Horas antes de ir à sua vida, que nos dias que correm passa pelo competitivo campeonato ucraniano e pela ambiciosa equipa do Metalurg Donetsk, Co Adriaanse, ainda com as faixas de campeão e vencedor da Taça de Portugal dobradinhas no colo, pediu resgate pelas ambições europeias do FC Porto em conferência de Imprensa. Garantiu que se não lhe dessem o avançado que queria, o FC Porto continuaria a jogar bem e a perder. E para provar que estava a falar a sério, nem sequer teve problemas em sacrificar Hugo Almeida, Postiga e McCarthy, assim à moda da Jihad islâmica. O FC Porto, como é evidente, não cedeu às ameaças e aos amuos e Adriaanse optou pelo último recurso dos terroristas: fez-se implodir pela causa. Hoje, com cinco pontos de vantagem sobre o segundo classificado no campeonato, apurado para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões e com uma média de mais de dois golos por jogo, o FC Porto já provou que não precisava de contratar nenhum avançado para voltar a ser competitivo interna e externamente. Bastava-lhe um treinador equilibrado, com a sensibilidade suficiente para perceber o ponta-de-lança de nível internacional que existia, encolhido e humilhado, em Postiga. Um treinador suficientemente flexível para não fazer questão de vergar um plantel inteiro aos seus caprichos. Um treinador capaz de retirar o máximo rendimento daquilo que tem à sua disposição. Em quatro meses, o FC Porto deixou de ser uma equipa para consumo interno e voltou a ter legítimas ambições europeias. O mais curioso é que, se esgravatarmos bem, lá fundo percebemos que tudo o que mudou de essencial nestes quatro meses foi o treinador. E foi o suficiente.
Diferenças
"Nunca me ouviram dizer que não fui eu que escolhi estes jogadores ou que não gostava deles"
Jesualdo Ferreira, treinador do FC Porto
Fascinante
Há 16 horas