Quem regularmente vai ao Dragão nem imagina o que se passa naquela sala vidrada, situada no topo sul. As 139 câmaras montadas convergem para três écrans e qualquer movimento suspeito ou brusco é de imediato controlado pelos operadores e forças policiais
Tomaz Andrade
Há dez estádios novos em Portugal mas só um tem a mais alta tecnologia em sistemas de vigilância. O Estádio do Dragão, que o FC Porto entrega hoje à Sociedade Euro'2004 - é o primeiro recinto a ser entregue -, é um prodígio de segurança em matéria de vigilância electrónica, uma vez que quase nada - a não ser algumas zonas privadas - escapa às 139 câmaras montadas em lugares estratégicos.
As empresas responsáveis pelo sistema (a Sony e a Alcatel) confiam tanto no material de vigilância que não se importam de colocar a fasquia alta com a seguinte mensagem: câmaras capazes de ler um jornal de um lado ao outro do estádio. Na visita guiada que o FC Porto, em conjunto com estas empresas, organizou ontem, os jornalistas ficaram com a prova. Não com a leitura de um jornal, porque não havia ninguém no estádio, mas com uma coisa mais convincente e difícil: uma câmara montada no exterior do recinto focou a torre da Igreja das Antas (a uma distância de cerca de 500 metros) e no écran da sala de controlo surgiu de forma nítida o relógio: eram 13h05. Um sistema que faz a delícia de qualquer força policial e que está em funcionamento desde o dia 16 de Novembro, data da inauguração do Estádio do Dragão.
A grande vantagem deste sistema, o único dos novos estádios com tecnologia digital - nos outros recintos o sistema é analógico -, é que assenta numa rede IP. Por outras palavras, tudo converge para uma única base de dados. A partir da sala de controlo de operações, situada no topo sul, todo o estádio, desde as bancadas aos parques de estacionamento, é vigiado. Com três enormes écrans, várias câmaras podem ser vistas em simultâneo. Normalmente, são três os operadores que trabalham em dias de jogos. "Quisemos uma solução tecnológica avançada. Para a gestão de multidões este sistema é fundamental", referiu Angelino Ferreira, administrador da PortoEstádio, enquanto Carlos Pinto, representante da Sony, aplaudiu a coragem do FC Porto em apostar num sistema inédito: "Não era normal aplicar um sistema CCTV (Close Circuit TV) num espaço tão grande".
Para se ter uma ideia das dimensões, na Expo'98 foram montadas menos de 50 câmaras, muito longe das 139 que vigiam o Dragão. Para João Salgueiro, da Alcatel, este sistema de vigilância "é o que de mais audacioso se fez" até agora em Portugal e "a prova de fogo será no Euro'2004". Até é possível ver o acne de um hooligan.
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