terça-feira, outubro 10, 2006

Scolari, o zangado

Carlos Pereira Santos na Abola:


Saí do Estádio do Bessa encantado com o bonito jogo que Portugal fez. As bancadas não estavam lotadas, mas nem era de esperar outra coisa. Quando o seleccionador nacional admite até empatar com o Azerbaijão, e ganhar depois na Polónia, está tudo dito. Não é assim que se motiva um adepto de futebol. Não sei o que se passa na cabeça de Luiz Felipe Scolari.

Não percebo a agressividade com que ataca cada pergunta que um jornalista lhe faz. 0 senhor seleccionador deve entender que é o mais perfeito dos humanos. Acha-se no direito de dar lições de contabilidade futebolística aos portugueses, talvez porque tenha engolido a história de que Pedro Álvares Cabral se enganou na rota quando descobriu que havia o Brasil para lá do nosso horizonte. Talvez porque nos veja a todos como os Manuéis das anedotas que contam lá no Brasil.

Não somos. No futebol, temos o Crístiano Ronaldo, o Deco, o Maníche, o Miguel, o Costinha, o Ricardo Carvalho... Se eu fosse seleccionador desta malta endiabrada havia de aparecer sempre com um sorriso nas conferências de Imprensa. Ainda que perdesse. E quem dirige jogadores com esta qualidade não pode dar-se por satisfeito se empatar na Polónia. Tem de entrar em campo e atacar. Ninguém o levará a mal por isso, mesmo que perca.

Scolari é um indivíduo de mal com o mundo dos jornalistas portugueses. Não aceita uma crítica negativa. A cara de maldisposto contrasta com as entrevistas cor-de-rosa que dá, a dizer que adora Portugal. Oh, senhor, se está tão mal por cá que não lhe permite sequer ser delicado, faça as malinhas que, acredite, vai dar uma alegria enorme a muita gente.