sexta-feira, junho 27, 2008

A CANJA DE SCOLARI - RUI MOREIRA



Como previra, a convocatória de Nuno, para substituir o lesionado Quim, não teve consequências práticas. Até no jogo contra a selecção helvética, em que optou por fazer descansar os titulares, Scolari rodou toda a equipa à excepção do guarda-redes Ricardo.

O seleccionador terá decidido assim por duas ordens de razões: em primeiro lugar, porque esperava que se Ricardo tivesse, finalmente, um bom desempenho e pudesse, assim, ganhar a confiança que lhe faltara nos jogos anteriores; por outro lado, porque estando Quim indisponível, e tendo convocado Patrício por motivos inexplicáveis, dificilmente poderia deixar de considerar o jovem guarda-redes como primeiro suplente. Ora, Scolari não podia tolerar nenhuma das eventuais consequências dessa opção porque, se Patrício falhasse, seria acusado de não saber escolher nem o primeiro nem sequer o segundo guarda-redes e de ter deixado Nuno no banco, ao passo que se Patrício defendesse bem, isso só iria contribuir para uma maior desestabilização de Ricardo…

Aconteceu o que se sabe. Ricardo esteve mal, ou igual a si próprio, nesse jogo. Depois, contra a Alemanha, conseguiu estar pior do que é costume, o que é obra. É pena porque esta Selecção merecia melhor mas é bem feito para Scolari, que sai pela porta pequena por uma teimosia que manteve até ao fim: até ao dia em que os «mind games» dos alemães o fizeram engasgar-se na canja de frango que ele próprio preparara.

Nunca saberemos se foi condição pré-contratual ou opção de Scolari, mas esta sua obstinação fez parte da táctica portofóbica que adoptou, tendo excluído Baía porque não interessava a muita gente que um jogador portista fosse, para todo o país, um herói consensual. Espero bem que o seu sucessor tenha a autoridade dos fortes e não precise de se submeter a esses jogos rasteiros.
in abola