Li a minha parte de McLuhan, fui às minhas aulas de Teorias da Comunicação, mas devo ter adormecido durante os capítulos que diziam se a lei da rolha é boa ou má para as equipas de futebol. Ou para a Imprensa.
Uma coisa é defender-se que os clubes devem fechar-se menos; outra é reivindicar uma política de comunicação. As políticas de comunicação consistem em influenciar - mas de preferência decidir - o alinhamento dos jornais, das rádios e das televisões. O que escrevem, o que dizem e o que emitem.
A Selecção Nacional oferece dois depoimentos por dia durante os estágios e com eles preenche quase todo o tempo e espaço disponível nos noticiários. É uma política de comunicação bem sucedida; para a Selecção – que se livra de um jornalismo mais exploratório – e para a Imprensa, que assim tem a possibilidade de encher as edições sem gastar um só neurónio e com belas frases, plenas de sumo e agudo raciocínio: “Lutámos sempre pelos três pontos”; “temos um grupo muito unido”; “o Azerbaijão é um adversário difícil”.
No Benfica, por estratégia ou egomania, Luís Filipe Vieira fala dia sim, dia sim e sempre na primeira pessoa. Já sabíamos, porque ele nos disse, que é honestíssimo, competentíssimo, determinadíssimo e, nas últimas semanas, ficámos a saber também que, se o Benfica perder este campeonato, a culpa não será dele porque no ano que vem é que vai tratar “pessoalmente” do futebol.
Do FC Porto, conforme lembrava ontem o Miguel Guedes, sabemos apenas o que afirma Jesualdo; ponderado, cuidadoso, asséptico, racional e notoriamente forçado quando tenta ser entusiasmante e dizer coisas como “uma intuição disse-me que vou ser campeão”. O problema é que, por qualquer motivo esquecido pelas Teorias da Comunicação, a vaidade, petulância, fanfarronice ou genuína convicção de Mourinho ou até de Co Adriaanse funcionam muito melhor. E isso já não é da política. É do político.
Só verdades
Há 23 horas