terça-feira, junho 06, 2006

O grupo dos catataus


Manuel Serrão no Expresso:

FC Porto acaba de conquistar o seu segundo pentacampeonato de hóquei em patins, mas não é possível esconder que a única reclamação relevante de natureza desportiva capaz de incomodar a direcção do clube, tem a ver com o tratamento dado às modalidades extra futebol. O sucesso também pode ter danos colaterais...

A emergência do Dragão (e do Dolce Vita...) acabou com a piscina e dispersou as modalidades, ditas amadoras, um pouco por todo o distrito, de Gondomar a Santo Tirso, passando por Matosinhos. O sócio que dantes chegava bem cedo às Antas na manhã de domingo, começava com os escalões jovens de futebol depois do pequeno-almoço e quando chegava ao jantar já tinha o "papo cheio"
de hóquei, andebol e basquete, foi obrigado a mudar de vida. Até porque o tempo do futebol ao domingo já teve tantas excepções que a regra passou a ser não haver.

Este problema que não se vê como é que o FC Porto poderá resolver a curto prazo, é comum a outros grandes clubes, como o Sporting, com a diferença que o clube de Soares Franco tem uma óptima solução à vista. Aquilo que proponho tem ainda a vantagem de matar vários coelhos só com uma cajadada, chamada fusão.

A fusão entre os clubes não acontece todos os dias, mas pode ser um mal menor que vem por bem ajudar a resolver alguns problemas.

Quase cem anos depois parece-me ter chegado o momento de mais uma fusão entre dois clubes de Lisboa: o Sporting e o Belenenses. Sem dramatismo nem paixões excessivas é fácil reconhecer que, entre outras, existem três razões de peso que recomendam esta fusão: as respectivas situações financeiras (que no Sporting até vão obrigar a alienar património), a maximização da rentabilidade dos dois estádios e a vontade de manter vivas e actuan-tes várias modalidades desportivas, em saudável coabitação com o futebol.

No início do século passado o grupo dos Catataus, como eram conhecidos os jovens das melhores famílias alfacinhas que criaram o Sport Lisboa, não teve pejo em reconhecer a utilidade da fusão com o Sport Benfica dando origem ao Sport Lisboa e Benfica, que acabou por vir a ter muitas épocas de sucesso e é hoje um clube que algumas estatísticas privadas garantem ter seis milhões de apaniguados.

O estádio do Restelo é muito bonito, mas está desfasado da realidade. O Sporting tem um estádio novo, mas já começou a vender os anéis. Os adeptos dos dois clubes têm várias afinidades no perfil sociológico e já não há almirante Thomaz que possa valer ao Belenenses.

Bem conversado o presidente com nome de marechal, o Restelo podia transformar-se numa área de pavilhões multiusos com outras áreas, indutoras de receitas tão necessárias, como habitação, serviços ou comércio.

O segundo escalão do futebol passava a ser uma hipótese remota para o Belenenses e afastava-se o espectro do fim das outras modalidades no Sporting. O Sporting de Alvalade e Belém teria claramente outras condições de crescimento financeiro e desportivo e daqui a cem anos já ninguém se lembra. Como no caso dos Catataus do SLB.