quarta-feira, julho 09, 2008

NÃO SENDO PALHAÇOS QUE PODERÃO SER?



Teria que dizer que o mundo inteiro está a assistir a mais uma grande palhaçada do futebol português, se o trabalho dos melhores palhaços europeus não fosse mais sério. Não sei que palavra usar, nem descortino já um qualificativo que, qualificando o que se está a passar, não desqualifique gente séria como os palhaços profissionais.

É o respeito por esta classe que faz rir as nossas crianças, que eu, adulto confesso, prometo não usar mais o termo palhaçada para esta... (lá está, não tenho termos!) nem o designativo palhaço para os... (lá está de novo a falta de vocabulário!) que a estão a protagonizar.

Para os cargos do estilo dos de Conselho da Justiça ou Conselho de Disciplina da FPF e da Liga, costuma dizer-se que qualquer pessoa (até se costuma dizer burro) serve quando as coisas correm bem. É como nos acordos de divórcio por mútuo consentimento genuíno, em que a letra do que está estipulado só vale se as condições amigáveis em que foi desenhado se alterarem.

Quando está tudo bem, as comadres não se zangam e os passarinhos chilreiam por tudo o que é lado, as leis não estorvam, os regulamentos não têm lacunas e mesmo que continue tudo parado, tudo corre sobre rodas.

Há gente, os tais optimistas de que gosta de falar, por exemplo, o meu amigo Antero Henriques, do F.C. Porto, que em tempo de bonança acha um desperdício prever a tempestade. Mas também há gente, os tais a que eu dantes chamava palhaços, que perante a bonança desgraçada dos seus desventurados resultados desportivos aplica e investe todas as suas energias na sementeira de tempestades.

Aquilo a que estamos a assistir desde que o senhor Filipe Vieira, a D. Leonor Pinhão e a Dr.ª Morgado decidiram conjugar vontades para estimular uma alternadeira a tornar-se escritora, com a credibilidade que vários tribunais já qualificaram adequadamente, é uma... (juro que hei-de encontrar o termo que substitua palhaçada com vantagem!).

Curiosamente, chegamos a um ponto em que verificamos que foi uma súbita preocupação de afastar a Justiça do futebol, que mais contribuiu para que o futebol se queixe mais dela.

No dia em que o Conselho Superior da Magistratura decidiu que os juízes no activo não poderiam integrar órgãos jurisdicionais do mundo do futebol, nem lhe passava pela cabeça que em vez deles seriam os advogados a classe bafejada com essa missão.

Mais valia um juiz roliço e ofegante atrás de uma bola em flagrante off side, do que um advogado a fingir que é imparcial numa reunião do Conselho de Justiça da FPF ou de Disciplina da Liga.

Quando uma Federação não tem rei nem roque porque só tem um presidente que faz figura de... (agora quase que me arrependi da decisão pessoal supracitada!) e a Liga tem um político que só usa camisa de viscose, ter conselhos jurisdicionais quase só compostos por advogados, é como se cada reunião fosse um jogo de subbuteo!

Como adepto e sócio do F.C. Porto, o que me faz pena (para além da vergonha), é que depois de o meu clube ter posto Portugal nos píncaros do futebol mundial, tornando-o um país futebolisticamente respeitado por todos, venham agora uns... advogados (será que finalmente encontrei a palavra certa?) deitar por terra em meia dúzia de dias o que levou tantos anos a construir.

Manuel Serrão in JN