo assim a sua largura, com o objectivo de tornar mais complicada a tarefa dos adversários. Logo no segundo jogo do campeonato, contudo, um empate a zero frente ao Salgueiros fez questão de não lhe dar razão. Ao fim de quatro vitórias, dois empates e duas derrotas, Ivic foi despedido por Jorge de Brito. Na época seguinte, Pinto da Costa voltou a colocá-lo no FC Porto, mas também não chegou a acabar a época. Era já a fase descendente de uma carreira em que somou troféus nacionais na Jugoslávia, Holanda, Bélgica, Portugal, Espanha e França. Ontem, a seis dias de completar 78 anos, faleceu de ataque cardíaco.
in OJOGO
Fui apanhado de surpresa mal vi a primeira página do JN. Uma notícia triste. Não sou daqueles que tem memória de elefante e se recordam de mil e um pormenores , e de mil e uma histórias. A lembrança que tenho do Ivic é que era um treinador defensivo, exuberante e polémico, não muito apreciado pelos adeptos, mas ficou na história do FC Porto por ter conquistado o campeonato, Taça, Supertaça europeia e Taça Intercontinental numa só época. Ficará para sempre na história e memória do FC Porto. Paz à sua alma.