terça-feira, outubro 12, 2004

As culpas são sempre dos outros...

Ontem tivemos mais um discurso a sacudir a água do capote do Cholari...é uma vergonha...


Ver este artigo de opiniãoTábua sem verniz


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Scolari, o educador

O seleccionador lançou ontem suspeitas sobre o comportamento de 12 (!) treinadores a propósito do Portugal-Espanha de Guimarães. Não pôs o nome a nenhum - o que é feio, muito feio - e continua a saga de reclamar que o povo e os jornalistas abanem a cabeça a tudo o que diz e faz, como os burros.

FERNANDO SANTOS

Scolari fez ontem mais um dos números em que é especialista: falou ao coração do povo e não se limitou a convocá-lo para o jogo de amanhã com a Rússia; pediu-lhe que apareça nas bancadas de Alvalade de cachecol de Portugal ao pescoço. Muito melhor na arte da comunicação e marketing, no arregimentar de massas populares do que na adaptação às concepções e exigências do modelo do futebol europeu, o seleccionador voltou ao seu estilo: truculento, cara de mau, armado em educador dos jornalistas que não se vergam e recusam-se a entrar no grupo dos que já amestrou. Bastou afinal um empate escandaloso, muito mais obra de uma exibição desastrada e de opções tácticas erradas do que de um grama de mérito dos amadores do Liechtenstein, para se perceber que a simpatia de Scolari durante o Euro'2004 se assemelhou a uma cirúrgia plástica daquelas que as tias fazem mas acabam por só servir de interregno breve à amostragem de rugas.

O seleccionador tem toda a razão do mundo ao considerar que um dia mau pode acontecer a qualquer um e fica-lhe até bem fazer, como fez, um acto de contricção pelo subrendimento, também táctico, em Vaduz. É legítimo que peça a continuidade do apoio do povo à Selecção. Não pode é reclamar um completo cheque em branco perante exibições descontínuas, sofridas, juntando ainda ao pedido que o povo e a crítica se arrumem num abanar de cabeça... asnático.

Eram-lhe já conhecidas várias facetas, mas ontem Scolari mostrou mais uma: a de quem só tem frontalidade para o que lhe convém e não põe o nome aos bois quando opta por armar confusão - há quem possa chamar-lhe calúnia.
Mais de um ano depois da humilhação de um Portugal-Espanha em Guimarães, Scolari fez uma desconchavada comparação com o jogo do Liechtenstein e acusou dirigentes e treinadores de então de terem dado instruções a alguns jogadores para se pouparem na Selecção, para não meterem o pé. Nomes, nem um...

O seleccionador pôs em causa, entre outra gente, vários treinadores: Fernando Santos, Camacho, Mourinho, Jesualdo Ferreira, Erwin Sanchez, Felix Magath, Carlos Queiroz, Roberto Mancini, Carlo Ancelotti, Vahid Halilhodzic, Javier Irureta e Chris Coleman.

A quem se referiu, Scolari? Não sabe que é feio, muito feio, um condutor de homens fazer acusações generalistas e fora de tempo? E que é ainda pior querer "educar" os jornalistas com exemplos destes?