JOSÉ MANUEL RIBEIRO
Ao terceiro jogo no campeonato europeu, resta menos de metade do onze-tipo que Luiz Felipe Scolari trabalhou durante dezoito meses e apresentou na abertura do Europeu. É um número mais do que suficiente para certificar tanto os erros do seleccionador como a tese alheia de que a equipa funcionaria muito melhor se estivesse baseada nos jogadores do FC Porto. A evolução que se notou do jogo com a Rússia para o de ontem também indicia que a selecção podia ter-se ocupado de problemas verdadeiros, ao longo de todos estes meses de trabalho, como o apuro do ponta-de-lança ou a melhor forma de adaptar a defesa e o meio-campo do campeão aos jogadores do ataque. Se não fossem os preconceitos que "a boa Imprensa" induziu em Scolari e pelos quais ele sempre se deixou guiar, a metamorfose de emergência que a selecção sofreu logo no arranque do campeonato era dispensável. A renovação podia ter sido mais lenta, menos dolorosa, mas satisfaz-me a ideia de que a "má Imprensa" acabou por ter um papel importante, mesmo que não tenha respeitado esse lema fantástico dos colegas mais honrados "tudo pela selecção, nada contra a selecção" - que, infelizmente, pressupõe mentir, dissimular, aligeirar, fugir à verdade, mas o que se há-de fazer quando existem princípios mais nobres em jogo? No entanto, tal como não era prematuro censurar as más opções do seleccionador durante os jogos de preparação, ao contrário do defendido pela "boa Imprensa", é igualmente oportuno serenar os protestos contra Scolari. Precisou de sentir a corda no pescoço, mas ouviu, abriu os olhos e o que tem agora no colo não é a equipa da "má Imprensa" nem meio-FC Porto: é a equipa dele, e dos portugueses claro, que está nos quartos-de-final do campeonato da Europa. Resta-nos, aos verrinosos e maus, meter a viola no saco, até ser preciso tirá-la de lá outra vez.
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