quinta-feira, dezembro 02, 2004

"Pinto da Costa apagou o domínio lisboeta"



É assim que Lennart Johansson se refere a Pinto da Costa no prefácio do livro "Largos dias têm cem anos" a que O JOGO teve acesso. O presidente da UEFA compara a Bernabéu e Moratti o "criador de impérios" que virou "de pernas para o ar" o mapa do futebol português. "O domínio dos clubes lisboetas foi apagado", escreve o sueco

No prefácio que aceitou escrever para o livro de Pinto da Costa, o escandinavo Lennart Johansson chama ao presidente do FC Porto "o Homem do Norte", assim mesmo, em caixa alta, logo no primeiro parágrafo de um texto que escapa aos tradicionais termos genéricos. E por razões ainda mais familiares do que essa aos ouvidos lusitanos. O sueco que preside à UEFA vai ao detalhe: "O mapa do futebol português foi virado de pernas para o ar. O domínio dos clubes lisboetas foi apagado". Nem mais.

O autor de "Largos dias têm cem anos" sai da introdução escrita por Johansson comparado aos míticos Santiago Bernabéu, vencedor de seis Taças dos Campeões Europeus e uma Taça Intercontinental pelo Real Madrid, e Angelo Moratti, que arrecadou duas Taças dos Campeões (uma delas ao Benfica) pelo Inter de Milão. Pinto da Costa "pertence verdadeiramente ao restrito grupo dos grandes criadores de impérios, ao escasso número de grandes presidentes".

Assumindo alguma surpresa pelo "papel proeminente" do FC Porto, tendo em conta a relativa pequenez da cidade, o presidente da UEFA descreve ao pormenor a construção de "uma das potências do futebol europeu". Enumera os títulos e até entra por caminhos mais literatos para contar como foi que "a vontade de ferro de um homem e o calcanhar de um outro, oriundo do lado sul do Mediterrâneo, transformaram uma noite de Primavera do ano de 1987, no Estádio do Prater, em Viena, no nascimento de uma nova lenda". A vontade é a de Pinto da Costa e o calcanhar de Madjer, naturalmente.

Numa brevíssima história do futebol português, Johansson sustenta que este último sempre foi dominado por três clubes até chegar o actual presidente do FC Porto, com o já referido desfecho desfavorável aos lisboetas, mas não se fica por aqui. Constatados os triunfos internacionais dos azuis e brancos, escreve o sueco, "podemos facilmente concluir que o mapa do futebol europeu está a deslocar-se para Sudoeste". Empurrado pelo Homem do Norte, pressupõe-se, até por respeito pela lógica dos pontos cardeais.