sexta-feira, maio 13, 2005

Delapidar é bom

Uma das principais provas (desnecessária) de que o FC Porto não recolhe a mínima compreensão por parte da Imprensa em geral é a "delapidação" do plantel, termo unânime que voltei ontem a ler num artigo online de apoio à notícia da transferência de Costinha e Maniche. A oportunidade para a utilização da palavra - que será avidamente repetida durante os próximos dias - é espantosa: justamente quando a rentabilização da equipa campeã europeia ultrapassou os cem milhões de euros, essa ninharia tantas vezes vista na SuperLiga e nos cofres das empresas portuguesas.

Admito que o valor pareça pequeno quando ainda se tem nos ouvidos os planos de Luís Filipe Vieira para os quinhentos mil sócios que o Benfica terá dentro de uns meses ou os 420 milhões a que já chegou o passivo do Sporting ou ainda a frequência com que estes dois clubes se vêem a vencer a Liga dos Campeões num futuro próximo, mas nem o valor é assim tão insignificante nem a conjuntura formada pela surpreendente vitória de Gelsenkirchen, o livro de cheques de Abramovich e as garantias bancárias de Fedorycev é oportunidade que pessoas sensatas se atrevam a desaproveitar.

Cem milhões permitem gastar em substitutos para os jogadores que saem e guardar ainda cinco vezes as receitas a que os grandes clubes portugueses normalmente aspiram na coluna das transferências. Note-se bem a palavra: substitutos. Entre transferidos (dez) e dispensados (seis), o FC Porto perdeu dezasseis jogadores desde Junho e contratou, imagine-se o despropósito, outros dezasseis, dos quais três apenas para a época que vem. O exagero é óbvio, até porque, como toda a gente sabe, os reforços com nível para substituir figuras da dimensão de Ricardo Carvalho, Deco e Paulo Ferreira são de graça e aparecem todos os dias aos olheiros da II Divisão B. Mas, pronto, é indiscutível que Pinto da Costa fracassou no propósito de construir uma nova equipa capaz de ganhar no imediato e que ele próprio pôs o projecto em causa com os equívocos na escolha dos treinadores. Só que a conclusão a tirar desse facto não é aquela de que os utentes da "delapidação" mais gostam: os erros, reais e eventuais, que o FC Porto cometeu esta época só confirmam, para lá de quaisquer dúvidas, que era perfeitamente possível vender estes jogadores e vencer calmamente o campeonato na mesma.


O MISTÉRIO ADRIAANSE
Por agora, Co... mentador

Há dias, Co Adriaanse, tido como sucessor de Couceiro no FC Porto, assinou contrato pela estação de televisão (TV10) que será responsável pelas transmissões dos jogos do campeonato holandês. Quer isto dizer que se comprometeu a sentar-se, todas as semanas, no camarote de Imprensa de um estádio holandês para comentar uma partida da liga holandesa e isto tudo, presumivelmente, na Holanda, ou seja, a uns bons quilómetros de Portugal. O mistério adensa-se - até porque do documento assinado consta uma cláusula de rescisão, sem valores compensatórios, prevendo a saída para um emprego no estrangeiro.

José Manuel Ribeiro no Ojogo