Processo conexo ao Apito Dourado
Carolina Salgado disse às autoridades não saber quem bateu em Ricardo Bexiga
Carolina Salgado não sabe quem bateu ao vereador Ricardo Bexiga. Foi isso, pelo menos, que declarou às autoridades que investigam os processos conexos ao Apito Dourado. A ex-companheira de Pinto da Costa apenas revelou um terceiro autor moral do crime: Fernando Madureira, líder da claque dos Super Dragões, terá sido encarregue de contratar os dois operacionais que espancaram o vereador da oposição na autarquia de Gondomar.
As declarações de Carolina Salgado contrariam o que a própria escreveu no seu livro recentemente publicado. Nele, a ex-companheira de Pinto da Costa não revela quem eram os operacionais da agressão, mas deixa subentendido que sabe de quem se tratava, porque havia sido ela a arregimentar os seus serviços. "Fui-me encontrar com outros sujeitos, com o mesmo currículo, e que levaram o trabalho direito até ao fim", pode ler-se em Eu, Carolina, livro que já vai na sua 12.ª edição.
A confessa autora moral do atentado à vida do autarca Ricardo Bexiga não concretizou as acusações, o que poderá fazer perigar a investigação e gerar novos processos. Ainda mais porque Fernando Madureira e o próprio Pinto da Costa (outro dos alegados autores morais do crime) negam qualquer participação nos factos.
"É completamente falso. Para mim é igual que a Carolina Salgado diga que fui eu que bati ou que mandei bater. Ela vai ter de o provar em tribunal", afirmou ao PÚBLICO o líder da claque dos Super Dragões, assegurando ter dado instruções ao seu advogado, na passada segunda-feira, para avançar com uma queixa-crime por denúncia caluniosa.
Também já não é a primeira vez que Carolina Salgado fala às autoridades sobre a agressão a Ricardo Bexiga. O PÚBLICO sabe que a ex-companheira do presidente do FC Porto já havia revelado, no departamento que investiga a criminalidade económica da Polícia Judiciária, em Lisboa, alguns pormenores da alegada agressão. Também aí terá mostrado idêntica incerteza relativamente aos autores materiais do crime, nada tendo acrescentando quanto à sua identificação.
Os depoimentos de Carolina Salgado foram ainda marcados por alguma falta de comunicação entre as autoridades. O inquérito sobre a agressão a Ricardo Bexiga estava, na altura em que Carolina Salgado revelou aqueles pormenores, pendente do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto, mas este departamento nunca foi informado do que Carolina Salgado havia dito à Polícia Judiciária.
As declarações só foram conhecidas no momento em que o processo transitou para as mãos da equipa liderada pela procuradora-geral adjunta Maria José Morgado, que passou a unificar a informação. Contactada ontem pelo PÚBLICO, Maria José Morgado recusou prestar esclarecimentos sobre o interrogatório à ex-companheira de Pinto da Costa.in Público
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