Continuando o meu périplo pela época desportiva e em contraciclo assisto atónito aos adjectivos com que qualificam o FC Porto actual nestas 4 jornadas bem como o que fez na pré-época.
Já aqui (Estão a gozar) expus o ridículo das comparações, mas há outra também muito engraçada. Li um cronista no Ojogo até a falar em "máquina trituradora". E que máquina é essa?
É uma máquina que tem 9 golos marcados contra 8 da época passada. Olha, que espanto.
É uma máquina que ganhou tangencial por 0-1 nos dois jogos fora que disputou Tondela e Braga, e goleou em casa 4-0 e 3-0 Estoril e Moreirense, respectivamente.
Tal como disse no artigo "Estão a gozar", 2 adversários que foram 16º classificados com o mesmos pontos do Arouca que desceu e Moreirense que ficou um lugar acima 15º, a um ponto da descida. E os outros dois, era o Estoril, que coincidente acabou recentemente eliminado da Taça da Liga e que tinha ficado em 10º lugar a 12 pontos de um lugar europeu e Braga que apresenta-se mediocremente nesta fase, sendo derrotado sem contemplações quer na Luz quer jogando em casa com o FC Porto, ganhando só aos recém-promovidos e mesmo assim sem convencer minimamente.
Isto é a "máquina trituradora". E o mesmo adjectivos já foram aplicados aquela pré-época contra mediocridades adversárias.
A época passada, com o clube em ebulição a todos os níveis, com demissões no topo da gestão desportiva, com uma desconfiança geral dos adeptos, e que eu tanto critiquei pois não compreendia as contratações desde o treinador aos jogadores e às dispensas, a época tendo em conta este estado de coisas e o grau de dificuldade do início da época, a jovialidade da equipa e necessidade de um novo ciclo, que fizesse esquecer o descalabro Lopeteguiano, foi mais espantoso e meritório do que está a ser este ano, pese estas loas à equipa actual.
Relembrando, o FC Porto o ano passado, e pegando na "máquina trituradora" tinha menos 1 golo marcado que a deste ano. Mas já tinha marcado 4 golos à Roma. E tinha apurado o FC Porto para a Fase de Grupos da Liga dos Campeões que tem uma importância quase decisiva para a sobrevivência do clube e a exposição aos tubarões que cá vem recrutar. Como é possível que digam tantas barbaridades esta época, especialmente quando comparam com a época passada?
Mais uma vez, e só relembrando o que escrevi, naquelas 4 jornadas o ano passado, não jogou com nenhuma equipa que estivesse para descer, como este ano em duas ocasiões.
Em casa, ganhou 1-0 ao Estoril, que como disse era um Estoril que tinha ficado a 3 pontos da zona europeia e não o 10º a 12 pontos como defrontamos esta época; e goleou o V.Guimarães por 3-0 que foi a 4ª equipa da época.
Fora de casa, estreou-se a ganhar 1-3 em Vila do Conde, que era uma equipa europeia e foi derrotado 2-1 em Alvalade, onde esteve a ganhar e que existiram uma série de situações que todos conhecemos, como a agressividade e golos com os braços, etc., mas num jogo contra um candidato ao título, no campo adversário onde temos sempre imensas dificuldades.
Isto não tem comparação possível, com esta época.
Ou seja, a equipa do Nuno Espírito Santo marcou 8 golos (12 incluindo o jogo contra a Roma, 1-1 e 0-3), ganhou 3 jogos para o campeonato(Rio Ave, Estoril, V.Guimarães) e perdeu 1 em Alvalade, um adversário directo ao título, pela margem mínima.
A equipa de Sérgio Conceição marcou 9 golos, ganhou 4 jogos (Estoril, Tondela, Moreirense, Braga).
Parem para pensar, o quão ridículo são estes elogios, quer à equipa, quer ao Sérgio, por estar a fazer uma coisa óbvia, banal , com uma equipa que na sua maioria transita da época passada, ou seja, uma equipa feita, não uma como o NES pegou, equipa essa que lutou para meu espanto até ao fim, e dizem bastante prejudicado, pois não vi muitos jogos, equipa que recuperou dois bons jogadores e que tem tido um calendário facilitadíssimo e mesmo assim tem números idênticos à época passada, mesmo que a dificuldade do ano passado era muito superior a todos os níveis, adversários e circunstâncias.
Aliás, cheguei a comparar o volume atacante estatístico dos vários candidatos ao título e eram semelhantes nos jogos efectuados.
Mais, a "máquina trituradora" tem menos golos marcados que Benfica e Sporting, só para verem o ridículo da coisa.
Claro que pode haver um estilo diferente e eu espero bem que haja, mas é muito cedo para esse tipo de conclusões. Já disse, peguem na dificuldade da época passada e veriam que a música seria outra. Esta da "máquina trituradora" tresanda a ridículo. Mas o futebol português é fértil nestas imbecilidades a todos os níveis.
Nas muralhas da cidade
Há 5 horas