terça-feira, maio 27, 2008

TRETAS 6




É opção em aberto

Foi assim que William Gaillard, Director de Comunicação da UEFA, tratou a hipótese de exclusão do FC Porto da Liga dos Campeões, explicando que será o Comité Executivo a ter a última palavra, se o caso for levado até essa instância. Platini esclareceria que, se o problema existir, o Comité Executivo só se pronunciará depois de ele ser analisado pela Comissão de Controlo e Disciplina, ao passo que Girgoriy Surkis, membro desse comité, entende que a FPF tem instrumentos para resolver o problema…

A ser assim, acreditando que há um fio condutor entre estas declarações sibilinas e aparentemente contraditórias dos responsáveis da UEFA e prevendo que o campeonato será homologado com a vitória do FC Porto (depois da subtracção dos seis pontos como penalização única e definitiva), não haverá razões para crer que a FPF possa denunciar, propor ou induzir a exclusão do campeão nacional de seu representante nessa prova internacional. De resto, e mesmo discordando da opção táctica que o FC Porto, SAD adoptou, não posso acreditar, e muito menos admitir, que um clube que também se distancia dos seus concorrentes nacionais pela qualidade da sua organização, de que o seu apoio jurídico faz parte integral, tenha negligenciado esta questão.

Mas não me admira que o Benfica se empenhe na secretaria, depois de mais uma vez ter fracassado em todos os seus objectivos. Aliás, lamento que o FC Porto não adopte uma estratégia equivalente. Naturalmente, quando se ganha em campo e dentro das quatro linhas, as questões administrativas têm muito pouco interesse e parecem fúteis, mas tenho saudades dos tempos em que o FC Porto não se remetia ao silêncio táctico nem encolhia os ombros quando os cães ladravam ao passar da sua caravana. Gostaria, por exemplo, que o clube tivesse insistido para que o conteúdo das gravações do Apito que vieram a público e que envolviam dirigentes benfiquistas tivesse sido investigado, que tivesse exigido um inquérito sobre o Estorilgate, que tivesse denunciado as contratações, por parte do Benfica, de jogadores de equipas que iam ser seus adversários. Gostaria também que, após a final da Taça, não se tivesse deixado ao treinador e aos jogadores o ingrato papel de reclamarem por terem sido prejudicados, de forma ostensiva e implacável, pela arbitragem. Desculpem o vernáculo, mas «quem não chora não mama». É isso que o Sporting tem feito, de forma cirúrgica. É talvez por isso que, desde há anos, beneficia dos favores dos homens do apito.
Rui Moreira in abola