Já cá canta a primeira...há uns dias atrás disse que me metia confusão ouvir o nome de Licá como dispensável, tendo em conta o desempenho da pré-época, onde alguns adeptos foram bastante críticos, quando para mim era claríssimo que não é em 7/8 jogos jogando meia dúzia de minutos que se tiram conclusões, como li por aí..
Hoje, marcou o primeiro e foi dos mais activos...não poderia ter ficado mais satisfeito...é nos jogos a sério que eu gosto de os ver a brilhar, e por isso, desejo que todos os contratados tenham possibilidade de mostrar serviço...
Quando ao jogo...vitória tranquila...rápida...e sem espinhas...que deixamos a defesa vitoriana às aranhas...num jogo de início de época, em que não fiquei impressionado com nada...iremos de certeza absoluta fazer muito melhor...mas quando entrou o Quintero já quase no fim...vi que podemos ter ali um diamante dos diabos...não esteve muito tempo em campo , mas compreendo agora os elogios do jogo em Londres... vi pormenores que nos podem dar muitas alegrias...a confirmar futuramente...acho que com ele em campo, o FC Porto pode ser ofensivamente uma coisa bonita de se ver...mas vamos aguardar serenamente...
Quanto ao resto...mais uma Supertaça que o Helton vai levar para casa, para o museu do golfe...:-)
Venha agora a prova que verdadeiramente interessa...com uma visita a Setúbal...e quando vamos ter meia equipa a chegar na véspera do jogo por causa das selecções...puta de estupidez...eu sei que é difícil arranjar datas para a selecção, mas numa altura em que as equipas estão a iniciar campeonatos, a construírem equipas, a tentarem ganhar rotinas, e isso faz-se nos treinos...os treinadores não vão poder fazer...enfim..é assim para todos...resignemos...
Ah, eu gostava de perceber e acima de tudo ter interesse nas tácticas utilizadas como bem explica o Luís Sobral...para mim interessa pouco como é feito desde que goste do que vejo e dê vitórias .-))
Paulo Fonseca mexeu no coração do Fc Porto
Campeão apareceu, de facto, com apenas dois médios
Discreto, como é a sua forma de estar, Paulo Fonseca aproveitou o sossego do Verão para mexer em algo que pouco ousaram alterar nas últimas décadas: o meio-campo do FC Porto.
No Dragão/Antas, o 4x3x3 chega a parecer tão presente como o presidente do clube. Sem Moutinho, Paulo Fonseca achou que era tempo de lhe tocar. Ensaiou na pré-época, testou a sério este sábado à noite, frente ao Vitória de Guimarães. Funcionou.
Na prática, a chave da mudança é Lucho Gonzalez. Com Vítor Pereira ele era claramente médio, por vezes até atrás de Moutinho, muitas vezes ao lado. Com Paulo Fonseca não são raras as ocasiões em que surge na linha de Jackson Martinez.
No primeiro golo foi assim. Varela tinha ficado um pouco para trás, Lucho estava perto do ponta-de-lança e conseguiu chegar logo à bola lutada pelo colombiano. Licá estava do outro lado, mas a sua velocidade permitiu-lhe aparecer na zona do ponta-de-lança.
Esta forma de estar exige muito menos esforço defensivo a Lucho. Fernando e Defour ficam um pouco mais posicionais, no meio. Quando a equipa perde a bola, Paulo Fonseca conta muito com o trabalho de Varela e Licá.
Na prática, o FC Porto defende logo com quatro médio. Só depois aparece Lucho. Se o adversário demorar muito a construir também Jackson se envolverá.
Pelo contrário, quando a equipa ganha a bola tem mais uma opção na frente e pode tentar ser mais rápido a chegar à área do adversário.
No segundo golo apareceram três homens em plena área: Jackson, Lucho e Licá. Varela cruzou. Mais uma vez, não foi por acaso.
Mo terceiro, lá estavam Licá e Lucho, na zona da baliza, à espera de mais um cruzamento. Jackson foi fora da grande área, o argentino movimentou-se silencionsamente para o poste mais distante.
Na primeira fase de construção, a bola sai quase sempre por Otamendi. Depois há duas opções, dois futebolistas que jogam lado a lado: Fernando e Deffour. Não existe um número 6, mais dois médios. Fica mais difícil para o adversário saber por onde tudo vai começar.
O FC Porto de Vítor Pereira trabalhava muito as jogadas. Fazia da posse a sua chave, enrolava os adversários e vencia-os pelo cansaço. O FC Porto de Paulo Fonseca tem mais fome de baliza, mais pressa de chegar à área. Tornou-se menos previsível.
O sistema conta muito com o rigor táctico, a entrega e a qualidade de Varela e Licá. Por isso jogam eles e não futebolistas como Kelvin, Iturbe ou Quintero, bem mais explosivos mas incapazes de fazer tudo o que é preciso quando a bola muda de mãos.
Esta escolha de Paulo Fonseca é o maior elogio que o treinador podia fazer a Lucho Gonzalez.
O futuro dirá se esta forma de jogar ganha mais ou menos títulos. Para já o FC Porto venceu uma competição que tem arrecadado com insistência, perante um adversário outra vez em construção. Foi o primeiro troféu para Paulo Fonseca que tem o mérito de ter conseguido explicar as suas ideias aos futebolistas, que as entenderam e executaram de forma por vezes perfeita em Aveiro.
in maisfutebol
Uma bela explicação...