Não é bom caminho encontrar bodes expiatórios dentro do clube. Não se deve responsabilizar uma pessoa quando todos nos vangloriamos de dizer que a força do F C. Porto reside na capacidade colectiva.
Escrevi aqui a semana passada que havia motivos para estarmos apreensivos. O erro de não recorrer dos seis pontos, associado ao facto de a UEFA ter dois pesos e duas medidas, fazia uma mistura explosiva para o F. C. Porto. Foi o que aconteceu.
Sinceramente, e oxalá me engane, julgo que a UEFA não vai voltar com a decisão atrás. Em síntese:
1. 0 F. C. Porto assumiu um erro. A UEFA em função desse erro castigou bem. Não agiu com equidade mas isso não é de agora.
2. 0 F. C. Porto deve recorrer e esgotar todas as possibilidades até ao veredicto final.
3. No dia em que me provarem que não recorrer dos seis pontos foi uma opção imposta pelo departamento jurídico, contra a vontade de outros elementos da direcção, então sim, devem rolar cabeças. Até lá, não é bom caminho encontrar bodes expiatórios dentro do clube. Não se deve responsabilizar um departamento ou uma pessoa quando todos nos vangloriamos de dizer que a força do F. C. Porto reside na capacidade colectiva. Se algum clube fez pressão para que o F. C. Porto ficasse de fora isso não é mais nem menos do que é hoje o mundo do futebol. Um planeta económico onde cada um defende como pode os seus interesses.
4. Este período deve servir de reflexão, reforçar a organização, a solidez do clube e voltar a demonstrar dentro do campo aquilo que é uma evidência há três décadas.
5. Há jogadores que vão querer ir embora se não jogarem a Liga dos Campeões? Será uma boa oportunidade para sabermos quem gosta e quem merece realmente de vestir a camisola do F. C. Porto.
6. A melhor resposta é na próxima época voltar a formar a melhor equipa e ganhar o campeonato e todas as provas onde esteja a competir. E regressar em força à Liga dos Campeões. Com o mesmo treinador, os melhores jogadores e com esta Direcção, remodelada ou não, que tem feito do F. C. Porto um clube à escala mundial. O Milan continua a ser um poderoso clube. Há dois anos começou o campeonato com menos 20 pontos. Por corrupção comprovada.
É tudo isto que, como adepto de bancada, de café e de discussões intensas mas saudáveis com os meus amigos de outros clubes, espero que aconteça.Admito que haja outros adeptos com visões e ambições diferentes das minhas.
Sinceramente lesou-me mais o facto de termos abdicado de recorrer dos seis pontos do que, eventualmente, ficar fora da Liga dos Campeões.
in JN, edição em papel
