segunda-feira, maio 28, 2007

PINTO DA COSTA







Pinto da Costa em entrevista ao Porto Canal no OJogo:



"Tivemos todos a lutar contra e isso enche-nos de satisfação"

Pinto da Costa escolheu a noite da festa do título para, em entrevista ao Porto Canal, comentar, pela primeira vez, a mais recente conquista do FC Porto. Fê-lo com uma semana de atraso em relação ao fim do campeonato, mas numa data que se revestiu de "grande significado": ontem, tomou posse para novo mandato na presidência do clube, 25 anos depois da primeira eleição. A recondução no cargo coincidiu com o vigésimo aniversário do "primeiro grande título internacional", vitória na Taça dos Campeões Europeus, em Viena. Todas as emoções somadas, o pontapé de saída para mais uma etapa na liderança história dos dragões não podia inspirar-lhe mais "entusiasmo" para a grande meta que se propõe: "Fazer o pavilhão de que tanto necessitamos para as nossas modalidades de alta competição, como o andebol, o básquete e o hóquei em patins".

No dia da reeleição - uma das condições para se recandidatar era a ausência de listas para a sucessão, lembrou -, Pinto da Costa viu o FC Porto confirmar, com uma vitória sobre o Aves, a conquista do campeonato, "um dos mais difíceis" que já viveu. Mais do que as contas que os dragões foram obrigados a fazer, quase até ao último minuto da derradeira jornada, foi a "hostilidade para com a equipa e o clube" que o impressionou.

"Disse que o Kompensan ia esgotar. Não esgotou só o Kompensan, mas também a Rennie e outros remédios do género", ironizou, antes de "realçar alguns aspectos" a que entende não ter sido dado o devido destaque, designadamente, a "seriedade" com que se decidiu o campeonato. Como exemplos, citou as derrotas frente a clubes com os quais o FC Porto mantém "as melhores relações". Tão boas que até deram que falar, lembrou: "O Leiria era acusado de ser o FC Porto B, quando tinha um treinador que está identificado com o FC Porto, porque foi um grande jogador desta casa, o Domingos; sabem que há boas relações com o presidente e a Direcção, e isso não invalidou que o jogo fosse disputado, embora com uma arbitragem anormal. Houve um total empenho de todos os jogadords, inclusive daqueles que estavam ligados ao FC Porto".

No Bessa, a "vontade extraordinária" com que a equipa de Jaime Pacheco contrariou "um campeonato extremamente irregular" e se impos ao primeiro classificado "só veio valorizar a vitória do FC Porto nesta liga", sublinhou: "Os adversários que gostam pouco de nós fizeram tudo para nos vencer, mas aqueles que, teoricamente, e tirando esses jogos, e muito bem, são nossos aliados, foram dos que também mais lutaram, e até nos venceram. Isso enche-nos de orgulho, porque não tivemos favores de ninguém, não tivemos ajudas, mesmo involuntárias, das equipas de arbitragem e, pelo contrário, tivemos todos a lutar: os amigos, os menos amigos e os indiferentes a lutar, com todas as forças, em todos os jogos do FC Porto. Isso enche-me de satisfação".


"Jesualdo merecia mais do que ninguém"

Além do mérito reconhecido para lá de quaisquer dúvidas ao FC Porto na conquista deste campeonato, para Pinto da Costa, outra grande vitória que este título encerra chama-se Jesualdo Ferreira. Há uma semana, o treinador dedicou-lhe o momento inédito na carreira, mas o presidente devolveu a dedicatória. "Ele merecia este título, mais do que ninguém", afirmou, feliz por ver "reconhecido" tudo o que de bom o fizera optar pela contratação, a uma semana do início da época: "É um professor do futebol, um homem que vive apaixonadamente a sua profissão, que se dedica 24 horas por dia aos clubes que serve e que se identificou bem com o espírito do Dragão". Além de "toda a sua capacidade", o presidente aprecia-lhe a "discrição, a maneira de não se pôr em bicos de pés; de, às vezes, até se apagar, quando os méritos são dele". Tudo características que já lhe conhecia e que o título pôs em evidência. Também por isso, considerou "inexplicáveis" as dúvidas quanto à continuidade do técnico no Dragão, que tem contrato por mais uma época.


Leiria foi o pior momento

Há quem tenha gelado com o empate em Paços de Ferreira, na penúltima jornada, porventura o mais dramático dos "deslizes" que o FC Porto foi acumulando na segunda volta, mas, para Pinto da Costa, o momento "mais difícil" foi "o jogo de Leiria", contou. "Pela forma como decorreu, fiquei altamente preocupado", afirmou, numa alusão à arbitragem. Na ronda seguinte, em nova derrota, com o Estrela da Amadora, "um penálti claríssimo que ficou por marcar, quando o resultado ainda estava 0-0", manteve essa preocupação desperta, mas, "com deslize aqui, deslize ali", a sensação "foi-se desvanecendo". Mas, em Leiria, insiste, "sentiu-se que o jogo não foi normal": "Desafio quem quer que seja a ver o filme".


"Não sei se vamos ter equipa"

O FC Porto está recheado de atletas apetecíveis para o mercado. Pepe e Quaresma têm sido os mais citados, mas, por agora, o interesse de outros clubes é apenas motivo Pinto da Costa dar largas à ironia. "Pelo que os jornais dizem, não sei se vamos ter equipa para o ano! já li que sai o Anderson, o Pepe, o Quaresma, o Bosingwa... não sei alguém vai ficar!", brincou.

Mais a sério, sossegou os adeptos benfiquistas ao desmentir uma informação "fantasiosa" que colocava Miccoli na rota do Dragão: "Ainda há dois dias vi uma coisa fantasiosa de que eu tinha tido conversas com a Juventus, que ia vender o Pepe e exigia também, no negócio, o Miccoli. Isso é um absurdo: nunca ninguém da Juventus me falou no Pepe nem sequer eu tinha oportunidade de fazer uma proposta dessas, que nunca faria".

No capítulo das contratações, o presidente do FC Porto admitiu apenas que "poderá haver, aqui ou ali, retoques", mas "não haverá grandes aquisições, porque o plantel é considerado bom pelos responsáveis".


Baía não surpreendeu

A época particularmente difícil, que Vítor Baía viveu quase toda no banco, mostrou uma faceta do guarda-redes que nunca antes tinha sido tão evidenciada. A importância que teve a unir o balneário é-lhe reconhecida pelo treinador e pelos companheiros de equipa. A Pinto da Costa "não custa compreender que o Vítor Baía e outros jogadores mais velhos tenham tido grande influência sobre os mais novos": "Já é tradicional que a integração dos que chegam seja fácil, na medida em que os mais velhos os apadrinham e fazem com que se integrem sempre no grupo". No futuro "continuará a ser assim", acredita.