sábado, junho 03, 2006

ÉS MESMO UM FILHO DA PUTA DE UM ESTERCO





Sou criticado por quatro ou cinco intelectuais

Luiz Felipe Scolari deu entrevista telefónica ao Zero Hora, diário desportivo de Porto Alegre. Vale a pena transcrever na íntegra (e sem mais comentários) o texto do diálogo dos jornalistas com Scolari, que o jornal brasileiro colocou na sua página na Internet, assinado por David Coimbra, enviado-especial a Weggis, Suíça, onde a selecção do Brasil realiza o seu estágio. Eis o texto: «Quê? O Edmílson foi cortado? Luiz Felipe Scolari não sabia. Informei-o do ocorrido com Edmílson às 22h30 da última quarta-feira, por telefone. No começo do dia, havia telefonado para ele e deixado recado na secretária electrónica. Felipão ligou de volta. Estava em Lisboa, na última folga da selecção de Portugal antes da Copa do Mundo. Contou que naquele mesmo dia Edmílson havia ligado para ele e que falara com sua mulher, Olga.

- Parecia que estava tudo bem... - lamentou. Depois de se recompor do choque, Felipão começou a raciocinar como o técnico vencedor que é. Perguntou quem tinha sido convocado para substituir o jogador cortado e, ao ouvir o nome de Mineiro, gritou:

- Bá! Mas o Parreira acertou em cheio! O Mineiro vai ajeitar o time do Brasil. Se ele botar o Mineiro junto como Emerson, então... Os dois pegam, os dois marcam, os dois se movimentam. O Brasil dá sortemesmo. Em 2002, quando o Emerson se lesionou, coloquei o Gilberto Silva no time, e acertou a defesa. Agora, o Mineiro é que vai arrumar o time, ele é muito bom jogador.
Quanto a seu próprio time, Portugal, Felipão disse que está bem, mas que poderia estar melhor, não fosse a lesão de Jorge Andrade, zagueiro que ele definiu como «espectacular».

- Se ele estivesse em condições, certamente seria um dos grandes destaques desta Copa do Mundo. De resto, sua selecção está «óptima fisicamente, e tecnicamente razoável». No entanto, cauteloso como sempre, Felipão jamais subestima os adversários:

- Esse time do Irão, por exemplo. É um time chato, chato, chato... Tem uns jogadores altos, fortes. Um time muito chato. Não sei, essa nossa chave... Mas Felipão tem motivos de sobra para ser optimista. A selecção portuguesa está invicta há 13 jogos, um recorde do time, e, em 42 partidas, conquistou 26 vitórias. Os portugueses o adoram.

- Quando saio na rua é uma loucura, eles vêm falar comigo, eles aplaudem. Está quase como no Brasil - relatou. Claro, há quem o critique.

- Uns quatro ou cinco intelectuais - rosnou.


- Aqui, quando eu falo em bandeira, em pátria, em nacionalismo, é porque sou pregador. Na verdade, é preconceito contra brasileiro mesmo. Eles têm bronca, raiva e inveja dos brasileiros.

Felipão tem de cabeça a curta lista de desafetos:

- Um diz que é cineasta. O outro, o pai dele foi um grande escritor. O pai, né, porque ele é uma bosta. Um terceiro ganhou uma herança do tio e ficou rico. E tem uma mulher famosa aqui que diz que é a Marília Gabriela de Portugal. Só. Não entendem nada. Me criticaram porque coloquei a selecção a treinar num clima de 27º C. Nós treinamos às cinco e meia da tarde, aí está uns 23. Quando formos jogar na Alemanha, com 15 graus, os jogadores vão estar voando. Felipão sabe que o que importa é o torcedor.

- E o torcedor, sim, esse gosta de mim. Noventa e nove vírgula nove por cento me aprovam, aqui em Portugal. Pensei que Felipão ia reclamar da duração da ligação, ele que é um notório pão -duro. Nada disso. Estava de espírito leve. Até comentou a vitória do Grêmio sobre o Palmeiras.

- Meu time está bem - comemorou. - O Mano é gente boa, está fazendo um bom trabalho. Está tudo certo na vida do multicampeão.» Entrevista curta. E significativa.