JORGE MAIA no Ojogo
O sistema está morto, longa vida à sorte. E não é preciso muita. Por exemplo, basta uma pontinha de sorte para explicar a diferença entre o FC Porto, campeão nacional e europeu, e o Sporting terceiro classificado na SuperLiga. O FC Porto teve uma pontinha de sorte e ganhou quase tudo, o Sporting não teve uma pontinha de sorte e não ganhou nada. Simples, não é? O futebol é mais ou menos como os lápis: uma pontinha pode fazer a diferença toda. Foi Filipe Soares Franco, administrador da SAD leonina, quem descobriu a pólvora, revelando o segredo numa longa entrevista a O JOGO recheada de pequenas pérolas reluzentes de sabedoria. Basicamente, os dirigentes - como ele próprio - podem ser mais ou menos competentes, os treinadores podem ser mais ou menos importantes, os jogadores mais ou menos decisivos, mas uma boa pata de coelho ou um viçoso trevo de quatro folhas, isso sim seriam contratações a sério para a próxima temporada.
Mas o administrador da SAD do Sporting não se limitou à teoria e avançou corajosamente com exemplos práticos, provas irrefutáveis da verdade. O FC Porto só venceu a Liga dos Campeões porque teve sorte no segundo jogo com o Manchester United. Foi uma sorte o Costinha ter aparecido na área a marcar o golo do empate nos últimos instantes, explicou. Aliás, acrescento eu, já tinha sido uma sorte o FC Porto ter dado a volta ao resultado no jogo em casa. E, bem vistas, as coisas, foi uma sorte os portistas terem sido campeões na época anterior porque, se não, nem sequer jogariam a Liga dos Campeões. E por aqui, por estes caminhos tortuosos da razão, se chega ao azar do Sporting. A equipa de Alvalade teve tanto galo na última temporada, mas tanto galo que nem com toda a sorte do Mundo pode vencer a Liga dos Campeões este ano... porque não a vai jogar. O que podem fazer os treinadores e os jogadores contra essa força esmagadora que controla o universo e nos reduz a todos a meras marionetas? Nada. Ou quando muito, podem fazer figas.
O PIOR CEGO
Importa-se de repetir?
Filipe Soares Franco acha que José Mourinho "aceitou o desafio de ir para Inglaterra" porque, e isto é das coisas mais brilhantes que já li nos últimos anos, "quer vingar como treinador". José Mourinho, vencedor da Liga dos Campeões e da Taça UEFA, bicampeão nacional, vencedor de uma Taça de Portugal e de uma Supertaça, finalista da Supertaça Europeia, esse José Mourinho "quer vingar como treinador". É bonito. Deus o ajude a ter sorte, senão...
Os cobardes adoram linchamentos
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