1. Em duas páginas a que, muito por certo para se defender em termos jurídicos, chamou de “Humor”, e sem qualquer assinatura de autor, o “Record” decidiu voltar a publicar – já é o terceiro a fazê-lo, depois de Alberto Miguéns no jornal “Benfica” e de Leonor Pinhão na sua coluna d’ “A Bola” – o excerto de uma conversa que, num âmbito perfeitamente jornalístico, mantive com Pinto da Costa – que me deu para O PATO uma notícia sobre Deco – alargando esse seu frenesim à publicação de uma outra conversa entre o mesmo Pinto da Costa e Antero Henrique, chefe do Departamento de Futebol do FC Porto.
2. É certo que quem escreveu esse “humor” teve o cuidado de se prevenir de uma outra forma, adiantando: “Tecnicamente, há duas hipóteses – a) o primeiro interlocutor (Pinto da Costa) oferece uma cacha jornalística ao segundo (eu); b) propõe-lhe uma manobra de chantagem envolvendo o jogador Deco, que seria o último a saber”. O que mostra bem a raça de quem escreveu tal peça…
3. Só que há uma coisa: eu não sou nem arguido nem testemunha no processo Apito Dourado e já estou farto de, há falta de outros argumentos contra mim, ver publicadas estas escutas. Pelo que incumbi o meu advogado de, para além do processo a João Manha (que já aqui anunciei na semana passada) processar igualmente o “Record”. E não com o euro simbólico que pedi a Luís Filipe Vieira (noutro processo em curso) e que vou pedir a João Manha: com uma indemnização a sério que – caso ganhe esse processo, como espero – irá para uma instituição de caridade, de resto já definida. Assim como irei ver o que pode fazer-se relativamente a estas fugas de informação que violam não só a minha privacidade como o próprio exercício da minha profissão, uma grande parte da qual é a busca de notícias, ou “cachas”, como diz o “Record”. Pelo que se puder ser bom a quem permite ou favorece tais fugas, contem comigo.
4. Embora o meu ponto fundamental não seja que publiquem coisas destas, ou que o presidente do Benfica se tenha permitido dizer o que disse a meu respeito. É – isso sim – garantir-lhes que não podem botar pela boca (ou pela caneta) fora todas as aleivosias que lhes vêm à cabeça, ou que (em pura campanha) acham interessante para eles (ou para outros) publicar. Porque – podem estar cientes disso – daqui ninguém leva nada sem pagar em seguida. Mesmo que a Justiça os absolva. Só que esse é um problema da Justiça, não meu.
De borla, é que não: banco dos réus, pois claro.
5. Com duas notas a acrescentar. Uma: se um qualquer juiz entender que aquilo que estes fulanos disseram e insinuaram a meu respeito não merece condenação, sentir-me-ei livre (e escudado na lei) para dizer e insinuar a respeito deles o que aqueles que vou levar a tribunal disseram e insinuaram sobre mim. Isso é certo e seguro. A outra: que, uma vez que se demonstra que tudo isto parte de gente do Benfica – Luís Filipe Vieira, João Manha, Leonor Pinhão – com o “Record” a servir de caixa anónima de ressonância, terei de dizer-lhes o seguinte: vejam lá se de vez em quando ganham um campeonatozinho, que isso passa-vos…
Por mais que, em tal matéria, eu não possa fazer nada, é claro.
6. Por outro lado: eu bem sei que Ana Salgado pôs em causa – sem na SIC o nomear, é verdade, mas isso porque a pessoa que a entrevistou não lhe pôs algumas perguntas que devia ter-lhe posto – um membro da equipa de Maria José Morgado, no que diz respeito à actuação de Carolina na tentativa de acusação a Pinto da Costa. Para além de que entendo que todo este episódio é efectivamente, de parte a parte, muito triste. Mas não dá para compreender a defesa que a referida juíza faz do seu “team”, como se se tratasse de um grupo imune à prática da menor entorse aos “sagrados” princípios da instrução de um processo. Que diga que ela não quebrou qualquer regra, tudo bem: eu, por exemplo, até acredito nisso. Mas, e os outros? Como pode ela (Maria José Morgado) garantir que eles não quebraram regra nenhuma? E baseada em quê? No que eles lhe disseram, ou até escreveram? Porque achará ela que se eles tivessem violado regras lho iriam confessar oralmente ou por escrito? Será ingénua, a senhora? Não saberá ela, que tanto se empenha (e bem) contra a corrupção nas suas diversas formas, que essa corrupção atinge todas as corporações, se não por igual, pelo menos de forma aproximada? Olhe, eu vou perguntar-lhe o seguinte: não acredita que se Vieira, Manhã, Pinhão (via MP ou não) e “Record” tivessem contra mim outra coisa para além dessa escuta (que lhes foi fornecida do interior do corpo da Justiça) não a teriam já posto a circular?
7. Mais, porém (e é uma pergunta que aqui deixo): em que é que o depoimento de Carolina Salgado vale mais (ou menos) do que o de Ana Salgado? Mas outra pergunta ainda: por que não investigar a fundo o papel de Luís Filipe Vieira e de Leonor Pinhão em tudo isto?
8. A terminar: vou para férias, que bem preciso. Até breve.
É assim mesmo ATT. Contra esta corjita só nos tribunais...Aliás, hoje a corjita do CM ressuscita este assunto à falta de melhor. É simplesmente patético. Sendo a rubrica O PATO uma secção com rumores, é evidente que têm várias fontes que lhe fornecem informações. Fazer disto um caso é simplemente patético porque haverá centenas de conversas como estas entre vários presidentes, vários dirigentes e os jornalistas e as suas fontes.