ATT no OJogo:
Fernando Santos Neves:
No próximo dia 30, pelas 18 horas, Fernando Santos Neves, reitor da Universidade Lusófona e criador da primeira licenciatura de Ciência Política, vai abrir um debate, que ele mesmo moderará sobre um tema muito interessante: "Selecção Nacional, uma questão política?". Um debate para o qual estão de resto convidadas muitas personalidades de relevo ligadas ao futebol, entre elas Gilberto Madail, Luiz Felipe Scolari, Fernando Correia, Rui Santos, Carlos Magno, Miguel Sousa Tavares, Marcelo Rebelo de Sousa, o trio do "Trio d'Ataque", o d'"O Dia Seguinte", Ribeiro Cristóvão e as direcções dos três jornais desportivos, etc., etc., etc.
Pelo que era obviamente interessante antecipar um pouco tal debate, para o que nada melhor do que uma conversa com o seu inspirador e organizador: Fernando Santos Neves, pois.
- Que é que se passa? Porquê, numa Universidade como a Lusófona, e organizado por um homem que é director de uma licenciatura de Ciência Política, um debate sobre futebol?
- A licenciatura em Ciência Política da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias foi a primeira licenciatura do género criada em Portugal (1991) e desde logo afirmava que as questões de todos os dias são questões políticas e que as questões políticas devem ser questões de todos os dias... Que o futebol é, mais que nunca, uma questão de todos os dias e quase uma questão do dia todo...
- E porquê um debate com este propósito: o de saber se a Selecção Nacional é uma questão política ou não?
- Para saber precisamente quais os sentidos e quais os dessentidos da Selecção Nacional de futebol como questão política, que diz respeito a todos os portugueses.
- Já deve ter uma opinião formada sobre o assunto, é claro...
- Claro que tenho mas, se não se importa, preferia deixá-la para a ocasião da mesa-redonda sobre o assunto na Universidade Lusófona, onde todos serão bem-vindos. Embora, como já Pascal escreveu, "ninguém procuraria Deus se já o tivesse encontrado", o que Agostinho da Silva formulou de maneira ainda mais lapidar: "Quem faz uma pergunta é porque já sabe a resposta". E quem não conhece o título irónico do livro "Se não sabe, porque é que não pergunta?".
- Mas a Selecção é uma questão política porque é utilizada, ou eventualmente utilizada, pelo Poder Político com fins políticos, ou porque a gestão que para o exterior dela é feita, em particular por Scolari, tem contornos, ou mesmo uma essência, políticos?
- Para me limitar a Scolari, será que o seu comportamento merece o qualificativo de "político", no sentido interessante e nobre da palavra? Não me parece. O que não significa que não fosse e não deva ser estudado pela Ciência Política.
- Já agora, gosta disso?
- Os comentadores desportivos mais competentes já disseram e escreveram tudo o que se poderia e deveria escrever sobre Scolari, que não sai minimamente dignificado de tais ditos e escritos. A questão que se deveria colocar é a seguinte, face a alguém com o desplante de dizer "enquanto for eu o seleccionador nacional, sou eu quem mando e não mudo!": como tem sido possível que os portugueses o tenham suportado e não lhes tenham há muito dirigido as palavras de Cícero a Catalina: "Até quando continuarás a abusar da nossa paciência?".
- E pensa que ele talvez seja mais do tipo propagandista religioso do que um populista político propriamente dito?
- Qual sucesso? E mesmo esse relativíssimo sucesso, somente depois de o "povão" o ter obrigado a mudar radicalmente a equipa, depois da derrota inicial com a Grécia...
- Por cá, vê alguns clubes a utilizarem métodos idênticos?
- Espero que não!
- Que lhe parece que vamos conseguir no Mundial da Alemanha?
- Até pode acontecer que, apesar dos seus métodos inadmissíveis em países de cultura democrática (cultura democrática que, evidentemente, não passou por Scolari nem Scolari por ela), a selecção dita portuguesa obtenha bons resultados, dada a qualidade de algumas estrelas presentes. A questão penosa é a seguinte: será que tal selecção é a selecção de Portugal, dos melhores portugueses ou a selecção de Scolari e seus fiéis amigos? Quer ganhe quer perca, quem é que verdadeiramente ganhará ou perderá?
Fernando Santos Neves:
"(A respeito de Scolari) apetece perguntar como Cícero a Catalina: "Até quando continuarás a abusar da nossa paciência?""
No próximo dia 30, pelas 18 horas, Fernando Santos Neves, reitor da Universidade Lusófona e criador da primeira licenciatura de Ciência Política, vai abrir um debate, que ele mesmo moderará sobre um tema muito interessante: "Selecção Nacional, uma questão política?". Um debate para o qual estão de resto convidadas muitas personalidades de relevo ligadas ao futebol, entre elas Gilberto Madail, Luiz Felipe Scolari, Fernando Correia, Rui Santos, Carlos Magno, Miguel Sousa Tavares, Marcelo Rebelo de Sousa, o trio do "Trio d'Ataque", o d'"O Dia Seguinte", Ribeiro Cristóvão e as direcções dos três jornais desportivos, etc., etc., etc.
Pelo que era obviamente interessante antecipar um pouco tal debate, para o que nada melhor do que uma conversa com o seu inspirador e organizador: Fernando Santos Neves, pois.
- Que é que se passa? Porquê, numa Universidade como a Lusófona, e organizado por um homem que é director de uma licenciatura de Ciência Política, um debate sobre futebol?
- A licenciatura em Ciência Política da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias foi a primeira licenciatura do género criada em Portugal (1991) e desde logo afirmava que as questões de todos os dias são questões políticas e que as questões políticas devem ser questões de todos os dias... Que o futebol é, mais que nunca, uma questão de todos os dias e quase uma questão do dia todo...
- E porquê um debate com este propósito: o de saber se a Selecção Nacional é uma questão política ou não?
- Para saber precisamente quais os sentidos e quais os dessentidos da Selecção Nacional de futebol como questão política, que diz respeito a todos os portugueses.
- Já deve ter uma opinião formada sobre o assunto, é claro...
- Claro que tenho mas, se não se importa, preferia deixá-la para a ocasião da mesa-redonda sobre o assunto na Universidade Lusófona, onde todos serão bem-vindos. Embora, como já Pascal escreveu, "ninguém procuraria Deus se já o tivesse encontrado", o que Agostinho da Silva formulou de maneira ainda mais lapidar: "Quem faz uma pergunta é porque já sabe a resposta". E quem não conhece o título irónico do livro "Se não sabe, porque é que não pergunta?".
- Mas a Selecção é uma questão política porque é utilizada, ou eventualmente utilizada, pelo Poder Político com fins políticos, ou porque a gestão que para o exterior dela é feita, em particular por Scolari, tem contornos, ou mesmo uma essência, políticos?
- Para me limitar a Scolari, será que o seu comportamento merece o qualificativo de "político", no sentido interessante e nobre da palavra? Não me parece. O que não significa que não fosse e não deva ser estudado pela Ciência Política.
- Já agora, gosta disso?
- Os comentadores desportivos mais competentes já disseram e escreveram tudo o que se poderia e deveria escrever sobre Scolari, que não sai minimamente dignificado de tais ditos e escritos. A questão que se deveria colocar é a seguinte, face a alguém com o desplante de dizer "enquanto for eu o seleccionador nacional, sou eu quem mando e não mudo!": como tem sido possível que os portugueses o tenham suportado e não lhes tenham há muito dirigido as palavras de Cícero a Catalina: "Até quando continuarás a abusar da nossa paciência?".
- E pensa que ele talvez seja mais do tipo propagandista religioso do que um populista político propriamente dito?
- Qual sucesso? E mesmo esse relativíssimo sucesso, somente depois de o "povão" o ter obrigado a mudar radicalmente a equipa, depois da derrota inicial com a Grécia...
- Por cá, vê alguns clubes a utilizarem métodos idênticos?
- Espero que não!
- Que lhe parece que vamos conseguir no Mundial da Alemanha?
- Até pode acontecer que, apesar dos seus métodos inadmissíveis em países de cultura democrática (cultura democrática que, evidentemente, não passou por Scolari nem Scolari por ela), a selecção dita portuguesa obtenha bons resultados, dada a qualidade de algumas estrelas presentes. A questão penosa é a seguinte: será que tal selecção é a selecção de Portugal, dos melhores portugueses ou a selecção de Scolari e seus fiéis amigos? Quer ganhe quer perca, quem é que verdadeiramente ganhará ou perderá?