JOSÉ MANUEL RIBEIRO no Ojogo
1. Há quem entenda, ainda a quente, que o fanico do Sporting em Vila do Conde em caso algum pode ser vinculado ao discurso público de Dias da Cunha, muito menos à pequena porção de munições lexicais, carregadas de urânio empobrecido, que ele destina à tarefa de moralizar o futebol português de acordo com a mais recente geografia evangélica (o Inferno ali; o Céu acolá). Não acho. Quanto mais não fosse, seria necessário esclarecer que Dias da Cunha não joga à bola, ou se joga, está com certeza muito para lá do prazo de validade. Não, a responsabilidade do enxerto levado pela equipa do Sporting em Vila do Conde é primeiro do Rio Ave, depois dela (da equipa), depois dela outra vez, a seguir do treinador e só muito lá para o fim acabará por ser de Dias da Cunha, calculo. Mas acontece que a distância entre o dizer e o fazer também devem entrar nestas contas da moral: para todos os efeitos, o Sporting diz e nunca faz. É a parábola quase exacta do cidadão que grita às quatro da madrugada, despertando a rua inteira: "Acudam. Fui roubado, fui roubado". E o que lhe roubaram?, pergunta o polícia em patrulha. "Um saco cheio até cima". "Cheio de quê?", torna o polícia. "De vento", responde o homem.
2. O FC Porto está na curva. Crescer implica progredir e progredir supõe responsabilidade. São confortáveis as eliminatórias com o Manchester United, o Chelsea ou, com certeza, o Milan, mas não é verdade que, neste ponto da história, se possa esperar como resposta a uma eventual eliminação pelo Lyon um encolher de ombros regalado. Será injusto, se Mourinho tiver razão na equivalência que atribui às equipas, mas apenas um bocadinho mais injusto do que foi para o Manchester pensar-se que a eliminatória com o FC Porto estava resolvida antes de começar. O estatuto é uma chatice e o mais chato de tudo é que tem dois sentidos.
A fórmula
Mourinho aponta ao maior prémio
Jogar a final da Taça no Estádio da Luz é o tipo de desafios com que Mourinho construiu o seu mito. Carlos Queiroz experimentou o método esta semana, curiosamente depois da derrota na Taça de Espanha. "Alguém terá de pagar". E pagou: o Real Madrid, com novo desaire, agora na Liga. Portanto, há um risco e um prémio proporcionalmente maior. Vencer a Taça na Luz teria muito mais valor e, se virmos bem as coisas, o FC Porto tem tantas razões para se sentir em casa no Jamor como no novo estádio do Benfica. Risco relativo; compensação gigantesca. A fórmula do sucesso.
A sorte
Pedro Ribeiro lesionado
No jogo que a equipa B do FC Porto ontem fez com o Freamunde não esteve André Vilas Boas, a mais válida das opções que restam a Mourinho, depois da "epidemia" lhe ter levado metade dos centrais. No entanto, jogou Pedro Ribeiro, esta semana chamado pelo técnico aos treinos do plantel principal para suprir a escassez de jogadores para o lugar. O extraordinário é que saiu lesionado aos 80 minutos. Parece que o problema não é grave, mas mesmo assim, não seria má ideia consultar um astrólogo Hare Krishna. Soa que são muito eficazes.
Os cobardes adoram linchamentos
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