1- Quando chega o momento em que concordamos com o
Miguel Sousa Tavares em quase todos os pontos quando às exibições da equipa, considerando eu que ele até exagera sempre aqui e ali nas críticas, mas não nesta em particular, descobrimos que afinal há quem também veja o óbvio. Todos os aspectos por ele apontados já eu o disse aqui.
Qualidade da equipa sem precedentes em qualidade e quantidade. Li algures, alguém questionar:
"Absurdo haver um plantel destes na liga portuguesa". E depois com um Ferrari destes:
"se tem jogadores, Lopetegui não tem ainda uma equipa de classe, jogando um futebol que entusiasme. Muita posse de bola, muita (demasiada) segurança construtiva, imensa e estranha falta de capacidade criativa no sector ofensivo (meio-campo e ataque), que foi justamente aquele que mais se reforçou. Dos 90 minutos de cada jogo, 20 são de futebol de ataque e domínio, geralmente bom, por vezes muito bom; 20 são de consolidação do resultado, porém sem cuidar de matar o jogo; e 50 são de profundo aborrecimento. O público, que tem comparecido em massa no Dragão, mostrando o quanto quer acreditar nesta nova equipa, merece e espera bem mais do que sem visto até aqui;" E eu até acho que ele exagera nos "20 minutos de ataque e domínio, por vezes muito bom". Aonde? Em Lille? Não. Em P.Ferreira? Não. Contra o Moreirense? Se reduzir isso a 10 minutos finais ainda dou um desconto. Em casa com o Lille? Não me lembro. Será que houve 20 minutos contra o Marítimo? Talvez. Pois quanto às restantes constatações :
"imensa e estranha falta de capacidade criativa no sector ofensivo (meio-campo e ataque), que foi justamente aquele que mais se reforçou." e a conclusão óbvia
"50 são de profundo aborrecimento. O público, que tem comparecido em massa no Dragão, mostrando o quanto quer acreditar nesta nova equipa, merece e espera bem mais do que sem visto até aqui"
E resume o que também já tinha escrito:
"Mas recordo que na época passada também o arranque da equipa de Paulo Fonseca foi brilhante: 7 vitórias e 1 empate no campeonato, primeiro jogo com vitória fora na Champions. E depois, na hora da verdade, viu-se que tudo assentava em pés de barro. " e
"Digo apenas que esta equipa é incomparavelmente melhor e com muito mais soluções e que, por isso mesmo também, o grau de exigência é maior."
Ou seja, tudo o que venho criticando jogo após jogo está ali descrito no artigo do Miguel Sousa Tavares.
Eu sei que é mais fácil esperar para ver.
Eu sei que é mais fácil ir na onda dos resultados do momento.
Eu sei que é mais fácil ir sempre pela versão oficial e ter duas faces e depois caso corra mal ir pela face que der mais jeito.
Eu não avalio o que vai fazer no futuro. Eu avalio o que fez até agora. E fico pasmado com as avaliações que outros fazem. Para já foi pouco mais que banal com tanto talento em mãos. Prometeu ilusão, mas as ideias que trouxe, os problemas que criou e o estilo de jogo que adoptou nestes primeiros jogos foram decepcionantes.
Mas ninguém está dizer que o plantel não presta, que os jogadores têm feito asneiras comprometedoras, que não há matéria-prima e soluções para fazer muito, muito melhor. Aliás, é isso que se está a pedir.
É por isso que criticar e apontar defeitos neste estado de graça "resultacionista" é impopular.
Seria muito mais fácil dizer como fazem os outros à La Palice, que é preciso tempo. Para já somos cegos, surdos e mudos. Parece a fase de enamoramento. Já outros são mesmo desonestos, tendo em conta o que disseram num passado recente perante as mesmas circunstâncias, mas quando a qualidade em mãos não tinha nada a ver.
O que se está a dizer é que com o Ferrari que tem em mãos, só um muito medíocre é que não conseguiria colocar a equipa a jogar mais, muito mais. Esperemos que o "cagãozito" tenha unhas.
Ou seja, ao criticar o actual estado tem-se a desvantagem toda. Pois, perante a matéria-prima em mãos, espera-se melhorias nem que seja por inércia no futuro. A mim basta que o espanhol não intervenha muito. Alguns, não percebendo, virão mais tarde atirar à cara isso caso a equipa jogue melhor. Que feito extraordinário seria.
Curiosamente, o próximo adversário, V.Guimarães não precisou de tempo, do estado de graça, de contratações milionárias e plantéis de luxo.
Não, no primeiro jogo fora de casa(1-3), colocou 6 jogadores vindos da equipa B e nas substituições ainda colocou mais um: 7 jogadores formados ou que passaram pela equipa B; no segundo jogo em casa(3-0) colocou os mesmos 6 jogadores vindos da equipa B, nas substituições entrou mais um que não o mesmo do jogo anterior e meteu ainda outro vindo de equipas como Castelo Branco. Perdeu o seu capitão Moreno e voz de comando para um mês numa equipa destas; no jogo seguinte foi ao Restelo (0-3), sem o capitão, reduzido a 10 unidades desde os 20 minutos e com os mesmos 6 jogadores vindos da equipa B e deu três.
A juntar ao capitão, Moreno, perdeu o titularíssimo Alex por lesão, que se juntou ao Ni pelo castigo da expulsão para o jogo contra o FC Porto.
Mesmo com todas as contrariedades, rezam as crónicas , V.Guimarães do Rui Vitória jogou bem, ganhando com uma equipa maioritariamente vindos da equipa B e outros jogadores que nunca ouvimos falar, das mais variadas origens, desde Castelo Branco à Austrália. Não precisou de tempo, nem desculpou-se com nada. Lopetegui já veio dizer que vai ser dificílimo Claro, ainda se o Lopetegui tivesse o plantel do Rui Vitória. Ou visto de outra perspectiva imaginem se o Rui Vitória tivesse o plantel do Lopetegui? Azar o dele. Nesta altura ainda não tinha tido tempo e estaria amedrontado. Mas se o Lopetegui ganhar teremos a prova provada da competência. Nunca imaginaríamos com esta diferença de forças.
2- Paulo Bento. Não faz qualquer sentido tenha partido de que parte a iniciativa da rescisão. Reforçou-se poderes, de quem já tinha dois apuramentos para as fases finais, uma meia-final de um campeonato da Europa, apanhando o comboio e salvando-o(para os esquecidos) com pior leque de escolhas de sempre dos últimos anos, um Mundial não conseguido, mas já nesta fase em que a qualidade escasseia e os que ainda restavam estiveram miseráveis, com jogadores cansados, lesionados, expulsões, mas não fazendo pior que outras selecções com grandes catedráticos e com outros argumentos , e logo à primeira contrariedade num apuramento que é uma autêntica palhaçada, pois quase que só não se apura quem faltar aos jogos e onde historicamente temos sempre dificuldades no apuramento, com playoffs atrás de playoffs e mesmo quando tivemos selecções muito superiores e quando se pedia renovações, e eu tenho grandes esperanças nos jovens Sub21 e Sub19, quando a estrutura estava a ser reforçada como o Presidente da Federação assumiu recentemente e tudo se desmorona com um resultado, no primeiro jogo e por pressão popular? Sim. Nisto estou como o Carlos Queiroz. Um cemitério de treinadores portugueses e por mim, a direcção da Federação deveria cair junto, por mostrar tanta fragilidade e incapacidade de liderança.