terça-feira, maio 27, 2008

JESUALDO FERREIRA E O ADJUNTO




"Menos seis pontos? Ponham um asterisco"

"Ainda há dúvidas sobre mim e quero esclarecê-las de vez"

"Apito Final não vai mudar o futebol português porque nunca foi por isso que o FC Porto ganhou"

"Desde que festejámos o campeonato estivemos sob ataque cerrado"

"Não há muitos jogadores na Europa capazes de chegar ao FC Porto e jogar"

"Assunção por mais uma época"

"Bosingwa vai crescer ainda mais no Chelsea"

"Pedro Emanuel ajudou-me a lidar com situações que não foram fáceis"

"Não faz sentido tirar o Quaresma e com isso prejudicar a equipa"

"Bruno Alves, um dos melhores do Mundo"

"Se continuar cá, Lucho será mais forte"

"Sporting tem sido feliz nos jogos com o FC Porto"

"Bento excelente, Cajuda fantástico"

"Aqui as derrotas pesam muito mais do que as vitórias"

"Triunfo na Luz foi fundamental"

"Scolari tem de reconstruir a Selecção"

"Auguro um grande futuro a Carlos Azenha"

Jesualdo Ferreira

"Ainda há dúvidas sobre mim e quero esclarecê-las de vez"

Numa conversa longa com O JOGO, na tribuna VIP do Estádio do Dragão, Jesualdo Ferreira desmentiu os que o classificam como um treinador defensivo e mostrou que, afinal, gosta mesmo é de jogar ao ataque, nem que seja apenas para se defender a si próprio e ao "seu" FC Porto. E garantiu que mesmo aos 62 anos, depois de ter conquistado dois títulos de campeão consecutivos, ainda tem objectivos para cumprir e críticos para calar
Garante que nunca treinou nenhuma equipa na secretaria. É por isso que Jesualdo Ferreira não reconhece a perda dos seis pontos que a Comissão Disciplinar da Liga descontou aos 20 de vantagem com que terminou o segundo campeonato consecutivo conquistado ao serviço do FC Porto. Admite, sem assombro, que nem essa vantagem foi o suficiente para esclarecer as dúvidas que alguns ainda colocam quando às suas capacidades, mas, aos 62 anos, olha para elas como um novo desafio. Quer esclarecê-las de vez, ganhando o próximo campeonato com mais pontos de vantagem, ultrapassando os oitavos-de-final da Liga dos Campeões e vencendo a Taça de Portugal. Para isso, espera que Bosingwa seja a única baixa na estrutura que esteve na base do tricampeonato enquanto desenha o perfil do seu jogador à FC Porto e no qual encaixam Tomás Costa, Rolando e Benítez. Tudo e mais alguma coisa já a seguir.

P | Esta temporada o título de campeão soube-lhe a pouco?

R | Soube. Soube a pouco, mas os objectivos mais importantes, que eram ganhar o campeonato e chegar aos oitavos-de-final da Champions, foram conseguidos e por isso mesmo tenho de fazer um balanço muito positivo da temporada. Mas disse há poucos dias que acho que o FC Porto, quando parte para uma época, parte sempre com pelo menos três objectivos definidos: ser campeão, ganhar a Taça de Portugal e conseguir passar aos oitavos-de-final da Champions. Este ano apareceu a Taça da Liga ainda a gatinhar, mas sem que seja ainda possível perceber qual é a sua importância e os seus reflexos no enquadramento da temporada. Falhou a Taça de Portugal. Aquela que na altura teria sido, teoricamente, a mais fácil de conquistar, foi aquela que acabámos por perder. Da mesma forma que na Champions, depois de termos ganho o grupo - o que também não acontecia há muito tempo - e termos tido o Schalke nos oitavos criou-se a expectativa de podermos seguir em frente, que não se concretizou. Tanto num caso como no outro, mais na Champions do que na Taça, o FC Porto acabou por ser uma equipa infeliz. Em ambos os casos jogámos uma parte muito significativa das partidas apenas com dez elementos e acabámos por perder em detalhes.

P | Esperava um rendimento tão fraco dos adversários?

R | Nós, FC Porto, fizemos um campeonato em que vencemos 80 por cento dos jogos. Na discussão com os nossos adversários directos - o Guimarães fez um grande campeonato, mas é um corpo estranho na discussão do título - ganhámos três e perdemos um. A questão, portanto, não se prende com aquilo que os adversários deixaram de fazer, mas sim com aquilo que nós fomos capazes de realizar. Mesmo que eles tivessem vencido 80 por cento dos jogos, tal como nós, teríamos sido campeões na mesma em virtude dos resultados alcançados no confronto directo. É verdade que os nossos adversários foram menos capazes, mas em primeiro lugar, esteve o nosso mérito. De uma forma mais simples, quem faz o que nós fizemos ao longo do campeonato, muito dificilmente não é campeão.

P | Parte agora para o terceiro ano no FC Porto. É mais complicado gerir expectativas quando se tem um lastro de sucesso?
R | Acho difícil que um treinador tenha uma vida tranquila nesta casa. Mas o meu é um percurso que se divide também em três fases. No primeiro ano houve a dúvida sistemática sobre as minhas capacidades até ao final da temporada. No segundo ano, esclarecemos algumas dúvidas, mas persistiram outras em relação às coisas que não conseguimos ganhar. No terceiro ano vou entrar com mais credibilidade, mas também com algumas dúvidas que quero esclarecer definitivamente.

P | É um desafio novo, portanto?

R | Tenho de criar desafios aos jogadores, mas também não posso deixar de me desafiar a mim próprio. Os meus desafios são esses: há dúvidas, há questões sobre mim no ar e eu quero esclarecê-las definitivamente.


P | Consegue antever um quarto ano?
R | Sinto-me muito bem no FC Porto, não pensava vir para o FC Porto e muito menos pensava começar um terceiro ano no FC Porto. Mas, já agora, já que cá estou e gosto de cá estar, gostava de ficar por cá muitos anos.


P | Vencendo aquilo que ficou pelo caminho desta época?

R | E não só. O campeonato é o objectivo primordial neste clube. Queremos voltar a vencê-lo, de preferência com muitos pontos de vantagem. Ficou um registo de 20 pontos, porque para mim, para os jogadores e para o clube foram 20 pontos de vantagem e não os 14 que nos atribuem. Temos esses 20 pontos como objectivo a bater, temos os oitavos-de-final da Champions para ultrapassar e temos a Taça de Portugal para vencer.


P | O FC Porto parte em vantagem para o próximo campeonato?
R | Quem ganha parte sempre em vantagem. É normal que seja assim.

"Apito Final não vai mudar o futebol português porque nunca foi por isso que o FC Porto ganhou"


P | Há quem diga que o seu discurso tem endurecido desde que chegou ao FC Porto. Concorda?

R | Ninguém tem um discurso duro, se não defender alguma coisa importante. Eu sempre fui a mesma pessoa e sempre tive um discurso duro, embora adaptado à realidade na qual me movimentava. Se estou no tricampeão nacional, não posso ter um discurso pequenino e envergonhado. Houve coisas que sempre disse e ninguém quis escutar, mas que agora são ouvidas. Depois, é natural que o discurso seja mais veemente, quando se sente, constantemente, que o exterior não é leal em relação àquilo que conseguimos.


P | Também resulta da tal campanha que diz existir em relação ao FC Porto?

R | Claro que sim. Admito que todas as questões são discutíveis, mas colocar em causa tudo aquilo que o FC Porto conseguiu e consegue, utilizando sistematicamente os mesmos argumentos, dá a ideia de que vivemos numa floresta onde só há um lobo, e o resto são tudo ovelhinhas muito indefesas, quando o que há é uma série de lobos em pele de cordeiro. Ao fim destes anos todos, o FC Porto é o único mau da fita. Quando há dias me perguntaram se a perda de pontos pelo FC Porto na sequência do Apito Final vai mudar a face do futebol português, tive de dizer que não vai mudar nada, porque o futebol português nunca foi isso, e nunca foi por isso que o FC Porto ganhou. O futebol português só vai mudar no dia em que as pessoas com responsabilidades, a Liga, a FPF e o Governo, quiserem mudá-lo de facto e fazê-lo evoluir no sentido em que o FC Porto já evoluiu.


P | As pessoas não esperavam que defendesse o FC Porto?
R | As pessoas esperavam é que eu não defendesse nada. Durante muitos anos, partiram do princípio de que estavam a lidar com uma pessoa educada e civilizada e que, por isso mesmo, podia ser pisada que não respondia. Nunca fui nada disto, mas durante algum tempo, mesmo que levantasse a voz, ninguém ouvia. Como não tenho nada que me faça calar a boca ou que me tolde o raciocínio, digo o que penso. Digo agora porque tenho condições para o fazer e porque me sinto obrigado a fazê-lo pelo contexto que envolve o clube. Mas é verdade que as pessoas reagem mal ao facto de eu defender o FC Porto e a honestidade do trabalho que aqui se faz.

Menos seis pontos? Ponham um asterisco

Jesualdo Ferreira garante que ganhou o campeonato com 20 pontos de vantagem e nem um a menos, recusando reconhecer os efeitos da pena aplicada pela Comissão Disciplinar da Liga na sequência do processo Apito Final. "Não perdi seis pontos nenhuns", garante. "Terminámos o campeonato com 20 de avanço. Dêem as voltas que quiserem. Aliás, até achava giro que, quando fizessem as resenhas do campeonato, pusessem lá os 20 pontos e depois um asterisco: 'Descontaram seis'." Da mesma forma, o treinador do FC Porto não admite a hipótese de ficar de fora da próxima edição da Liga dos Campeões. "Não coloco sequer a possibilidade de não disputar uma prova para a qual nos apurámos com mérito. Finalmente, acredito que essa hipótese resultou apenas de mais um ataque cerrado ao FC Porto durante as últimas semanas para encobrir problemas de outros clubes."


"Desde que festejámos o campeonato estivemos sob ataque cerrado"


P | Disse que os lances que prejudicam os outros são muito badalados e os que prejudicam o FC Porto são silenciados. Falta quem defenda o FC Porto?

R | Quando o FC Porto foi campeão, nasceu imediatamente o castigo que implicava a perda de seis pontos. Mesmo assim, festejamos o campeonato com 14 pontos de avanço. Mais do que isso, desde esse momento e até ao final da temporada, mesmo com uma derrota frente ao Nacional, conseguimos aumentar essa vantagem em mais quatro pontos para o segundo. Depois, foram quatro semanas de ataque cerrado e ininterrupto ao FC Porto, com a introdução de uma polémica nova por semana, quase ao mesmo ritmo em que íamos aumentando a nossa vantagem para os perseguidores. Por muito que queiramos passar ao lado disso, há momentos em que é impossível não sentir essa pressão. Mais recentemente, foi o ataque maciço à exclusão do FC Porto da Champions. De tal forma que não há espaço para que, no meio do ruído, alguém atenda àquelas que são as nossas queixas legítimas.


P | Não sentiu a tentação de usar essas notícias para motivar os jogadores?

R | Não usamos essas notícias para criar motivação. Aquilo de que me apercebi é de que determinada estratégia dos nossos adversários, devidamente sustentada em alguma comunicação social, acabou inevitavelmente por ter algum impacto. É impossível controlar a forma como os jogadores recebem isso e como as coisas os afectam ou sobre o que pensam. Não são seres isolados, e todas estas questões acabam inevitavelmente por ter alguma influência.


"Não há muitos jogadores na Europa capazes de chegar ao FC Porto e jogar"


P | Os reforços entraram muito devagar na equipa. Acredita que essa foi a melhor opção?

R | A melhor opção foi termos mantido a mesma estrutura da temporada anterior, com a excepção do Pepe e do Anderson. Não creio que houvesse muitos jogadores capazes de chegar aqui e jogar. Não estou a ver muitos defesas, médios ou avançados no futebol europeu, jogadores a que o FC Porto financeiramente tivesse acesso, e que chegassem aqui e tirassem o lugar aos que cá estavam.


P | Portanto, trata-se de um processo a repetir na próxima temporada?

R | O FC Porto perdeu um jogador, que foi o Bosingwa. Está toda a gente à espera de ver quantos mais jogadores o FC Porto vai perder, e eu estou à espera de não perder mais nenhum. Mas temos um conjunto de jogadores que têm três campeonatos ganhos, e gerir esse sucesso nem sempre é fácil. Os jogadores têm ambições legítimas, e, nesse contexto, teremos de fazer uma avaliação muito clara e consciente do plantel para a próxima época. Teremos de fazer um esforço para manter a mesma estrutura que nos foi tão útil esta época e, dentro das capacidades financeiras do clube, encontrar jogadores que possam ser importantes.


P | Tomás Costa e Rolando, os reforços contratados, encaixam nessa filosofia?
R | Encaixam perfeitamente. Há uma estrutura de "scouting" muito importante no FC Porto e em qualquer clube que queria progredir. Em conjunto, estamos a tentar encontrar jogadores com o perfil do FC Porto, jogadores para determinadas posições e que o FC Porto tenha capacidade financeira para adquirir. São três questões fundamentais: perfil, capacidade de integração no modelo de jogo do FC Porto e capacidade financeira para os adquirir. O Tomás Costa está claramente dentro desse perfil, tal como está o Rolando, prevendo uma saída de um jogador dessa zona do terreno…

P | Está a falar de Bruno Alves?

R | Não vou falar de questões concretas, que não estão definidas. É uma situação que o FC Porto antecipa, como faz em relação a muitas outras. O que sabemos é que o Tomás Costa e o Rolando vão entrar.


P | E os jogadores emprestados, como Ibson, Rentería ou Postiga?

R | Esses jogadores foram acompanhados ao longo de toda a temporada, temos avaliações em nosso poder que terão importância nas decisões relativas à próxima temporada.


P | Admite que saiam outros, além do Bosingwa?

R | Considerando o que eles fizeram, não só em Portugal, como na Europa, tenho de admitir que qualquer jogador do FC Porto pode sair. Uma coisa é eu achar que pode, outra é achar que deve, e outra ainda é eu gostar que saia. Mas neste momento é impossível dizer o que vai acontecer.


Assunção por mais uma época


A incerteza em torno da situação de Paulo Assunção - não prolongou o contrato com o FC Porto, que termina na próxima temporada - não preocupou Jesualdo Ferreira que tem uma visão pragmática sobre o assunto. "O Paulo tem contrato com o FC Porto para mais uma temporada", frisou o técnico, antes de concluir que "não há nenhuma incerteza" em relação ao médio. Ainda assim, o treinador portista admitiu que o final da temporada ficou marcado por uma série de situações com as quais "foi preciso lidar". "Lidei com o Paulo, e com os problemas com ele, da mesma forma como lidei com outros", revelou. "Lidei com o Bosingwa, com o Lucho, com o Lisandro ou com o Quaresma, jogadores que foram colocados em vários clubes ao longo da época e cuja continuidade foi colocada em causa." Para concluir que, tanto quanto sabe, Paulo Assunção "estará no FC Porto para jogar mais uma época".


"Bosingwa vai crescer ainda mais no Chelsea"


P | Houve algum ruído em torno da relação entre Jesualdo Ferreira e Bosingwa. O que se passou de facto?

R | O Bosingwa tem uma personalidade muito própria. Uma pessoa inteligente, tem um potencial enorme, que nem ele conhece, e é alguém que, pelas suas características, tem uma auto-estima muito grande, e isso percebe-se até naquilo que produz em campo. É um jogador muito confiante. Muitas vezes, as regras da equipa ficam por baixo de jogadores assim. A minha missão foi gerir isso. Não há personalidades iguais, há os que transmitem dimensão, ou que transmitem uma determinada dinâmica, e outros ainda que equilibram tudo isto. Dimensão, dinâmica e equilíbrio são factores determinantes para uma grande equipa. Objectivamente, não houve problemas com o Bosingwa. Quando cheguei ao FC Porto, ele estava a começar a jogar como lateral-direito. Entretanto, ganhou um lugar no FC Porto, chegou a titular da selecção e ao Chelsea. Não era possível tê-lo conseguido, se houvesse problemas entre nós. E não chegou à final da Taça, porque não houve condições seguras para que ele pudesse jogar a final.


P | E acha que vai ser bem-sucedido no Chelsea?

R | Vai. Vai colocar este tipo problemas ao treinador que encontrar no Chelsea, mas a própria natureza dos desafios que lhe vão ser colocados vai obrigá-lo a ser cada vez melhor e a explorar todas as suas qualidades.


P | E, por falar em laterais, os esquerdos são figuras mitológicas no FC Porto?

R | Toda a gente vê o lateral esquerdo como um canhoto, alto, forte, agressivo a defender e eficaz a atacar. O problema é que, destes, não há muitos. O último com estas características foi o Nuno Valente, mas, se fizer um esforço de memória, conclui que o anterior foi o Branco. Depois, teve foi muitos laterais a jogar com o pé direito. Paulinho Santos, Paulo Pereira e até o Mourinho usou o Ricardo Costa a lateral. Infelizmente, o lateral-esquerdo ideal é um jogador raro. Aqui também.


P | Alguns dos que estão no FC Porto, como Lino, estranharam o facto de estar um lateral direito a jogar na posição deles…
R | Ainda bem que é assim. Imagine o que era o Lino, que chegou cá e encontrou um lateral-direito na sua posição, ficar satisfeito com essa situação. Para mim, é óptimo que ele se zangue e que queira jogar. A verdade é que em determinados momentos jogou ele, noutros o Fucile, e noutros ainda o Cech e o João Paulo.


P | Percebe-se que houve uma viragem: agora o FC Porto aponta para a Argentina. Há uma explicação técnica para isso?
R | Não. Não há uma questão de nacionalidade a determinar as nossas aquisições. Há um perfil de jogador que interessa ao FC Porto e que não tem nacionalidade. O que condiciona muito é o mercado e as questões de natureza financeira, que tornam um mercado mais apetecível que os outros. Mas, para mim, o jogador à Porto não tem nacionalidade, tem de ter algumas condições.


P | E pode resumi-las?

R | Tem de ter condições técnicas muito boas e alguns traços de natureza pessoal para poder estar aqui. Grande sentido profissional, grande empenhamento no trabalho de grupo da equipa, grande solidariedade e cumprimento de regras que vão para além das qualidades técnicas de cada um.


"Pedro Emanuel ajudou-me a lidar com situações que não foram fáceis"


P | Sentiu a falta de Vítor Baía no balneário esta época?

R | Tivemos um balneário com uma textura diferente. O FC Porto perdeu, ao longo dos últimos anos, uma série de jogadores que foram ícones do clube, mas o facto é que continuamos a ganhar. E houve outros que apareceram e que foram importantes nesse contexto. Se tivéssemos o Baía, teria sido bom, mas não necessariamente diferente ao nível dos resultados.


P | Pedro Emanuel fez esse papel? Ficou surpreendido com a sua recuperação?

R | Fiquei, fiquei surpreendido. Eu conheço o Pedro há muitos anos. Foi internacional Esperança comigo em 1996. Ele jogava no Boavista e nunca tinha sido internacional, e foi-o comigo, num jogo na Ucrânia. Depois perdemos o contacto e reencontrámo-nos no FC Porto numa situação dramática para ele. Sei que ele ficou muito magoado por não ter jogado o último jogo da última temporada. Precisávamos de ganhar o jogo, e, entre premiá-lo ou vencer o campeonato, não pude correr riscos. Este ano, foi titular em quase todos os jogos. Não me surpreendeu em relação ao seu carácter e capacidade de recuperação, mas sim ao nível da gestão de algumas situações que não foram fáceis e que nunca passaram para o exterior.


P | Que situações?

R | Se não passaram na altura, também não vão passar agora, e muito menos pela minha boca. Bastará dizer que o Pedro foi um apoio muito importante para mim.

"Não faz sentido tirar o Quaresma e com isso prejudicar a equipa"

P | É evidente que não se deixa influenciar pelos assobios das bancada, mas raramente Quaresma foi substituído. Não houve situações em que precisava de sair? R | Não, não tenho nada essa ideia, caso contrário tê-lo-ia feito. O Quaresma tem uma enorme capacidade e joga por cima das regras da equipa, e só há duas coisas a fazer num caso assim: se acho que ele é importante, mantenho-o na equipa; se acho que não é importante, tenho de tirá-lo. Ora, se não o tirei, é porque o acho importante. Foi importante para mim e para a equipa, e, se fizerem o levantamento dos últimos dois anos, vão perceber exactamente até que ponto ele foi importante. Agora, é evidente que nem sempre os jogadores conseguem ser tão influentes. O Lucho, no ano passado, não fez uma época tão boa como a actual, mas foi fundamental, e foi por isso que eu não o tirei, apesar de haver quem achasse que o devia ter feito. Este ano, o Quaresma aparentemente teve um rendimento inferior ao da última época, mas os números negam essa evidência e colocam-no como um dos jogadores mais influentes da equipa.

P | Mas houve uma quebra? Esteve bem melhor na primeira parte da época.

R | Sim, mas isso tem explicações. E, conhecendo o que está na origem dessa baixa de rendimento, a minha obrigação é tentar contorná-la e tentar rentabilizar o jogador. O que não faz sentido é tirá-lo e, com isso, prejudicar a equipa e o próprio jogador. Porque o que ninguém diz é quem pode substituí-lo. No dia em que o Quaresma falhasse dois ou três jogos, se as coisas corressem mal, a culpa seria do treinador e das suas opções. E, como as opções, tomo-as eu, quando ganhar a responsabilidade é minha, e quando perder também. Não decido é pela cabeça de outros.


P | Fica a sensação de Quaresma ser um obstáculo ao 4-4-2. Concorda?

R | Nunca disse que o meu sistema preferido é o 4-4-2. Disseram - e nunca desmenti, porque nem me interessava - que era esse o meu sistema favorito, mas não é verdade.


P | E qual é?
R | Entendo que o 4-3-3 com determinados jogadores é o sistema mais forte de todos. Se reparar nos clubes europeus, nas equipas de topo, andam todas dentro do mesmo estilo. O 4-4-2 clássico já acabou, e o 4-4-2 em losango apresenta uma teoria pouco consistente no que diz respeito aos equilíbrios e estrutura de uma equipa. O Liverpool joga neste momento em 4-3-3, os finalistas da Liga dos Campeões jogam em 4-3-3. É importante ter jogadores para potencializar o 4-3-3, caso contrário não o forço nem corro riscos. Com os jogadores que o FC Porto tem, as alternativas ao 4-3-3 não eram muitas. O FC Porto pode jogar em 4-4-2, apesar de esse não ser, para mim, o sistema mais importante. Nem acho que o 4-4-2 seja mais ofensivo do que o 4-3-3, nem o 3-4-3 é mais ofensivo. Quando cheguei ao FC Porto, deparei-me com esta situação: o sr. Adriaanse foi um treinador ofensivo, e a equipa marcou 54 golos em 34 jornadas. No meu primeiro ano, marquei 65 em 30, e este ano marquei 60 em 30.

P | A eventual saída de Quaresma não justificaria uma eventual mudança de sistema?


R | Poderá significar essa mudança, se eu não encontrar jogadores como gostaria de ter para manter o 4-3-3. Se quero manter a estrutura, a primeira coisa negativa que posso fazer é mudar o método e o modelo. Treinar o 4-3-3 e o 4-4-2 não é exactamente a mesma coisa. Treino como quero jogar. Treinámos durante dois anos para jogar assim, e a primeira coisa que não devo fazer para manter o FC Porto no topo é alterar este processo.

Bruno Alves, um dos melhores do Mundo


Houve uma série de jogadores que cresceram muito com Jesualdo Ferreira ao longo dos dois últimos anos no FC Porto. Bosingwa, Lucho ou Lisandro são alguns dos mais notáveis, mas, para Jesualdo Ferreira, Bruno Alves é a sua grande "obra-prima". "Acho que foi a primeira opção que fiz no FC Porto, quando cheguei na primeira semana depois do jogo com o Leiria. Houve um interregno de selecção e, nessa semana, utilizei o Bruno e tive de fazer uma opção entre ele e o Ricardo Costa para uma defesa a quatro com toda a convicção de que estava a fazer bem, porque conhecia o Bruno de outras equipas e achava, à distância, que o Bruno tinha todas as condições para ser um dos melhores centrais do Mundo", recordou. De resto, Jesualdo Ferreira desmente o mito que descreve Bruno Alves como um jogador violento. "Era bom que as pessoas fossem observar os cartões amarelos, as faltas que cometeu, as faltas que sofreu, e que percebessem que duas ou três jogadas polémicas não definem um jogador. Não foi assim que o seleccionador o viu, não foi assim que a UEFA o viu, e não foi assim que eu o vi. O Bruno atingiu um nível bom, porque, ao dominar melhor aquilo em que ele tinha mais dificuldades, que eram as técnicas defensivas, equilibrou-se emocionalmente e portanto, subiu como jogador." Palavra de mestre.


"Se continuar cá, Lucho será mais forte"


P | Disse que era difícil fazer a gestão motivacional de jogadores que provavelmente têm a ambição de jogar em outros sítios. Um deles é o Lucho. Antevê difícil a sua permanência, e até que ponto a contratação de Tomás Costa prevê isso?

R | O Tomás Costa não tem nada a ver com o Lucho. Lucho foi dos melhores profissionais que encontrei, como jogador e como homem. Se o Lucho ficar no Porto, será seguramente mais forte do que foi na última época. Vai ser melhor ainda, não tenho nenhuma dúvida. Mas há questões que estão acima dos meus desejos. E há questões que têm mais a ver com ele do que comigo. Não sei o que se passa na cabeça do Lucho. Do que conheci dele em dois anos, posso dizer que foi dos melhores profissionais com quem trabalhei.


P | Também argentino, mas com características diferentes, o Lisandro foi redescoberto como ponta-de-lança…

R | Não considero que seja um ponta-de-lança. O Lisandro é um atacante, um avançado. A questão é que o Lisandro fez, há dois anos, um campeonato excelente, jogando numa posição que lhe deu dimensão como jogador e atacante, tirando este ano todos os proveitos por actuar numa posição mais central. Mas o Lisandro nunca foi verdadeiramente um ponta-de-lança e nunca poderia ter feito o que fez se não tivesse, de cada lado, jogadores com funções parecidas, porque o próprio Quaresma alargou a sua zona de acção em relação ao passado, deixando de ser um jogador fixo à linha, tendo mais espaços para pisar e percorrer, fazendo mais golos de trivela e menos golos frontais. O FC Porto teve três avançados muito fortes e, pela dinâmica da própria equipa, qualquer um deles podia marcar. O Lisandro, pelo que evoluiu na época anterior, foi fundamental.

P | Mas não ficou surpreendido com a capacidade de finalização de Lisandro? R | Não. Durante dois anos, o Lisandro trabalhou aspectos tácticos e desenvolveu treino específico para poder finalizar.

"Sporting tem sido feliz nos jogos com o FC Porto"


P | Há dois clubes em Portugal que parecem ter encontrado um antídoto para o FC Porto. O Nacional da Madeira e o Sporting são as bestas negras do tricampeão?

R | Não creio. Com o Nacional da Madeira tivemos dois jogos atípicos. Recordo que no ano anterior o Nacional tinha uma equipa tão forte como a actual e vencemos os dois jogos. Este ano houve dois jogos atípicos. No Dragão queríamos ganhar para fazer um registo ímpar no FC Porto, mas não fomos capazes e percebeu-se que os nossos níveis de concentração estavam baixos e que era importante reactivá-los de novo para a final da Taça. Não me parece que o Nacional fosse uma besta negra, ainda que tenha sido a única equipa que não vencemos, mas em dois momentos atípicos. Quanto ao Sporting, é preciso dizer que se trata de uma equipa muito boa que contra o FC Porto tem sido feliz. Foi feliz na Supertaça, foi feliz em Alvalade e teve mérito na Final da Taça.


P | Mas há alguma dificuldade especial para lidar com o Sporting. O FC Porto parece fazer sempre um grande esforço para se adaptar à equipa de Paulo Bento…
R | Isso não é verdade. Temos os nossos processos, o nosso sistema e a nossa filosofia e não fomos em nenhum momento uma equipa que se adaptasse ao adversário. Nenhuma equipa deixa de ter em atenção o facto de que joga contra alguém de forma a incluir no seu plano de jogo aquilo que o adversário faz, no sentido de não o deixar jogar e tirar vantagem desse facto. O que aconteceu foi um grande jogo em Alvalade, onde fomos muito melhores, mas fomos infelizes e não ganhámos; um jogo bom no Dragão, que vencemos com um lance que é discutido até hoje - nunca mais ouvi discutir o penálti que o senhor Bruno Paixão não marcou na final da Supertaça e provavelmente nunca mais vamos ouvir falar dos erros do senhor Benquerença na final da Taça de Portugal - mas fomos melhores nesses jogos. Na Supertaça, o jogo foi equilibrado e perdemos, na Taça o Sporting foi melhor e ganhou.


P | Custou-lhe a digerir a derrota na final da Taça de Portugal?

R | Analisando os jogos ao nível do seu tempo regulamentar, o FC Porto só perdeu três jogos em Portugal e dois na Champions, o que é significativo. De qualquer forma, é conveniente referir que a vitória do Sporting na Taça foi justa. Não jogámos bem na Taça. Não fomos capazes de manter o mesmo ritmo e pagámos provavelmente por termos feito um campeonato fantástico e por termos sido campeões demasiado cedo. O Sporting teve mais cinco jogos intensos à procura dos seus objectivos e isso fez a diferença.


P | Então a eliminação com o Schalke terá sido o mais negativo da temporada?

R | Creio que sim. Com o Sporting disputámos uma final e fizemos um percurso imaculado até ela. O jogo com o Schalke foi um momento crítico durante a época. Preparámo-nos muito bem para ele e fomos melhores durante todo o jogo. Sentimos que tínhamos o direito de seguir em frente. Aí ainda faltava muito campeonato e depois desse jogo só voltámos a perder mais uma vez, com o Nacional da Madeira, o que se traduziu num teste muito positivo à robustez emocional da equipa.

P | Continua a notar-se alguma dificuldade nas competições a eliminar. O FC Porto é uma equipa só para maratonas?

R | Acho que as melhores equipas, as equipas que ganham mais coisas importantes, são precisamente aquelas que resistem mais tempo em patamares elevados de rendimento. O FC Porto é uma dessas equipas. As equipas que pontualmente atingem picos ganham algumas eliminatórias, ganham alguns jogos, mas acabam por perder mais vezes e não vão ganhar títulos de rendimento constante. Nós passámos todas as eliminatórias da Taça de Portugal e vencemos o minicampeonato da Champions. Na eliminatória com o Schalke percebemos que, no confronto a esse nível, pagámos o preço de disputarmos o campeonato português, onde os níveis de exigência são mais baixos.


Bento excelente, Cajuda fantástico


Jesualdo Ferreira foi o primeiro classificado na Tabela do Melhor Treinador (TMT) de O JOGO. Nos lugares imediatamente a seguir, tal como aconteceu no campeonato, ficaram Paulo Bento, treinador do Sporting, e Manuel Cajuda, treinador do Vitória de Guimarães, técnicos a quem Jesualdo Ferreira não poupa nos elogios. "O Paulo Bento não pode ser analisado apenas por uma época. É importante analisar o seu trabalho no tempo que leva de Sporting, ou seja, dois anos e meio. Com a pouca experiência que tinha como treinador, acho que fez um excelente trabalho", referiu a propósito do "adversário" de Alvalade. Elogios repetidos em relação a Manuel Cajuda. "Fez um trabalho fantástico", disse . "Ficar em terceiro e poder jogar a pré-eliminatória da Liga dos Campeões é uma coisa que jamais esquecerá. O Vitória de Guimarães é, de facto, um clube especial", concluiu.


"Aqui as derrotas pesam muito mais do que as vitórias"


P | Este ano, a nível pessoal, tem sido um treinador quase unânime. Já ganhou uma série de prémios…

R | Não é possível um treinador do FC Porto ser unânime. Até nem teria tanta piada. Felizmente este ano perdi poucas vezes. Mas nas poucas vezes que perdi senti que o peso das críticas sobre o treinador do FC Porto é sempre maior. Quando se ganhou, e foram muitas vezes felizmente, construiu-se uma imagem de competência que poderá justificar essas distinções de que fala.

P | E essa crítica, sente-a como? Nos jornais ou nos adeptos?
R | A crítica mais feroz é feita ao nível da comunicação social em geral. Não acredito que tenha existido algum treinador unânime no FC Porto. Para se ser reconhecido aqui é preciso ganhar muitas vezes e perder muito poucas, porque o peso das derrotas nesta avaliação é muito maior do que o das vitórias. É preciso ganhar muitas mais vezes do que se perde. Mas é normal e até é bom que seja assim. Tem a ver com as expectativas em relação ao clube: espera-se sempre muito do FC Porto e isso é bom.


P | Qual das distinções foi mais importante? Ser classificado como "mestre" pelo presidente sensibilizou-o?

R | Houve dois prémios importantes. Um deles foi o Dragão de Ouro, porque não é fácil chegar ao FC Porto e consegui-lo, até porque ele premeia o sucesso. Esse foi um prémio que me marcou muito. Depois há o Globo de Ouro, que é mais abrangente, quase como um prémio de carreira. Foi discutido por mais gente e obedeceu a critérios políticos e até de estratégia de comunicação. O Dragão de Ouro é a materialização daquilo que o presidente disse, embora "mestre" seja uma expressão demasiado lata, que talvez se justifique pela idade e pelo carinho que o presidente sente por mim.


"Triunfo na Luz foi fundamental"

P | Identifique o ponto decisivo do campeonato?

R | O triunfo na Luz foi fundamental. O FC Porto vinha de perder em Liverpool, na quarta-feira anterior e estava a quatro pontos do Benfica. Nessa altura, toda a crítica apontou como cenário provável a nossa derrota e a diminuição da vantagem para um ponto, mas o que aconteceu foi que aumentámos a diferença para sete. E a crítica inverteu o discurso e apontou o FC Porto como campeão. A verdade é que, desde esse momento, passámos de sete pontos de vantagem para 23.


P | A segunda volta correu melhor este ano, sem quebras de rendimento como há um ano. Há uma explicação para isso?

R | A segunda volta foi fundamental. Tivemos mais tempo e melhor tempo para a prepararmos e todos os objectivos intercalares que fomos traçando foram atingidos e foram importantes para nos manterem em níveis de rendimento elevados. Depois, aqueles jogadores que tinham estado comigo aqui no ano passado estavam habituados a trabalhar de forma diferente e foi fácil retomar o processo de trabalho depois da pausa de Natal. Uma pausa que continuamos a considerar importante e que nunca teve nada a ver com a quebra sofrida pelo FC Porto na última época.

"Scolari tem de reconstruir a Selecção"


P | Com o Europeu à porta, de que forma o perspectiva? Primeiro como português que expectativas tem e depois que implicações é que isso pode vir a ter para os jogadores do FC Porto que participam nele?
R | Acho que Portugal vai ter de trabalhar muito na preparação da equipa, nos treinos, neste espaço de tempo até ao início da prova. O Scolari tem que reconstruir uma equipa, reconstruí-la toda porque a equipa do passado já não existe. Por outro lado, Portugal tem um conjunto de jogadores que entre si têm muitas parecenças na forma como jogam. Digamos que não tem um conjunto de jogadores cujas características marquem diferenças permanentes na maneira como o treinador vai organizar o seu jogo e vai escolher os seus processos. Tudo aquilo que o Scolari fizer até ao início no Europeu e mesmo durante a prova no que respeita à organização desta equipa e das escolhas que vai fazer, será decisivo para o futuro.
P | Mas com aquele grupo de jogadores é possível fazer uma grande selecção? R | É possível. Mas atrevo-me a dizer que acho que nenhuma das equipas que vão disputar o Europeu pode fazer uma grande selecção. Podem formar equipas boas, agora não acredito que formem uma grande selecção. Porque o trabalho do treinador é curto e cada vez mais os jogadores têm culturas de jogo distintas. Portugal é uma delas.

P | Não está com grandes expectativas em termos de espectáculo?

R | Não, nunca as tive. Tirando o caso da França, quando foi campeã da Europa e do Mundo, nunca tivemos grandes espectáculos. Normalmente, a primeira fase no Europeu serve para ganhar lugares e só depois é que começa a sério. Têm vantagem as selecções que jogam com os mesmos jogadores há muito tempo, como a Grécia. A França está num processo de reestruturação e a Itália será sempre uma selecção que mantém os mesmos princípios, porque grande parte dos jogadores com qualidade actuam nesse campeonato.

"Auguro um grande futuro a Carlos Azenha"

P | Carlos Azenha está de saída da equipa técnica. Ao contrário do que acontece com outros técnicos, não há um adjunto que acompanhe o professor ao longo da carreira. É difícil trabalhar consigo?

R | Acho que não. Comecemos pelo Carlos Azenha, que é alguém que conheço há alguns anos, mas com quem nunca tinha trabalhado. Quando fui para o Boavista, quebrou-se um ciclo em Braga, onde o meu adjunto era o Rui Águas. Por variadíssimas razões entendi que o Rui Águas não me podia acompanhar no Bessa e como sabia que o Carlos Azenha era um técnico competente, convidei-o para ir para o Boavista e naturalmente para o FC Porto. Ora, o Carlos é uma pessoa com uma personalidade muito forte, que tem objectivos na vida que passam por ser treinador principal. Dentro dessa legitimidade, pela competência que tem, entendemos que o Carlos cessaria as suas funções como treinador adjunto. Como sei exactamente o que ele sente, porque já passei pelo mesmo, tudo o que tenho a dizer é que fez um excelente trabalho, um indivíduo a quem devo muito pela entrega e pela qualidade do trabalho. E dizer que no mercado vai estar mais um treinador competente com muita da escola do FC Porto a quem eu auguro um grande futuro como treinador principal.


P | Vai fazer falta?

R | Sempre gostei de trabalhar com pessoas competentes, nunca vivi com fantasmas. Treinei uma série de equipas, nunca tive medo de haver gente a ver o jogo na bancada e nunca me preocupei com esse tipo de questões. Acho que só se pode fazer um trabalho sério e bom com gente competente. Nesse contexto, a saída de um elemento como o Carlos Azenha provoca adaptações. É uma quebra de rotina que teremos de ultrapassar. De resto, é de sublinhar que foi muito importante para o Carlos Azenha ter tido a oportunidade de trabalhar no FC Porto.

P | Vai implicar a entrada de alguém?

R | Vai.


P | Quem?

R | Ainda não sei. Já agora, sempre quero dizer que não é nada difícil trabalhar comigo. Tudo o que exijo é disponibilidade completa e lealdade. Não é complicado.








"Jesualdo será campeão outra vez"

O craque, o melhor e a referência

"Um Lucho diferente da época passada"

"Quaresma é um jogador especial"

"Terei muito de Van Gaal"

"Tivemos um penálti a favor"

"Gratificante ouvir Pepe"

"O Dragão será especial"

CARLOS AZENHA

Carlos Azenha "Jesualdo será campeão outra vez"

Carlos Azenha encerra um ciclo da carreira, mas faz questão de a fechar sem deixar dúvidas a pairar. Não continua no FC Porto porque quer ser treinador principal e deixa Jesualdo, a quem agradece muito do que aprendeu.

Não existirá o risco de pensarmos que a sua relação com Jesualdo se desgastou e que é por isso que não continuará no FC Porto?
Se isso fosse verdade, o lógico seria que não fosse convidado a renovar. No FC Porto, os adjuntos só entram com o consentimento do treinador principal. Se o treinador não gostar do adjunto, a administração dá-lhe carta branca para o despedir. Para ter existido uma proposta de renovação, ela só pode ter sido feita com consentimento de Jesualdo Ferreira. Falei-lhe sobre a minha decisão e ele também achou que este seria um bom momento para me tornar treinador principal. Nada melhor do que sair com o FC Porto campeão.

O terceiro ano de Jesualdo Ferreira não será uma época difícil? São raros os exemplos de um treinador que tenha ficado três anos no FC Porto.

Não, não acho nada disso. Será, isso sim, a primeira vez que o presidente ganhará três campeonatos consecutivos com o mesmo treinador. Jesualdo está a ver o seu valor reconhecido e ele merece que o seja. O plantel não sofrerá grandes oscilações: saiu o Bosingwa, sairá mais um ou outro, mas, mesmo assim, a estrutura do FC Porto já tem essas saídas preparadas. Repare que este clube ganhou o campeonato com 20 pontos de diferença, praticou futebol de alto nível, enquanto que a Benfica e Sporting resta tentar combater este poderio. Ao FC Porto bastará jogar igual, os outros terão de melhorar muito.


Já reparou que se Co Adriaanse não tivesse saído do FC Porto, ainda poderia estar no Boavista? Agradece a Adriaanse?

Primeiro, tenho de agradecer ao Jesualdo. Mesmo com a decisão de Co Adriaanse, se o Jesualdo não me convidasse, eu não teria chegado ao FC Porto. A gratidão é uma coisa que as pessoas devem ter. Agradeço o facto de o FC Porto se lembrar de Jesualdo e ele de mim. Tenho de agradecer ao presidente e ao director geral, Antero Henrique, uma pessoa que me marcou e vai marcar durante a minha vida. Hoje, se sou mais treinador do que quando entrei, foi devido ao que estas pessoas me ensinaram. Foi devido ao que Jesualdo me ensinou, ao que Antero me ensinou, ao que o Acácio [ndr. Team Manager] me ensinou. Quando entrei, falei com o presidente, que me deu uma opinião coerente, equidistante, sabendo o que são os interesses do FC Porto. Guardo para mim até hoje, e guardarei sempre, o que o presidente me transmitiu.


Não gostava que o seu trabalho, enquanto treinador-adjunto, tivesse mais visibilidade?

Sabemos todos que o FC Porto tem a sua gestão de imagem muito própria e o treinador principal a sua gestão... Estaria a mentir se dissesse que não gostaria de ver o meu trabalho reconhecido. Mas, o que me importa realmente é ver o que faço reconhecido por quem lidera o processo. A partir do momento em que existe esse reconhecimento, se passa ou não passa para fora, deixa de ser determinante.


Considera que o seu trabalho foi reconhecido?

Não tenho dúvidas a esse propósito, até porque o FC Porto tudo fez para que eu renovasse por mais um ano.


Quando decidiu que deixaria o FC Porto?

A seguir à eliminação da Liga dos Campeões. Transmiti a minha decisão ao presidente, que a compreendeu e aceitou, comuniquei-a igualmente ao director geral e fiz questão de explicar que a minha posição não tinha que ver com o FC Porto ou com o treinador principal, apenas era resultado da decisão de encerrar um ciclo de 18 anos. Aprendi muito com Jesualdo, mas a vida é feita de momentos e este era o momento para sair. Mesmo que não comece já, estou convicto de que vou começar em breve.


O que leva destas duas épocas como treinador-adjunto do FC Porto?

A saída do FC Porto foi uma opção minha, resultado de uma decisão alicerçada na convicção de que, após 18 anos como treinador adjunto, chegou a hora de encerrar um ciclo. Não encerrei como mais gostaria, com a vitória na Taça de Portugal, mas fechei o ciclo sendo bicampeão nacional. E encerrei num dos melhores clubes europeus. A partir deste momento, iniciarei uma nova etapa, que pode passar por assumir o cargo de treinador agora ou a médio prazo. É seguro que é assim que vai suceder; é algo que quero fazer. Esta decisão, como em tudo o que já fiz, foi ponderada e agora devo escolher o clube mais indicado para obter o sucesso, que é o que mais desejo.


E que balanço faz destes dois anos?
Foram, de facto, anos maravilhosos. Fui sempre muito bem tratado. E agora compreendo melhor o que o Fernando Mendes, que treinei, me dizia quando afirmava que era difícil sair do FC Porto sem se ser portista.


No seu caso está a ser difícil?

É, de facto, difícil. As pessoas que fazem parte da estrutura gostam muito do clube e eu tive a sorte de ter vivido dois anos em que o FC Porto foi campeão. Há duas coisas nestes anos que me marcaram de forma intensa. Ao nível da cúpula, não posso deixar de falar no presidente Pinto da Costa. Sei o que podem pensar por dizer isto, mas digo-o na mesma: trata-se de uma pessoa excepcional e como presidente de um clube é uma referência. Tenho muito que lhe agradecer. Outra pessoa que me marcou, o administrador Adelino Caldeira, com quem tive o privilégio de privar. E há as pessoas ao nível daquilo que marca a diferença do FC Porto para os restantes, destacando-se aí o director-geral, Antero Henrique, mas também o Acácio Valentim, entre outros. Esta passagem pelo FC Porto serviu como etapa muito importante de aprendizagem. Passei a ter a certeza de que neste clube o treinador só tem que se preocupar em treinar. Duvido que seja assim em qualquer outro clube português.


O craque, o melhor e a referência


Foram dois anos, dezenas de jogadores e jogos. Mais vitórias do que derrotas. São muitos dados para processar, é certo, mas na hora de escolher os jogadores do FC Porto que o marcaram de forma mais vincada, Azenha destacou três. Podiam ser mais, mas "o Lucho é um senhor do FC Porto, um homem com "H" grande, um excelente profissional e atleta. Basta vê-lo em campo para perceber que tem o que evidencia os craques: a mesma velocidade no processo ofensivo e defensivo". Ainda na órbita argentina, "outro grande profissional, o melhor avançado do futebol português: Lisandro. Digo que é o melhor avançado e não o melhor ponta-de-lança, visto haver uma grande diferença. O Lisandro mostrou este ano que joga bem na área, nas alas e atrás do ponta-de-lança". Outra pessoa marcou "pela idade e referência que já era, visto ser o capitão". Ou seja, Pedro Emanuel, que "em muitos momentos do FC Porto foi importantíssimo, pelo papel motivador".

"Um Lucho diferente da época passada"


Olhando para os resultados globais, este FC Porto pareceu melhor do que o de 2006/07, em especial em matéria de condição física. Houve alteração de metodologia de trabalho de uma para outra época?
A metodologia foi um pouco diferente, mas, acima tudo, esteve o facto de termos podido organizar a pré-temporada segundo o que pensávamos, com as nossas ideias. E pudemos acrescentar a isso a vantagem de conhecermos a maior parte do FC Porto. Não se pense que foi sorte. O FC Porto cria essas condições, porque tendo perdido na pré-temporada dois grandes jogadores, casos do Pepe e do Anderson, foi capaz de dar à Selecção Nacional jogadores como Bruno Alves e Raul Meireles. Capaz também de usufruir de um Lucho em nada parecido com o da época passada. É por isso que quando se diz que o FC Porto foi campeão por outras razões chega a ser anedótico. Uma vez mais houve sim, planeamento, processo...


O FC Porto, dizem os números, podia até defender bem, mas há quem aponte a deficiência de não o saber fazer com uma boa circulação de bola e que isso era notório na Liga dos Campeões.

Não me parece que seja uma análise correcta. Na Champions, sofremos apenas dois golos em casa; na época passada, apenas o Chelsea marcou no Dragão. No campeonato só não batemos um recorde com 70 anos por desleixo total dos jogadores, por culpa do facilitismo de todos. E chegámos à final da Taça de Portugal sem sofrer golos. Recordo-me de José Mourinho ter dito algo que me deixou orgulhoso, apontando o FC Porto como única equipa na Europa que dominava bem e conseguia jogar em dois sistemas. Os jogadores eram capazes de o fazer, mas também sabemos que não são robôs.
Será possível encontrar uma explicação para a primeira parte que fizemos na final da Taça de Portugal? Que depois da expulsão do João Paulo a equipa tivesse jogado tão bem? É um contrasenso.

A exibição e a derrota na Taça de Portugal podem explicar-se o espaço temporal entre a conquista do título de campeão e a final do Jamor?

Muita gente diz isso, mas não concordo. Qualquer técnico quer ganhar o mais depressa possível e ter tempo para preparar uma final. Mas há outros aspectos que podemos colocar, como seja o Euro'2008, jogadores em final de contrato, notícias e transferências, até mesmo problemas familiares. Isso tudo influencia. Às vezes acho que se esquecem de que o FC Porto ganhou mais de 80 por cento dos jogos. Duvido que haja na Europa quem o tenha conseguido. Esta época o FC Porto teve apenas dois maus jogos: com o Nacional e a final da Taça de Portugal. Porque da derrota em Alvalade, todos estarão recordados de que podíamos ainda lá estar que não teríamos marcado qualquer golo.


"Quaresma é um jogador especial"


É possível jogar bem em dois sistemas?

Sim. O FC Porto, por exemplo, foi capaz de o fazer algumas vezes. E isso porque treinava as duas situações, ainda que esteja mais rotinado no 4x3x3.

O Quaresma foi sempre um entrave ao 4x4x2?

Trata-se de um jogador especial. Quaresma possui características únicas, mas é um facto de que a equipa teve muitas vezes de se adaptar às suas características.

Será adepto do 4x4x3 ou do 4x4x2?

A minha preferência vai para uma equipa agressiva, de processos simples e rápidos, em que o colectivo supere o individual. Se uma equipa depender das suas individualidades, quando elas não estão, compromete tudo.

"Terei muito de Van Gaal"

Sem pressa, até porque vive sem depender do futebol, Carlos Azenha garante que vai usar tudo o que aprendeu com os treinadores que conheceu. De Jesualdo Ferreira, por exemplo, aprecia o método.


Coloca a possibilidade de um dia regressar ao FC Porto como treinador principal?
Por que não? Considero que o mais importante no treinador é ser competente e isso eu sou. Se terei capacidade para liderar um grupo, isso será o futuro a dizer.

O cargo de treinador principal terá muito de si ou mais daquilo que foi aprendendo com outros treinadores?

O Carlos Azenha vai ter seguramente muito de Van Gaal, Boskov, Sacchi e muito de Jesualdo Ferreira, numa determinada área, e irá ter muito de Toni noutra área, daquilo que é o relacionamento humano. De Jesualdo, iremos ter uma pessoa muito metódica, fria a analisar situações, de Van Gaal, que admiro imenso, terá o processo ofensivo, porque o futebol só tem lógica quando jogado para ganhar. Irei ter muito do Arrigo Sacchi, porque, em termos defensivos, aprendi com ele. Mas, acima de tudo, terei uma personalidade própria, respirando um pouco de cada um destes treinadores.


Pretende começar por onde?
Tive três convites de clubes da Bwin Liga. Não escondo que era minha convicção começar pelo exterior, até porque é um sonho meu. Não pergunte quais, porque não direi o nome dos clubes, por uma questão de respeito, até porque esses clubes escolheram treinadores e sei que, algo que não compreendo, há quem viva o drama de não ser a primeira opção. Como se o mais importante não fosse o facto de sermos opção. Aliás, teoricamente, todos somos sempre segunda opção na medida em que não haverá quem não pretenda José Mourinho. Neste momento, devo ponderar bem qual é o melhor clube para começar. Como tenho a minha vida estabilizada fora do futebol posso esperar o tempo que entender, não tenho a necessidade de começar já. Vou ter calma.


Apesar do relativo desconhecimento sobre o teu trabalho, acaba por receber três convites para a Bwin Liga e até do estrangeiro.

Isso deve-se, penso eu, aos jogadores. Devem ser eles que passam as informações para o exterior, até porque os dirigentes não me conhecem. Acredito que também tivessem recolhido informações junto do FC Porto, caso contrário não me teria reunido com três clubes.


Olha-se para os últimos anos e vê-se que alguns adjuntos do FC Porto tiveram uma carreira de sucesso. Carrega um pouco essa responsabilidade, visto existir uma imagem de competência associada ao cargo?

Um dos grandes problemas das pessoas é quererem imitar os outros. Se me perguntar se queria ter metade do sucesso que o Mourinho tem, dizia já que sim. Mas não estou preocupado em imitar Mourinho. É impossível fazer imitações. Cada pessoa tem uma personalidade diferente, formas próprias de abordagem. A minha única preocupação é sair do FC Porto e deixar uma imagem positiva, interna e externamente, e ter a oportunidade de colocar em prática um conjunto de coisas que já conhecia e outras que aprendi, ajudando-me a ser competente e a ter sucesso. Eu não ando à procura do sucesso, ando à procura do prestígio, que são coisas diferentes. Há treinadores que têm sucesso e não têm prestígio. O Eriksson é um treinador com grande prestígio, mas a nível de sucesso, há outros que têm mais. Foi falado para o Benfica, para a selecção do México, esteve na selecção inglesa. Há uma grande diferença entre ter sucesso e prestígio. A minha preocupação, eventualmente, é conquistar prestígio e isso ganha-se com competência e sabedoria.


Quer treinar uma equipa com que objectivos?

Mais importante do que os objectivos é saber qual é o projecto. Nos países latinos a barreira entre essas coisas é ténue, daí o meu interesse em ir para países onde a competência é valorizada, onde o trabalho é valorizado não apenas pelos resultados, mas por aquilo que se constrói. Será que o Cristiano Ronaldo era o que é hoje se não tivesse ido para o Manchester United? Quero ir para países britânicos, que têm uma filosofia diferente, que têm uma determinada capacidade de aceitar projectos que em Portugal não se verifica. Tanto se é competente numa equipa pequena como numa de topo. Só os níveis de exigência são diferentes. No FC Porto os níveis de pressão são muito elevados, não basta ganhar. É preciso jogar bem e agradar. Senti isso na pele. Pela primeira vez, vi uma situação que julgava não ser possível: a equipa foi eliminada da Liga dos Campeões e os adeptos bateram palmas, porque os jogadores fizeram tudo, jogaram à Porto. Não é a mesma coisa treinar uma equipa grande e uma equipa pequena.


"Tivemos um penálti a favor"


Como é que viveu a fase do Apito Dourado e Apito Final? Sentiu que o trabalho dos treinadores e jogadores era desvalorizado?

Senti-me triste. Tive azar, porque vim para o FC Porto na altura em que tudo isso se espoletou. A final da Taça de Portugal é mais uma prova de que, em caso de dúvida, o FC Porto é sempre prejudicado. Não quero com isto tirar o mérito à vitória do Sporting, mas estou a questionar o que são factos. No FC Porto em que estive não há ninguém que possa apontar o mínimo favorecimento, pelo contrário. O FC Porto teve uma grande penalidade a seu favor em todo o campeonato. Se compilarem as situações de dúvida, é o FC Porto que fica com razões de queixa em relação aos adversários.


Mas é possível passar ao lado do que se escreve e ouve?

Claro que não, isso interfere. Nos momentos difíceis, o FC Porto forma uma família. Se o que se está a passar no FC Porto fosse noutros clubes, seria muito complicado. No FC Porto não foi porque a estrutura permitiu blindar as coisas, que nunca chegaram à equipa. Mas em jogo jogado, e em caso de dúvida, as faltas ficavam por marcar. Na final da Taça houve dois lances, um com o Lisandro dentro da área, no seguimento do qual o Sporting marca o primeiro golo, e a expulsão do João Paulo. São dois momentos cruciais que, se fossem ao contrário, toda a gente diria que era por causa do Apito Dourado. Se olharmos para os casos em que o presidente é acusado, Beira-Mar e Estrela, vê-se que é ridículo. O futebol tem que parar para pensar e os media têm um papel fundamental. É impensável querermos ter um campeonato forte, levando as pessoas aos estádios, quando nós, que vendemos o produto, falamos mal dele. Eu não posso ser o dono da Coca-Cola e andar a dizer que é uma porcaria. Como é que a vendo depois? É o que nós fazemos.


Gratificante ouvir Pepe


"Antes de mais é gratificante". Carlos Azenha referia-se à opinião de Pepe, que, na partida para o Real Madrid, prognosticou um futuro risonho para Azenha como treinador principal. O ex-adjunto do portista agradece e recorda: "Conversámos muitas vezes sobre processos defensivos e foi com enorme satisfação que ouvi o Pepe dizer, no regresso de um jogo na Rússia, que se considerava melhor jogador". Do caso particular para o geral, Azenha volta ao FC Porto "que tem uma vantagem sobre as outras equipas. Há as que defendem bem porque têm jogadores de qualidade, mas quando esses jogadores estão fora a equipa perde eficácia. O FC Porto jogou com todos os defesas, mas o processo defensivo manteve-se constante".


O Dragão será especial


Azenha ainda não pode garantir que comece a época num banco de siplentes, mas promete que "Voltar ao FC Porto como adversário, ou um dia como treinador, será um motivo de orgulho. Será sempre especial , porque foi uma casa que me projectou e me permitiu ser campeão. Mas também não será um jogo fácil, porque é obvio que vou sair do FC Porto com uma costela portista".




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