Pinto da Costa não gostou da atitude de alguns jogadores, mas está tranquilo
"Braga não se repetirá de certeza absoluta"
O actual momentos dos campeões nacionais foi apenas o ponto de partida para uma entrevista em que o presidente portista fala de tudo. Da saída de Adriaanse, à entrada de Jesualdo passando pelas propostas para a venda de jogadores, pela hipótese de recandidatura e pela inevitável resposta aos ataques de que tem sido alvo.
A poucas semanas de completar 25 anos à frente do clube, Pinto da Costa ainda tem projectos para cumprir. Até ao final do actual mandato, o presidente portista pretende reforçar a marca FC Porto e reestruturar todo o edifício do futebol portista sem descurar por um instante os resultados desportivos até porque, como diz, não vive "da gestão dos êxitos do passado". Numa longa entrevista, fala do futuro, da hipótese de recandidatura a um novo mandato, da construção de um novo pavilhão gimnodesportivo e da consolidação de uma equipa que devolva o clube ao papel principal nos palcos nacionais e europeus. E fala do presente para fazer algumas revelações inéditas, como a de garantir que Jesualdo Ferreira tem futuro no FC Porto muito para além do contrato de um ano que assinou, ou que Anderson não está à venda, muito pelo contrário. Tudo sem deixar de lançar um olhar crítico sobre as mais recentes polémicas do futebol português, nem se esquecer de devolver à procedência os ataques de que tem sido alvo. Um discurso optmista, mas que não esconde o facto de nem tudo serem rosas. Como, por exemplo, as últimas derrotas da equipa principal. O ponto de partida.
Depois de uma excelente arranque, com a conquista da Supertaça e quatro vitórias no campeonato, o FC Porto sofreu duas derrotas consecutivas. São resultados que o trazem preocupado?
Não, de todo, até porque nos temos que enquadrar na realidade. E a realidade é que a equipa jogou no ano passado sob um determinado sistema totalmente diferente do actual, que começou a temporada sob o princípio de que seria esse o sistema e preparando-se para ele e que, de repente, sem que nada o fizesse prever, o técnico desapareceu - nem se pode dizer que se demitiu porque saiu porta fora e não falou com ninguém responsável - portanto tivemos, nessa emergência, que encontrar um técnico dentro do perfil que idealizamos. Como é natural, esse técnico tem as suas opções, tem as suas regras e sua forma de preparar a equipa que é diferente do antecessor. Isso levou-nos a establecer um período de transição que terminava agora, com a paragem do campeonato à quinta jornada para os compromissos das selecções. Creio que apesar de termos perdido em Braga o saldo é positivo dentro das nossas expectativas. Tinhamos três saídas em cinco jogos. Vencer duas delas, uma das quais tinhamos perdido no ano passado, é positivo. Agora, como é evidente, tanto eu, como o técnico e certamente os jogadores, queremos mais e exigimos mais.
Mas foram duas derrotas claras e isso certamente não pode ser considerado normal...
A derrota no Arsenal tem que ser considerada, não normal, porque uma derrota nunca é normal, mas compreensível, na medida em que o Arsenal foi finalista vencido da Liga dos Campeões, é uma equipa poderosíssima e fez um grande jogo, o que elimina qualquer hipótese de falar em escândalo. Agora, em Braga, perder até pode não ser muito anormal, mas houve uma forma de encarar a partida por parte de alguns jogadores que levou a que, no final do encontro, tenhamos que reconhecer que o Braga venceu bem, porque todos os que estiveram em campo deram o máximo e quando assim acontece, se não houver o mesmo empenho do outro lado, ganha-se. Já reflectimos todos, técnicos e equipa incluídos, sobre o que se passou e tenho a certeza absoluta que não se vai voltar a repetir.
Essa derrota em Braga aconteceu no início de um ciclo particularmente complicado para o FC Porto, com dois clássicos na agenda. Isso é motivo para preocupações especiais?
Não. O campeonato é uma prova de regularidade na qual temos que jogar contra todos os adversários. Se os clássicos acontecem em Março ou em Janeiro é indiferente, porque no final é que se fazem as contas e não vejo aí nenhum motivos especial de preocupação. A equipa tem que reagir a estas duas derrotas e estou certo que já no próximo jogo, com o Marítimo, a atitude vai ser totalmente diferente daquela que vimos em Braga.
A sucessão de lesões em jogadores importantes também pode ajudar a explicar as dificuldades sentidas?
Temos sido muito infelizes a esse nível. O Pedro Emanuel, que é fundamental para a coesão defensiva da equipa, lesionou-se com gravidade ainda antes da época se iniciar. O Ibson, que estava em excelente forma, também se lesionou e isso para não falar de outros que estão há mais tempo, mas felizmente em vias de recuperação como o Bruno Moraes ou o Sokota. Conseguir resistir a todas essas baixas, a perdas pontuais como as de Raul Meireles, Cech, João Paulo ou Ibson e manter-se, apesar de tudo, a primeira posição do campeonato em parceria com o Sporting, é a prova de que, de facto, temos uma grande plantel.
"Infelizmente, não podemos recuperar Hugo Almeida"
Já disse que não concordou com algumas decisões de Co Adriaanse relativas ao plantel, nomeadamente ao nível das dispensas, em particular nos casos de Hugo Almeida, Hélder Postiga e Diego...
É verdade, não concordei. Não é a primeira vez que não concordo com os técnicos, mas a minha discordância fica comigo. Como presidente, se confio no treinador, tenho que procurar fazer o plantel que ele considera melhor. Não é primeira vez que tomo decisões com as quais não concordo. Por exempplo, o Jardel não veio para o FC Porto quando foi para o Sporting porque os técnicos da altura entenderam que ele não era necessário. Eu discordei e, como sabem, ele chegou ao aeroporto como o cachecol do FC Porto e até comprou casa na Foz para vir morar para aqui, mas quando foi apresentada a questão aos treinadores, eles entenderam que não e eu não contrato jogadores que os técnicos não querem. Isso aconteceu com o Hélder Postiga, mas felizmente ainda fomos a tempo de o recuperar, e aconteceu com o Hugo Almeida, que já estava emprestado ao Werder Bremen e que não pudemos recuperar.
Já sentiu que alguns desses jogadores podia ser úteis no plantel actual?
Não vale a pena estar a especular, na medida em que tudo é subjectivo. Mas de forma muito concreta, na última temporada, como o mesmo treinador que este ano o dispensou, o Hugo Almeida foi muito importante. Houve vários jogos que vencemos com golos dele, como aconteceu por exemplo no Nacional da Madeira. Agora, o treinador decidiu dispensá-lo e eu não podia ir contra ele. Infelizmente o treinador foi embora e talvez o Hugo nos desse jeito, como nos está a dar o Hélder Postiga.
"Nada justifica a saída de Adriaanse"
Já disse que a mudança de treinador influenciou a preparação da temporada. A saída de Adriaanse apanhou de surpresa meio Mundo. E a si?
Acho que a saída dele apanhou toda a gente de surpresa, sem excepções. Tinha ido ao estágio, no dia do seu aniversário, para o poder festejar com ele. Confraternizamos amigavelmente e tudo se estava a processar normalmente, nada fazendo prever que isto pudesse suceder. A verdade é que fomos surpreendidos com esse facto e houve que encará-lo. O treinador abandonou o trabalho, considerou-se afastado e temos o problema para resolução na FIFA, o que me parece ser a única via possível. Se quando um clube não cumpre o contrato com o seu treinador até ao final tem que lhe pagar, é óbvio que, quando um treinador, sem qualquer justificação, sem falar com ninguém, sai porta fora e abandona a equipa no estágio em vésperas de um jogo importante como era o que tinhamos em Inglaterra, é óbvio, dizia, que também temos que ser ressarcidos por isso. Até porque o seu abandono levou a que, para garantirmos a contratação de Jesualdo Ferreira, tivessemos que pagar uma indemnização ao Boavista.
Mesmo nos momentos de maior contestação da última temporada, manteve sempre o apoio incondicional a Co Adriaanse. Sentiu a sua saída de forma pessoal?
É preciso conhecer o homem por detrás do técnico. Se ele fosse português e tivesse esse comportamento, se fosse o professor Jesualdo Ferreira ou um dos treinadores que aqui passaram como o Fernando Santos e outros, é evidente que ficaria magoado pessoalmente. Agora, sempre tive consciência que Co Adriaanse via o FC Porto estritamente como entidade patronal, embora tivesse comigo um relacionamento que posso classificar de agradável. Aliás, pessoalmente, aquilo que lhe desejo é muitas felicidades. Agora, como presidente do FC Porto não posso permitir que uma pessoa que tinha as obrigações e responsabildades dele tomasse a atitude que tomou sem nenhuma razão, e não posso deixar de agir no sentido da protecção dos melhores interesses do clube.
O FC Porto está disposto a ir até às últimas consequências para resolver este caso?
Naturalmente. O FC Porto já entregou o caso à FIFA com o respectivo pedido de indemnização e aguarda serenamente a resolução do caso com a consciência da razão que lhe assiste.
"Jesualdo não vai ficar só um ano, nem dois"
Depois da forma como aconteceu a saída de Adriaanse, Jesualdo Ferreira foi a escolha possível?
Não, foi claramente a primeira escolha. Com a condição de se chegar a um entendimento com o Boavista, foi a primeira escolha. O professor sabe-o bem; o Boavista também, mas tínhamos alternativas para o caso de não ser possível esse acordo.
O facto ter assinado apenas um ano de contrato, pelo menos para já, foi uma forma de precaução depois da experiência com Adriaanse?
Não, quem conhece o professor Jesualdo Ferreira - e eu conheço-o há muitos anos - sabe que ele seria incapaz de tomar uma atitude dessas. Para mim, o professor Jesualdo até podia nem ter contrato que eu continuaria descansado. Estou seguro de que vai ficar não só este ano, nem dois; estou convencido de que vai ficar muitos mais.
Vai propor-lhe isso?
Sim, sim. Ele sabe. Temos conversado sobre o que pretendo para o futuro, e também sei o que ele pensa. Estou tranquilo a esse respeito.
Na altura em que se falou de Jesualdo Ferreira para o FC Porto apontou-se como factor determinante o conhecimento que tinha do futebol português. O facto de ele não ter experiência nas competições europeias não jogou contra?
Não, o professor Jesualdo Ferreira já esteve no Benfica, no Braga europeu e, hoje, qualquer treinador sabe perfeitamente o que é estar nas provas europeias. Pergunto que experiência europeia tinha Mourinho, Fernando Santos ou Artur Jorge quando chegaram ao FC Porto? Não tinham nenhuma. Um treinador ou tem plantel e capacidade para o gerir, e tanto faz ser aqui ou lá fora, ou não tem. Isso nunca foi um óbice em relação ao professor Jesualdo Ferreira, nem a ninguém.
A propósito do plantel ao dispor de Jesualdo Ferreira, este é muito jovem...
Sim, há dois terços do plantel que tem menos de 24 anos, o que traz vantagens em termos de progressão, mas é óbvio que tem como óbice alguma inexperiência. Por isso, confiamos na experiência e na capacidade do professor Jesualdo Ferreira para, o mais rapidamente possível, transmitir maturidade a jogadores que não a podem ter aos 18 anos, como é natural.
Sabendo-se que os adeptos são mais sensíveis a estas coisas do que os dirigentes, sentiu reacções negativas por causa destes dois últimos resultados?
Não senti, mas espero que os adeptos estejam tristes. Mal do clube que não tenha adeptos tristes depois de duas derrotas, ainda que uma delas tenha sido contra o Arsenal. Isso é que seria uma catástrofe. Estar triste é uma coisa, e incluo-me nos adeptos que ficam tristes sempre que o clube perde, mas temos confiança e sabemos o que queremos.
"Não vendi o Anderson, comprei mais 15 por cento"
Os adeptos do FC Porto ficam apreensivos a cada passe certo e a cada golo do Anderson. Temem que esteja mais próxima a separação. Pode sossegá-los?
Acho que os adeptos são levados a pensar isso por alguma comunicação social. Se um jogador faz um golo mais bonito ou um drible mais espectacular, no dia seguinte já se diz que estão os olheiros de todo o Mundo em cima dele. Isso é o que vende. Ainda há dias vi que um jogador do Sporting, que apareceu neste momento e que está muito bem, já tinha o Real Madrid e o Atlético de Madrid doidos por ele. Isso é muito prejudicial para o evoluir da carreira de um jovem, que tem de estar com os pés bem assentes no chão. O mal dos jogadores portugueses, e por isso muitos falham, é saírem prematuramente do país. Foi o caso do Hélder Postiga, por exemplo. Deixem os jogadores amadurecer, não lhes ponham coisas na cabeça. Quando chegar a hora, os clubes mais ricos aparecerão.
E sobre Anderson, os adeptos do FC Porto podem ou não estar tranquilos depois das notícias sobre um eventual negócio com o Barcelona?
Olhe, o doutor Miguel Sousa Tavares, por exemplo, escreveu que constava que Pinto da Costa tinha vendido dez por cento do Anderson. Curiosamente, nesse mesmo dia, não só não vendi como comprei mais 15. O FC Porto tinha só 65 por cento e passou a ter 80. Mas, dito e escrito por ele, as pessoas são levadas a acreditar no contrário. Optámos por comprar, sacrificando os resultados imediatos em termos de exercício financeiro, dando preferência a um património desportivo mais valioso com um activo que nos possa tranquilizar em relação aos resultados negativos que, por opção, apresentaremos nas contas.
Mas perante a qualidade indiscutível do Anderson, será difícil mantê-lo no futebol português, não acha?
Não sei. Por exemplo, o Lucho, que não estará no seu melhor, fruto também de uma lesão na pré-temporada, é um jogador feito e de grande qualidade internacional. Houve propostas para o vender, mas optámos por mantê-lo e o próprio jogador já declarou publicamente que não quis sair. Se um jogador está bem no FC Porto, vai sair para quê? É óbvio que há casos que envolvem loucuras, levando o clube e o jogador a ter de dizer que sim, mas não é do nosso interesse desfazermo-nos desses jogadores. O Lucho é uma prova concreta disso. Não quisemos que ele saísse e ele também não quis. Ainda não vi nenhuma manifestação do Anderson a dizer que queria sair.
"Tive propostas para Lucho, Quaresma e Helton"
Admite que, se surgir uma proposta louca por Anderson, ele possa sair?
Admito que todos podem sair. Não vejo é por que razão há-de surgir para o Anderson e não para outros. Neste defeso, se tivesse optado por vender os quatro jogadores que nos quiseram comprar, não apresentaríamos os prejuízos que vamos apresentar. Teríamos lucro. Fizemos uma opção, à semelhança do que aconteceu com o Deco depois de vencermos a Taça UEFA. Também recusámos vendê-lo. Havendo vários anos de contrato e tendo os jogadores ainda muito para dar ao clube, vamos ter calma. Quando chegar a hora, em que seja bom para todos, encararemos a situação.
E quais foram os jogadores que quiseram comprar?
O Anderson, o Lucho, o Helton e o Quaresma. Se os tivessemos vendido, em vez do prejuízo que temos apresentaríamos os mesmos números, mas de lucro. Não estou preocupado com esse resultado porque podemos invertê-lo; a tendência é que os jogadores se valorizem. Há o caso concreto do Helton, que se valorizou exponencialmente com a chamada à selecção do Brasil. Esta semana vai-se falar dele em todo o Mundo. Além disso, desportivamente, a saída de qualquer um desses quatro jogadores, nuns casos mais noutros menos, reduziria a possibilidade de vencermos jogos e provas.
Entretanto, parece evidente que há, neste momento, um défice no ataque. Isso é uma preocupação para ser corrigida na reabertura do mercado?
A preocupação do treinador é recuperar os jogadores lesionados. Ainda há dias, ele dizia-me que esperava que os grandes reforços fossem o Bruno Moraes e o Pedro Emanuel. Se calhar, com esses dois, mais o Ibson, em Braga a história teria sido diferente. Já não haveria necessidade, como aconteceu com o próprio Braga, de jogar a mesma equipa da jornada europeia.
"Objectivo mínimo é acesso à Taça UEFA"
O comportamento nas competições europeias é fundamental para o equilíbrio financeiro das equipas portuguesas. Depois de dois resultados comprometedores, os objectivos do FC Porto mantêm-se intactos?
Houve um resultado anormal, em que a sorte foi fundamental, tal como foi reconhecido por toda a gente, que foi o empate em casa com o CSKA. Não é por ter perdido em Londres com o Arsenal que o FC Porto não será apurado para a fase seguinte, mesmo que perder nunca seja normal para o FC Porto. Estamos confiantes que vamos conseguir o apuramento. Já estavamos conscientes que este grupo não seria fácil mas é este que temos que encarar. Não vale a pena estarmos a pensar que dava mais jeito ir a Copenhaga do que ir à Rússia. É este, é com este que temos que nos bater e é ao Hamburgo que vamos ter que bater no próximo jogo.
O acesso aos oitavos-de-final é o objectivo mínimo?
O objectivo mínimo seria o que não conseguimos na última temporada, que foi o apuramento para a UEFA. A UEFA também pode ser muito rentável, como foi há poucos anos para o FC Porto, aliás, mais rentável que muitas participações na Liga dos Campeões. Esse é o objectivo mínimo. O objectivo que traçámos é de facto o acesso aos oitavos-de-final, com a consciência que a partir daí tudo pode acontecer, mas que é uma prova muito difícil.
"Contas são negativas por opção consciente"
O FC Porto vai apresentar contas negativas nos próximos dias. Há razões para preocupações?
As contas são negativas mas por opção consciente. Se quisessemos apresentar contas positivas, bastava vender talvez um jogador e dois chegava de certeza absoluta. Foi uma opção não o fazer e ter esse resultado negativo e não estar demasiado preocupado com isso, na medida que é um património que se está a valorizar aquele que mantivemos em desfavor dos resultados.
E qual é o valor desse prejuízo?
Não vou revelar o número, porque isso será feito em apresentação de contas, mas é um prejuizo algo elevado, até porque há uma série de factores que o influenciam. O Dínamo de Moscovo, por exemplo, deve alguns milhões de euros que não pagou dos negócios que fizemos e que entraram no resultado do exercício. De qualquer forma acreditamos que esse crédito será recuperável, dado que o Dínamo não se extinguiu e até temos uma queixa na FIFA que, acreditámos, será julgada no final deste mês de forma favorável aos nossos interesses.
"Não me surpreendem as escutas ao presidente do Benfica"
Numa entrevista recente, o presidente do Benfica revelou que o seu nome e o de Valentim Loureiro constavam de um dossier anónimo que lhe deixaram à porta e que entregou à Polícia Judiciária...
É natural. Dossiers anónimos, deixados à porta de pessoas que ninguém sabe onde moram, como ele próprio já garantiu, é natural que falem de mim e para dizer mal. Porque só quem é cobarde é que me ataca anonimamente e só quem é cobarde é que dá cobertura a esses ataques anónimos e lhes dá seguimento. Eu, sempre que recebo qualquer coisa anónima, rasgo e meto no cesto dos papéis porque tive uma educação de princípios. A outros talvez dê jeito invocar coisas anónimas para sujar o nome de terceiros. Mas isso não me preocupa nada. Rigorosamente nada.
Entretanto, têm-se registado algumas evoluções no processo Apito Dourado...
Não posso falar sobre o processo, mas posso dizer que foram emitidas onze certidões em meu nome e nove já foram arquivadas e nem sequer fui ouvido. Há só duas coisas que quero referir a propósito desse assunto. A primeira, para sublinhar a isenção da Justiça, que está a funcionar. Desde a primeira hora, em que vi em alguns jornais as coisas mais absurdas. Segundo um jornal, um dos processo dever-se-ia ao facto de eu ter falsificado a assinatura de um jogador. Nunca apareceu nenhum processo, porque isso simplesmente não era verdade. Foi dito que eu falava com árbitros. Nunca telefonei a nenhum árbitro, nenhum pode dizer que alguma vez lhe liguei, nem que fosse para dar os parabéns no aniversário. O que alguns jornais fizeram, foi uma pressão enorme e miserável sobre a própria justiça, publicando falsidades. Só que, felizmente, a Justiça tem sabido decidir pelos factos e não pelas mentiras publicadas em alguma comunicação social.
A comunicação social também deu conta de novas escutas, envolvendo outros dirigentes. Ficou surpreendido?
Não, não me surpreendo nada que apareçam registos de escutas a telefonemas do presidente do Benfica. Aliás, o que me surpreende é que não apareçam mais coisas, como por exemplo os telefonemas feitos pelo senhor Veiga ao senhor Pinto de Sousa a pedir que determinado árbitro favoreça o Estoril. Não foi a dizer que tudo lhe corra bem, foi a pedir declaradamente que favoreça o Estoril. Curiosamente, sobre isso não foi tirada nenhuma certidão.
"Luís Filipe Vieira quis regenerar a Liga que ele próprio fez"
Hermínio Loureiro tomou recentemente posse como presidente da Liga. Como viu críticas que lhe foram dirigidas, ainda antes de tomar posse?
Quando foi da última eleição do Major Valentim Loureiro e do Doutor Cunha Leal para direcção da Liga, eu estive, como é público, na oposição. Tínhamos um candidato, que era o Doutor José Guilherme Aguiar, que não conseguiu sequer ir a votos por não ter as assinaturas necessarias, que eram 20 por cento dos votos. Disse na altura que, a partir desse momento, não teria nenhum relacionamento com a Liga. Limitei-me ao longo dos últimos anos, a pagar as multas com que era periodicamente brindado, e não tive nenhum relacionamento com a Liga. Em contrapartida, ficou célebre a frase do presidente do Benfica na altura quando, a propósito da nossa contratação do Jankauskas, afirmou que não estava preocupado com jogadores mas em ganhar lugares na Liga. Foi ele que impôs, segundo me contou o Major Valentim Loureiro, o nome de Cunha Leal para Director Executivo. Fê-lo como condição para manter o apoio ao Major que tinha já convidado o Eng. Paulo Carvalho, presidente do Rio Ave, para o cargo. O que acho interessante é que, quem escolheu o Director Executivo, quem apoiou o presidente, quem nomeou os detentores dos mais diversos cargos, quem disse que seria a APAF a indicar o presidente do Conselho de Arbitragem - sabendo-se exactamente quem a APAF indicaria - foi precisamente o presidente do Benfica. E também foi ele que, no final de uma mandato particularmente nocivo para o futebol português, veio dizer que era preciso renegenerar a Liga que ele próprio tinha feito e patrocionado.
Parece-lhe que esta mudança da Liga era inevitável?
Acho que era necessária uma mudança, até por vontade do próprio Major Valentim Loureiro, e acho que Hermínio Loureiro foi de facto o escolhido para a liderar, mas não pelo FC Porto. Quando fui contactado pessoalmente por Hermínio Loureiro, disse-lhe que o FC Porto não se envolvia em qualquer luta eleitoral, não apoiaria ninguém, nem teria ninguém indicado por si em qualquer orgão da Liga. A nossa posição é não fazer obstrução e apoiar todas as medidas que sejam boas para o futebol. Estivemos foi em oposição clara à Liga que o Benfica patrocionou e que foi agora embora.
E tem expectativas em relação a esta nova Liga?
Tenho. Hermínio Loureiro é uma pessoa com passado que dá garantias e que teve uma acção como Secretário de Estado decisiva na forma como enfrentava os problemas e os resolvia. Espero dele, neste cargo, que cumpra aquilo que constava do seu discurso de tomada de posse.
"Caso Mateus foi a cereja em cima do bolo do Benfica"
Ainda antes da tomada de posse da nova Liga, o início do campeonato chegou a estar em causa em virtude do "Caso Mateus". Como viu todo esse processo?
Caso Mateus que tem foros de rídiculo. É um caso de começa em Janeiro e que vai afectar o início de um campeonato em Agosto precisamente por incapacidade das pessoas da Liga de tomarem decisões. O assunto protelou-se, estava tudo à espera que o Gil Vicente descesse de divisão desportivamente e já não havia problemas, mas já se sabia que quem descesse e não quisesse aceitar os resultados dentro do campo podia agarrar-se a isso. É triste, mas o reflexo do comportamento de algumas pessoas na Liga. Foi uma espécie de cereja, bem encarnada, em cima do bolo cozinhado pelo Benfica na Liga.
"Se vir que posso fazer mais, pode ser que me recandidate"
Apesar de ser alvo de críticas, disse recentemente que sairia apenas quando os sócios do FC Porto quisessem ou quando já não pudesse continuar...
O que disse foi que não serão os jornais ou os comentadores televisivos, que mais não são do que recadeiros, a definir isso. Há um comentador televisivo, que até vai ser mandatário da recandidatura de Luís Felipe Vieira [ n.d.r Fernando Seara], que tem almoços no Hotel Altis e não devem ser para falar de pneus ou negócios em Sintra. Esse senhor, com aparente ar de candura, é um veneno permanente em relação ao FC Porto. Não sei se é um recalcamento por causa do Deco, onde conheceu uma das suas maiores derrotas em termos desportivos. O que disse, e repito, é que não são esses senhores que mandam nos clubes, mas sim os sócios. Só estes é que sabem se os dirigentes estão há muito ou pouco tempo. No meu caso, não tomei o poder de assalto, foi por eleição. Sempre fui a votos e só numa ocasião apareceu um opositor. Não saio por vontade dos cronistas, que podem continuar a insultar-me e a mentir a meu respeito. Saio em duas situações: se não quiser continuar e se os sócios não quiserem que continue.
E quer continuar?
Ainda falta muito. Estamos em Outubro e ainda faltam mais de seis meses para tomar essa decisão. Não posso dizer uma coisa concreta, porque não sou pessoa de gerir êxitos do passado. Quero sempre mais. Se vir que podemos fazer mais e coisas que gostava de deixar no FC Porto, é óbvio que, se tiver saúde, recandidato-me. Vamos ver se é possível levar a cabo o projecto com o qual gostaria de terminar a minha careira de presidente do FC Porto, concretamente o pavilhão gimnodesportivo, em frente ao Dragão. Esse é o meu objectivo prioritário, porque é uma necessidade premente para as modalidades. Se vir que há condições para avançar, é possível que me recandidate; de contrário, pode ser que não me recandidate.
Um pavilhão à escala do Dragão?
Exactamente. Será um pavilhão como o estádio, um orgulho do FC Porto e da cidade. Com o mesmo autor, o arquitecto Manuel Salgado.
Termina o contrato no final da época
"Não será inédito Baía continuar a jogar"
É uma questão inevitável, agora ou no final do ano: o que vai acontecer a Vítor Baía, que termina contrato esta época? "O Vítor Baía está cá porque o treinador continua a achar que é um grande guarda-redes, talvez ainda o melhor guarda-redes português, mas tem na baliza um jogador de tal valor que foi chamado à selecção do Brasil, que é só o país com mais títulos mundiais conquistados". Dito isto, uma abordagem mais concreta ao que pode acontecer. "Se no final da época vão manter, tanto o Vítor Baía como o treinador, a mesma intenção, isso é outra questão. Baía faz 37 anos este mês. Não será inédito se continuar a jogar, mas também já não é exactamente um jovem. Por outro lado, se não puder contar com Helton, não vejo nenhum outro guarda-redes que me pudesse dar garantias". O sentimento especial que une o presidente portista ao guarda-redes continua intocável, mas terá de ser Baía a esclarecer o que pretende fazer.
Fim de carreira foi atitude inteligente
"Jorge Costa não podia arrastar-se nos campos"
Património humano do FC Porto, Jorge Costa anunciou esta semana o fim da carreira. Pinto da Costa continua a achar que o jogador se precipitou na forma como deixou o clube. "Saiu contra a minha vontade e continuo a dizer que foi uma má opção ter ido para a Bélgica. Desportivamente, não lhe acrescentou nada: não lhe prorrogou a carreira por mais um ano, um dos argumentos que usou para sair". O presidente portista recordou que o jogador teve "total liberdade" para decidir, com a garantia de que "não seria prejudicado". O fim não o surpreendeu. "Acabar agora a carreira foi uma atitude inteligente, porque um jogador que conseguiu o que ele conseguiu não podia andar a arrastar-se nos campos ou vestir uma camisola qualquer". E deu até um exemplo concreto: "Por muito respeito que tenha pelo Leça, é uma mágoa que tenho a de ter visto o Jaime Magalhães, que teve uma carreira brilhante no FC Porto, sair para acabar no Leça de forma inglória".
"Braga não se repetirá de certeza absoluta"
O actual momentos dos campeões nacionais foi apenas o ponto de partida para uma entrevista em que o presidente portista fala de tudo. Da saída de Adriaanse, à entrada de Jesualdo passando pelas propostas para a venda de jogadores, pela hipótese de recandidatura e pela inevitável resposta aos ataques de que tem sido alvo.
A poucas semanas de completar 25 anos à frente do clube, Pinto da Costa ainda tem projectos para cumprir. Até ao final do actual mandato, o presidente portista pretende reforçar a marca FC Porto e reestruturar todo o edifício do futebol portista sem descurar por um instante os resultados desportivos até porque, como diz, não vive "da gestão dos êxitos do passado". Numa longa entrevista, fala do futuro, da hipótese de recandidatura a um novo mandato, da construção de um novo pavilhão gimnodesportivo e da consolidação de uma equipa que devolva o clube ao papel principal nos palcos nacionais e europeus. E fala do presente para fazer algumas revelações inéditas, como a de garantir que Jesualdo Ferreira tem futuro no FC Porto muito para além do contrato de um ano que assinou, ou que Anderson não está à venda, muito pelo contrário. Tudo sem deixar de lançar um olhar crítico sobre as mais recentes polémicas do futebol português, nem se esquecer de devolver à procedência os ataques de que tem sido alvo. Um discurso optmista, mas que não esconde o facto de nem tudo serem rosas. Como, por exemplo, as últimas derrotas da equipa principal. O ponto de partida.
Depois de uma excelente arranque, com a conquista da Supertaça e quatro vitórias no campeonato, o FC Porto sofreu duas derrotas consecutivas. São resultados que o trazem preocupado?
Não, de todo, até porque nos temos que enquadrar na realidade. E a realidade é que a equipa jogou no ano passado sob um determinado sistema totalmente diferente do actual, que começou a temporada sob o princípio de que seria esse o sistema e preparando-se para ele e que, de repente, sem que nada o fizesse prever, o técnico desapareceu - nem se pode dizer que se demitiu porque saiu porta fora e não falou com ninguém responsável - portanto tivemos, nessa emergência, que encontrar um técnico dentro do perfil que idealizamos. Como é natural, esse técnico tem as suas opções, tem as suas regras e sua forma de preparar a equipa que é diferente do antecessor. Isso levou-nos a establecer um período de transição que terminava agora, com a paragem do campeonato à quinta jornada para os compromissos das selecções. Creio que apesar de termos perdido em Braga o saldo é positivo dentro das nossas expectativas. Tinhamos três saídas em cinco jogos. Vencer duas delas, uma das quais tinhamos perdido no ano passado, é positivo. Agora, como é evidente, tanto eu, como o técnico e certamente os jogadores, queremos mais e exigimos mais.
Mas foram duas derrotas claras e isso certamente não pode ser considerado normal...
A derrota no Arsenal tem que ser considerada, não normal, porque uma derrota nunca é normal, mas compreensível, na medida em que o Arsenal foi finalista vencido da Liga dos Campeões, é uma equipa poderosíssima e fez um grande jogo, o que elimina qualquer hipótese de falar em escândalo. Agora, em Braga, perder até pode não ser muito anormal, mas houve uma forma de encarar a partida por parte de alguns jogadores que levou a que, no final do encontro, tenhamos que reconhecer que o Braga venceu bem, porque todos os que estiveram em campo deram o máximo e quando assim acontece, se não houver o mesmo empenho do outro lado, ganha-se. Já reflectimos todos, técnicos e equipa incluídos, sobre o que se passou e tenho a certeza absoluta que não se vai voltar a repetir.
Essa derrota em Braga aconteceu no início de um ciclo particularmente complicado para o FC Porto, com dois clássicos na agenda. Isso é motivo para preocupações especiais?
Não. O campeonato é uma prova de regularidade na qual temos que jogar contra todos os adversários. Se os clássicos acontecem em Março ou em Janeiro é indiferente, porque no final é que se fazem as contas e não vejo aí nenhum motivos especial de preocupação. A equipa tem que reagir a estas duas derrotas e estou certo que já no próximo jogo, com o Marítimo, a atitude vai ser totalmente diferente daquela que vimos em Braga.
A sucessão de lesões em jogadores importantes também pode ajudar a explicar as dificuldades sentidas?
Temos sido muito infelizes a esse nível. O Pedro Emanuel, que é fundamental para a coesão defensiva da equipa, lesionou-se com gravidade ainda antes da época se iniciar. O Ibson, que estava em excelente forma, também se lesionou e isso para não falar de outros que estão há mais tempo, mas felizmente em vias de recuperação como o Bruno Moraes ou o Sokota. Conseguir resistir a todas essas baixas, a perdas pontuais como as de Raul Meireles, Cech, João Paulo ou Ibson e manter-se, apesar de tudo, a primeira posição do campeonato em parceria com o Sporting, é a prova de que, de facto, temos uma grande plantel.
"Infelizmente, não podemos recuperar Hugo Almeida"
Já disse que não concordou com algumas decisões de Co Adriaanse relativas ao plantel, nomeadamente ao nível das dispensas, em particular nos casos de Hugo Almeida, Hélder Postiga e Diego...
É verdade, não concordei. Não é a primeira vez que não concordo com os técnicos, mas a minha discordância fica comigo. Como presidente, se confio no treinador, tenho que procurar fazer o plantel que ele considera melhor. Não é primeira vez que tomo decisões com as quais não concordo. Por exempplo, o Jardel não veio para o FC Porto quando foi para o Sporting porque os técnicos da altura entenderam que ele não era necessário. Eu discordei e, como sabem, ele chegou ao aeroporto como o cachecol do FC Porto e até comprou casa na Foz para vir morar para aqui, mas quando foi apresentada a questão aos treinadores, eles entenderam que não e eu não contrato jogadores que os técnicos não querem. Isso aconteceu com o Hélder Postiga, mas felizmente ainda fomos a tempo de o recuperar, e aconteceu com o Hugo Almeida, que já estava emprestado ao Werder Bremen e que não pudemos recuperar.
Já sentiu que alguns desses jogadores podia ser úteis no plantel actual?
Não vale a pena estar a especular, na medida em que tudo é subjectivo. Mas de forma muito concreta, na última temporada, como o mesmo treinador que este ano o dispensou, o Hugo Almeida foi muito importante. Houve vários jogos que vencemos com golos dele, como aconteceu por exemplo no Nacional da Madeira. Agora, o treinador decidiu dispensá-lo e eu não podia ir contra ele. Infelizmente o treinador foi embora e talvez o Hugo nos desse jeito, como nos está a dar o Hélder Postiga.
"Nada justifica a saída de Adriaanse"
Já disse que a mudança de treinador influenciou a preparação da temporada. A saída de Adriaanse apanhou de surpresa meio Mundo. E a si?
Acho que a saída dele apanhou toda a gente de surpresa, sem excepções. Tinha ido ao estágio, no dia do seu aniversário, para o poder festejar com ele. Confraternizamos amigavelmente e tudo se estava a processar normalmente, nada fazendo prever que isto pudesse suceder. A verdade é que fomos surpreendidos com esse facto e houve que encará-lo. O treinador abandonou o trabalho, considerou-se afastado e temos o problema para resolução na FIFA, o que me parece ser a única via possível. Se quando um clube não cumpre o contrato com o seu treinador até ao final tem que lhe pagar, é óbvio que, quando um treinador, sem qualquer justificação, sem falar com ninguém, sai porta fora e abandona a equipa no estágio em vésperas de um jogo importante como era o que tinhamos em Inglaterra, é óbvio, dizia, que também temos que ser ressarcidos por isso. Até porque o seu abandono levou a que, para garantirmos a contratação de Jesualdo Ferreira, tivessemos que pagar uma indemnização ao Boavista.
Mesmo nos momentos de maior contestação da última temporada, manteve sempre o apoio incondicional a Co Adriaanse. Sentiu a sua saída de forma pessoal?
É preciso conhecer o homem por detrás do técnico. Se ele fosse português e tivesse esse comportamento, se fosse o professor Jesualdo Ferreira ou um dos treinadores que aqui passaram como o Fernando Santos e outros, é evidente que ficaria magoado pessoalmente. Agora, sempre tive consciência que Co Adriaanse via o FC Porto estritamente como entidade patronal, embora tivesse comigo um relacionamento que posso classificar de agradável. Aliás, pessoalmente, aquilo que lhe desejo é muitas felicidades. Agora, como presidente do FC Porto não posso permitir que uma pessoa que tinha as obrigações e responsabildades dele tomasse a atitude que tomou sem nenhuma razão, e não posso deixar de agir no sentido da protecção dos melhores interesses do clube.
O FC Porto está disposto a ir até às últimas consequências para resolver este caso?
Naturalmente. O FC Porto já entregou o caso à FIFA com o respectivo pedido de indemnização e aguarda serenamente a resolução do caso com a consciência da razão que lhe assiste.
"Jesualdo não vai ficar só um ano, nem dois"
Depois da forma como aconteceu a saída de Adriaanse, Jesualdo Ferreira foi a escolha possível?
Não, foi claramente a primeira escolha. Com a condição de se chegar a um entendimento com o Boavista, foi a primeira escolha. O professor sabe-o bem; o Boavista também, mas tínhamos alternativas para o caso de não ser possível esse acordo.
O facto ter assinado apenas um ano de contrato, pelo menos para já, foi uma forma de precaução depois da experiência com Adriaanse?
Não, quem conhece o professor Jesualdo Ferreira - e eu conheço-o há muitos anos - sabe que ele seria incapaz de tomar uma atitude dessas. Para mim, o professor Jesualdo até podia nem ter contrato que eu continuaria descansado. Estou seguro de que vai ficar não só este ano, nem dois; estou convencido de que vai ficar muitos mais.
Vai propor-lhe isso?
Sim, sim. Ele sabe. Temos conversado sobre o que pretendo para o futuro, e também sei o que ele pensa. Estou tranquilo a esse respeito.
Na altura em que se falou de Jesualdo Ferreira para o FC Porto apontou-se como factor determinante o conhecimento que tinha do futebol português. O facto de ele não ter experiência nas competições europeias não jogou contra?
Não, o professor Jesualdo Ferreira já esteve no Benfica, no Braga europeu e, hoje, qualquer treinador sabe perfeitamente o que é estar nas provas europeias. Pergunto que experiência europeia tinha Mourinho, Fernando Santos ou Artur Jorge quando chegaram ao FC Porto? Não tinham nenhuma. Um treinador ou tem plantel e capacidade para o gerir, e tanto faz ser aqui ou lá fora, ou não tem. Isso nunca foi um óbice em relação ao professor Jesualdo Ferreira, nem a ninguém.
A propósito do plantel ao dispor de Jesualdo Ferreira, este é muito jovem...
Sim, há dois terços do plantel que tem menos de 24 anos, o que traz vantagens em termos de progressão, mas é óbvio que tem como óbice alguma inexperiência. Por isso, confiamos na experiência e na capacidade do professor Jesualdo Ferreira para, o mais rapidamente possível, transmitir maturidade a jogadores que não a podem ter aos 18 anos, como é natural.
Sabendo-se que os adeptos são mais sensíveis a estas coisas do que os dirigentes, sentiu reacções negativas por causa destes dois últimos resultados?
Não senti, mas espero que os adeptos estejam tristes. Mal do clube que não tenha adeptos tristes depois de duas derrotas, ainda que uma delas tenha sido contra o Arsenal. Isso é que seria uma catástrofe. Estar triste é uma coisa, e incluo-me nos adeptos que ficam tristes sempre que o clube perde, mas temos confiança e sabemos o que queremos.
"Não vendi o Anderson, comprei mais 15 por cento"
Os adeptos do FC Porto ficam apreensivos a cada passe certo e a cada golo do Anderson. Temem que esteja mais próxima a separação. Pode sossegá-los?
Acho que os adeptos são levados a pensar isso por alguma comunicação social. Se um jogador faz um golo mais bonito ou um drible mais espectacular, no dia seguinte já se diz que estão os olheiros de todo o Mundo em cima dele. Isso é o que vende. Ainda há dias vi que um jogador do Sporting, que apareceu neste momento e que está muito bem, já tinha o Real Madrid e o Atlético de Madrid doidos por ele. Isso é muito prejudicial para o evoluir da carreira de um jovem, que tem de estar com os pés bem assentes no chão. O mal dos jogadores portugueses, e por isso muitos falham, é saírem prematuramente do país. Foi o caso do Hélder Postiga, por exemplo. Deixem os jogadores amadurecer, não lhes ponham coisas na cabeça. Quando chegar a hora, os clubes mais ricos aparecerão.
E sobre Anderson, os adeptos do FC Porto podem ou não estar tranquilos depois das notícias sobre um eventual negócio com o Barcelona?
Olhe, o doutor Miguel Sousa Tavares, por exemplo, escreveu que constava que Pinto da Costa tinha vendido dez por cento do Anderson. Curiosamente, nesse mesmo dia, não só não vendi como comprei mais 15. O FC Porto tinha só 65 por cento e passou a ter 80. Mas, dito e escrito por ele, as pessoas são levadas a acreditar no contrário. Optámos por comprar, sacrificando os resultados imediatos em termos de exercício financeiro, dando preferência a um património desportivo mais valioso com um activo que nos possa tranquilizar em relação aos resultados negativos que, por opção, apresentaremos nas contas.
Mas perante a qualidade indiscutível do Anderson, será difícil mantê-lo no futebol português, não acha?
Não sei. Por exemplo, o Lucho, que não estará no seu melhor, fruto também de uma lesão na pré-temporada, é um jogador feito e de grande qualidade internacional. Houve propostas para o vender, mas optámos por mantê-lo e o próprio jogador já declarou publicamente que não quis sair. Se um jogador está bem no FC Porto, vai sair para quê? É óbvio que há casos que envolvem loucuras, levando o clube e o jogador a ter de dizer que sim, mas não é do nosso interesse desfazermo-nos desses jogadores. O Lucho é uma prova concreta disso. Não quisemos que ele saísse e ele também não quis. Ainda não vi nenhuma manifestação do Anderson a dizer que queria sair.
"Tive propostas para Lucho, Quaresma e Helton"
Admite que, se surgir uma proposta louca por Anderson, ele possa sair?
Admito que todos podem sair. Não vejo é por que razão há-de surgir para o Anderson e não para outros. Neste defeso, se tivesse optado por vender os quatro jogadores que nos quiseram comprar, não apresentaríamos os prejuízos que vamos apresentar. Teríamos lucro. Fizemos uma opção, à semelhança do que aconteceu com o Deco depois de vencermos a Taça UEFA. Também recusámos vendê-lo. Havendo vários anos de contrato e tendo os jogadores ainda muito para dar ao clube, vamos ter calma. Quando chegar a hora, em que seja bom para todos, encararemos a situação.
E quais foram os jogadores que quiseram comprar?
O Anderson, o Lucho, o Helton e o Quaresma. Se os tivessemos vendido, em vez do prejuízo que temos apresentaríamos os mesmos números, mas de lucro. Não estou preocupado com esse resultado porque podemos invertê-lo; a tendência é que os jogadores se valorizem. Há o caso concreto do Helton, que se valorizou exponencialmente com a chamada à selecção do Brasil. Esta semana vai-se falar dele em todo o Mundo. Além disso, desportivamente, a saída de qualquer um desses quatro jogadores, nuns casos mais noutros menos, reduziria a possibilidade de vencermos jogos e provas.
Entretanto, parece evidente que há, neste momento, um défice no ataque. Isso é uma preocupação para ser corrigida na reabertura do mercado?
A preocupação do treinador é recuperar os jogadores lesionados. Ainda há dias, ele dizia-me que esperava que os grandes reforços fossem o Bruno Moraes e o Pedro Emanuel. Se calhar, com esses dois, mais o Ibson, em Braga a história teria sido diferente. Já não haveria necessidade, como aconteceu com o próprio Braga, de jogar a mesma equipa da jornada europeia.
"Objectivo mínimo é acesso à Taça UEFA"
O comportamento nas competições europeias é fundamental para o equilíbrio financeiro das equipas portuguesas. Depois de dois resultados comprometedores, os objectivos do FC Porto mantêm-se intactos?
Houve um resultado anormal, em que a sorte foi fundamental, tal como foi reconhecido por toda a gente, que foi o empate em casa com o CSKA. Não é por ter perdido em Londres com o Arsenal que o FC Porto não será apurado para a fase seguinte, mesmo que perder nunca seja normal para o FC Porto. Estamos confiantes que vamos conseguir o apuramento. Já estavamos conscientes que este grupo não seria fácil mas é este que temos que encarar. Não vale a pena estarmos a pensar que dava mais jeito ir a Copenhaga do que ir à Rússia. É este, é com este que temos que nos bater e é ao Hamburgo que vamos ter que bater no próximo jogo.
O acesso aos oitavos-de-final é o objectivo mínimo?
O objectivo mínimo seria o que não conseguimos na última temporada, que foi o apuramento para a UEFA. A UEFA também pode ser muito rentável, como foi há poucos anos para o FC Porto, aliás, mais rentável que muitas participações na Liga dos Campeões. Esse é o objectivo mínimo. O objectivo que traçámos é de facto o acesso aos oitavos-de-final, com a consciência que a partir daí tudo pode acontecer, mas que é uma prova muito difícil.
"Contas são negativas por opção consciente"
O FC Porto vai apresentar contas negativas nos próximos dias. Há razões para preocupações?
As contas são negativas mas por opção consciente. Se quisessemos apresentar contas positivas, bastava vender talvez um jogador e dois chegava de certeza absoluta. Foi uma opção não o fazer e ter esse resultado negativo e não estar demasiado preocupado com isso, na medida que é um património que se está a valorizar aquele que mantivemos em desfavor dos resultados.
E qual é o valor desse prejuízo?
Não vou revelar o número, porque isso será feito em apresentação de contas, mas é um prejuizo algo elevado, até porque há uma série de factores que o influenciam. O Dínamo de Moscovo, por exemplo, deve alguns milhões de euros que não pagou dos negócios que fizemos e que entraram no resultado do exercício. De qualquer forma acreditamos que esse crédito será recuperável, dado que o Dínamo não se extinguiu e até temos uma queixa na FIFA que, acreditámos, será julgada no final deste mês de forma favorável aos nossos interesses.
"Não me surpreendem as escutas ao presidente do Benfica"
Numa entrevista recente, o presidente do Benfica revelou que o seu nome e o de Valentim Loureiro constavam de um dossier anónimo que lhe deixaram à porta e que entregou à Polícia Judiciária...
É natural. Dossiers anónimos, deixados à porta de pessoas que ninguém sabe onde moram, como ele próprio já garantiu, é natural que falem de mim e para dizer mal. Porque só quem é cobarde é que me ataca anonimamente e só quem é cobarde é que dá cobertura a esses ataques anónimos e lhes dá seguimento. Eu, sempre que recebo qualquer coisa anónima, rasgo e meto no cesto dos papéis porque tive uma educação de princípios. A outros talvez dê jeito invocar coisas anónimas para sujar o nome de terceiros. Mas isso não me preocupa nada. Rigorosamente nada.
Entretanto, têm-se registado algumas evoluções no processo Apito Dourado...
Não posso falar sobre o processo, mas posso dizer que foram emitidas onze certidões em meu nome e nove já foram arquivadas e nem sequer fui ouvido. Há só duas coisas que quero referir a propósito desse assunto. A primeira, para sublinhar a isenção da Justiça, que está a funcionar. Desde a primeira hora, em que vi em alguns jornais as coisas mais absurdas. Segundo um jornal, um dos processo dever-se-ia ao facto de eu ter falsificado a assinatura de um jogador. Nunca apareceu nenhum processo, porque isso simplesmente não era verdade. Foi dito que eu falava com árbitros. Nunca telefonei a nenhum árbitro, nenhum pode dizer que alguma vez lhe liguei, nem que fosse para dar os parabéns no aniversário. O que alguns jornais fizeram, foi uma pressão enorme e miserável sobre a própria justiça, publicando falsidades. Só que, felizmente, a Justiça tem sabido decidir pelos factos e não pelas mentiras publicadas em alguma comunicação social.
A comunicação social também deu conta de novas escutas, envolvendo outros dirigentes. Ficou surpreendido?
Não, não me surpreendo nada que apareçam registos de escutas a telefonemas do presidente do Benfica. Aliás, o que me surpreende é que não apareçam mais coisas, como por exemplo os telefonemas feitos pelo senhor Veiga ao senhor Pinto de Sousa a pedir que determinado árbitro favoreça o Estoril. Não foi a dizer que tudo lhe corra bem, foi a pedir declaradamente que favoreça o Estoril. Curiosamente, sobre isso não foi tirada nenhuma certidão.
"Luís Filipe Vieira quis regenerar a Liga que ele próprio fez"
Hermínio Loureiro tomou recentemente posse como presidente da Liga. Como viu críticas que lhe foram dirigidas, ainda antes de tomar posse?
Quando foi da última eleição do Major Valentim Loureiro e do Doutor Cunha Leal para direcção da Liga, eu estive, como é público, na oposição. Tínhamos um candidato, que era o Doutor José Guilherme Aguiar, que não conseguiu sequer ir a votos por não ter as assinaturas necessarias, que eram 20 por cento dos votos. Disse na altura que, a partir desse momento, não teria nenhum relacionamento com a Liga. Limitei-me ao longo dos últimos anos, a pagar as multas com que era periodicamente brindado, e não tive nenhum relacionamento com a Liga. Em contrapartida, ficou célebre a frase do presidente do Benfica na altura quando, a propósito da nossa contratação do Jankauskas, afirmou que não estava preocupado com jogadores mas em ganhar lugares na Liga. Foi ele que impôs, segundo me contou o Major Valentim Loureiro, o nome de Cunha Leal para Director Executivo. Fê-lo como condição para manter o apoio ao Major que tinha já convidado o Eng. Paulo Carvalho, presidente do Rio Ave, para o cargo. O que acho interessante é que, quem escolheu o Director Executivo, quem apoiou o presidente, quem nomeou os detentores dos mais diversos cargos, quem disse que seria a APAF a indicar o presidente do Conselho de Arbitragem - sabendo-se exactamente quem a APAF indicaria - foi precisamente o presidente do Benfica. E também foi ele que, no final de uma mandato particularmente nocivo para o futebol português, veio dizer que era preciso renegenerar a Liga que ele próprio tinha feito e patrocionado.
Parece-lhe que esta mudança da Liga era inevitável?
Acho que era necessária uma mudança, até por vontade do próprio Major Valentim Loureiro, e acho que Hermínio Loureiro foi de facto o escolhido para a liderar, mas não pelo FC Porto. Quando fui contactado pessoalmente por Hermínio Loureiro, disse-lhe que o FC Porto não se envolvia em qualquer luta eleitoral, não apoiaria ninguém, nem teria ninguém indicado por si em qualquer orgão da Liga. A nossa posição é não fazer obstrução e apoiar todas as medidas que sejam boas para o futebol. Estivemos foi em oposição clara à Liga que o Benfica patrocionou e que foi agora embora.
E tem expectativas em relação a esta nova Liga?
Tenho. Hermínio Loureiro é uma pessoa com passado que dá garantias e que teve uma acção como Secretário de Estado decisiva na forma como enfrentava os problemas e os resolvia. Espero dele, neste cargo, que cumpra aquilo que constava do seu discurso de tomada de posse.
"Caso Mateus foi a cereja em cima do bolo do Benfica"
Ainda antes da tomada de posse da nova Liga, o início do campeonato chegou a estar em causa em virtude do "Caso Mateus". Como viu todo esse processo?
Caso Mateus que tem foros de rídiculo. É um caso de começa em Janeiro e que vai afectar o início de um campeonato em Agosto precisamente por incapacidade das pessoas da Liga de tomarem decisões. O assunto protelou-se, estava tudo à espera que o Gil Vicente descesse de divisão desportivamente e já não havia problemas, mas já se sabia que quem descesse e não quisesse aceitar os resultados dentro do campo podia agarrar-se a isso. É triste, mas o reflexo do comportamento de algumas pessoas na Liga. Foi uma espécie de cereja, bem encarnada, em cima do bolo cozinhado pelo Benfica na Liga.
"Se vir que posso fazer mais, pode ser que me recandidate"
Apesar de ser alvo de críticas, disse recentemente que sairia apenas quando os sócios do FC Porto quisessem ou quando já não pudesse continuar...
O que disse foi que não serão os jornais ou os comentadores televisivos, que mais não são do que recadeiros, a definir isso. Há um comentador televisivo, que até vai ser mandatário da recandidatura de Luís Felipe Vieira [ n.d.r Fernando Seara], que tem almoços no Hotel Altis e não devem ser para falar de pneus ou negócios em Sintra. Esse senhor, com aparente ar de candura, é um veneno permanente em relação ao FC Porto. Não sei se é um recalcamento por causa do Deco, onde conheceu uma das suas maiores derrotas em termos desportivos. O que disse, e repito, é que não são esses senhores que mandam nos clubes, mas sim os sócios. Só estes é que sabem se os dirigentes estão há muito ou pouco tempo. No meu caso, não tomei o poder de assalto, foi por eleição. Sempre fui a votos e só numa ocasião apareceu um opositor. Não saio por vontade dos cronistas, que podem continuar a insultar-me e a mentir a meu respeito. Saio em duas situações: se não quiser continuar e se os sócios não quiserem que continue.
E quer continuar?
Ainda falta muito. Estamos em Outubro e ainda faltam mais de seis meses para tomar essa decisão. Não posso dizer uma coisa concreta, porque não sou pessoa de gerir êxitos do passado. Quero sempre mais. Se vir que podemos fazer mais e coisas que gostava de deixar no FC Porto, é óbvio que, se tiver saúde, recandidato-me. Vamos ver se é possível levar a cabo o projecto com o qual gostaria de terminar a minha careira de presidente do FC Porto, concretamente o pavilhão gimnodesportivo, em frente ao Dragão. Esse é o meu objectivo prioritário, porque é uma necessidade premente para as modalidades. Se vir que há condições para avançar, é possível que me recandidate; de contrário, pode ser que não me recandidate.
Um pavilhão à escala do Dragão?
Exactamente. Será um pavilhão como o estádio, um orgulho do FC Porto e da cidade. Com o mesmo autor, o arquitecto Manuel Salgado.
Termina o contrato no final da época
"Não será inédito Baía continuar a jogar"
É uma questão inevitável, agora ou no final do ano: o que vai acontecer a Vítor Baía, que termina contrato esta época? "O Vítor Baía está cá porque o treinador continua a achar que é um grande guarda-redes, talvez ainda o melhor guarda-redes português, mas tem na baliza um jogador de tal valor que foi chamado à selecção do Brasil, que é só o país com mais títulos mundiais conquistados". Dito isto, uma abordagem mais concreta ao que pode acontecer. "Se no final da época vão manter, tanto o Vítor Baía como o treinador, a mesma intenção, isso é outra questão. Baía faz 37 anos este mês. Não será inédito se continuar a jogar, mas também já não é exactamente um jovem. Por outro lado, se não puder contar com Helton, não vejo nenhum outro guarda-redes que me pudesse dar garantias". O sentimento especial que une o presidente portista ao guarda-redes continua intocável, mas terá de ser Baía a esclarecer o que pretende fazer.
Fim de carreira foi atitude inteligente
"Jorge Costa não podia arrastar-se nos campos"
Património humano do FC Porto, Jorge Costa anunciou esta semana o fim da carreira. Pinto da Costa continua a achar que o jogador se precipitou na forma como deixou o clube. "Saiu contra a minha vontade e continuo a dizer que foi uma má opção ter ido para a Bélgica. Desportivamente, não lhe acrescentou nada: não lhe prorrogou a carreira por mais um ano, um dos argumentos que usou para sair". O presidente portista recordou que o jogador teve "total liberdade" para decidir, com a garantia de que "não seria prejudicado". O fim não o surpreendeu. "Acabar agora a carreira foi uma atitude inteligente, porque um jogador que conseguiu o que ele conseguiu não podia andar a arrastar-se nos campos ou vestir uma camisola qualquer". E deu até um exemplo concreto: "Por muito respeito que tenha pelo Leça, é uma mágoa que tenho a de ter visto o Jaime Magalhães, que teve uma carreira brilhante no FC Porto, sair para acabar no Leça de forma inglória".