Há quem se contorça até deslocar uma ou outra vértebra entre duas luxações só para encontrar uma explicação para o título do FC Porto que não passe pelo mérito da equipa. Havia o sistema, mas tiraram-lhe o apito e esvaziou, levando consigo argumentos que levaram anos a cozinhar até ficarem em ponto de rebuçado. E por falar em rebuçados, a mais recente e infantil dessas explicações usa o dinheiro como fundamento. A coisa resume-se em poucas palavras, como é habitual no caso de argumentos infantis, mas aquilo que não se consegue reproduzir com fidelidade aqui é o ar birrento e amuado de quem o usa. Então é assim: o FC Porto tem um orçamento maior que o das outras equipas e assim é muito fácil ganhar. Uma patarequice que se podia resolver com um açoite no rabiosque e uma semana sem Noddy, não fosse esta uma criancice de gente crescida. Ora, se há coisa que mais de um século de futebol provou para além de qualquer dúvida razoável, é que o dinheiro não chega para fazer uma equipa de futebol nem determina o seu comportamento. Se determinasse, o Real Madrid não tinha passado os últimos três anos sem ganhar o campeonato espanhol, o FC Porto nunca teria ganho a Liga dos Campeões, o Guimarães não correria o risco de descer de divisão e o Sporting não correria o risco de ir à Liga dos Campeões. Há milhares de argumentos como estes, adultos e maduros, daqueles que os miúdos detestam ouvir. Tapam os ouvidos com as mãos e gritam muito alto enquanto batem com os pés no chão à espera que a paciência dos adultos se esgote. Enfim, são miúdos. Se fossem adultos perceberiam que na ânsia de retirar o mérito à equipa, aos jogadores e aos treinadores, o estão a entregar aos dirigentes. Sim, porque qualquer clube é feito de jogadores, técnicos, funcionários e dirigentes. A estes últimos compete gerir, compete comprar barato e vender caro, compete, em poucas palavras, arranjar dinheiro para investir. Se o FC Porto tem hoje um orçamento maior do que os outros, se o consegue apesar de, como fazem questão de repetir, ter menos adeptos, se não tem que vender património para o conseguir, então, claramente, é porque foi mais bem gerido. Por outras palavras, por muito que algumas pessoas se contorçam, por muitas vértebras que desloquem, por muitas luxações que sofram, a explicação para o título do FC Porto acaba por ser quase sempre a mesma: competência. E não adianta tapar os ouvidos, gritar e bater com os pés no chão...
CONVERSA DE ADULTO
"Gostei muito da maneira de jogar do FC Porto, praticando um futebol apelativo, com os jogadores a interpretarem muito bem as ideias do treinador. É necessário dar o mérito a quem o merece e, neste caso, os jogadores e treinadores do FC Porto estão de parabéns"
Bruno, jogador do Nacional
O António José Seguro, ó Pedro Nuno?
Há 13 horas