1- Ao ver a forma displicente e generosa como o SC Braga entrou no jogo com o Benfica, estendendo-lhe a passadeira para o primeiro golo, ainda não estavam decorridos 2 minutos e metade dos seus jogadores ainda não tinha tocado na bola, preparei-me para assistir a mais um passeio do Benfica em terras do Minho. Mas, aos poucos, começou a aparecer um Braga próximo do que eu tinha visto no Dragão e que foi a melhor equipa que por lá passou este ano. O suficiente para levar de vencida o Benfica, apesar de dois penalties, todavia evidentes, de Eliseu sobre Pardo e que ficaram por marcar. E assim, a classificação fica mais de acordo com o que se tem passado. E o Benfica, como se diz na caça, já está à distância de tiro.
2- Depois da traumática derrota com Sporting, o FC Porto enfrentava uma semana que podia ajudar a recompor as coisas ou, pelo contrário, fazer instalar a descrença e a depressão. Felizmente, tudo correu bem. Num jogo sofrido e nervoso, com uma boa primeira parte e uma segunda parte de resistência, o FC Porto lá levou de vencida o Athletic de Bilbao - não sem que, mais uma vez, tenha sido uma oferta defensiva a abrir caminho ao golo do adversário. Um imenso suspiro de alívio acolheu o apito final do árbitro, no Dragão. Com 7 pontos em três jogos, o FC Porto aproveitou o grupo acessível que lhe saiu na Champions e é a única das três equipas, não portuguesa mas com sede em Portugal, que está em condições de ultrapassar a fase de grupos.
3- Contra o Arouca, aconteceram várias coisas interessantes, com um desfecho eloquente. Em primeiro lugar, Lopetegui não voltou a mudar meia equipa, apenas um jogador. Em segundo lugar, a equipa não entrou adormecida e sem pressa, pelo contrário, tratou logo de ir para cima do adversário e assim se manteve até garantir a vitória. E, por
último, foi o jogo em que o FC Porto teve menos posse de bola (59% — uma raridade em relação aos números habituais). Ou seja: em vez de se recrear (e sofrer) naquele futebol espúrio de passa, repassa e volta a passar, tudo lá atrás, preferiu jogar para a frente, até por aconselháveis cautelas. Resultado: um passeio e uma vitória por 5-0, que podia ter sido ainda bem maior. Elementar, meu caro Lopetegui!
4- Seis dos jogadores que jogaram contra o Arouca estiveram ausentes do jogo contra o Sporting, embora estivessem disponíveis. E, muito embora aí a sorte do jogo tenha sido sempre madrasta contra os azuis e brancos, não consigo deixar de pensar que bastaria que Lopetegui tivesse alinhado contra o Sporting uma equipa apenas ligeiramente menos absurda, e o resultado teria sido bem diferente. Porque é tão evidente que o FC Porto é superior ao Sporting!
5- Aos 2 minutos do jogo de Arouca, Jackson Martinéz é rasteirado dentro da área, quando ficaria cara a cara com o guarda-redes. Era penalty e expulsão. A jogada foi clara e Xistra estava bem em cima dela. Nada assinalou. Comentário do relator da Sport TV:
— Nuno Coelho impede a progressão de Jackson...
Resposta do comentador de serviço:
— Parece que sim...
E adiante, sem mais uma palavra sobre o assunto até final, como se
nada de importante tivesse acabado de suceder. Isto, depois de uma semana de histeria jornalística com um penalty assinalado contra o Sporting, na Alemanha... Aliás, é curioso ver como a mesma imprensa que caiu em cima de Lopetegui quando ele, muito legitimamente, se insurgiu contra o assalto de Guimarães, já achou perfeitamente normal e mesmo louváveis os ataques de Marco Silva ao árbitro de Gelsenkirchen ou os de Jorge Jesus ao árbitro do Mónaco - e aqui, sem razão de espécie alguma. A legitimidade das reclamações, meus caros amigos, não depende do predicado, mas sim do sujeito.
6- Aliás, e just for the record: aquele penalty sobre Jackson não foi o único a favor do Porto que Xistra deixou passar em claro, numa arbitragem de tal maneira inclinada que só não se tornou escandalosa porque o resultado a apagou.
7- Porque à mesma hora jogava o Porto contra o Bilbao, não vi o jogo do Sporting na nossa (dos portistas) bem aventurada Arena Auif Schalke. Só vi as imagens do resumo e os tais lances controversos. O segundo golo dos alemães é off-side, mas daqueles que só se enxerga em repetição lenta. O penalty a favor do Sporting (do tal árbitro que os sportinguistas juram ter sido comprado pela Gazprom), podia muito bem não ter sido assinalado. E o penalty ao cair do pano que ditou a derrota leonina, não existiu, de facto, e adulterou o resultado
final. Mas quem manda ao Jonathan saltar de braço bem aberto em direcção à bola? Ele que, segundo a opinião da insuspeita Leonor Pinhão, já havia metido uma mão à bola, impune, no jogo da Taça contra o Porto? Ele que, segundo julgo lembrar-me, também já havia protagonizado um encontro da bola com a mão, ou vice-versa, e igualmente impune, no jogo de Alvalade contra o Porto e que muitos portistas viram como penalty não assinalado? Não seria mais avisado habituar-se a recolher as mãos?
8- A absurda tentativa de o Sporting ver a UEFA mandar repetir o jogo de Gelsenkirchen ou indemnizá-lo em 500 000 euros, porque o árbitro assinalou indevidamente um penalty, faz jus a uma antiquissima tradição daquele clube de reclamar de tudo e todos, em todo o lado. Mas mostra também uma persistente incapacidade de perceber o que é a Europa do futebol, o que são as contingências do jogo e qual a atitude que os verdadeiros grandes clubes têm: hoje é-se prejudicado, amanhã é-se beneficiado. Só quem acha que vai regenerar o futebol do planeta inteiro e patentear a fórmula científica para a infalibilidade da «verdade desportiva» é que acredita que o seu caso é único e jamais visto.
9- Mas nem de tudo os sportinguistas se podem queixar: vão em três jogos consecutivos em que abriram o marcador com auto-golos dos adversários. Quem me dera a mim que o Porto beneficiasse de três auto-golos em toda a época!
10- Não sei se Luís Duque é ou não uma provocação ao Sporting, congeminada entre Benfica e Porto. Mas se o é, foi o que Bruno de Carvalho mereceu. A sua desesperada tentativa de perpetuar em funções os seus serventuários da Liga, lançando mão de expedientes de uma sem vergonha jamais vista, não merecia outra resposta. Pior só a hipocrisia de dizer que não estava disponível para discutir nomes antes de discutir as «propostas» que apresentara para a «regeneração do futebol português» . Claro que não queria discutir nomes, porque os nomes que lá estavam lhe serviam perfeitamente. E, quanto às propostas, esse arrazoado de lugares-comuns e disparates cozinhados em cima do joelho, só me faz lembrar o célebre comentário de Marcello Caetano à tese de doutoramento do não menos tristemente célebre Professor Soares Martinez: «Olhe, doutor, a sua tese tem partes boas e partes originais. Infelizmente, as partes boas não são originais e as partes originais não são boas.»
11- Doze dias passados sobre o Porto-Sporting e o anúncio de Bruno de J Carvalho de que ia ser morto e esquartejado no Dragão, de que o Sporting iria ser recebido a tiro e à bomba, perante a inércia da justiça preventiva, e, afinal, nada, rigorosamente nada se ter passado - nem um incidente com os dirigentes ou com os adeptos, por menor que fosse — tenho aguardado em vão por um dos infalíveis comunicados do clube dos cavalheiros a reconhecer que ofendeu sem razão. E a anunciar que, em Alvalade, o FC Porto será sempre recebido da mesma maneira que o Sporting o foi no Dragão. Afinal, onde estão os cavalheiros?
12- Depois de uma época desportiva em que o FC Porto acabou em terceiro lugar no campeonato, não ganhou coisa alguma, e em que a sua SAD apresentou 40 milhões de prejuízos a acrescer à divida de mais de 200 milhões, os prémios (!) pagos aos seus administradores (acumulando com vencimentos de luxo) são simplesmente injustificáveis.
in abola
in UEFA: «o protesto apresentado pelo Sporting foi considerado inadmissível pelo Comité de Controlo, Ética e Disciplina».
clap...clap...clap...