1. Na melhor das hipóteses, o vencedor deste campeonato contabilizará menos seis pontos do que o terceiro classificado da época passada e não terá feito o suficiente para ser segundo em qualquer das últimas dez temporadas, pelo menos. É bem feito, mas a questão não podia ser menos relevante. Só terá importância para as equipas que sentirem necessidade de desculpar as suas derrotas, excepto num caso: se, eventualmente, o campeão fosse o FC Porto. Nada desvalorizaria tanto a SuperLiga como um vencedor acamado, pelo menos sendo esse vencedor o mesmo que detém treze dos últimos vinte títulos. Escrevi em Setembro que a infelicidade do futebol português era estar dependente do quanto fosse o FC Porto capaz de baixar-se, ao invés do desejável, ou seja, do quanto os outros pudessem crescer. O comportamento internacional do Sporting atordoaria esta análise se o campeonato irregular não estivesse tão à vista, indesmentível: Peseiro pode invocar que perdeu a SuperLiga por uma questão de minutos, mas alguém menos bem intencionado poderia sempre responder-lhe que, afinal, ele próprio chegou à final da Taça UEFA por uma questão de segundos. Se o Sporting cresceu, cresceu mal ou cresceu incompleto: é a única conclusão possível.
2. Por outro lado, também não há vitória que salve o FC Porto da derrota, quanto mais não seja porque já lhe sofreu os efeitos. O título não esconde os abalos que a imagem de competência absoluta foi sofrendo desde Junho, uma vezes com motivo, outras porque os grandes triunfos o colocaram demasiado alto para merecer compreensão fácil. Duvido que seja este o entendimento de Pinto da Costa, mas não há dúvida de que, lá no fundo, o campeonato devia ter sido sempre o menos importante, tanto pela necessidade absoluta de não comprometer a construção de uma nova equipa, que lute por vários títulos em vários anos ao invés de se consumir totalmente logo no arranque, como pelo fôlego das vitórias anteriores, mais do que suficiente para um ano tranquilo, de planeamento e trabalho de base. (Dir-me-ão: ó meu palerma, estás a esquecer-te do "Apito Dourado" e da ligação que a opinião pública faz entre o processo e os maus resultados. E eu respondo: para a opinião pública, nenhum tribunal ou campeonato será jamais capaz de provar a inocência dos árbitros. Portanto, o que interessa isso?)
Matemáticas:
O campeão vindo de fora
Se o campeonato fosse disputado apenas fora, o FC Porto já o teria ganho há muito. Se contássemos só os pontos em casa, seria décimo classificado. Há uma lógica? Nenhuma que tenha importância, calculo. Na generalidade, por detrás da pontuação, o FC Porto visitado convenceu pouco menos do que o FC Porto visitante. Não acrescenta nada de racional, pelo contrário, lembrar que, para chegar a estes números, marcou tantos golos fora como em casa (19).
O António José Seguro, ó Pedro Nuno?
Há 19 horas