O FC Porto acaba de anunciar a venda de Falcao e Rúben Micael ao Atlético de Madrid, por um estranho valor (40 milhões de euros pelo colombiano e cinco pelo português), num negócio ao estilo ‘pack’ – leve dois e pague muitos milhões.
Trata-se, obviamente, de um excelente encaixa para o campeão português, mas há alguns factos nesta dupla transferência que não deixam de causar estranheza. Em primeiro lugar, a venda de dois jogadores a um mesmo clube, com um terceiro clube envolvido: o Nacional da Madeira.
Quando contratou Rúben aos madeirenses, o FC Porto pagou três milhões por 60 por cento do passe. Isso significa que 40 por cento do passe não pertencia aos dragões, daí que quanto mais baixo fosse o valor de venda do médio ao Atlético, menos os campeões nacionais teriam de pagar pela percentagem que não detinham.
Se a venda de Falcao parece um grande negócio, já a de Rúben não tem o crivo dos negócios fabulosos que Pinto da Costa tem a capacidade de fazer. Vindo de um clube pequeno, Rúben Micael tinha o seu passe avaliado em cinco milhões. Não se compreende o seguinte:
Por que razão um jogador que se tornou internacional, que se afirmou na seleção, que se tornou campeão, que venceu a Liga Europa, que ganhou taças e supertaças, não rende mais, em termos financeiros, ao FC Porto? Claro que Micael não era um titular indiscutível, mas será que a sua passagem pelo Dragão não o valorizou?
Rúben é um péssimo negócio, em termos financeiros, cujos contornos ficarão por clarificar. Mas não é a única nuvem sobre esta dupla transferência. O Atlético teve Falcao à disposição, por 30 milhões de euros – o valor da cláusula de rescisão. Kun Aguero desfalcara o conjunto de Madrid e o interesse no colombiano era Real.
Por que razão deixa o Atlético que Falcao renove, vendo aumentar o valor da cláusula, em poucos dias, para os 45 milhões, e pagando 40 milhões pelo goleador? A saída de Diego Forlán não justifica tudo, porque a contratação de um ponta de lança era tida como certa, por parte do clube espanhol, muito antes de Forlán sair.
Ou seja, o Atlético deita ao lixo 10 milhões de euros, permitindo um excelente encaixe-extra ao FC Porto. Depois, consegue um mini-jackpot, comprando Rúben Micael a preço de saldo. Em termos teóricos e até prova em contrário, assim se resume este ‘pack’ dois em um.
A adensar dúvidas sobre os negócios do futebol está uma renovação de contrato que nunca foi divulgada. Só após a leitura do Relatório e Contas do FC Porto se percebeu que um jogador renovara contrato por mais uma época. Precisamente. Rúben Micael.
E é preciso não esquecer a estranha venda do guarda-redes Roberto para o Saragoça, que levou a CMVM a pedir esclarecimentos adicionais ao Benfica. SAD e transparência não rimam, pelo menos nos negócios da Península...
Quando surgiram as SAD, no futebol, apelidaram o fenómeno como a garantia de rigor e clareza, nas transações, um obscuro mundo onde reinava a promiscuidade. Hoje, surgem sinais de que é possível contornar a vigilância permanente da CMVM.
in ptjornal
Descobri este interessante artigo aqui nos feeds sobre notícias do FC Porto...coloca algumas questões interessantes...e o mais curioso é que afinal o Ruben, nem pára na casa partida (Atlético de Madrid) vai logo para a cadeia (Saragoça) :-))...e um clube que não nada em dinheiro, como o Atlético...dar-se a este luxo é no mínimo suspeito...
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