sexta-feira, janeiro 12, 2007

Foi há 19 anos...










FCPORTO VENCEDOR DA SUPERTAÇA EUROPEIA

Feito único até hoje na história do futebol português.



1ª MÃO
Data: 24 de Novembro de 1987.
Local: Estádio De Meer, em Amsterdão (Holanda).

AJAX - Menzo; Blind, Verlaat, Winter, Rob Witschge; Van 't Schip, Bergkamp, Wouters(De Boer), Bosman, Muhren(Richard Witschge) e Dick.
Treinador: Barry Hullshof.

F.C. PORTO - Mlynarczyk; João Pinto, Inácio, Geraldão, Lima Pereira; Frasco (Quim), Jaime Magalhães, Rui Barros; Gomes, Sousa e André.
Treinador: Tomislav Ivic.

Marcadores: 1-0, Rui Barros (5m).

2ª MÃO
Data: 13 de Janeiro de 1988.
Local: Estádio das Antas, no Porto.

F.C. PORTO - Mlynarczyk; João Pinto, Lima Pereira, Geraldão, Inácio; Bandeirinha(Semedo), Jaime Magalhães, Rui Barros; Sousa, André e Gomes(Jorge Plácido).
Treinador: Tomislav Ivic.

AJAX - Menzo; Blind, Larsson, Wouters, Hesp; Van 't Schip, Muhren, Winter, Bergkamp(Meijer), Bosman e Rob Witschge(Roy).
Treinador: Barry Hullshof.

Marcadores: 1-0, Sousa (70m).


No OJogo:

Faz hoje 19 anos que o FC Porto venceu a Supertaça Europeia

Os primeiros campeões

Só de olhar para o palmarés actual, o adversário fica com medo dos portistas, mas houve uma altura em que não era assim. Como em 1988, quando a equipa treinada por Ivic venceu por duas vezes o Ajax


O frio que fazia no dia 13 de Janeiro de 1988 na cidade do Porto não devia ser muito diferente daquele que hoje se sente. Afinal, em 19 anos nem tanta coisa mudou nas condições meteorológicas. Mas esse dia foi diferente para os adeptos portistas, que acordaram com a expectativa de aumentarem o palmarés do clube. Quando a noite caiu, o FC Porto tinha ganho a primeira, e única, Supertaça Europeia da sua história. Um feito marcante, que hoje comemora o 19º aniversário.

Depois de ter espantado a Europa ao vencer o Bayern de Munique na final da Taça dos Campeões Europeus, em Viena, o FC Porto foi jogar com o Ajax, a Amesterdão, para a primeira mão da Supertaça Europeia, realizada em 24 de Novembro de 1987. Rui Barros marcou um golo aos cinco minutos e o resultado não se alterou mais.

"Não havia favoritos, mas fizemos um jogo especial na Holanda e vencemos. O Ajax, que era uma potência mundial, pressionou-nos bastante, pelo que optámos pelo contra-ataque, aproveitando a velocidade do Rui Barros", conta Jaime Magalhães, extremo-direito que actuou nas duas partidas.

Antes da segunda mão, o FC Porto teve tempo de ir a Tóquio vencer a Taça Intercontinental, como recorda Fernando Gomes. "Estávamos na senda dos êxitos. Em Amesterdão fizemos um jogo extraordinário e um golo até foi escasso para o que jogámos".

A explicação tem-na Jaime Magalhães. "Falhei um golo que até a minha filha marcava. Inclinei o corpo para trás e a bola subiu muito".

No Porto, no tal dia 13 de Janeiro de 1988, os holandeses foram despachados com o mesmo resultado de Amesterdão, desta vez com um golo de Sousa, aos 70 minutos, e o troféu ficou nas Antas. "Estava a chover e o relvado ficou todo empapado. Tínhamos uma equipa boa, mas acima de tudo tínhamos jogadores que queriam fazer história. Era uma equipa forte e solidária", lembra Fernando Gomes.

Após o jogo houve festa no balneário e nas ruas. "É verdade que a festa não foi tão grande como quando vencemos em Viena, mas foi uma celebração bonita", recorda Jaime Magalhães.


A fórmula do sucesso
Futebol rigoroso


Recuar a memória 19 anos leva-nos a uma equipa de luxo do FC Porto, comandada por Tomislav Ivic. Esta que aparece aqui ao lado foi a que venceu o Ajax nas Antas, embora não haja grandes diferenças com a que jogou em Amesterdão, no mítico De Meer. O futebol evoluiu bastante e Jaime Magalhães faz um paralelo interessante com a actualidade.

"Na altura, jogávamos mais por sectores, mas hoje os jogadores são mais vadios, há mais liberdade de movimentos. Daí que hoje seja mais fácil para um jogador mostrar o que vale. Eu, por exemplo, não podia sair do lado direito, havia uma estrutura rigorosa", conta.

O jogo das Antas foi presenciado por 50 mil espectadores e dificilmente saiu da memória de quem o viu. No Ajax figuravam nomes como Bergkamp, a dar os primeiros passos, Wouters, Blind e os irmãos Witschge.


Augusto Inácio, treinador do Ionikos

"Rui Barros ganhou contrato com a Juventus"



Que recordações guarda da conquista da Supertaça Europeia?
Lembro-me que foram dois jogos e vencemos o primeiro graças a um esquema que o Ivic montou, com Gomes e Rui Barros, este mais solto, na frente. Acho até que foi nesse jogo que o Rui Barros, autor do nosso golo, ganhou o contrato com a Juventus. O Ajax tinha grande equipa nessa altura, mas, nas Antas e com um terreno muito pesado, ganhámos outra vez, com um golo do Sousa. Essa conquista traduziu a superioridade do FC Porto.

"É mais fácil ganhar agora uma Supertaça"


O futebol sofreu alterações. Nota diferenças entre ganhar um título europeu nessa altura ou agora?
Agora é mais fácil ganhar uma Supertaça Europeia, que se disputa num só jogo. E num jogo tudo pode acontecer. Em duas mãos, sobretudo contra um adversário forte, há mais riscos de se perder. Ou, mesmo ganhando, o adversário ainda pode corrigir. O futebol jogado não mudou assim tanto. Na altura, éramos uma equipa muito rigorosa: sofríamos poucos golos e é verdade que também não marcávamos muitos. Não jogávamos um futebol espectacular, vistoso, mas tínhamos um sistema muito eficaz.

"Não trocava nenhum jogador"


Que jogadores dessa altura é encaixavam bem no actual FC Porto?
Sei que queria que respondesse o defesa-esquerdo, mas não sou vaidoso [risos]. Fazendo o exercício ao contrário, não trocava nenhum dos jogadores dessa equipa por um actual. Helton é o melhor em Portugal, mas prefiro o Mlynarczyk; João Pinto não dava para trocar; os centrais da altura eram melhores. Na esquerda, contrataram agora mais um, não é? O Lucho é excelente e talvez rivalizasse com o nosso meio-campo. Na frente, continuava a preferir ter o Gomes e o Rui Barros.