Esta temporada corre sérios riscos de perder a piada toda de repente. Depois da eliminação do Benfica na Liga dos Campeões, uma vitória do FC Porto em Alvalade deixaria o campeonato meio resolvido e obrigaria um ror de gente a engolir sapos vivos às goladas. Ora, se mortos já não são exactamente um petisco, vivos e a espernear, os sapos são particularmente difíceis de engolir e de digestão muito lenta e tumultuosa. Mas, não temam, há quem já tenha pensado nessa possibilidade e tratado de arranjar um anti-ácido de largo espectro para tomar no domingo em caso de necessidade. E como funciona? É simples, caso o FC Porto ganhe - cruzes, credo, canhoto - e sentencie o campeonato - lagarto, lagarto, lagarto - basta lembrar que os portistas não fazem mais do que a sua obrigação. Isso mesmo. Ricos como são, têm mais é a obrigação de ganhar. Bem vistas as coisas, até já deviam ter ganho, o que só não aconteceu graças ao espírito operário e de sacrifício do Sporting, uma equipa pobrezinha mas honesta e trabalhadora. No fundo, é a eterna luta de classes e nunca ninguém toma partido pelos ricos na luta de classes. Aliás, como dizia um amigo meu, para se perceber o desprezo que o próprio Deus tem pelo dinheiro, basta ver as pessoas a quem o deu. Portanto é assim: se o FC Porto ganhar, não faz mais que a sua obrigação, se perder é uma vergonha para o prédio. Se ganhar, os seus jogadores, técnicos e dirigentes não fizeram mais do que a sua obrigação; se perderem, são todos incompetentes. De certa forma, o FC Porto não tem como ganhar, mesmo ganhando. Bem vistas as coisas, talvez o empate seja mesmo a melhor solução para todos...
O António José Seguro, ó Pedro Nuno?
Há 8 horas