sexta-feira, novembro 30, 2007

Que joguem os melhores




Por Rui Moreira


Há dias em que é difícil escrever... Depois da humilhante goleada que o meu clube sofreu em Liverpool, confesso que passei horas de irrequietude, deambulando pela casa e adiando esta minha espinhosa missão. Para os observadores e alguns adeptos que olham o futebol com racionalidade, a derrota em Anfield Road não é um resultado anormal. Há, como é evidente, uma diferença enorme no orçamento e também na qualidade individual dos jogadores. Com alguma benevolência, haveria três ou quatro dos nossos jogadores que caberiam no plantel dos «reds». Além disso, o Liverpool jogou tudo por tudo, já que não podia desperdiçar pontos, enquanto o FC Porto sabia que continuaria a depender apenas de si, qualquer que fosse o resultado. Nada está perdido e bastará vencer o Besiktas em casa para garantir não só o apuramento como também o importante primeiro lugar do grupo. Ainda assim, esta foi uma derrota que custa a digerir, porque me chegou a parecer evitável e porque — por culpa de Pinto da Costa — estou muitíssimo «mal habituado».Como o jogo não era crucial e ocorreu em vésperas da importante visita à Luz, Jesualdo decidiu poupar algumas peças do seu xadrez habitual e rodar o plantel, tal como eu previra. Viu-se mais uma vez quão infelizes foram as contratações e porque é que Jesualdo não gosta de chamar reforços a tão triste safra. Ainda assim, e depois de um mau início, o magistral golo de Lisandro equilibrou a contenda e o argentino teve até uma boa oportunidade para colocar a equipa em vantagem mas, como tantas vezes acontece, esse desperdício viria a sentenciar o jogo, que na segunda parte, e à medida que o tempo se esgotava, foi tendo só um sentido. O que me impressionou, quando o árbitro resolveu inclinar o relvado e o Liverpool iniciou o vendaval ofensivo dos últimos minutos, foi a enorme dificuldade portista para travar a avalanche, por falta de uma voz de comando e por fragilidades individuais que se vão repetindo e que se repercutem no colectivo.Em vésperas do clássico da Luz, o jogo que os portistas mais gostam de ganhar ,não é altura de crucificar jogadores que só se devem lembrar dos disparates de Anfield para não os repetirem. Hoje é pois dia de dar alento à equipa e de lembrar a Jesualdo que este é um jogo em que nem pode fazer economias nem se pode deixar intimidar pelos nomes estampados nas camisolas. Este jogo, professor, é mesmo para ganhar, com aqueles que estiverem em melhor forma e em condições de bem jogar!