in JN, edição em papel, 14 Março 2010
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O que seria de nós sem António Araújo...
Segue aqui a história mal contada do negócio Kléber/Farias que ontem surpreendentemente tinha ressuscitado.
Já agora a análise o João Vieira Pinto, que pelos emails que me chegaram agrada a muita gente:
1 - Muita correria e pouco mais
Este Académica-FC Porto foi um jogo em que houve muita correria, mas que, espremido, deu muito pouco! Foi um jogo que teve fases tão confusas que nem sequer se sabia quem estava a controlá-lo. Teve, contudo, uma boa atitude por parte das duas equipas, que se empenharam, apesar de terem criado muito poucas oportunidades de golo. Na primeira parte, e tirando os golos, que até foram de bola parada, houve apenas uma para cada lado - Sougou, aos 7 minutos, para a Académica; e, pelo FC Porto, Falcao, num lance em que até dominou mal a bola. A segunda parte foi um pouco igual, embora a Académica dispusesse de menos ocasiões de golo. Manteve, no entanto, a atitude e continuou a trabalhar da mesma forma. Houve muita luta neste período, e viu-se que, normalmente, o FC Porto ganhava as segundas bolas, algumas delas à entrada da área, o que lhe consentiu algumas oportunidades, caso de um remate de Belluschi que passou muito perto.
2 - FC Porto teve mais vontade que qualidade perante uma Académica bem posicionada
O FC Porto demonstrou que queria dar uma boa resposta à derrota de Londres, mas nem sempre o fez da melhor forma, nem sempre encontrou o melhor caminho. Fê-lo com mais vontade do que qualidade, mas num jogo dividido foi quem teve mais iniciativa. A Académica, por seu lado, estava bem organizada, bem posicionada no terreno, com boa atitude e uma grande preocupação em recuar sempre que perdia a bola, deixando mais adiantados os seus homens mais rápidos, casos de Sougou, Éder e Tiero. A estes competia explorar a velocidade, depois de lançados em profundidade, ou tentar os desequilíbrios individuais. Mas, repito, não conseguiram criar grandes oportunidades de golo.
3 - Empate tranquilizou FC Porto
O resultado foi justo, porque, a haver um vencedor, teria de ser o FC Porto - teve mais iniciativa e foi sempre quem mais tentou ganhar. Foi importante ter ido para o intervalo com o empate, caso contrário dificilmente ganharia este jogo. O facto de ter marcado logo após o golo da Académica fez, porém, com que tudo voltasse ao começo. É que depois de ter sofrido o golo, viu-se algum nervosismo nos seus jogadores, sobretudo pela forma como protestavam. Via-se nas suas expressões que não atravessam uma boa fase, e o golo da igualdade tranquilizou-os. Na segunda parte, o FC Porto foi quem teve mais iniciativa e jogou mais no meio-campo adversário. Comandou mais o jogo, embora não o tivesse controlado.
4 - Porque Raul Meireles não seria opção para trinco contra o Arsenal
Depois de ter lançado Nuno André Coelho na posição de trinco frente ao Arsenal, Jesualdo Ferreira apostou ontem em Raul Meireles. Na ausência de Fernando, Meireles seria sempre uma solução, mas não me parece que devesse ter actuado nessa posição em Londres. Nem que o meio-campo de ontem (Meireles, Belluschi e Micael) devesse ter sido o meio-campo no Emirates. O Arsenal não é certamente a Académica, e a intenção de Jesualdo na Champions, ao colocar um trinco mais defensivo, era precisamente dar maior liberdade a Meireles e Micael. Aqui só interessava ganhar! Já em Londres, pelo contrário, quando o jogo começou o FC Porto estava em vantagem na eliminatória… Meireles tem mais qualidade de passe, mas defensivamente não tem o mesmo poder de choque de outras opções para o lugar de trinco.
5 - Miguel Lopes bem defensivamente
A ausência de Fucile deu a titularidade a Miguel Lopes na direita da defesa do FC Porto. Em termos defensivos, esteve bem, mas ofensivamente não esteve tão activo como a equipa precisaria. A verdade, porém, é que o último terço do campo estava difícil para o FC Porto pela determinação e bom posicionamento da Académica. Ofensivamente, e tendo em conta o maior número de jogos que tem, talvez Fucile pudesse ter feito um pouco mais.
6 - Falcao igual a si próprio
Num encontro sem grandes motivos para fazer destaques individuais, vale a pena referir que Falcao esteve igual a si próprio: trabalhou muito, como é habitual, mostrando preocupação em oferecer boas soluções de passe aos companheiros e nunca deixando de incomodar os defesas.
7 - Importante chegar com vitórias à final da Taça da Liga
Como Jesualdo disse no final, talvez agora tenha uma semana mais tranquila, pois não há nada como uma vitória para ultrapassar uma fase menos boa. Está a aproximar-se a final da Taça da Liga, um dos objectivos dos portistas, para quem é importante lá chegar com uma sequência de vitórias. Daí a importância desta: além dos três pontos, juntamente com outras, poderá tranquilizar o FC Porto, proporcionar maior discernimento e retirar pressão aos seus jogadores, levando-os a decidir melhor.
in OJogo