Estive a leste disto tudo, mas já consegui uma rica colecção:
Ana Salgado denuncia Vieira e inspector da PJ
Ana Maria Salgado, a irmã gémea de Carolina Salgado, acusa o presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira, de ter viabilizado a edição do livro "Eu, Carolina" ao encomendar antecipadamente "uma série de livros, juntamente com a jornalista Leonor Pinhão". A acusação surge numa entrevista à SIC, emitida ontem, durante a qual a irmã da ex-companheira de Pinto da Costa lança ainda graves suspeitas sobre um elemento da Polícia Judiciária, actualmente integrado na equipa que investiga o "Apito Dourado", liderada por Maria José Morgado.
As declarações confirmam em grande parte o que Ana, 30 anos e muito parecida fisicamente com Carolina, tinha já dito anteriormente, quando foi inquirida pelo Ministério Público (MP), a 27 de Junho último, por sua iniciativa e sem que a irmã disso tivesse conhecimento. Ao MP, apurou o JN, Ana Maria terá efectuado um relato bastante mais detalhado da vida privada de Carolina e Pinto da Costa.
Ana Maria refere ter acompanhado de perto Carolina durante o tempo em que esta viveu com Pinto da Costa e mesmo depois, durante a separação do casal e no processo de preparação e elaboração do livro. A entrevista surge depois de o pai de Carolina Salgado ter posto em causa a sua sanidade física e mental, em declarações sucessivas aos jornais Correio da Manhã e 24 horas.
"Lamento que o meu pai tenha dito isso. O meu testemunho no Ministério Público foi a verdade e eles ficaram magoados com isso. Obviamente, sinto-me incomodada. Magoa", referiu na entrevista.
Compra de livros
Segundo Ana Maria, Luís Filipe Vieira aparece quando a irmã procurava uma editora para o livro. Após várias tentativas, propôs a publicação à "D. Quixote", mas a empresa terá exigido garantias. Foi então, segundo Ana, que Vieira e Leonor Pinhão fizeram a encomenda de uma série de livros, obtendo dessa forma a concordância da editora. Mais tarde, refere ainda, Luís Filipe Vieira terá também entregue 20 mil euros a Carolina Salgado, para que esta pudesse fazer face às despesas com os processos que interpusera contra Pinto da Costa.
Suspeitas sobre polícia
Na entrevista, Ana Maria lança suspeitas sobre um elemento da Polícia Judiciária de Lisboa, que acusa de ter fornecido elementos a Carolina sobre o suposto jantar descrito no livro "Eu Carolina", durante o qual teria contecido uma entrega de dinheiro por parte de Pinto da Costa a um árbitro, no final de um jogo de futebol. O jantar terá acontecido na residência do casal, na Madalena, Gaia, tendo o inspector da PJ corrigido Carolina quanto a alguns detalhes do encontro. A irmã garante que Carolina não viu dinheiro nenhum, apenas um envelope branco que "até podia estar vazio".
Na entrevista, Ana Maria conta ainda que o mesmo elemento da Polícia Judiciária - actualmente integrado na equipa liderada por Maria José Morgado, que coordena os processo relacionados com o "Apito Dourado" - terá inclusivamente aconselhado a sua irmã a "vender "um imóvel e o carro", de forma a não ter que pagar eventuais indemnizações resultantes de processos judiciais. Estas denúncias, apurou o JN, estarão já a ser investigadas pelo Ministério Público
Ridicularizar
Ana Maria diz ainda que tem em seu poder uma versão original do livro que lhe foi "cedida". O conteúdo final, garante, foi "adulterado", de modo a que o presidente do F.C. Porto "caísse no ridículo". "Disse-lhe que quem iria cair no ridículo seria ela", refere a irmã de Carolina. Durante a entrevista recusou peremptoriamente a ideia de estar a ser manipulada.
A irmã de Carolina confirma também o que já anteriormente tinha sido referido ao MP por Fernanda Freitas, a escritora do livro "Eu, Carolina", sobre as agressões a Ricardo Bexiga. Que tudo teria sido feito com o líder dos Superdragões, Fernando Madureira, e por exclusiva inciativa de Carolina Salgado. "Achei ridículo ela gabar-se", sentenciou.
Presidente do Benfica não reage, Morgado sem medo
O presidente do Sport Lisboa e Benfica fez saber ao JN que não pretende responder a estar declarações de Ana Maria Salgado e permanecerá em silêncio, mas a entrevista suscitou uma série de reacções, nomeadamente da responsável pela coordenação dos processos relacionados como "Apito Dourado", Maria José Morgado. O JN tentou sem sucesso contactar a também responsável pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, mas à SIC Maria José Morgado considerou "ridícula qualquer hipótese de maus métodos processuais" na sua equipa, que considerou "acima de qualquer suspeita".
Maria José Morgado não quis falar sobre as motivações de Ana Maria Salgado, mas foi dizendo que as pessoas que compõem a sua equipa "não são de fácil intimidação, nem recuam perante ameaças".
Também Gil Moreira dos Santos, advogado de Pinto da Costa, não quis alongar-se em considerações, lamentando apenas que estas declarações só tenham sido conhecidas agora.
Carolina quis ridicularizar Jorge Nuno Pinto da Costa
Ana Salgado acusa a irmã de ordenar a agressão ao ex-vereador Ricardo Bexiga
Ana Salgado, irmã gémea de Carolina Salgado, acusa a antiga companheira do presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, de o "procurar ridicularizar, nomeadamente no que diz respeito às situações de corrupção desportiva", em alguns dos casos descritos no livro Eu, Carolina.
Ana Salgado, em entrevista à SIC que hoje será difundida no Jornal da Noite da estação de televisão de Carnaxide, revelou ainda ter em seu poder a versão original do livro Eu, Carolina, adiantando em seguida que "existem algumas diferenças" entre esse texto e o que saiu para as bancas há já alguns meses, numa obra que foi um sucesso de vendas.
Ana Salgado deixou claro, também, que Carolina Salgado pretendeu, efectivamente, "ridicularizar", de uma forma intencional, o presidente do clube bicampeão nacional.
Ainda de acordo com as palavras de Ana Salgado, e com base nos excertos da entrevista difundidos ontem à noite - a SIC explicou que a entrevista só hoje passará na totalidade, porque o canal irá procurar, primeiro, confrontar a Polícia Judiciária com algumas condutas, segundo a SIC "graves", de que a PJ é acusada por Ana Salgado - o livro continha afirmações "surpreendentes".
A irmã de Carolina Salgado sublinhou, igualmente, que Pinto da Costa nada teve a ver com a agressão de que Ricardo Bexiga, antigo vereador do Partido Socialista na Câmara Municipal de Gondomar, foi alvo. "A minha irmã e Fernando Madureira [o líder da Claque SuperDragões] ordenaram a agressão a Ricardo Bexiga contra a vontade do presidente do FC Porto. Ela [Carolina Salgado] saiu de casa para fazer as coisas sem que ele [Jorge Nuno Pinto da Costa] tivesse conhecimento de nada", contou.
"A Carolina reagiu, talvez por impulso, e por iniciativa própria, mas o presidente do FC Porto estava em casa e desconhecia o que estava a ser planeado", acusou Ana Salgado. Recorde-se que Ana Salgado prestou declarações no Departamento de Investigação e Acção Penal onde criticou a conduta da irmão no processo "Apito Dourado".
Ana Maria e César Curado efectuaram denúncias contra Carolina Salgado no Ministério Público dos Juízos Criminais do Porto
Denúncia : Negócio com Mourinho envolve jornalista
Cunhado ataca Carolina
O cunhado de Carolina, a ex-companheira do presidente do Futebol Clube do Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, também prestou depoimento nos serviços do Ministério Público (MP) dos Juízos Criminais do Porto.
E arrasou a irmã gémea da mulher, acusando-a, segundo o CM apurou junto de fontes judiciais, de ser impulsiva, irresponsável e egoísta.
De acordo com o depoimento efectuado na 3.ª Secção do MP a uma procuradora-adjunta, no dia 28 de Junho de 2007, César Curado, de 45 anos, terá dito que sempre foi a sua esposa, Ana Maria, quem tomou conta de Carolina Salgado, chegando a colocar em risco o próprio casamento e não dando atenção às filhas. E terá ainda acrescentado que Carolina vivia na sua casa até se mudar para a residência de Pinto da Costa e que aquela sempre o tentou separar da mulher.
César Curado assegura que Pinto da Costa sempre teve um excelente relacionamento com os filhos de Carolina Salgado - fruto de uma relação anterior - e que era mesmo tratado por "pai". Adianta que, até à data em que prestou declarações no MP, desconhecia os motivos da separação.
O cunhado de Carolina Salgado terá admitido que era motorista do presidente do FC Porto e da cunhada, tendo-a transportado várias vezes a Lisboa para aquela se encontrar com os jornalistas Pedro Rita e Leonor Pinhão, para tratarem da venda da casa, carro e objectos de que, alegadamente, Carolina se havia apropriado.
César terá ainda denunciado ao MPv que era a jornalista Leonor Pinhão quem fazia a ponte entre o presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira e Carolina Salgado, confirmando, assim, as declarações prestadas à mesma procuradora pela sua esposa (um dia antes).
César Curado faz ainda referência a um valioso quadro que Carolina Salgado ofereceu ao presidente do Benfica - em troca do patrocínio do livro 'Eu, Carolina' - e que este terá devolvido posteriormente à cunhada. A obra regressou à posse de Pinto da Costa na passada semana.
O cunhado de Carolina terá também dito à procuradora que o interrogou que chegou a ver inspectores da PJ na casa daquela, mas que nunca ouviu as conversas. A rematar as declarações que prestou às autoridades, terá feito questão de salientar que a sua mulher, Ana Maria, sempre actuou com o propósito de ajudar a irmã.
Em declarações ao CM, Leonor Pinhão salientou que algo de grave se passou para que Ana Maria, que sempre esteve ao lado de Carolina, tenha mudado repentinamente de opinião e disse esperar que o MP proceda às respectivas investigações. Joaquim Salgado, pai das gémeas, afirma que Ana Maria precisa urgentemente de apoio médico.
REPÓRTER TAMBÉM INDICIADO
Pedro Rita, actual repórter do 'Diário de Notícias', é uma das figuras centrais nas queixas efectuadas ao Ministério Público por Ana Maria e César Curado. Terá sido acusado de mediar um negócio entre Mourinho e Carolina - para que a ex-companheira de Pinto da Costa retirasse do livro que publicou qualquer referência ao seu nome.
É ainda referido por pretender ser assessor de Imprensa de Carolina e, ainda, de ter alegadamente tentado subornar o empresário Jorge Mendes com um quadro. Segundo o casal, o jornalista era visita assídua da casa de Carolina e terá mesmo servido de "conselheiro" em algumas declarações por ela proferidas publicamente. O CM tentou ontem obter uma reacção às alegadas acusações que lhe são imputadas pela irmã e cunhado de Carolina Salgado, mas Pedro Rita não atendeu o telemóvel.
APONTAMENTOS
SEM PROCESSO
Luís Filipe Vieira, presidente do Sport Lisboa e Benfica, não vai processar Ana Maria, garantiu ao CM fonte do clube encarnado. Sobre o seu envolvimento no lançamento do livro 'Eu, Carolina', Vieira limita-se a afirmar que se trata de "um problema pessoal de Pinto da Costa com a Justiça". O dirigente diz confiar no sistema judicial para o apuramento da verdade.
INDEPENDENTE
As denúncias efectuadas por Ana Maria e o marido, César Curado, deram origem a um processo que corre termos na 3.ª Secção do Departamento de Investigação e Acção Penal dos Juízos Criminais do Porto. Como envolvem alegadas queixas contra elementos da equipa especial criada para investigar o 'Apito Dourado', liderada pela procuradora Maria José Morgado, será tratado de forma independente. A magistrada já fez saber que vai processar os autores de tais denúncias.Carlos Tomás
"Filipe Vieira pagou 20 mil euros para patrocinar livro de Carolina"
Irmã de Carolina garante não ter problemas de ordem psíquica Ana Salgado acusou, em entrevista difundida ontem à noite na íntegra pela SIC, no Jornal da Noite, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, de ter pago 20 mil euros para patrocinar o livro Eu, Carolina. A publicação, nas bancas há já alguns meses, menciona situações que atingem o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, o qual é acusado de ter praticado actos de corrupção desportiva.
Segundo as palavras proferidas pela irmã gémea de Carolina Salgado, antiga companheira do máximo dirigente dos dragões, Carolina terá sido "apoiada" pelo presidente do Benfica, assim como pela jornalista Leonor Pinhão, benfiquista confessa e assumida, no sentido de adulterar a versão original do livro Eu Carolina, que Ana Salgado assegura ter na sua posse.
À margem das revelações graves que visam Luís Filipe Vieira e Leonor Pinhão, Ana Salgado contou que a irmã, Carolina, foi "ajudada por um elemento da Polícia Judiciária [PJ], com o intuito de denunciar, com exactidão, quem seriam as pessoas que estariam num determinado restaurante a uma determinada hora, após um certo jogo de futebol...".
Ana Salgado frisou, igualmente, que Carolina "desconhecia" o conteúdo do envelope, o qual teria no seu interior, alegadamente, 2500 euros em dinheiro. Valor que Jorge Nuno Pinto da Costa é acusado de ter supostamente pago ao árbitro Augusto Duarte, da Associação de Futebol de Braga, numa tentativa de subornar o juiz.
Ainda no que diz respeito ao mencionado elemento da PJ que terá, alegadamente, "auxiliado" Carolina Salgado, Ana Salgado afirmou que a pessoa em causa terá "ajudado" Carolina a vender o seu imóvel, bem como o seu automóvel.
A irmã gémea de Carolina Salgado fez questão de frisar, ainda, que Carolina quis "ridicularizar", intencionalmente, Jorge Nuno Pinto daCosta, nomeadamente em situações relacionadas com "actos de corrupção desportiva".
De acordo com Ana Salgado, foi Carolina quem, juntamente com Fernando Madureira [o líder da claque SuperDragões], ordenou a agressão a Ricardo Bexiga, ex-vereador do Partido Socialista na Câmara Municipal de Gondomar.
"Comentou [Carolina] comigo que o teria feito [ordenado a agressão a Ricardo Bexiga] sem que Pinto da Costa nada soubesse, e com a ajuda de Fernando Madureira. Pinto da Costa ficou em casa e a Carolina agiu por iniciativa própria", garantiu Ana Salgado.
"Problemas psiquiátricos, eu?"
O pai de Ana Salgado e a irmã, Carolina, estão actualmente de relações cortadas com Ana Salgado. Ambos argumentam que esta última se encontra mentalmente perturbada.
"Problemas psiquiátricos, eu? O meu pai disse isso? Lamento. Posso assegurar que estou perfeitamente bem de saúde e que não padeço de quaisquer problemas de ordem psiquiátrica. Lamento que o meu pai se tenha referido a mim nesses termos", declarou Ana Salgado.
A irmã gémea de Carolina Salgado admitiu, durante a entrevista emitida ontem na íntegra na SIC, no Jornal da Noite, recear retaliações futuras resultantes das revelações que decidiu tornar públicas, sublinhando, entretanto, que optou por falar de livre e espontânea vontade.
"Este meu depoimento não foi encomendado por ninguém. Estou a falar muito à vontade e em perfeita consciência. Não tenho problemas psiquiátricos. Transmiti a verdade dos factos ao Ministério Público. O mais importante, para mim, é contar a verdade dos factos, e não o que o meu pai e a minha irmã pensam sobre mim", esclareceu.
Ana Salgado relatou também, durante a entrevista à estação de televisão de Carnaxide, um episódio em que a irmã, Carolina, terá alegadamente empurrado Pinto da Costa, sendo que o presidente portista "quase caiu desamparado na relva".
Filipe Vieira acusado de manipular Carolina
Líder do Benfica terá instruído depoimentos
Além de ser acusado de pagar 20 mil euros para patrocinar o livro de Carolina Salgado, como denunciou a irmã gémea da ex-companheira de Pinto da Costa em entrevista à SIC, o presidente do Benfica Luís Filipe Vieira é também acusado por Ana Maria Curado de manipular os depoimentos de Carolina Salgado à justiça no âmbito do processo "Apito Dourado", apurou o DN.
Contactado por este jornal, o líder encarnado, através de um assessor, remeteu para aquilo que já dissera no dia anterior, na Roménia, onde o Benfica jogou com o Cluj: "Esse é um problema pessoal do presidente do FC Porto com a justiça portuguesa."
Além de Luís Filipe Vieira, também o inspector da Polícia Judiciária (PJ) Sérgio Bagulho foi referenciado por Ana Maria Curado, nos depoimentos que prestou no Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto, no passado, como tendo alegadamente instruído Carolina Salgado sobre o teor de algumas das denúncias feitas pela ex-companheira de Pinto da Costa no seu livro, Eu, Carolina, e, posteriormente, nos depoimentos prestados ao Ministério Público - recorde-se que foi com base nas audições a Carolina Salgado que a equipa especial de investigadores liderada pela procuradora-geral adjunta Maria José Morgado reabriu alguns casos do "Apito Dourado" envolvendo Pinto da Costa, entretanto acusado formalmente em três deles.
Ana Maria Curado, de resto, terá contado no DIAP que foi Luís Filipe Vieira quem insistiu com Carolina para ir, pela primeira vez, à PJ e a terá "encaminhado" para um inspector da confiança dele. A irmã gémea de Carolina contou ainda, segundo o DN apurou, que o primeiro encontro entre o presidente do Benfica e a ex--companheira de Pinto da Costa foi promovido por uma amiga do pai das gémeas, Joaquim Salgado, alegadamente doutorada em Farmácia, e que Vieira e Carolina se terão encontrado em casa de um familiar de Carlos Móia, ex-dirigente do Benfica. O líder encarnado ter-se-á de pronto oferecido para ajudar Carolina no lançamento do seu livro e sugerido a editora D. Quixote, supostamente por aí trabalhar Leonor Pinhão, ex-jornalista e adepta do Benfica.
Quanto ao livro, e como a editora terá exigido garantias, Ana Maria terá dito no DIAP que Vieira e Pinhão terão feito desde logo uma grande quantidade de encomendas e que o presidente dos encarnados pagou então 20 mil euros a Carolina, para que esta pudesse continuar a sua luta e custear os processos judiciais que tinha contra Pinto da Costa.
Então, segundo a irmã de Carolina Salgado, esta terá oferecido um quadro do pintor Cargaleiro a Luís Filipe Vieira, quadro esse que o líder benfiquista terá depois decidido devolver e que terá sido um dos quadros que Ana Maria terá entregue a Pinto da Costa no dia 26, um dia antes de prestar depoimento no DIAP do Porto - Ana Maria tinha na sua posse uma série de obras de arte cuja titularidade estaria ainda por decidir em tribunal entre Pinto da Costa e Carolina Salgado.
Ainda sobre o livro Eu, Carolina, Ana Maria terá reafirmado que este sofreu acrescentos, cortes e arranjos em Lisboa, já sem a presença de Fernanda Freitas, a autora.
A zanga entre as irmãs
Nas declarações que efectuou no DIAP, Ana Maria terá dito ainda que o verdadeiro motivo pelo qual as relações entre as duas irmãs Salgado se romperam não foi o facto de Carolina lhe ter recusado emprestar dinheiro para abrir uma empresa - como o pai de ambas, Joaquim Salgado, contou à TVI -, mas sim por ter encontrado uma vez, no quarto de Carolina, um CD com um pó branco que Ana Maria identificou como sendo cocaína.
Declarações da irmã de Carolina Salgado provocam crise no MP
Ana Salgado lançou acusações a Maria José Morgado e a um inspector da PJ. O Procurador-Geral disse ao Expresso que mantém confiança na equipa.
O Procurador-Geral da República (PGR) quer manter em funções a equipa de Maria José Morgado, que trabalhou as certidões do processo "Apito Dourado". Pinto Monteiro adiantou ao Expresso que, após a conclusão dos processos ligados à corrupção no futebol, pretende que esta estrutura se mantenha, mas direccionada para outro sector da investigação criminal.
Esta semana, a equipa terminou a investigação da maior certidão do processo, que está relacionada com suspeitas de viciação na classificação dos árbitros na Federação Portuguesa de Futebol. "A equipa cumpriu a sua missão o que me faz pensar em mantê-la, mas ligada a outra área", declarou o PGR.
Na próxima terça-feira (dia 24), o PGR vai reunir com todos os elementos da actual Equipa de Coordenação do Processo Apito Dourado (ECPAP). "Quero perceber se as pessoas têm vontade em ficar, ou pretendem voltar aos lugares de origem seja por razões profissionais ou pessoais, porque o trabalho deste equipa foi muito desgastante", disse Pinto Monteiro.
Questionado sobre qual seria a área de investigação que gostava que esta equipa se ocupasse, Pinto Monteiro não a quis revelar.
Irmã de Carolina acusa inspector e Maria José Morgado
Na passada semana, o PGR recebeu do Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto (DIAP) uma informação com a cópia de um depoimento de Ana Salgado, irmã de Carolina, ex-companheira de Pinto da Costa, no qual são feitas acusações a um inspector da Polícia Judiciária que integra a ECPAD e à coordenadora, Maria José Morgado. O DIAP do Porto enviou cópia do documento para o PGR para eventuais processos disciplinares ou criminais. Isto está a criar um profundo mal-estar interno.
Maria José Morgado adiantou ao Expresso que irá processar criminalmente Ana Salgado. No depoimento, Ana Salgado fala da relação da sua irmã com Pinto da Costa, da amizade com Luís Filipe Vieira e refere que o presidente do Benfica financiou a edição do livro "Eu Carolina".
Ana Salgado concedeu uma entrevista à SIC, transmitida no Jornal da Noite de sexta-feira.
Apito Dourado em xeque
A irmã gémea de Carolina Salgado fez um depoimento explosivo ao Ministério Público do Porto, que põe em causa a Polícia Judiciária e a investigação a Pinto da Costa
Os depoimentos prestados pela irmã gémea de Carolina Salgado, a 27 de Junho deste ano no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Ministério Público do Porto, levantam suspeitas de instrumentalização por elementos da Judiciária ligados à equipa da procuradora Maria José Morgado.
Isto com o objectivo de criar prova para usar no processo Apito Dourado.
As declarações que Ana Maria Salgado Curado prestou num processo de difamação instaurado pelo médico Fernando Póvoas, no seguimento do livro Eu, Carolina – e que foi esta semana arquivado porque o queixoso não deduziu a acusação particular –, desfazem a credibilidade da ex-companheira de Pinto da Costa.
Carolina é arguida em quatro processos por difamação e noutro pela suspeita de ser a autora moral de fogo posto aos escritórios do presidente do FCP e do seu advogado Lourenço Pinto.
Uma fonte do MP disse ao SOL que as acusações de Ana Maria são tão graves que podem abalar os pressupostos que levaram às duas acusações contra Pinto da Costa, feitas por Maria José Morgado no âmbito do processo Apito Dourado.
A mesma fonte garante, por outro lado, que o não acompanhamento da acusação particular pelo queixoso Fernando Póvoas «não passa de uma manobra dos advogados. Isto porque, uma vez arquivado o processo, cai o segredo de justiça e passa a ser possivel consultá-lo e pedir certidões, úteis noutros processos».
Ana Maria Salgado apresentou-se no Ministério Público do Porto no dia 27 de Junho para prestar declarações contra a irmã, dois meses depois de ambas terem exibido uma cumplicidade profunda de irmãs no programa de Júlia Pinheiro.
Ana Maria Salgado disse nos autos que o livro de Carolina foi profundamente alterado antes de ser publicado e que foi cortada uma referência negativa a José Mourinho.
O treinador do Chelsea foi avisado previamente e acordou o pagamento de uma verba avultada para não ser referido, verba essa que está ainda a ser paga em tranches.
Ana Maria denunciou ainda Fernando Madureira, líder dos Super dragões, como angariador dos capangas que deram uma tareia ao vereador Ricardo Bexiga.
O director da claque portista, nas palavras de Ana Maria, teve um caso amoroso com Carolina Salgado, ainda no tempo em que esta vivia com Pinto da Costa e explorava-a materialmente.
Quem sai maltratado nas declarações de Ana Maria é o médico Fernando Póvoas. Neste ponto, a irmã confirma o que Carolina Salgado escreveu no seu livro. Fernando Póvoas, com uma bateria de medicamentos, induziu Carolina numa cura profunda de sono.
Por intervenção de Ana Maria, outro médico, o «Dr. Zito», retirou toda essa medicação mal observou Carolina Salgado e admitiu que a doente corria perigo de vida, porque já nem sequer se alimentava. Ana Maria também acusa Fernando Póvoas de ter tido um caso amoroso com Carolina Salgado no tempo em que ela vivia com Pinto da Costa.
A irmã de Carolina Salgado garante que foi Luís Filipe Vieira quem arranjou editora para o livro e levou a ex-companheira de Pinto da Costa a depor na PJ. O presidente do Benfica é acusado de fazer uma grande encomenda de livros para viabilizar a edição e de ter pago a Carolina salgado 20 mil euros.
Ana Maria explicou à procuradora que devolveu a Pinto da Costa objectos pessoais na véspera de prestar declarações e explicou que cortou relações com a irmã porque se sentiu usada, sem receber nada em troca, nem sequer respeito.
Irmã diz que Carolina iria receber treino para responder em tribunal.
Ana Maria Salgado garantiu ao Ministério Público (MP) que a irmã iria ser treinada para não hesitar nas declarações que venha a prestar em tribunal nos processos em que é acusado o antigo companheiro, Jorge Nuno Pinto da Costa. Em depoimento prestado no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do MP do Porto, no âmbito da queixa por difamação apresentada pelo médico Fernando Póvoas, a gémea de Carolina Salgado falou em alegadas cumplicidades com os investigadores do processo Apito Dourado e relatou inclusive alegadas reuniões com um dos elementos da PJ integrados na equipa de Maria José Morgado, com vista a preparar as versões a apresentar nos diferentes casos em que está envolvido o presidente do F. C. Porto.
"Tem conhecimento de que está prevista uma espécie de 'formação' da Carolina nas instalações da Polícia Judiciária de Lisboa, a fim de a preparar nos depoimentos (nomeadamente para a mesma não vacilar) que tenha que prestar no âmbito dos processos conhecidos como Apito Dourado", pode ler-se num dos autos de inquirição.
Esta versão de Ana Maria Salgado já foi classificada pela própria Maria José Morgado como totalmente falsa, considerando "ridícula qualquer hipótese de maus métodos processuais" ou métodos proibidos de recolha de prova. Por estas declarações, a magistrada vai apresentar queixa por difamação, denúncia caluniosa e falso depoimento.
Leonor Pinhão referida
Mas a irmã gémea de Carolina continua a garantir a veracidade das suas afirmações, jurando não estar a ser manipulada. Para lá de dar conta de um alegado interesse em fazer com que a ex-companheira do dirigente desportivo não entre em contradição nos depoimentos a prestados e que venha a prestar quando interrogada nos julgamentos dos diversos processos ainda a correr, falou de contactos entre Morgado e Carolina, dizendo que a magistrada lhe deu "força para continuar", num momento em que soube estar "psicologicamente em baixo". E garantiu ainda que a coordenadora do Apito Dourado telefonava a Carolina sempre que era deduzida uma acusação, no âmbito da megainvestigação à corrupção no futebol.
No depoimento no DIAP, Ana Salgado implica Luís Filipe Vieira e Leonor Pinhão na suposta "trama" contra Pinto da Costa, garantindo que o presidente do Benfica pagou 20 mil euros a Carolina e assegurou antecipadamente a compra de um lote considerável de exemplares do livro "Eu, Carolina", à D. Quixote.
Ana Salgado vai entregar ao Ministério Público (MP) a versão original do livro "Eu, Carolina", que diz ter em sua posse, apurou o JN. Esta diligência integrar-se-á num processo já a correr no DIAP do Porto centrado nas declarações de Fernanda Freitas já noticiadas pelo JN, segundo as quais o livro que revolucionou o processo Apito Dourado sofreu várias alterações, com suposta intervenção de pelo menos Leonor Pinhão, conhecida jornalista, adepta do Benfica e colaboradora da editora D. Quixote. No depoimento prestado no MP, a irmã gémea de Carolina deu ainda uma explicação para a aparente zanga entre a professora que ajudou a escrever o livro e Carolina. A docente pretenderia 30% daquilo que Carolina viesse a receber mas foi, afinal, paga no montante de apenas 500 euros pela própria editora. As denúncias da irmã vão mais longo e chegam ao ponto de garantir que Carolina já recebeu 10 mil euros por conta do filme "Corrupção", baseado no livro. Diz que foi passado recibo verde e que uma parte do dinheiro foi depositado no BPN e outra parte está no cofre do restaurante do pai. Desde que, por sua iniciativa juntamente com o marido, prestou testemunho, Ana Salgado tem estado em parte incerta para o pai e irmã. Na entrevista de anteontem à SIC, refutou e lamentou a afirmação lançada publicamente por Joaquim Salgado sobre presumíveis problemas mentais, designadamente doença bipolar.
Chama-se Sérgio Bagulho e é inspector da Polícia Judiciária há mais de dez anos. De acordo com a queixa efectuada no Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto por Ana Maria, terá sido ele quem alegadamente forneceu informações a Carolina Salgado sobre as investigações do processo ‘Apito Dourado’, permitindo assim à autora do livro ‘Eu, Carolina’ fazer algumas das denúncias relacionadas com corrupção desportiva.
Ana Maria concretiza que este inspector integra a equipa especial liderada por Maria José Morgado, que este dava instruções a Carolina relacionadas com as declarações que devia prestar no Ministério Público, que estava prevista uma espécie de formação da irmã nas instalações da PJ e, inclusive, que a procuradora Maria José Morgado telefonava regularmente a Carolina para lhe dar conta da evolução dos processos relacionados com o ‘Apito Dourado’, nomeadamente quando era deduzida uma acusação. A procuradora já fez saber que vai processar Ana Maria.
Líder do Benfica terá instruído depoimentos
Além de ser acusado de pagar 20 mil euros para patrocinar o livro de Carolina Salgado, como denunciou a irmã gémea da ex-companheira de Pinto da Costa em entrevista à SIC, o presidente do Benfica Luís Filipe Vieira é também acusado por Ana Maria Curado de manipular os depoimentos de Carolina Salgado à justiça no âmbito do processo "Apito Dourado", apurou o DN.
Contactado por este jornal, o líder encarnado, através de um assessor, remeteu para aquilo que já dissera no dia anterior, na Roménia, onde o Benfica jogou com o Cluj: "Esse é um problema pessoal do presidente do FC Porto com a justiça portuguesa."
Além de Luís Filipe Vieira, também o inspector da Polícia Judiciária (PJ) Sérgio Bagulho foi referenciado por Ana Maria Curado, nos depoimentos que prestou no Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto, no passado, como tendo alegadamente instruído Carolina Salgado sobre o teor de algumas das denúncias feitas pela ex-companheira de Pinto da Costa no seu livro, Eu, Carolina, e, posteriormente, nos depoimentos prestados ao Ministério Público - recorde-se que foi com base nas audições a Carolina Salgado que a equipa especial de investigadores liderada pela procuradora-geral adjunta Maria José Morgado reabriu alguns casos do "Apito Dourado" envolvendo Pinto da Costa, entretanto acusado formalmente em três deles.
Ana Maria Curado, de resto, terá contado no DIAP que foi Luís Filipe Vieira quem insistiu com Carolina para ir, pela primeira vez, à PJ e a terá "encaminhado" para um inspector da confiança dele. A irmã gémea de Carolina contou ainda, segundo o DN apurou, que o primeiro encontro entre o presidente do Benfica e a ex--companheira de Pinto da Costa foi promovido por uma amiga do pai das gémeas, Joaquim Salgado, alegadamente doutorada em Farmácia, e que Vieira e Carolina se terão encontrado em casa de um familiar de Carlos Móia, ex-dirigente do Benfica. O líder encarnado ter-se-á de pronto oferecido para ajudar Carolina no lançamento do seu livro e sugerido a editora D. Quixote, supostamente por aí trabalhar Leonor Pinhão, ex-jornalista e adepta do Benfica.
Quanto ao livro, e como a editora terá exigido garantias, Ana Maria terá dito no DIAP que Vieira e Pinhão terão feito desde logo uma grande quantidade de encomendas e que o presidente dos encarnados pagou então 20 mil euros a Carolina, para que esta pudesse continuar a sua luta e custear os processos judiciais que tinha contra Pinto da Costa.
Então, segundo a irmã de Carolina Salgado, esta terá oferecido um quadro do pintor Cargaleiro a Luís Filipe Vieira, quadro esse que o líder benfiquista terá depois decidido devolver e que terá sido um dos quadros que Ana Maria terá entregue a Pinto da Costa no dia 26, um dia antes de prestar depoimento no DIAP do Porto - Ana Maria tinha na sua posse uma série de obras de arte cuja titularidade estaria ainda por decidir em tribunal entre Pinto da Costa e Carolina Salgado.
Ainda sobre o livro Eu, Carolina, Ana Maria terá reafirmado que este sofreu acrescentos, cortes e arranjos em Lisboa, já sem a presença de Fernanda Freitas, a autora.
A zanga entre as irmãs
Nas declarações que efectuou no DIAP, Ana Maria terá dito ainda que o verdadeiro motivo pelo qual as relações entre as duas irmãs Salgado se romperam não foi o facto de Carolina lhe ter recusado emprestar dinheiro para abrir uma empresa - como o pai de ambas, Joaquim Salgado, contou à TVI -, mas sim por ter encontrado uma vez, no quarto de Carolina, um CD com um pó branco que Ana Maria identificou como sendo cocaína.
Pinto da Costa alega ilegalidade na passagem de casos para Morgado
Dirigente e arguido pede aos juízes para declararem nulas todas as decisões de Pinto Monteiro e Morgado
Nuno Miguel Maia
Pinto da Costa requereu aos juízes de instrução criminal a quem foram distribuídos os casos F.C. Porto-Estrela da Amadora e Beira- -Mar-F.C. Porto para declarar nulas todas as decisões tomadas por Maria José Morgado e a equipa de coordenação do processo Apito Dourado, incluindo os respectivos despachos de acusação. O argumento invocado centrar-se-á numa eventual ilegalidade na forma como a procuradora assumiu a coordenação de todos os casos e resolveu reabrir aqueles dois processos que já tinham sido arquivados respectivamente pelo Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto e Ministério Público (MP) de Gaia.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, em causa estará o despacho do procurador-geral da República, Fernando Pinto Monteiro, que em Dezembro do ano passado ordenou que Maria José Morgado passasse a "dirigir e coordenar" todos os inquéritos relacionados com o caso Apito Dourado.
Esta decisão foi tomada ao abrigo de um artigo do Estatuto do MP que dá poderes ao chefe máximo da Procuradoria para "substituir ou coadjuvar" o magistrado a quem naturalmente forem distribuídos os processos, na área territorial competente. Nos casos concretos, o Porto (cidade onde se disputou o jogo F.C.P.-Amadora) e Gaia (onde decorreu um encontro entre o árbitro Augusto Duarte e Pinto da Costa) foram determinados como as comarcas competentes.
Gil Moreira dos Santos, advogado de Pinto da Costa, terá já apresentado o argumento de que o despacho de Pinto Monteiro não fez referência a poderes para reabrir processos, nem para elaborar despachos de acusação - apenas conferiu a tarefa de "dirigir e coordenar" os inquéritos pendentes.
Por outro lado, só os superiores hierárquicos dos magistrados do Porto e Gaia que arquivaram aqueles processos poderiam decidir a sua reabertura, com base nas declarações de Carolina Salgado, ex-companheira do dirigente, consideradas novos elementos de prova. Daí, a eventualidade de a equipa de Maria José Morgado não ter competência hierárquica e funcional para tomar decisões.
Sem procurador "natural"
Acresce a esta tese da defesa do líder portista a circunstância de as reclamações hierárquicas quanto às decisões de reabertura terem sido apreciadas pelo vice procurador-geral da República, Mário Gomes Dias, e não pelos magistrados coordenadores do MP no Porto e Gaia - que, segundo a mesma visão, deveriam ser superiores hierárquicos dos novos procuradores que ficaram com os processos. Assim, poderão ter sido desrespeitadas as regras da hierarquia do MP, definidas no respectivo Estatuto.
Se os juízes de instrução derem razão ao líder portista, os casos poderão regressar à "estaca zero", como consequência da nulidade. Isto é, às comarcas onde foram arquivados para serem os próprios magistrados a apreciar os novos factos e decidir. O que implicaria atraso considerável.
Fontes judiciais contactadas pelo JN dividem-se quanto à pertinência desta invocação dos advogados de Pinto da Costa. Há quem diga haver poucas dúvidas sobre a falta de cobertura na lei para a decisão do procurador-geral da República, mas também existe quem defenda que a tese do dirigente não tem cabimento, pelo facto de no MP não vigorar o princípio do "procurador natural", ao contrário do que acontece na magistratura judicial, com a obrigatoriedade do "juiz natural".
Os jogos da discórdia
artur machado
Os processos mais mediáticos relacionados com Pinto da Costa já excederam o prazo de validade
Manuel Luís Mendes
F. C. Porto-Estrela da Amadora, 2-0
Data 24 de Janeiro de 2004
Processos prescritos
Os principais processos em que o presidente do F. C. Porto, Pinto da Costa, está, alegadamente, envolvido, inseridos no Apito Dourado, já prescreveram na justiça desportiva.
Assim, os factos ligados aos jogos Estrela da Amadora- F. C. Porto, Nacional-Benfica e Beira-Mar- F. C. Porto já excederam, em princípio, o prazo de prescrição estipulado no Regulamento Disciplinar (RD) da Liga de Clubes que reza, no seu art.º16, que "o direito de exigir responsabilidade disciplinar prescreve ao fim de três anos, um ano ou um mês, consoante as faltas sejam, respectivamente, muito graves, graves ou leves sobre a data em que a falta tenha sido cometida".
É evidente que, no caso, em que se trata de alegada corrupção desportiva, a falta é "muito grave", comportando, mesmo, a descida de divisão e, assim, o prazo de prescrição é o máximo.
Concretizando, esses jogos foram disputados, respectivamente, a 24 de Janeiro, 22 de Fevereiro e 18 de Abril de 2004, logo já passaram mais de três anos. A lei dispõe, porém, no ponto 3 que "a prescrição interromper-se-á, no momento, em que é instaurado o procedimento disciplinar".
Só que este, provavelmente, só foi levantado em Março/Abril, já que só no dia 1 de Fevereiro deste ano, o líder da Comissão Disciplinar (CD), Ricardo Costa, teve um encontro com a procuradora-geral adjunta, Maria José Morgado, para que esta enviasse "os processos relativos a indícios de corrupção no futebol", de forma a que se dê o "primeiro passo para abertura de processos disciplinares".
Ora, as certidões só algum tempo depois começaram a chegar, com a prescrição consumada. Apenas o jogo Beira-Mar- F. C. Porto (18 de Abril) poderá não estar abrangido e, eventualmente, não ter prescrito.
Isto porque se desconhece a data certa do espoletar dos processos, a nível da CD. É algo que está no segredo dos deuses. Aliás, esta situação leva o juiz Pedro Mourão, presidente da anterior CD, a disparar uma crítica contundente "É inacreditável que esta CD não seja transparente e não publicite as suas decisões como essa do levantamento de procedimentos disciplinares aos agentes envolvidos no Apito Dourado. É um retrocesso lamentável e que deve ser denunciado até porque os queixosos deveriam ter acesso a essa informação".
Historiando os factos em relação ao Apito Dourado recordou "Antes de me demitir, solicitei ao Ministério Público (MP) o envio das certidões, precisamente para a prescrição ser interrompida, já que esse dossiê estava retido na gaveta de Gomes da Silva, o então líder da CD. Porém, os processos disciplinares só começariam quando aquelas chegassem à Liga, o que nunca aconteceu".
A prescrição já não se coloca em relação à "infracção disciplinar também considerada infracção penal" (condenação em tribunal), pois, neste quadro, o prazo aumenta para cinco anos.
Neste aspecto, Guilherme Aguiar, ex-director executivo da Liga, relembrou ao JN o caso do Leça, ocorrido quando ainda estava em funções "Efectivamente, quando houver responsabilidade criminal, apurada em julgamento, a prescrição vai para cinco anos. Foi o que sucedeu com a despromoção do Leça".
No entanto, se o processo estiver "parado mais de dois meses" (artº 16.º.3) volta a correr o prazo e, com os recursos e as demoras judiciais inerentes, o período de cinco anos será ultrapassado.
"É fácil verificar essa paragem de dois meses. Basta um advogado consultar o andamento do processo", avisou Guilherme Aguiar.
Cunha Leal, o director-executivo anterior, reconheceu que as prescrições são possíveis porque "os órgãos disciplinares da Liga vivem numa passividade enorme".
"A partir daí, cada um tire as suas conclusões", rematou.
Foi um jogo de triunfo fácil para o F. C. Porto, que defrontava o último classificado, que, até essa 19.ª jornada, não tinha averbado qualquer ponto fora de casa. Sobre este jogo, os peritos convidados pelo Ministério Público (MP), os ex-árbitros, Jorge Coroado, Vítor Pereira e Adelino Antunes, não deram conta de qualquer favorecimento, por parte de Jacinto Paixão, ao F. C. Porto. Detectaram, apenas, a não amostragem de dois cartões amarelos e consequentes livres directos, contra os portistas e o mesmo em relação a estrelistas. Igualmente, a análise do jogo revela que o "árbitro assistente n.º 1 assinala, erradamente, fora-de-jogo a um jogador do F. C. Porto". O observador da partida, inclusive, na sua avaliação, no deve-haver, considera que o F. C. Porto foi prejudicado. O próprio MP reconhece que não houve "uma arbitragem fraudulenta ou tendenciosa", conforme se deduz da análise dos peritos.
Beira Mar-F. C. Porto, 0-0
Data 18 de Abril de 2004
O jogo contava para a 31.ª jornada , a três do final do campeonato, e foi dirigido por Augusto Duarte. Na véspera do jogo, dia 17 de Abril, o Sporting, segundo classificado, perdera , por 2-1, no estádio do Bessa, frente ao Boavista. Com este desfecho, a vitória do F. C. Porto deixava de ser indispensável. Recorde-se que os portistas foram campeões com oito pontos (82) de vantagem sobre o Benfica (74) e nove (73) sobre o Sporting e depois do encontro de Aveiro f icariam a uma vitória do bicampeonato. Segundo o relatório dos árbitros peritos foram apontados quatro erros à equipa de arbitragem, sendo três em beneficio do F. C. Porto e, um, do Beira-Mar. Nenhum teve, porém, influência no empate final (0-0). O cronista do JN comentou, assim, o trabalho do árbitro "Augusto Duarte teve o condão de passar, praticamente, despercebido".
Nacional-Benfica, 3-2
Data 22 de Fevereiro de 2004
O resultado desta partida poderia beneficiar o F. C. Porto, pois o Benfica estava em terceiro lugar e, ainda, poderia chegar ao título. Augusto Duarte foi o árbitro e o Nacional venceu o Benfica por 3-2. Segundo a peritagem, foram apontados dois erros à equipa de arbitragem, irmamente distribuídos um, a favor do Benfica e, outro, do Nacional. Portanto, pode considerar-se uma excelente e actuação do juiz bracarense, a merecer nota elevada por parte do observador. A mesma ideia foi expressa pelo jornalista do JN que, na sua crónica, considerou ter sido "um trabalho sem reparos de Augusto Duarte e dos seus assistentes". Na sua análise ao jogo, o treinador do Benfica, José Antonio Camacho, atribuiu as culpas da derrota "às bolas paradas", não se referindo sequer à arbitragem, o mes mo sucedendo com Casemiro Mior, técnico da formação madeirense.
Pinto da Costa ofendido
Jorge Nuno Pinto da Costa pode processar Joaquim Salgado, o pai das gémeas Carolina e Ana Maria, pelas declarações feitas por este ao 24horas na passada sexta feira – no rescaldo da entrevista
que Ana Maria deu à SIC, onde acusa a irmã de ter mentido no livro “Eu, Carolina”.
O presidente do FCP sente-se “injuriado” com a expressão “transferência” utilizada pelo pai da sua ex-mulher, mas vai aguardar “mais declarações do senhor Salgado para avançar com uma queixa”, garante ao 24horas o advogado de Pinto da Costa, Gil Moreira dos Santos.
No seguimento da entrevista de Ana Maria à SIC na passada quinta-feira, em que esta acusou a irmã de ter mentido e de ter sido manobrada, Joaquim Salgado comentou que a filha Ana Maria é que estava a ser “nitidamente manipulada” e que “no final” levaria “um pontapé no traseiro”.
A quente, Joaquim Salgado questionou as intenções da filha: “Vamos ver quanto vale esta transferência do senhor Pinto da Costa”. E rematou dizendo: “Claramente a Ana Maria tem a lição toda estudada”.
Estas declarações proferidas pelo progenitor de Ana e Carolina terão afectado Pinto da Costa devido “ao tom utilizado e às expressões manifestamente injuriosas”, esclarece Moreira dos Santos.
Mas nenhuma medida será para já tomada pelo alegado ofendido: “Apresentar queixa agora não serve de elemento dissuasor. Vamos analisar as declarações que prestou e aguardar para ver o que irá dizer às autoridades a quem já se ofereceu para prestar esclarecimentos. Essas frases, como são assinadas, têm outro valor e não há forma de depois as negar”, adianta.
O causídico que agora defende o líder portista, afirma que o seu cliente “considera que o que se tem falado passa à margem da sua pessoa”. “São assuntos quentes no seio da família Salgado. Nada têm a ver com o presidente. Agora ver o seu nome envolvido em ‘transferências’ obviamente que o incomoda. Não foi tanto a palavra, foi o dar a ideia de que foi uma manobra dele”, afirma.
Moreira dos Santos esclarece ainda que Pinto da Costa “refuta qualquer acusação de que Ana Maria se tenha passado para o seu lado.