quarta-feira, março 30, 2016

MIGUEL SOUSA TAVARES - O MELHOR DE SEMPRE



1- Quando tinha vinte anos, costumava passar muitos fins-de-semana em Monsaraz, de frente para Espanha e para o Guadiana, ainda sem se adivinhar o Alqueva, que transformaria a planície num imenso lago. Íamos em grupo de amigos, dois ou três carros, numa viagem que era longa, em estradas nacionais mal amanhadas, e que incluía sempre, na sexta à noite, uma paragem para jantar no Fialho, em Évora. O Fialho já era um templo de gastronomia, mas ainda não tinha os preços de hoje, que não estariam então ao nosso alcance. O objectivo, quase nunca cumprido, dos fins-de-semana em Monsaraz era estudar direito e espairecer a vista naquela lindíssima e ainda intocada aldeia alentejana. O que não faltava, de facto, era motivos para interromper os estudos, desde passeios ao Guadiana, jogos de cartas noite fora ou matanças de porco, logo de madrugada. E dois rituais que se cumpriam todos os fins de tarde de sábado: uma futebolada no terreiro do castelo (um mini-estádio medieval!), seguido de um duche e o final de tarde na tasca local a assistir aos jogos do campeonato espanhol, captados na TVE, cujo sinal chegava ali sem problemas. Era um luxo que ninguém mais tinha em Portugal e um momento em que toda a tasca se acotovelava quando jogava o Barcelona e nós ficávamos pregados ao ecrã a ver os sucessivos festivais de futebol que Johan Cruyff dava.

Não sei se foi nostalgia desses tempos longínquos, mas desde então quando me perguntavam quem era o melhor jogador que alguma vez tinha visto jogar, eu pensava em Pelé, em Eusébio, em Beckenbauer, mas votava sempre no mesmo, até hoje: Cruyff. Depois apareceu Lionel Messi e houve várias alturas em que eu hesitei: era a memória actual contra a memória longínqua. Mas tudo ponderado e invocando a minha particular jura de Monsaraz, mantive-me fiel ao Holandês Fabuloso. O tempo não apagou a memória impressiva de algumas coisas que lhe vi fazer, como um golo pelo Barcelona em que ele foi buscar a bola ao seu guarda-redes, à saída da sua área, e trocando a bola, fintando e serpenteando, acabou na cara do guarda-redes adversário e perguntou-lhe para que lado é que queria. Cruyff era um deslumbramento de técnica e elegância, um tarado pelo golo, um genial vagabundo cuja posição em campo, pura e simplesmente, não existia. Mas, além disso, com ele percebi uma coisa, que viria a ser patente e a marcar todo o seu futebol, quer como jogador, quer como treinador, na génese do actual Barcelona — para mim, a melhor equipa de futebol de todos os tempos. Percebi que só pode ser um jogador excepcional quem, além de uma técnica superior e uma grande condição física, seja inteligente.

Já se disse e escreveu tudo sobre este deus dos estádios de futebol. Apenas acrescento e reforço isto: Cruyff foi o jogador mais inteligente que alguma vez vi jogar. A sua inteligência fazia-o adivinhar onde é que a bola e os companheiros iriam aparecer, como é que as jogadas se iriam desenvolver, como é que saindo de trás com bola se conseguia chegar à baliza adversária em processos simples e letais. E como a isso juntava uma capacidade técnica de predestinado, ele foi sempre, de facto, o meu all time player. Morreu cedo, de rebeldia e de excesso de paixão pelo jogo e pela vida. Num momento em que assistimos à prostituição universal do futebol, com fases finais de Europeus e Mundiais compradas aos dirigentes federativos, com máfias de várias espécies gravitando à volta do futebol, abutres sugando a paixão dos adeptos e jogadores banais pagos como jóias raras e portando-se como primadonas, vale a pena lembrar de que muito do que o grande futebol é hoje, a transposição dos clássicos modelos de jogo de WM e 4x2x4, deve-se à clarividência e ao arrojo de Johan Cruyff. Ele representou o que o futebol tem de mais puro: a busca do golo e do espectáculo, o jogo limpo, o vício de vencer. Todos os que gostam de futebol nunca lhe agradecerão suficientemente tudo o que lhe devem, mesmo que o não saibam, mesmo que nunca o tenham visto jogar. Se eu mandasse, todos esses inúmeros programas televisivos onde se discute até à náusea tudo aquilo que pode acirrar ódios e desviar as atenções do jogo, fariam agora uma temporada obrigatória só a passar vídeos dos jogos de Cruyff e a ensinar às criancinhas que o futebol é aquilo e não o que ouvem discutir.

2- Confesso a minha ignorância: não sei quem é Fernando Cerqueira. Não sei se é um brilhante advogado, ou médico ou cientista. Se é um modelo de qualidades cívicas, uma referência cultural ou até mesmo um símbolo da cidade do Porto e do portismo. Não sei mesmo e peço sinceramente desculpa, se por acaso devia saber. E também não sei, não recordo nada, episódio algum, que me possa levar a concluir que o FC Porto lhe deve o que quer que seja. Sim, decerto será Dragão de Ouro ou Dragão de Honra, mas isso não quer dizer nada: qualquer um que preste vassalagem a Pinto da Costa o é. E também sei que é presidente da Comissão de Apoio à Recandidatura de Pinto da Costa, o que não parece igualmente um relevante serviço ao clube, atendendo a que nunca Pinto da Costa precisou de uma Comissão qualquer para o convencer a recandidatar-se eternamente ou para vencer eternamente eleições em que é o único candidato.

Mas, na verdade, alguma coisa me deve escapar, pois eu não sei quem é Fernando Cerqueira, mas sei quem é Vítor Baía. Todos os portistas o sabem: é o melhor guarda-redes que alguma vez tivemos, um brilhante capitão de equipa, um portista a sério, um cavalheiro, dentro e fora do campo. E, pois, se o Sr. Fernando Cerqueira se permite tratar Vítor Baía com desprezo e arrogância tamanhas, só pode ser porque eu estou a ver o filme ao contrário: nada devemos a Baía, devemos sim ao presidente da Comissão de Apoio à Recandidatura de Pinto da Costa. Mas, perguntará um portista caído aqui sem saber de nada: o que fez Vítor Baia de tão grave, que crime anti-portismo cometeu ele, para justificar tamanho assanhamento do Sr. Cerqueira e da própria mulher do presidente? Atreveu-se, vejam lá, a dizer que poderá estar disponível para concorrer à presidência do FC Porto... mas só depois de findo o mandato vitalício do actual presidente. Apenas isto, mas isto já parece ser por aquelas bandas - onde o desnorte e a preocupação com o estado da nação, com perguntas incómodas a surgirem de todos os lados e assembleias-gerais à Benfica de Vale e Azevedo, começam a abrir brechas - um crime de lesa-majestade. Parece que a Pinto da Costa ninguém pode suceder - nem em vida nem post-mortem. Bem pode ele próprio dizer que, se tem aparecido alguém, até teria dispensado os diligentes serviços de apoio de Fernando Cerqueira. Bem pode dizê-lo e voltar a dizê-lo, que, não sei porque razão, ninguém acredita...
in abola


Com um dia de atraso...pois ontem não pude colocar... escrever nada...pois para além do dia atarefado que se previa...começou logo a ser estragado de manhãzinha...quando esses pilotos de F1 que andam nas estradas portuguesas a altíssimas velocidades , a chover torrencialmente como se nada fosse...depois despistam-se..e fodam o gajo que ia com todas as cautelas quando assistia a um festival de kamikazes...depois disso...é a carga de trabalhos habitual...os incómodos e transtornos e o raio que os foda a todos...por isso sem tempo nem pachorra para debitar bitaites...


Sobre a crónica...ora bem...eu não quero estragar-lhe a crónica...pois Cruyff não merece...e diz muitas coisas que são verdade...mas lá está em questões de coerência o MST é um desastre...e quem escreve semanalmente e lido por tantos... sujeita-se a este escrutínio...o MST repetiu n, e mais n crónicas em que dizia que o melhor de sempre era o Messi...


Foi há menos de um ano, Maio de 2015:

"Se é que tenho leitores atentos e com memória, eles saberão que há oito anos que considero Messi o melhor jogador do mundo e, hoje, o melhor que alguma vez vi jogar - à frente de ídolos como Cruyff, Pélé, Eusébio,Maradona, Van Basten ou Cristiano Ronaldo. Penso que a grande diferença nesta disputa contemporânea mano a mano é que Ronaldo, pela fabulosa capacidade atlética que tem e que trabalha como ninguém, seria sempre candidato a melhor do mundo em qualquer desporto que quisesse praticar. Mas Messi, obviamente, não: não só lhe faltam 30cm de altura, como sobretudo lhe sobra uma relação com a bola, com os espaços, com os movimentos e com os momentos do jogo, que não deixa dúvidas de que os deuses o enviaram à terra para nos mostrar o que é o futebol a nível sideral. Nunca antes vi nada assim e tenho a certeza que nunca mais verei."

E outra coisa, o Cruyff que eu saiba morreu de cancro do pulmão, fruto de um vício que teve durante décadas..."Morreu cedo, de rebeldia e de excesso de paixão pelo jogo e pela vida."...não sei como ser viciado no tabaco é compatível com excesso de paixão pela vida e muito menos com a paixão pelo futebol...nada a ver...aliás, contranatura......rebeldia...sim...outros tempos...sim...


Sobre o ponto 2...claro que se não fosse o Fernando Cerqueira o Pinto da Costa não conseguiria nenhuma assinatura e não tinha hipóteses de ganhar nenhuma eleição...:-)) aliás, o Pinto da Costa está na Presidência do FC Porto há décadas...porque assim o obrigam e ameaçam-no a cada 4 anos...eu acho que isto até deveria ser denunciado às autoridades...:-))

Sobre o Baía...tudo muito certo...para mim, o melhor até foi o Josef Mlynarczyk...e o Baía até era lampião em pequeno...:-))) Mas concordo com a sua excelência...e as alegrias que nos deu...sem comparação com os Fernandos Cerqueiras desta vida...que só nos lembrámos deles quando de 4 em 4 anos vem-nos dizer que a...monarquia é para continuar...:-)))

Mas...se o Baía assume publicamente e...foi um dos poucos que já o fez... que quer chegar à direcção do FC Porto...não pode dizer que o FC Porto actual é uma ladroeira...é tudo mau...nada presta...só aproveitadores a destruírem o FC Porto e assistir da cadeira do Lixo da Manhã a tudo isto mais 4 anos...porque só quando os gajos que rodeiam o Pinto da Costa destruírem tudo e levarem o Pinto da Costa com ele é que ele aparecerá...Eu sei o quão difícil é lutar contra o sistema instalado...tanto rebanho amestrado...mas já era tempo de um tipo do Porto ter finalmente tomates...acho que tinha mais a ganhar do que a perder...

Quando o Pinto da Costa se for...os candidatos vão aparecer como ratos...aos montes...e nesse altura acredito que outros Vítor Baías se levantarão...e o original já está catalogado como rato medroso...oportunista...só para dizer mal em locais mal cheirosos...e não havia necessidade...


Carlitos...ando a dizer isso desde a última jornada do campeonato...as campanhas pela Dignidade...Verdade Desportiva antes dos nossos jogos em Guimarães e Braga desapareceram...e agora até tem as selecções como álibi...se calhar acreditam...que seja qual for a equipa do Braga roubará pontos...:-)  Falta saber é se nós ganhamos ao Tondela...:-)