sexta-feira, abril 16, 2004

Cortesia

Scolari tem razão. Acontece pouco, porque exige uma conjugação astral incomum: é preciso que Plutão esteja em casa de Saturno em dia de Liga dos Campeões e aceite ficar para a ceia, embora Saturno não subscreva a Sport-TV nem costume ter amendoins. Mas deve ter sucedido, porque, desta vez, Scolari tem razão. O FC Porto pode esperar tudo dos adversários, menos clemência, e dos que não são adversários nem amigos (antes pelo contrário), também. Felipão está, ou devia estar, atormentado por dramas próprios que partilha com quinze milhões de portugueses, de acordo com o último recenseamento realizado pela Santa Casa da Misericórdia, via jackpot do Totoloto; nunca com a Liga dos Campeões. A colaboração que o Porto podia esperar dos consócios da SuperLiga já a teve: permitiram o adiamento do encontro com o Nacional, de uma semana com três jogos na véspera dos quartos-de-final da Liga dos Campeões para outra semana com três jogos na véspera das meias-finais da Liga dos Campeões. E chega de patriotismo. Quando pede à Federação que dispense jogadores importantes, numa manobra política obviamente preventiva, o FC Porto contradiz-se. O clube que, no início da época, reforçou a equipa contra Scolari, confia agora que ele será acometido por uma enxurrada de bom senso e não tomará as atitudes contra as quais, há nove meses, resolveu prevenir-se. O jogo de anteontem resume a colaboração "Nacional" de que o FC Porto beneficiará até ao final do campeonato: pitons para cima em cem por cento dos lances, porque um jogador com a Liga dos Campeões no pensamento é, teoricamente, mais fácil de assustar. Ninguém terá êxito se tomar por certa a cortesia de quem persegue objectivos opostos ou sequer paralelos, como é o caso de Scolari. Casemiro Mior, por exemplo, acreditou que tinha a segunda melhor equipa da SuperLiga?


Drama:
A palavra "favorito"

Um inquérito online da UEFA concluía ontem que o FC Porto tem 61 por cento de hipóteses na eliminatória a disputar com o Corunha e dá-lhe ainda o favoritismo na prova, umas décimas à frente do Chelsea. Uma péssima notícia para a equipa portuguesa, se atendermos ao que tem sucedido aos favoritos nesta edição da Liga dos Campeões.


in ojogo por José Manuel Ribeiro