terça-feira, julho 02, 2013

MIGUEL SOUSA TAVARES - WIMBLEDON E O RESTO

Por burrice comprei o jornal antes de ver o que lá vinha pois se soubesse não o teria feito...a crónica tem dois pontos:

1 - O primeiro e ocupa 3/4 da crónica pode ser visto aqui.

2 - O 1/4 que resta pode ser visto aqui.

:-))

Se tiver pachorra coloco aqui quando chegar a casa ou daqui a pouco...mas não perdem nada...aliás, só como aperitivo ele diz que o FC Porto e Benfica devem seguir a politica do Bruno Carvalho do Sporting...:-)))))))  Eu não quero ir ao arquivo mas ele já disse uma coisa semelhante com outro ex-presidente do Sporting...as suas qualidades técnico/tácticas e as suas previsões são como o desgoverno... :-))



Agradeçam à Sofia que fez o favor de "scannar" o jornal. E ela chamou-me à atenção pelo facto do MST ter dito que o Ténis não é aborrecido,não há tempos mortos e até diz que é o melhor desporto do mundo...ahahahahaha...o homem está maluco na sua betice...aquilo, tresanda a sono betinho até não puder mais...claro que nas grande competições, seja em que modalidade for há mais emoção que noutros jogos regulares...ele que acompanhe na RTP2, já nem sei se ainda transmitem como antigamente, um torneio qualquer de ténis fora do circuito....é um bocejo e dos grandes...

Além disso, é um vomito o que diz sobre Wimbledon... acha extraordinário os jogadores terem que ir todos de branquinho e não podem ir despenteados...saudades dos tempos da outra senhora? ó pá, na Coreia do Norte eles também são assim todos bem comportadinhos, como o MST gosta...ridículo...tresanda a betinho que é uma coisa impressionante...e também ficamos a saber que ele faz mais esforço para ir a Wimbledon do que ir ver um jogo do FC Porto...cá para mim percebe tanto de ténis como futebol: zero. Ai a "nossa" Michelle Brito...olha ele a ser tão patriota...a "nossa" o tal que critica o patriotismo bacoco sempre quando alguém torce por um português noutro campeonato no futebol...mas ele já sabia que ia ser eliminada, pois é portuguesa, descontando que fez toda a formação nos EUA :-) Ó pá, em Portugal não há jogadores de Top porque ninguém liga um corno ao ténis...continua a ser um desporto de betinhos...e assim continuará...que Wimbledon não proíba os fumadores de charutos nem os caças de gambozinhos que assim pode ser que um dia ele tenha o orgasmo final...já que no futebol, o Vítor Pereira estragou-lhe a festa nos últimos dois anos...:-))


WIMBLEDON E O RESTO


1- Já aqui escrevi em tempos que o meu desporto preferido entre todos é o ténis. Para jogar ou para ver, não há desporto algum que se lhe possa comparar. Assistir a um jogo de um torneio ATP é ter a garantia de que em momento algum nos vamos aborrecer - com tempos mortos, tácticas defensivas, manhas dos jogadores, contestação à arbitragem, cobardias dos treinadores, comportamento lastimável do público etc.,etc. - como acontece em tantos jogos de equipa, com o futebol à cabeça, ou em vários outros desportos que resultam profundamente chatos, como a Fórmula 1. O ténís é uma espécie de combate de gladiadores em que o resultado nunca está feito até que alguém vença o último match point — como bem observou o Woody Allen, que fez desse momento o ponto de partida para um filme.

Por estes dias, os amantes do ténis vivem a sua temporada de luxo, que se inicia em finais de Maio, principio de Junho, culminando em Wimbledon. São, por ordem, os torneios de Barcelona, Roma, Monte Carlo e Rolland Garros, todos em terra batida, seguindo-se a mítica relva do All England Tennis Club, vulgo Wimbledon. Há um ano atrás, decidi que por esta altura de 2013, e coincidindo com o meu aniversário, me ia ofertar um presente de anos especial: um lugar na final de Wimbledon. Mexi-me, tentei, falei, procurei, mas não consegui: pode ser que para o ano... Vejo-me, pois, limitado a ir assistindo aos jogos sentado no sofá. O que vale é que o ténis é um jogo altamente televisivo e o court central, ou o court n°1 de Wimbledon, com várias câmaras atentas a todos os pormenores, da relva e das bancadas, é um espectáculo em si mesmo. Este é um publico civilizado e generoso, que tanto venera o vencedor justo como o vencido digno. E por isso é que é possível ver um jogador já sem hipótese alguma de virar os acontecimentos, à beira de perder o terceiro set e com três match points contra, conseguir safar dois deles apenas por uma questão de brio e de vontade de não se despedir do público sem mostrar que lutou até ao último suspiro.

Wimbledon é uma competição verdadeiramente única, não só no ténis como em qualquer outra modalidade. As boas e velhas tradições inglesas de fair play e respeito pelo público que vai ver os jogadores são absolutamente incomparáveis e a chave da atracção imortal deste nome. Isso começa logo na exigência de que todos os jogadores estejam integralmente vestidos de branco, acabando-se com a cacofonia das cores dissonantes e o mau gosto de alguns equipamentos. Está fora de questão, também, que os jogadores se apresentem despenteados à moicano e tatuagens de cima a baixo: aqui tudo é discreto e clean. Nem pensar em reclamar com o árbitro (apenas algumas leves e cerimoniosas discordâncias muito ocasionais) assim como seria absolutamente inadmissível ver os jogadores a discutir um com o outro, a abandonarem o campo sem ser lado a lado, a não se cumprimentarem entre si e o árbitro no final, ou ver o vencido deixar de felicitar o vencedor. Um só exemplo basta para perceber toda a diferença do que significa o fair play: na bancada de serviço não é necessário ordem do árbitro - ela é executada quando o jogador que vai servir está preparado e em posição e quando constata que o adversário também o está. Não há nenhum sinal entre eles, nenhum gesto ou palavra do árbitro e, no entanto, não há memória de um jogador ter servido antes que o outro estivesse preparado para receber, tentando tirar daí vantagem. A sanção para quem não cumprir quaisquer destas regras, muitas delas não escritas, é simples: no ano seguinte, o jogador que não acatou as regras não será convidado a participar.

Este ano, Wimbledon tem assistido a uma hecatombe prematura de alguns dos principais favoritos e favoritas à vitória: Nadal caiu na primeira ronda, Federer, o meu preferido, na segunda. Também tivemos a proeza da nossa Michelle Brito, derrotando a 3ª do ranking, Sharapova, mas logo caindo a seguir às mãos da 104ª. Confesso que tinha apostado que ela caía logo a seguir à sua grande vitória, porque, infelizmente, essa tem sido desde sempre a característica dos nossos tenistas, à qual Michelle Brito não escapa: a falta de consistência de jogo, a falta de um espírito de vitória que transforme ocasionais proezas sem seguimento em progressos fortes e consistentes. Quando olhamos para o lado, para Espanha, e constatamos que eles já vão na terceira ou quarta geração de jogadores de topo nos últimos trinta anos, é inevitável perguntarmo-nos por que razão nós nunca tivemos um grande jogador ou jogadora, alguém que tivesse conseguido, nem que fosse uma só semana, ocupar o top-50 do ranking. E se, há trinta anos, a desculpa evidente era a falta de condições, falta de campos,de oportunidades, de treinadores de topo, hoje, e em alguns casos, essa desculpa já não colhe. Michelle Brito, por exemplo, foi levada pelos pais para os Estados Unidos aos 8 anos de idade, com a única finalidade de jogar ténis, aprendendo na mais prestigiada escola do mundo, que é a Academia de Nino Bolletieri, em Miami. Daqui e da Academia de Barcelona, saíram muitos dos actuais jogadores do Top-20 e têm saído muitos mais ao longo dos anos. Já vários portugueses passaram por lá, mas nenhum triunfou. É, certamente, um mistério. Um frustrante mistério.

E assim, enquanto tudo parece encaminhar-se para uma final Murray-Djokovic, resta-me pensar no assunto e ficar sentado a assistir ao mais fantástico espectáculo desportivo do mundo. Como se estivesse lá, sentado ao lado da cabina onde o imortal John McEnroe faz hoje os seus comentários televisivos. E ficar a lembrar-me da mais empolgante final a que já assisti, a de 1980, salvo erro, em que McEnroe, derrotando Bjorn Borg em cinco seis e quatro horas e meia de duelo de cortar a respiração, evitou que o sueco conquistasse a sua sexta vitória consecutiva em Wimbledon, do mesmo passo resgatando um ténis de risco e de ataque, que Borg havia congelado nos courts.

2- Com uma votação norte-coreana, o Sporting entregou-se totalmente ás ideias de Bruno de Carvalho, confirmando o estado de graça de que goza o novo presidente, como ninguém mais antes dele. Segui atentamente a sua entrevista no Dia Seguinte e, entre muita coisa que me pareceu acertada e reveladora de um novo espírito de revolta contra os «abutres do futebol», que é de registar e louvar, também houve coisas que não entendi. Entendi que o Sporting transformou dívida em propriedade do clube, desse modo e por exemplo, transformando-se em parte num clube angolano - o que não deixa de ser um sinal dos tempos, no futebol como no resto. Mesmo assim, não percebi como é que, por artes mágicas, fez desaparecer 150 milhões de euros de deficit, assim como não percebi o que vai fazer com os jogadores cujo vencimento ele julga incomportável, mas que nâo aceitam baixá-lo: vai encostá-los, continuando, como impõem os contratos, a pagar-lhes um ordenado incomportável até ver se eles se fartam e vêm negociar?

Bem, uma coisa, pelo menos, vista de fora, é de louvar: Bruno de Carvalho está a mudar as mentalidades daquela casa, pondo fim a hábitos de ricos em casa arruinada. É um caminho de seriedade e o único que parece viável.

E também me parece que o caminho que ele está a seguir, mais tarde ou mais cedo, será, inevitavelmente , o do FC Porto e Benfica. Por ora, o que tem permitido o tipo de gestão dos dois grandes é a sua capacidade de gerar excepcionais mais valias em jogadores comprados barato e valorizados no clube. Mas quando, como no caso do Benfica, se descobre que estão a pagar uma loucura de l04 ordenados a jogadores profissionais, percebe-se bem que, se houver um ano em que nenhuma grande venda seja levada a cabo, tudo aquilo estremece de alto a baixo. E se no ano seguinte a situação se repetir, todo o edifício pode começar a desmoronar-se. Pode discutir-se se este tipo de gestão envolve demasiados riscos ou se é o único que permite sustentar os dois nossos dois grandes na média/alta roda europeia. Mas quando se chega ao ponto de ter 104 jogadores sob contrato, mais escolas de formação, para conseguir vender um ou dois por ano, a questão já não tem a ver com o tipo de gestão praticada, mas com o tipo de negócios levados a cabo. Sete sérvios de uma só vez?

in abola