quinta-feira, outubro 26, 2006

Ausências

Jorge Maia no Ojogo:

Houve, nos últimos dias, quem garantisse que a expulsão de Miccoli no jogo entre o Benfica e o Estrela da Amadora tinha como objectivo não sancionar a tentativa de agressão do italiano a Rui Duarte, como as mentes menos retorcidas poderiam imaginar depois de confrontadas com as imagens televisivas, mas sim prejudicar os encarnados na deslocação ao Estádio do Dragão. Houve quem fosse mais longe no - à falta de melhor palavra - raciocínio, e garantisse que tal já é uma tradição do futebol português, tendo inclusivamente ocorrido "centenas de vezes" nos últimos anos, um evidente exagero justificado pelas ancestrais dificuldades de alguns dirigentes desportivos para o cálculo matemático mais simples, conforme revelação das respectivas professoras primárias. Ora, a menos que a expressão "últimos anos" se refira aos últimos 30 a 40 anos, não faz sentido falar de "centenas de vezes" em referência a, quando muito, algumas dezenas de clássicos entre o FC Porto e o Benfica nos tais "últimos anos". Mas que fossem dezenas de vezes e já seriam dezenas de vezes a mais. Ora, nesta, como noutras coisas, não há como tirar as dúvidas. Fui ver.

As duas primeiras palavras que nos surgem quando tentamos perceber se nos últimos anos houve jogadores impedidos de jogar nos clássicos entre o FC Porto e o Benfica são... "processo sumaríssimo". Houve uma mão cheia deles instaurados pela Comissão Disciplinar em vésperas de clássicos e, curiosamente, quase todos a jogadores do FC Porto. Mais curiosamente ainda, apesar de tudo, nos últimos cinco anos, apenas um jogador das duas equipas foi suspenso de véspera, falhando um clássico: aconteceu a Benni McCarthy em 2003/04 num jogo que, por sinal, o FC Porto venceu por 2-0, mesmo sem o sul-africano.

Há o caso de Nuno Assis, suspenso por seis meses devido a uma análise positiva no controlo antidoping, mas não quero acreditar que isso tenha acontecido centenas de vezes nos últimos anos.