José Manuel Ribeiro no Ojogo
A Taça de Portugal traz sempre consigo a conversa dos "lugares europeus" e esta, por sua vez, carrega fórmulas escritas em guardanapos e no verso dos bilhetes de autocarro que confirmam o interesse da equipa xis em determinada combinação de finalistas. Não é que me desagradem as combinações, até lamento que tenham passado de moda, mas a pergunta que me faço é sempre a mesma: para quê o esforço? Por que razão querem os clubes portugueses de dimensão média estar nas provas europeias? O resultado nunca varia. Sorteio, adversário ucraniano, bielorruso ou escandinavo, viagem caríssima, eliminação, prejuízo. Para esses clubes, que são todos à excepção do Boavista, a Taça UEFA é o grande sorteio do Reader's Digest. No final da época, fazem a festa do século porque, como milhares de portugueses vítimas de abuso publicitário, recebem um envelope de aspecto francamente importante contendo a mensagem "Você foi seleccionado para a final do grande concurso". Que é o primeiro sorteio. Até essa altura, ganharam tanto com o "lugar europeu" como qualquer um de nós ganha com as cartas das Selecções. Ou seja, nada. Mas pulam de excitação, perante a perspectiva de um bom resultado no concurso. E o que é um bom resultado no concurso? Um clube italiano ou alemão que dê boas receitas televisivas. Mais nada importa, porque as distâncias são demasiado grandes e eles, os portugueses, têm o dom de as fazer maiores ainda. A simplicidade de pensamento que vemos em presidentes como Pimenta Machado está reflectida nos resultados com que as equipas médias, nos últimos anos em estreita colaboração com Benfica e Sporting, têm borrado o ranking português na UEFA. E Pimenta Machado nem sequer é, em comparação com os colegas, o pior presidente. Acumulando pontos para o ranking, o FC Porto está, indirectamente, a prejudicar-se. Portugal sobe de escalão, aumentando o número de lugares e também o número de equipas pelas quais terá de dividir os seus pontos. A descida é fatal. Num instante, vê-se de regresso às pré-eliminatórias da Liga dos Campeões e o ciclo recomeça, entre festejos e contas de cabeça antes das finais da Taça.
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