Alcides Freire no OJOGO:
O que faz um multimilionário quando descobre um risco no vidro traseiro do seu Ferrari FXX de dois milhões de euros? Encolhe os ombros e troca por um novinho em folha. Poderia arriscar trocar por outro modelo, necessariamente mais barato do que o mais caro de todos, mas nem coloca essa hipótese.
O que faz o FC Porto depois de vender Anderson e Hugo Almeida por um total de 36,5 milhões de euros?
Liga ao representante de Shevchenko, tenta aproveitar o mau relacionamento do ucraniano com José Mourinho e procura saber qual é o "mínimo dos mínimos" que o avançado pede para trocar Londres pelo Porto. Em sonhos, talvez. Na realidade, é obrigado a recordar que essa certeza geográfica de que Portugal está na Europa é muito diferente de ser da Europa. O que o FC Porto faz é o lógico e o possível.
Contrata o Leandro do Bonfim e o Renteria, porque foram dos melhores do Mundial de Sub-20, descobre o Deco e o Anderson em divisões secundárias, aposta em jogadores de clubes da metade inferior do campeonato português.
Às vezes, os diamantes por lapidar revelam-se em pedras, noutros casos brilham.
Talvez por isso, a selecção de Portugal que somou ontem dinheiro num jogo no Koweit inclui no seu "onze" cinco jogadores - Bruno Alves, Bosingwa, Raul Meireles, Quaresma e Hélder Postiga - do plantel que foi bicampeão nacional e ainda mais dois - Paulo Ferreira e Deco - que ajudaram à vitoriosa caminhada que começou em Sevilha e terminou em Gelsenkirchen. Podia ser melhor, mas nesse caso seria o FC Porto a somar milhares com um jogo num qualquer país de xeiques.
ESPIAR NOS SATÉLITES
Minimercado
Anderson já foi, falta Quaresma, Pepe, Bosingwa, Lucho e Bruno Alves. Afinal, ainda restam jogadores capazes de encaixar nas melhores equipas europeias. Mas também há Bruno Gama, Castro e Zequinha que, apesar de menos famosos, têm igualmente grandes clubes da Europa a seguir-lhes os passos.