Decisões
A decisão tomada pelo FC Porto de não recorrer da sentença da Comissão Disciplinar no processo Apito Final já fez correr muita tinta. Em poucas palavras, a administração da SAD portista tomou uma decisão racional. É isso que se pede a uma administração: que tome decisões racionais na defesa dos melhores interesses da empresa que, por sinal, neste caso, é um clube. O problema é que quando se tomam decisões racionais, muitas vezes atropelam-se as emoções e um clube de futebol é quase todo emoção.
Ora, é legítimo que os adeptos se emocionem e se deixem dominar pelas emoções. Que assobiem os jogadores quando algo corre mal, que queiram despedir o treinador à primeira derrota, que exijam contratações milionárias, que façam e desfaçam a equipa ao sabor dos resultados.
Quem dirige não tem esse privilégio. Quem dirige deve decidir de forma sustentada, procurando defender o interesse do clube. Até ver, foi o que a SAD do FC Porto fez. A perda de seis pontos diluiu-se na vantagem que a equipa acumulou no campeonato sem consequências desportivas, quando o recurso poderia ter implicações imprevisíveis na próxima temporada. A honra do clube está defendida no recurso do presidente Pinto da Costa. Sendo o clube e o dirigente comparticipantes nos actos de que foram acusados, o eventual sucesso do recurso de Pinto da Costa ilibará também o clube, embora os seis pontos estejam irremediavelmente perdidos.
Finalmente, há o capítulo aberto com a polémica da eventual exclusão dos tricampeões na próxima edição da Champions. A esse nível, convém recordar os recentes sucessos alcançados pelo departamento jurídico do FC Porto, com decisões históricas - casos Del Neri e Adriaanse - quer ao nível da UEFA, quer ao nível da FIFA, para admitir que não terá deixado nada ao acaso. Claro que tudo isto é muito racional e nada disto acalma as emoções apaixonadas dos adeptos. Mas é isso que se espera de uma administração.
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