quinta-feira, maio 10, 2007

CONSELHO SUPERIOR




"É legal haver nomes comuns nas listas para o Conselho Superior"

Faria e Almeida, ex-secretário de Estado num governo de Cavaco Silva, tem estado na berlinda no FC Porto. Apresentou uma lista alternativa e explica porquê.

PÚBLICO - Um associado do FC Porto (Raul José Rodrigues) ameaçou com uma providência cautelar contra o facto de as duas listas concorrentes ao Conselho Superior do FC Porto terem nomes repetidos (Pôncio Monteiro, Lourenço Pinto e Fernando Póvoas). O senhor, que foi o promotor da lista B, já sabe qual é a posição final do presidente da assembleia geral?
FARIA E ALMEIDA- Recebi ontem [anteontem] o veredicto que esperava do dr. Sardoreira Pinto. Após este ter consultado os juristas, decidiu que não há qualquer tipo de ilegalidade ou de incompatibilidade que fira os estatutos por existirem três nomes comuns. Assim, as eleições para os diversos órgãos dos corpos gerentes do FC Porto deverão ter lugar no próximo dia 19 (ou, em alternativa, no dia 20).

A Lista B do Conselho Superior é apoiada por Pinto da Costa, como se depreende de algumas notícias?
Quando se começou a tratar da lista entendi que, por uma questão de cortesia, devia dar conta disso a Sardoeira Pinto e a Pinto da Costa. Mas nem um nem outro manifestaram então qualquer tendência. Pinto da Costa apenas me disse: "Se tem as quotas em dia e não tem nenhum processo disciplinar, não há nada que o impeça". Não pedi o apoio nem ele me foi manifestado.

Porque falhou o consenso no encontro promovido por Sardoeira Pinto com o senhor e o promotor da lista A (Fernando Cerqueira)?
O noticiado não correspondeu ao que se passou na reunião. O presidente da mesa da assembleia geral do FC Porto, segundo os estatutos, deverá sempre procurar uma solução de consenso quando surge mais do que uma lista concorrente. Havia, por isso, a obrigação de promover este encontro. Na ocasião, fiz ver que neste caso não fazia sentido que isso acontecesse e ficou acordado entre todos que o dr. Sardoeira Pinto, que também é presidente do Conselho Superior por inerência de funções, iria analisar a questão e decidir se a repetição de três nomes em listas diferentes era contrária aos estatutos.

Foi também dito que Fernando Cerqueira se disponibilizou nesse encontro para, na tal lista de consenso, abdicar do seu nome e de outros eventualmente menos consensuais, como o de Rui Moreira, pedindo que o mesmo acontecesse com outros nomes da lista B, entre os quais o seu...
Isso não fazia sentido, eu não ia abdicar dos nomes que convidei. Seria contranatura fazê-lo. Da mesma forma, não seria normal que as pessoas que são consensuais e que integram as duas listas fossem afastadas. Esses é que teriam de ter o seu lugar garantido.

Mas é ou não verdade que a lista B surge para tentar evitar que alguns nomes, como o de Fernando Cerqueira e Rui Moreira, sejam eleitos?
Não, não é. É até claramente mentira. Quando ia no carro com o dr. Pôncio Monteiro para irmos apresentar a lista, eu não sabia sequer a constituição da lista A - só conhecia dois nomes dela, Fernando Cerqueira e Nuno Cardoso. Nem conhecia ainda o teor da entrevista de Rui Moreira - de facto, tomei conhecimento dela num telefonema que me fizeram durante a tal viagem de carro. Foi coincidência, não foi revanchismo. Só mais tarde vim a saber que nessa lista está, por exemplo, a dr.ª Manuela Aguiar, pessoa que muito aprecio. Mais: sou amigo pessoal de Rui Moreira e até é um homem que admiro.

Não é estranho que a eleição de um órgão como o Conselho Superior crie tanta polémica num clube em que o poder de Pinto da Costa é notório?
Este é um momento histórico do clube, em que se assinalam os 25 anos da presidência de Pinto da Costa. Para nós, esta lista tinha de cumprir alguns parâmetros: apoio total e incondicional ao presidente e aos restantes órgãos; levar em conta que há momentos difíceis que o FC Porto pode estar a atravessar e, por isso, ser obrigação de um conselho consultivo ter um espírito colaborante; mexer com a massa associativa no bom sentido e para que se una em torno dos objectivos de uma direcção que, comprovadamente, mostrou durante 25 anos estar no bom caminho; evidenciar, através do surgimento de uma alternativa, que o FC Porto está vivo.
Em termos do seu órgão consultivo, quanto maior for o leque de escolhas e de personalidades diferentes mais à vontade estará a direcção para exigir uma colaboração profícua. Atendemos também a um outro critério: conseguir uma lista com gente de diversos graus etários, que sinta verdadeiramente o FC Porto e que seja abrangente em termos de exercício profissional. São os casos de Vítor Baía, Vítor Hugo e Rui Rocha. Em boa verdade, nos 25 anos, o trabalho foi da direcção, mas eles foram os obreiros das vitórias. São campeões, internacionais e naturalmente símbolos do próprio clube. Entendemos também que não há futuro sem passado e, por isso, fomos buscar dois símbolos: Horácio Monteiro da Costa, professor universitário e filho de uma antiga glória do FC Porto; e Jorge Pereira, director do serviço de Medicina Nuclear no Hospital de São João, e filho de Miguel Pereira, um antigo presidente. Fomos também buscar gente conhecida na cidade, no país e mesmo no estrangeiro, como a deputada europeia Elisa Ferreira e o professor universitário Borges Gouveia, filho do portista Álvaro Teixeira Bastos.

A - Efectivos: Pôncio Monteiro, António Fernandes, António Borges, António Júnior, Jorge Magalhães, José Mota, Lourenço Pinto, Manuela Aguiar, Nuno Cardoso e Rui Moreira.
Suplentes: Arménio Carneiro, Deocliciano Carvalho, Felisberto Querido, Fernando Póvoas, Fernando Cerqueira, José Rodrigues, José Ribeiro, Justino Santos, Luís Pisco, Manuel Silva, Guilherme Macedo, Luís Veiga, Mário Mano, Osvaldo Aguiar e Raul Peixoto.

B - Efectivos: Pôncio Pereira Monteiro, Elisa Ferreira, Vítor Baía, Lourenço Pinto, Borges Gouveia, Guilherme Aguiar, Vítor Hugo, Horácio Monteiro da Costa, Álvaro Teixeira Bastos, Faria e Almeida.
Suplentes: Fernando Póvoas, Fernando Sousa, Jorge Pereira, P. Burmester, Victor Dias, Manuel Alves, Emílio Gomes, Pinto de Sousa, Rui Rocha, Luís Freitas, Carlos Magno, José Neves, Emílio Sousa, Fernando Amorim e Fernando Rocha.

No Público, por Bruno Prata